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15 junho 2013

Cultura é uma (des)vantagem competitiva?

Quando a pergunta é a se a cultura organizacional é mesmo importante para a empresa, a resposta mais comum é: "Sem dúvida! Veja os nossos valores!". Na maior parte das vezes, porém, os valores que estão amplamente divulgados nos quadros, nas agendas e nos documentos oficiais não espelham a realidade da organização.
Então o que é cultura organizacional? É o jeito de ser e de fazer de uma empresa. Ele é modelado pelos que estão na direção e influenciado pela cultura do país onde a companhia está inserida.
Não tenho dúvida de que a cultura pode ser a maior vantagem competitiva de uma organização, inclusive porque sustenta ou não a execução da sua estratégia. Ela vai muito além da simples divulgação de valores porque está no coração de cada um, na "causa" de todas as pessoas, que se sentem inspiradas (ou não) a oferecer aquela sua "energia extra".
As estratégias de negócio, fonte histórica de vantagem competitiva, são cada vez mais facilmente copiáveis, com raríssimas exceções. Os processos também. A estrutura organizacional mais ainda. O que, de fato, faz a maior diferença? Pessoas, claro. Em alguns momentos, porém, as empresas buscam no mercado indivíduos que têm o que elas querem. Na maioria das vezes, atinge-se o almejado, mas paga-se caro por isso. Embora não exista a intenção de copiar, a busca é por um certo modelo de talento. Já a liderança, não na perspectiva individual, mas na coletiva, e a cultura são duas faces de uma mesma moeda. E aqui eu diria que é impossível copiar- embora seja possível, e não raramente necessário, mudar.
Mas é mesmo possível transformar a cultura de uma organização? A resposta é sim. Só que não se faz isso rapidamente, nem sem dor. E não se trata de sofrimento. Como disse Drummond, "a dor é inevitável, o sofrimento é opcional".
São três as principais situações de mudança de cultura. A primeira é a fusão ou aquisição. Porém, atenção: não significa que em todas as operações de F&A a cultura mude. Em alguns casos, por estratégia, ela é mantida. A segunda situação é a troca do presidente da empresa. Novamente, há casos em que isso não altera significativamente a cultura. Não raro, porém, opta-se por mudar o presidente da empresa porque ele já estabeleceu relações tão fortes com a organização que se torna muito mais difícil orquestrar uma mudança verdadeira. Por último, mas não menos importante, estão as situações de crise. A mais comum é a financeira: nesses momentos, ou se muda, ou se morre. E algumas organizações desaparecem por não conseguirem engendrar uma nova forma de ser e de fazer.
O ponto mais importante de uma situação de crise é aquele em que o momento econômico-financeiro está muito bom, mas o dirigente ou seu time tem a consciência de que a cultura existente não garantirá um futuro tão brilhante como o presente. Aqui, sim, é indispensável a decisão de um comandante, aquele que tem a coragem de, mesmo em momentos de bonança, não se acomodar, enxergar além, ver o que a maioria não vê e, conscientemente, mudar o fluxo natural das coisas.
É assim que se engendram novas formas de pensar, de sentir e de agir, que são promovidas por meio de diálogo, reflexão conjunta, troca de ideias e, consequentemente, envolvimento emocional. E o que torna tudo isso possível é a confiança, pedra angular de um processo de transformação.
Em síntese, a mudança de cultura só é realizável por meio das lideranças, cuja essência, influenciar pessoas, se concretiza através do relacionamento, da interação pessoal, do compartilhamento.
No processo de mudança de cultura é preciso conversar, conversar e conversar, abrir espaço na agenda frenética para compreender mais profundamente o outro.
A criação de um novo mapa mental requer o questionamento contínuo das certezas culturais que conduzem às práticas vigentes. Assim você aumenta a possibilidade de a cultura da sua empresa ser, de fato, uma vantagem competitiva sustentável. Esta ninguém copia.


14 junho 2013

Inflação do vinagre

O vinagre está liderando a lista de palavras mais procuradas no Google nesta sexta-feira, 14, segundo o site trendsmap.com, que permite ver no mapa global as principais palavras chave buscadas na internet mundial por região a cada instante.

Presente diariamente na mesa do brasileiro, o preço do produto subiu quase nove vezes acima da inflação em maio na cidade de São Paulo, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O vinagre subiu 0,86% em maio, enquanto a inflação média dos produtos pesquisados, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), ficou em 0,10%.

Mas, o motivo da fama do vinagre da noite para o dia não foi a inflação, e, sim, a prisão de manifestantes nos protestos contra as tarifas de ônibus.

Mais de 30 pessoas foram detidas por porte de vinagre. O produto costuma ser usado pelos frequentadores assíduos de manifestações pela sua qualidade química de abrandar efeitos do gás lacrimogêneo, outra presença garantida nos protestos que terminam em choque com a polícia.

Inflação do vinagre. A inflação do vinagre desde o início do ano, porém, é negativa, ou seja, houve deflação de -8,86% no preço do produto na capital paulista. A inflação da Fipe este ano foi de 1,57%.

Em 12 meses, a alta do vinagre é de apenas 1,5%, enquanto a alta inflação da Fipe chega a 5,11%.

Mas, se na matemática dos preços o comportamento do vinagre é exemplar, na área de segurança o produto virou figura procurada pela polícia.

Segundo o tenente-coronel Ben-Hur Junqueira, comandante da operação militar que resultou em pancadaria em São Paulo, o vinagre representa uma série de riscos em grandes aglomerações, e pode até ser usado na fabricação de bombas.

As demais palavras mais buscadas no Google também referem-se às manifestações. As palavras 'policial', 'viatura' e 'borracha' mostram outro efeito da manifestação desta quinta-feira: a moral da polícia foi, literalmente, para o vinagre.

Fonte: Aqui
Autor da charge: Carlos Ruas

Rir é o melhor remédio


João Gilberto Falleiros

Faleceu no dia 12 de junho o professor João Gilberto Falleiros, da Universidade de Brasília. Falleiros, como era conhecido por todos nós, era mestre em administração e foi o segundo chefe da história do departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília. Ele geralmente ministrava as disciplinas de Contabilidade Geral 1, Comercial, Administração dos Recursos Materiais e Prática Comercial.

Durante anos trabalhamos juntos para criar e consolidar o Departamento. Logo após a criação do mesmo, quando o então coordenador do curso assumiu a chefia do novo departamento, Falleiros esteve sempre presente ajudando no processo de conquista do espaço físico e da organização da nova unidade. Lembro-me quando fomos procurados por uma entidade filantrópica e ele prontamente interessou em ajudar a arrumar a contabilidade da mesma. Era um jovem mestre e aprendi muito com ele nesta ocasião.

Depois de aposentado, Falleiros costumava passar pela Faculdade para uma conversa e um cafezinho. Sempre bem humorado e sábio, estas conversas era uma situação ideal para continuarmos aprendendo com sua experiência.

Existiu alguém que não gostava dele?

Myriad Genetics, Angelina Jolie e Mercado de Capitais

Myriad Genetics possui tecnologia capaz de avaliar riscos, progressões de doenças e tratamentos mais indicados para cada caso

As ações da Myriad Genetics, responsável pelo teste genético a que Angelina Jolie se submeteu para detectar risco de câncer - e que a levou à mastectomia dupla - subiram 15% desde o caso ganhar as páginas dos jornais do mundo todo.

O teste, conhecido como BRCA, custa US$ 3 mil - aponta matéria do El País.

A Myriad é pioneira na medicina preventiva. Seu exame avalia riscos e progressões de doenças e pode sinalizar quais os tratamentos mais indicados. E, embora seja de última geração, já é acessível nos Estados Unidos em 95% dos planos de saúde.

Os americanos que não possuem planos podem, em breve, conseguir fazer o teste. O mais alto tribunal dos Estados Unidos avalia se a tecnologia da Myriad deve ser compartilhada para incentivar a inovação. E, caso a decisão seja positiva, os exames devem se tornar mais baratos e, provavelmente, serão fornecidos no sistema público de saúde.

Mas, por enquanto, a Myriad impede que outros cientistas e laboratórios desenvolvam exames alternativos semelhantes aos seus.

Fonte: Aqui

13 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Futebol e dinheiro. Veja também: Messi e o Fisco

Consequências econômicas da criação de municípios

Por Cristiane Agostine e Raphael Di Cunto

O projeto de lei que regulamenta a criação de municípios, aprovado na semana passada pela Câmara, deve trazer pelo menos três problemas econômicos, segundo estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). As pesquisas indicam que a divisão de cidades pode reduzir os investimentos nas áreas sociais dos novos municípios, em detrimento ao custeio da máquina. Além disso, tende a diminuir o crescimento econômico dos municípios vizinhos às novas cidades e a reduzir recursos para as regiões metropolitanas.

De acordo com o economista Rogério Boueri, diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, os municípios do entorno das cidades que se dividiram tendem a crescer anualmente, em média, 0,8 ponto percentual a menos do que as demais cidades do mesmo Estado. "O efeito sobre o crescimento econômico da região é negativo", diz. Segundo Boueri, isso ocorre porque a cidade que deu origem a um novo município deve receber menos recursos e, por isso, tende a prejudicar o crescimento de cidades vizinhas.

Outro problema apontado pelo pesquisador é o impacto sobre os municípios das regiões metropolitanas. Eles já recebem proporcionalmente menos recursos per capita do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) do que as cidades do interior e com mais cidades veem sua fatia diminuir ainda mais.

O FPM é composto de parte da arrecadação dos impostos de renda e sobre produtos industrializados (IPI) e é repartido de acordo com o tamanho da população. Nos municípios com menos de 10 mil habitantes, há uma cota mínima igual para todos, o que faz com que a criação desse tipo de cidade tire dinheiro dos que terão de repartir o bolo.

Isso provoca uma distorção nos recursos em favor das cidades com até 5 mil habitantes, cuja receita corrente per capita era de R$ 2,9 mil em 2010, acima da obtida por outras prefeituras (veja tabela). É o dobro, por exemplo, da receita de municípios com população entre 20 mil e 100 mil. O problema se agrava ao considerar que 53% das 1,4 mil cidades criadas desde 1989 têm até 5 mil moradores.

Quando há emancipação de um município, a soma das transferências do FPM para as cidades resultantes da divisão é maior do que o FPM recebido pelo município original, segundo o Ipea. Por exemplo, o FPM per capita recebido por uma região originalmente constituída por um município de 10 mil habitantes e que se divide em dois de 5 mil moradores dobrará. Esses recursos adicionais serão compensados por uma redução do FPM dos demais municípios - prejudicando especialmente as cidades da região metropolitana. As capitais têm regras próprias para o FPM.

De acordo com estudo de Gustavo Gomes e Maria Cristina Dowell feito em 2000 para o Ipea, a criação de cidades não causa mais gastos para a União ou aos Estados, mas resulta em uma queda nos investimentos sociais na medida em que os novos municípios retiram dinheiro dos que já existem e usam os recursos para custear a administração pública, como a Câmara de Vereadores e o funcionalismo.

[...]

Fonte: aqui

Índios Capitalistas

Miseráveis até há vinte anos, os índios americanos
fazem fortunas com cassinos e outros negócios

Denise Dweck
Os indígenas americanos, aqueles idealizados pelo cinema como guerreiros indômitos do oeste selvagem, chegaram aos tempos modernos em condições nada gloriosas. Pobres, habitando aldeias precárias ou a periferia de grandes cidades, ainda enfrentaram ao longo do século XX sucessivas quebras de acordos feitos com o governo sobre a delimitação de suas terras. Há vinte anos, a sorte dos peles-vermelhas começou a mudar. A Suprema Corte americana decidiu que os estados não poderiam proibir os jogos de azar nas reservas indígenas caso os permitissem no restante de seu território. A lei foi promulgada para proteger um dos negócios de fundo de quintal mantidos na época pelos índios: as casas de bingo. Livres para explorar a jogatina, os caciques transformaram os bingos em pequenos cassinos. O negócio se expandiu a tal ponto que hoje os indígenas são os reis do jogo nos Estados Unidos – têm nada menos que 391 cassinos, inclusive alguns dos maiores e mais suntuosos do mundo. Entre eles está o Morongo Casino Resort Spa, a 150 quilômetros de Los Angeles, erguido por 250 milhões de dólares pela tribo morongo. Juntos, os cassinos pertencentes a tribos indígenas faturam 22,6 bilhões de dólares por ano, mais do que Las Vegas e Atlantic City juntas.

Há quatro meses, a tribo dos seminoles, da Flórida, deu seu passo mais ambicioso: desembolsou 965 milhões de dólares pela rede de restaurantes, hotéis e cassinos temáticos Hard Rock. Ao anunciar a compra, numa cerimônia em Times Square, no coração de Nova York, o chefe da tribo fez blague referindo-se ao fato de que a Ilha de Manhattan foi comprada dos índios pelos colonizadores no século XVII. "Vamos comprar todas as terras de volta, um hambúrguer de cada vez", disparou. A riqueza ainda não chegou a todas as 561 tribos do país. Calcula-se que, do total de 1,8 milhão de índios americanos, 26% ainda vivam abaixo da linha de pobreza. Mas, para a maioria deles, os tempos mudaram. Além dos cassinos, seus negócios incluem redes de postos de gasolina, shopping centers e atrações turísticas. No mês passado, a tribo hualapai inaugurou uma passarela sobre uma parte do Grand Canyon que fica em sua reserva, e cobra 25 dólares pelo ingresso. A obra custou 40 milhões de dólares. Para tocar suas empresas, os índios lançam mão de recursos dos grandes bancos e fundos de investimento americanos. Parte do lucro dos negócios é dividida entre os membros das tribos e parte é gerenciada por administradores. Cada um dos 775 morongos adultos recebe hoje entre 15 000 e 20 000 dólares por mês.

O sucesso dos índios incomoda muita gente. Como as reservas são consideradas nações soberanas em muitos aspectos, os empreendimentos que estão dentro de seus limites não seguem as mesmas leis dos estados onde estão localizadas. Isso significa que os negócios indígenas pagam muito menos impostos, ou não pagam imposto algum, criando uma concorrência desleal com os caras-pálidas. Em cidades próximas às reservas, comerciantes vão à falência por cobrar preços mais altos que os dos estabelecimentos indígenas. Além disso, disseminou-se entre os índios enriquecidos a prática de comprar terras e requerer do governo que estenda a elas – e aos negócios que passarão a abrigar – os privilégios fiscais das reservas. Geralmente os pedidos são atendidos, já que os índios possuem um lobby forte em Washington. Nas últimas eleições legislativas americanas, eles doaram 7,6 milhões de dólares para campanhas de candidatos. A soma é o dobro do que foi doado pela indústria de tabaco, um dos setores que mais contribuem para campanhas eleitorais nos Estados Unidos. São freqüentes as denúncias de corrupção na concessão de privilégios aos índios. "O sistema que regula os cassinos indígenas está totalmente corrompido. Os índios já constroem cassinos em estados onde a lei os proíbe", disse a VEJA o advogado americano John Warren Kindt, professor de administração da Universidade de Illinois.

No caso da recém-adquirida rede Hard Rock, os seminoles terão de abrir mão de suas prerrogativas com relação aos impostos. Não seria possível transformar legalmente todas as filiais do complexo, a maioria delas fincada no centro de grandes metrópoles, em território indígena. Mas os seminoles, que compõem uma das tribos mais ricas dos Estados Unidos, não sentirão a mordida do Leão. Seus sete enormes cassinos instalados na Flórida geram capital suficiente – livre de impostos – para quitar as dívidas contraídas com bancos para a compra da rede. A prosperidade dos índios americanos é ainda mais surpreendente quando se considera que três décadas atrás eles ainda faziam invasões armadas em áreas que pertenceram a seus antepassados, como Wounded Knee, em Dakota do Sul, para exigir mais atenção do governo. Hoje, eles compram terras em lugar de invadi-las.

O IMPÉRIO PELE-VERMELHA  
David W. Hamilton/Getty Images

• Os Estados Unidos têm hoje 1,8 milhão de índios em 561 tribos  
• Os indígenas são donos de 391 cassinos, que faturam 22,6 bilhões de dólares por ano, mais do que Las Vegas e Atlantic City juntas  
• A tribo seminole, da Flórida, comprou recentemente a rede Hard Rock por 965 milhões de dólares 
• Nas últimas eleições legislativas americanas, os índios doaram 7,6 milhões de dólares a campanhas de candidatos

Fonte: aqui

Salários maiores para as mulheres

Embora as médias salariais no mercado de trabalho brasileiro ainda sejam favoráveis aos homens, as mulheres têm mais chances de alcançar remunerações até 31% maiores em sete profissões, segundo dados de um levantamento feito pela empresa de pesquisa SalárioBR. A maior diferença é percebida entre os analistas de marketing. De acordo com a pesquisa, as profissionais do setor ganham, em média, R$ 3 mil mensais, enquanto os trabalhadores do sexo masculino não passam dos R$ 2,3 mil. Em segundo lugar, os homens que exercem funções relacionadas à analise de construção civil ganham cerca de 19% a menos do que elas e os engenheiros de automoção, 12%.

Empatados no quarto lugar, os cargos ligados à engenharia cartográfica, direção de recursos humanos e gerência de agricultura e pecuária pagam 3% a mais para as mulheres, enquanto as assistentes de comunicação ganham 1,17% a mais. Mesmo assim, informações divulgadas pelo IBGE no início deste ano mostram que, em geral, os homens ainda têm salários quase 25% maiores e ocupam cerca de 57,7% das ofertas de trabalho no Brasil. [BNMercado]

Messi e o Fisco

O melhor jogador de futebol do mundo, o argentino Lionel Messi, está sendo acusado, junto com seu pai, de evasão fiscal pelas autoridades espanholas. Segundo a revista Forbes, a acusação refere-se ao período de 2007 a 2009 e o total de impostos que não foram pagos chega a 4 milhões de euros (um pouco mais de 10 milhões de reais). Este valor corresponde a menos de 40% do que ele recebe por ano no Barcelona.

A revista lembra que Messi foi muitas vezes comparado à Maradona. Mas o próprio Maradona teve problemas fiscais na Itália, com um dívida de mais de 31 milhões de euros. E também lembra o caso de Helio Castroneves.

A acusação das autoridades espanholas referem-se a criação de empresas em outros países para vender os direitos de uso da sua imagem, evitando impostos. Isto é muito parecido à acusação contra Castroneves.

As autoridades fiscais espanholas podem condená-lo a pagar uma multa e a seis anos de prisão.

12 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Como me sinto ao passar pela segurança do aeroporto

Almoço com Warren Buffett

Participar do almoço anual com o megainvestidor Warren Buffett é um programa milionário. Esse foi o valor atingido pelo valor de um convite, na verdade, de US$ 1,0001 milhão, para o evento. Apesar de indigesto, ele custou 1/3 dos cerca de US$ 3,457 milhões. pagos ano passado, segundo a instituição de caridade que promove o evento anualmente.

O lance inicial era de US$ 25 mil e dava direito a levar sete convidados. Mais do que a comida, o que atrai os interessados é a sobremesa. Buffett, cuja negócios lucraram US$ 4,5 bilhões no trimestre, já contratou gestor que pagou US$ 5 milhões por almoços.
O ganhador do leilão pediu para não ser identificado. Nos 14 anos de almoços com Buffett, a entidade calcula ter arrecadado cerca de US$ 15 milhões. [Monitor Digital]

Risco Brasil

O mercado secundário de títulos de dívidas internacionais tem registrado um constante mau humor dos investidores estrangeiros com o Brasil, que já embutem nos preços um risco de 'downgrade' das notas de riscos de crédito. Dois dos principais indicadores de risco de probabilidade de calote usados internacionalmente - o Emerging Markets Bond Index Brazil (Embi+ Br) e os Credit Default Swaps (CDS) - refletem uma piora desde o final do ano passado, se acentuando mais recentemente e refletindo uma nota de crédito pior do que as notas das próprias agências de classificação.

O primeiro índice terminou o ano em 146 pontos e agora já ultrapassa os 200 pontos, ou seja com prêmio 2% maior do que os títulos do Tesouro americano, representando uma alta de 35%. Já o segundo índice já subiu subiu 53 pontos nos últimos 30 dias - maior alta desde março de 2009, segundo a Bloomberg - para fechar em 159,9 pontos ontem, alta de 45% no ano.

O custo é o mais alto em 11 meses, e o CDS do Brasil já estão em média 35 pontos mais caros do que os de México, Peru, Colômbia e Panamá. Quanto mais alto, maior a desconfiança dos investidores nos papéis de governo, empresas e bancos brasileiros emitidos no exterior em moeda estrangeira. O EMBI mede a diferença entre as taxas pagas por uma cesta de papéis (brasileiros, no caso) e os juros pagos pelos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Os CDS são contratos de hedge que os investidores em papeis brasileiros compram para se proteger contra um eventual calote do emissor.

A alta pode ser interpretada como indício de que os investidores estão apostando que o corte da nota de classificação de risco do Brasil, atualmente em nível 2 de "grau de investimento" BBB pode ser inevitável, caindo um nível, mas ainda permanecendo no "grau de investimento" (na quinta-feira, a Standard& Poor´s colocou a nota do Brasil em perspectiva negativa - leia mais na página ao lado).


Risco Brasil sobe mais de 35% apenas em 2013 - Léa De Luca - Brasil Econômico - 11/06/13

Seara

A operação de compra da Seara por parte da JBS trouxe algumas consequências interessantes:

1. A JBS passa a ter uma receita de 100 bilhões de reais, tornando-se a segunda maior empresa do Brasil em receita. Em geral os executivos das empresas são orientados para agregação de receita, não de valor. Isto confirma a operação de aquisição.

2. A operação irá aumentar o endividamento da JBS e reduzir o da Marfrig. O aumento de endividamento poderá gerar consequências futuras no custo da dívida da empresa. Já a Marfrig poderá reduzir seu custo de captação.

3. A operação deverá passar pelo Cade.

4. O mercado reagiu como sempre: aumento nos papéis da vendedora e redução na compradora. Em geral operação de compra não é boa para quem compra. A reação do mercado já era esperada.

'Derrepentemente', mais engenheiros

MIGUEL JORGE - O Estado de S.Paulo

O Brasil parece ter acordado para o sério problema da escassez de mão de obra em Medicina e Engenharia. Levantamento do governo mostra que faltam 50 mil médicos em todo o País e deveriam se formar ao menos 70 mil novos engenheiros por ano para acompanhar o número de projetos nas mais diversas frentes de trabalho. Passando ao largo da carência de médicos e da polêmica em torno da proposta de importar profissionais de outros países, uma boa notícia ganhou espaço nos jornais.

Pela primeira vez, o número de calouros em Engenharia superou o de Direito. Em 2006, segundo o Ministério da Educação (MEC), 95 mil estudantes ingressaram na área (5% do total de calouros das faculdades). Em 2011 já eram 227 mil (10% do total) e a quantidade de calouros em Direito caiu 4%. Esse crescimento na procura por Engenharia reflete a demanda aquecida por profissionais da área, necessários para superarmos os graves gargalos na infraestrutura, que atravancam nosso crescimento e desenvolvimento.


Os números mostram que os estudantes estão atentos ao mercado e às oportunidades geradas pelo crescimento, que estimula projetos na construção civil, siderurgia, metalurgia, automação, telecomunicações, petroquímica, etc. Mas é preciso cautela na avaliação desse avanço. O próprio ministro da Educação, Aloizio Mercadante, foi realista: os ingressantes em Engenharia são insuficientes para resolver a carência da área.


O déficit é expressivo: foram 45 mil graduados, em 2011, para uma necessidade de 70 mil a 95 mil engenheiros todos os anos, até 2020. A Coreia do Sul, com 49 milhões de habitantes (aqui somos cerca de 190 milhões), forma 80 mil engenheiros ao ano. Não há solução milagrosa: para garantir o crescimento e obter o mínimo de competitividade no cenário internacional, é fundamental reverter nosso cenário de 2,48 engenheiros para cada 100 mil habitantes. No Japão são 17, e na China e nos EUA são 13,8 e 9,5, respectivamente.


Mas o mais preocupante é constatar que menos da metade dos estudantes de Engenharia consegue se formar, em razão de um velho problema de nossa educação: o despreparo e a falta de domínio dos conteúdos exigidos para um desempenho adequado na educação superior. Os estudantes chegam às universidades sem conhecimentos essenciais para a qualificação profissional. Recentemente, o presidente do Instituto de Engenharia, Aluízio de Barros Fagundes, reconheceu que as escolas de Engenharia gastam o primeiro ano para ensinar fundamentos de Matemática, Física e Química.


Não por acaso, dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) de 2009, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apontam que é muito baixo o porcentual de nossos estudantes com habilidades mínimas em Matemática. O exame, que avalia o desempenho em leitura, Matemática e Ciências, foi feito por cerca de 470 mil estudantes de 15 anos em todo o mundo.


Os resultados mostram, de forma contundente, o enorme déficit de habilidade em matemática entre nossos estudantes: coube-nos um triste 57.º lugar. O teste avalia os alunos em seis categorias, com níveis progressivos de dificuldade, e a grande maioria de nossos jovens (88%) situou-se até o nível 2. Só 3,8% conseguiram nível 4 para cima (no 6, o mais alto, nosso resultado foi de 0,1%), e este, sem dúvida, é um dos requisitos capazes de garantir sucesso a alunos das áreas de exatas e tecnológicas.


Os países da OCDE, que reúne as economias mais avançadas, tiveram desempenho bem superior: enquanto somamos 386 pontos, a média dos países foi de 495. Na Coreia do Sul, 51,8% dos alunos estão acima do nível 4 na avaliação de Matemática do Pisa. No Canadá são 43,3% e na China, 71,2%. Isto é: proporcionalmente, esses países têm pelo menos dez vezes mais alunos aptos para as áreas de exatas e tecnológicas que o Brasil.


Mais grave é que nossas autoridades parecem ainda não se dar conta da urgência e da gravidade de nossos problemas na educação. É evidente a necessidade de investimento eficiente, consistente e focado nos anos iniciais de aprendizagem, pois o problema começa nesta etapa. Precisamos melhorar a base, os anos iniciais do ensino fundamental, pois a insuficiente aprendizagem ao longo da educação básica impede que se adquiram as habilidades esperadas, em cada série, em disciplinas básicas como Português e Matemática.


Voltando aos dados do início, é importante repetir que a quantidade de calouros em Direito caiu 4% - uma boa notícia, pois já temos uma reserva de profissionais mais que suficiente para atender à demanda na área. Com uma agravante: há problemas recorrentes de qualificação, como demonstram os resultados do 9.º Exame da OAB, divulgados em março. A reprovação foi de 89,7%: dos 114.763 candidatos, só 11.820 foram aprovados, ou só 1 em cada 10 inscritos conquistou o direito de advogar.


Os números da área são superlativos. Temos 754.685 advogados (1 profissional para 256 habitantes), segundo a OAB, a mesma proporção dos EUA (1 para 253). Ainda segundo a OAB, 100 mil pessoas se formam em Direito anualmente. Levantamento do Inep mostra que, entre 1999 e 2011, a quantidade de matriculados foi de 328,7 mil para 722,8 mil, crescimento de 120%.
Nos últimos 20 anos, o número de faculdades de Direito passou de cerca de 200 para 1.260, ante 1,1 mil em todo o mundo (!). Além disso, mais de cem instituições esperam por autorização do MEC para entrar no mercado - e tudo indica que esperarão por muito tempo, pois o próprio Ministério diz que não autorizará novos cursos de Direito. A medida, correta, chega tarde.
Entre os profissionais de Direito, o excesso de oferta, somado à falta de qualificação, resulta, no mínimo, em ataques brutais à língua portuguesa, como o que surpreendeu um amigo dia destes, em correspondência de seu advogado: o profissional garantiu que "derrepentemente" o juiz poderia encerrar a causa.


* JORNALISTA,  FOI MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO,  INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR NO GOVERNO LULA (2007-2010)

AICPA para Pequenas e Médias Empresas

O AICPA lançou uma estrutura conceitual para pequenas e médias empresas. O AICPA é uma entidade dos Estados Unidos que reúne os contadores certificados.
A estrutura conceitual conta com quase duzentas páginas, sendo composta por 31 capítulos, mais um glossário. Estes capítulos tratam desde as características da informação contábil, os conceitos e princípios que devem nortear a informação, até tópicos específicos sobre estoques, contingências, impostos etc.


A questão básica é que recentemente foi criado naquele país o PCC, uma entidade para cuidar das normas contábeis para empresas de capital fechado. É interessante destacar que nos Estados Unidos não existia, até recentemente, uma preocupação com a normatização da contabilidade destas empresas, o que inclui as pequenas e médias empresas. Ora, a iniciativa do AICPA foi considerada uma “concorrência” a existência do PCC. Já o Journal of Accountancy não enxerga desta forma: acredita que a proposta é coerente com o que está sendo feito no PCC. 

Imposto na indenização

(...) A Receita [Federal] entendeu que o valor recebido a título de indenização ao fim do contrato de concessão corresponde à receita não operacional das empresas, a ser computado na determinação do lucro real, base de cálculo dos dois tributos. Segundo a Solução de Consulta 49, o montante deverá ser confrontado com o valor contábil do bem, deduzida a depreciação ou amortização acumulada, obtendo-se o resultado não operacional.

"Indenizações dos bens reversíveis ainda não amortizados ou não depreciados recebidas em decorrência de rescisão do contrato de concessão não caracterizam indenização por danos patrimoniais e se sujeitam à retenção na fonte do IRPJ e da CSLL", afirma o Fisco, na consulta.

Pela resposta da Receita, afirma o sócio do setor de Tributário do escritório Siqueira Castro Advogados Richard Dotoli, sobre os montantes a serem pagos às concessionárias será preciso reter, imediatamente, 15% de IR e 1% de CSLL. Dotoli lembra que o Poder Executivo poderá reter este montante na hora de pagar as indenizações ainda não saldadas. Posteriormente, os valores entrarão no cálculo final do imposto a pagar ou compensar, em caso de perdas.

Ele ressalta que o entendimento do Fisco de que esses valores não têm natureza indenizatória, mas seriam uma riqueza nova, foi surpreendente e contraditório. "Isso porque a Receita pressupõe que o governo está pagando mais do que este patrimônio vale", diz, ressaltando que foi ignorado o fato de que a indenização é simples recomposição do patrimônio das companhias, que, portanto, não apurarão nenhum ganho.

Conforme Dotoli, as indenizações não são receita a ser tributada, mas uma simples substituição do patrimônio de um ativo imobilizado. O sócio do setor de Tributário do escritório Siqueira Castro Advogados ressalta que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu reiteradas vezes que não há incidência de IR e Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) sobre indenizações, que são consideradas recomposição de patrimônio e não receita ou renda.

(...) Na visão do sócio da área Tributária do Veirano Advogados Abel Amaro, embora a reversão dos bens esteja prevista no contrato de concessão, a reparação seria equivalente à desapropriação e, nesse caso, existe jurisprudência considerando que a tributação sobre estes valores viola o conceito de indenização justa previsto na Constituição Federal. Amaro ressalta ainda que, se a Receita considerou na resposta à consulta que o valor da indenização corresponde a receita não operacional, então entende que houve alienação do ativo. "A resposta não traz grandes novidades, mas mostra o entendimento da Receita, o que não elimina demais análises de que se trata de desapropriação, o que pode ser uma linha de defesa para as empresas."

PIS e Cofins

No caso do pagamento do PIS e Cofins, o Fisco entendeu que as receitas de indenização dos bens reversíveis ao fim do contrato de concessão não podem ser excluídas da base de cálculo, mas não terão retenção por causa do estabelecido na Medida Provisória (MP) º 612, por não se tratar de fornecimento de bens ou de prestação de serviços. "Quanto ao PIS e Cofins, foi incluído na MP 612 editada este ano que as indenizações não pagariam estes tributos", lembra o sócio da área Tributária do Veirano Advogados.

Fonte: Aqui

Receita: indenizações a elétricas devem pagar IR e CSLL
Por Fátima Laranjeira

11 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Um pouco de história nos classificados

Em 1850 o Correio da Manhã publicava este interessante anúncio:


















O que me chamou a atenção foi o termo Capitalista. Naquele momento tinha acabado de ler no livro de Gleenson-White que o termo foi popularizado muito depois de Marx.


Um ano depois, em 1851 o jornal Correio da Manhã publicou o anúncio abaixo:

É interessante notar que o contador anuncia suas habilidades e competências, mas permite obter um grande bastante razoável do que fazia este profissional naquela época. Luiz Carlos Adolpho de Souza usava partidas dobradas ou singelas.

Mas em 1868, no Maranhão, um hotel procurava um profissional que sabia as partidas dobradas, conforme este anúncio no Publicador Maranhense (edição 79, p. 4):

Falta ética entre funcionários brasileiros

Uma pesquisa sobre ética nas empresas revelou dados com potencial para gerar, no mínimo, um desconforto nas organizações. Mais da metade dos profissionais das companhias brasileiras tendem a conviver sem restrições com a falta de ética. Pior: 80% dos funcionários poderiam cometer algum ato antiético. São pessoas que não têm a ética como um princípio inabalável independentemente da situação. Segundo a pesquisa, 69% dos funcionários demonstram alguma flexibilidade em sua aderência aos princípios éticos e normas de conduta da organização. Ou seja, sob pressão ou diante de alguma oportunidade com baixo risco de um flagrante, eles seriam lenientes ou mesmo participariam de uma fraude, desvio de informações ou qualquer tipo de situação eticamente inadequada.

O levantamento foi feito pela primeira vez pela ICTS, uma consultoria brasileira de gestão de riscos de negócios que presta serviços como estruturar sistemas de controle, análise e investigação. O estudo levou em consideração as respostas dadas por 3.211 profissionais em 45 empresas. Entre 2010 e 2012, eles responderam um questionário com 140 perguntas e passaram por uma entrevista. Metade dos participantes ocupava um cargo de gestão, e a outra metade um cargo técnico e operacional. Cerca de 45% tinham uma remuneração maior que R$ 3 mil. E o restante, um salário menor.

Segundo Marcelo Forma, sócio-diretor da empresa, a metodologia da pesquisa demandou mais do que questionamentos simples do tipo "você receberia suborno?" ou "furtaria um laptop da empresa?". Cada uma das conclusões foi resultado do cruzamento de algumas dezenas de perguntas feitas seja via questionário ou entrevista.

Os resultados mostraram que a falta de alinhamento e aderência à ética da empresa pode acontecer em todos os grupos. Homens, mulheres, executivos, empregados do nível operacional: todos têm potencial para, de alguma forma, descumprir as regras de governança. Há apenas uma diferença. As mulheres, mais do que os homens, e os funcionários da operação tendem ao comportamento antiético mais no sentido de descobrirem algo errado e não denunciarem e menos no sentido de cometerem um delito. "Os motivos para a leniência são vários, como não saber para quem denunciar ou mesmo por terem medo de serem demitidos", diz Renato Santos, executivo da área de análise de aderência à ética empresarial da ICTS e responsável técnico da pesquisa.

Por outro lado, gestores homens tendem a apresentar maior disposição em assumir atalhos questionáveis para atingir metas ou para ter algum benefício. Além disso, 33% dos gestores usariam dados confidenciais da companhia para tirar proveito próprio ou favorecer terceiros em prejuízo da empresa.
Sem citar nomes por uma questão de confidencialidade contratual, Forma e Santos contam um episódio que surpreendeu o presidente de uma empresa há algum tempo. Um rombo de milhares de reais nas contas da companhia havia sido protagonizado pelo executivo de sua maior confiança na área financeira: o próprio diretor financeiro. O golpista era viciado em jogo e havia furtado a empresa para sanar as dívidas com um agiota.

Forma e Santos afirmam que a fragilidade da empresa estava no fato de o presidente confiar totalmente no diretor e não exercer nenhum controle externo sobre o que ele fazia. "Sob uma pressão situacional, o ser humano pode cometer atos antiéticos", diz Forma.

Exemplos como esse evidenciam, segundo os consultores, que as empresas precisam ter um ambiente de trabalho com regras, processos e sistemas de controle. Afinal, a maioria tende a incorrer em alguma fraude, furto, desvio de informações, corrupção ou qualquer outro ato que transgrida os princípios da organização dependendo das circunstâncias. Entre essas regras, está a elaboração de um código de ética e de conduta para as posições mais críticas - como, por exemplo, os departamentos de compra e vendas. "Um exemplo clássico são os brindes dos fornecedores. Por exemplo, uma caneta, geralmente, pode ser aceita. Mas e se for uma Mont Blanc?", diz Forma. Ele e Santos afirmam que o ideal é que eles nunca cheguem a um valor tão alto que gere algum impacto na vida do funcionário.

Santos, doutorando e pesquisador em ética e fraudes corporativas, afirma que é essencial estabelecer regras claras e criar mecanismos de controle. "Não basta confiar no bom senso. A pesquisa derrubou aquele mito de que ética se aprende quando criança. As empresas precisam estabelecer os limites", diz. Ele explica que, nas entrevistas, veio à tona a crença de que suborno é um crime sem vítima e que, portanto, não tem problema de, eventualmente, ser aceito. Numa outra ocasião, um empresário contou a ele que jamais oferecera propina, apenas presentes. O mais caro havia sido de R$ 20 mil. Em dinheiro

(Valor)

Briga

Os bancos HSBC, Credit Suisse e ING foram à Justiça para cobrar R$ 530 milhões da Cervejaria Petrópolis, dona das marcas Itaipava, Crystal e Petra. Os processos, no entanto, não têm nada a ver com cerveja. Os bancos acusam a empresa de ser dona oculta de uma processadora de soja chamada Imcopa, que deu um calote bilionário na praça. Como a Imcopa não paga, querem que a Petrópolis honre as dívidas com eles.

A Imcopa é líder na produção de derivados de soja não transgênica no País, deve quase R$ 1 bilhão no total e está enrolada com os credores faz tempo. Renegociou as dívidas com eles em 2009, mas não cumpriu os acordos que fez. Em janeiro, pediu recuperação judicial.

Os bancos alegam nas ações que foram enganados todo esse tempo. Afirmam que nos últimos quatro anos a Petrópolis se apropriou da Imcopa por baixo do pano - tudo tramado para ficar com as receitas bilionárias do negócio, sem ter de responder pelas dívidas. Na Justiça, pedem o reconhecimento dessa situação, para assim cobrar a cervejaria. O HSBC cobra R$ 380 milhões, o Credit Suisse R$ 90 milhões e o ING, R$ 50 milhões.

Segunda maior cervejaria do País, com faturamento de R$ 5 bilhões por ano, a Petrópolis afirmou por meio de nota que as ações dos bancos são indevidas e que não tem "qualquer participação na Imcopa". As duas teriam apenas um acordo comercial, pelo qual a Imcopa produz derivados de soja "mediante encomenda para o Grupo Petrópolis, que comercializa os produtos finais".

A Imcopa respondeu a mesma coisa, por e-mail. Sobre a acusação de que teria enganado os bancos, afirmou que "jamais faltou com seus compromissos", embora as instituições lhe tenham imposto um "fluxo de pagamento inaceitável".

Fraude. A versão dos bancos é bem diferente. "A Petrópolis esvaziou a Imcopa e deixou a dívida. Há um conluio entre as duas, com desvio de recursos e fraude aos credores", diz o advogado André Chateaubriand Martins, do escritório Sérgio Bermudes, que representa o Credit Suisse e o ING.

"Essas empresas criaram uma confusão patrimonial para enganar os credores, mas na prática são uma coisa só", afirma o advogado Leonardo Morato, do escritório Veirano, que representa o HSBC. "A Petrópolis não pode ficar só com os benefícios da operação, precisa responder pelas dívidas também."

Os bancos afirmam ter tido acesso às demonstrações financeiras da Petrópolis em 2011. Nesse ano, diz o HSBC, mais de R$ 1,8 bilhão da receita da Petrópolis foi "derivada do negócio de soja". Segundo o Credit Suisse e o ING, "35% do faturamento total do Grupo Petrópolis passou a ser atribuído à comercialização de soja".

Parceria. A Petrópolis e a Imcopa se aproximaram em 2009. Em meio a uma crise de liquidez no setor de commodities, a empresa de soja renegociou as condições de pagamento de sua dívida, enquanto procurava um parceiro disposto a colocar dinheiro lá dentro.

Apareceu então a Petrópolis, interessada em aproveitar a farta quantidade de créditos fiscais gerados pelas operações da Imcopa. Em troca desses créditos, usados para abater a alta carga de impostos que incide sobre a produção de cerveja, a Petrópolis colocaria capital de giro na processadora de soja.

Os bancos dizem que ao longo dos últimos anos a tal parceria virou uma aquisição disfarçada da Imcopa pela Petrópolis. Afirmam que a cervejaria passou a operar a empresa de soja, da compra de matéria-prima à venda do produto final, e fica com toda receita. As duas plantas industriais da Imcopa, em Cambé e Araucária (PR), viraram filiais da Petrópolis, que também emite as notas fiscais na venda da produção.

Executivos dos bancos dizem que, antes de partir para os tribunais, tentaram acertar parte das dívidas com Walter Faria, dono da Petrópolis, e Frederico Busato Júnior -"Fritz", para os conhecidos -, da Imcopa. Chegaram a propor que a cervejaria comprasse formalmente a Imcopa. Mas, na frente do pessoal dos bancos, os empresários só falam mal um do outro. "Walter diz que só perde dinheiro com a Imcopa e que Fritz o engana. E Fritz diz que Walter o explora."


Bancos vão à Justiça para cobrar R$ 530 mi da Cervejaria Petrópolis - DAVID FRIEDLANDER - O Estado de S.Paulo

Estatística

Um dos livros clássicos de estatística chama-se How to Lie with Statistics, que mostra exemplos de manipulação de dados. O caso a seguir, apresentado pelo Estado de S Paulo (Governo de Minas omite estatísticas ao promover 'choque de gestão'  tucano, Daniel Bramatti, 10 de junho de 2013, A4), lembra um pouco isto. Trata-se da propaganda do governo do estado de Minas Gerais:
A maior distorção ocorre nos dados sobre segurança pública. Um gráfico com a taxa de homicídios por 100 mil habitantes mostra que, de 2004 a 2010, houve aumento de 1,4% nas mortes no Brasil e redução de 18% em Minas. Mas o governo tucano não começou em 2004, o ponto inicial da série histórica do gráfico. O choque de gestão foi aplicado em 2003 e, portanto, seus efeitos tem de ser medidos em relação ao ano anterior - o último do mandato de Itamar Franco, antecessor de Aécio.

Ao tomar-se 2002 como ponto de início da série histórica, o quadro que se revela é o oposto do que o governo estadual tenta propagandear: durante a gestão tucana, houve aumento de 14,1% nos homicídios em Minas e redução de 3,1% no País todo.

Nos dois primeiro anos do governo Aécio foram registrados 8 mil assassinatos em Minas, 2,7 mil (ou 34%) a mais do que nos dois anos anteriores. Somente então as ocorrências começaram a baixar - mas o gráfico publicado pelo governo, ao omitir a explosão inicial, sugere uma queda contínua.

Lâmpada que não queima

Uma lâmpada fluorescente dura cerca de 10 mil horas. São mais de 416 dias de uso direto, pouco mais de um ano. Bastante tempo, certo? Imagine, no entanto, se existisse uma lâmpada que durasse 100 anos. Quer dizer, não imagine, não. Essa lâmpada existe . Pelo menos é o que diz Benito Muros, espanhol que diz estar sendo ameaçado de morte por causa de sua criação.

Muros é o presidente de um movimento chamando Sem Obsolescência Programada (SOP) e diz que, não só lâmpadas, mas muitos outros objetos de nosso dia a dia poderiam durar muito mais. Na verdade, existe uma teoria - a da Obsolescência Programada - de que muitos fabricantes desenvolvem produtos de curta durabilidade para obrigar os consumidores a adquirir novos produtos de forma acelerada e sem uma necessidade real. Segundo o espanhol, fazem parte dessa lista de itens como baterias de celular, computadores, geladeiras e televisões. “Não há nada para se fazer além de comprar outra”, disse ele em entrevista ao jornal espanhol El Economista.
Segundo ele, algumas peças essenciais para eletrodomésticos, por exemplo, são colocadas propositalmente próximas das partes que mais aquecem no objeto, diminuindo seu tempo de vida. Soma-se a isso, o uso de materiais de menor qualidade.
As lâmpadas e a causa de Muros e da SOP querem desenvolver um novo conceito empresarial, baseado no desenvolvimento de produtos que não caduquem. Quem não lembra daquela máquina de lavar da casa da avó que durou a vida inteira? Ou a geladeira que está na família há anos e nunca deu problema? "Deixaram de fabricar, porque duravam demais. Hoje, por exemplo, temos uma lâmpada que está acesa a 111 anos em um parque de bombeiros de Livermore [California]. Foi então que surgiu a ideia de criar, junto com outros engenheiros, uma linha de iluminação que dure toda a vida", disse ele à publicação.
Além de terem mais tempo de vida, as lâmpadas, desenvolvidas com a Oep Electrics, gasta 70% menos energia que as fluorescentes. Além disso, não queima ao ser acesa e apagada várias vezes seguidas. A OEP garante dez mil comutações diárias.
No entanto, Muros diz que a descoberta também gerou ameaças. O espanhol chegou a apresentar um recado à polícia que dizia: "senhor Muros, você não pode colocar seus sistemas de iluminação no mercado. Você e sua família serão aniquilados”, diz. Apesar disso, ele conta que não se sentiu ameaçado e que irá continuar defendendo a SOP.
Fonte: aqui

Entrevista com Suzana Herculano-Houzel

A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, 40, dedicou-se nos últimos anos a entender como o cérebro humano se tornou o que é. Seu trabalho a levou a ser a primeira brasileira convidada a falar no TED Global, famoso evento anual de conferências de curta duração que reúne convidados de várias áreas do conhecimento.

Herculano apresentará em sua fala de 15 minutos, nesta quarta, os resultados de suas pesquisas sobre como o cérebro humano chegou ao número incrivelmente alto de 86 bilhões de neurônios: o consumo de alimentos cozidos. "Entre os primatas, temos o maior cérebro sem sermos os maiores. Grandes primatas, com a sua dieta de comida crua, não possuem energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um cérebro grande."
Na entrevista, concedida por telefone, a professora do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) dispara críticas à cultura brasileira de pesquisa científica, "que não incentiva a originalidade e a diversidade de pensamento", à pós graduação nacional, "muito fraca", e ao programa de bolsas Ciência Sem Fronteiras, "do jeito que está, parece demagogia" e defende a profissionalização da carreira de cientista.

Luciana Whitaker/Folhapress
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que irá falar no TED Global, em seu laboratório na UFRJ
A neurocientista Suzana Herculano-Houzel, que irá falar no TED Global, em seu laboratório na UFRJ

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Folha - Sobre o que a sra. vai falar na palestra no TED?
Suzana Herculano-Houzel - Vou apresentar o resultado do trabalho realizado no nosso laboratório, que mostra que o ser humano não é especial, nosso desenvolvimento cerebral não foge às regras que se aplicam aos outros primatas. Temos o maior cérebro primata sem sermos os maiores primatas. Como o tamanho do cérebro acompanha o tamanho do corpo, em geral, primatas maiores do que nós, como gorilas e orangotangos, deveriam ter um cérebro maior que o nosso e, no entanto, o gorila é duas a três vezes maior do que nós e nós temos um cérebro três vezes maior que o dos gorilas. Descobrimos que há uma explicação de origem metabólica para isso: quando calculamos a quantidade de energia que um primata obtém com a sua dieta de comida crua e quanto custa manter o corpo e o cérebro funcionando, descobrimos que os primatas não têm energia suficiente para sustentar um corpo enorme e um cérebro grande, com muitos neurônios. Também deveríamos obedecer à mesma regra, então nossos ancestrais conseguiram burlar essa limitação energética. Esse jeito, muito provavelmente, foi a invenção da cozinha, que transformou a maneira como aproveitamos as calorias, tornando os alimentos mais fáceis de serem mastigados e digeridos e, portanto, permitindo obter mais calorias em menos tempo.

Com a invenção da cozinha, ter um cérebro grande deixa de ser um risco e passa a ser uma vantagem, ao mesmo tempo que nos libera para fazer coisas mais interessantes com o nosso cérebro. Poderíamos pensar que isso nos faz especiais, mas se você olhar a evolução do cérebro dos primatas, é possível perceber que há muito tempo existe uma tendência de aumento do tamanho do cérebro, mas nos nossos ancestrais e nos grandes primatas isso tinha encontrado essa barreira metabólica.
Minha mensagem na palestra é que o que nos torna notáveis é o número alto de neurônios no córtex cerebral e conseguimos chegar a isso fazendo algo que nenhum outro animal faz que é cozinhar os alimentos.

Recentemente dois grandes projetos ligados à compreensão do cérebro foram anunciados. Na Europa, um investimento de 1 bilhão de euros será destinado a uma simulação em computador do cérebro funcionando e, nos EUA, um consórcio de cientistas vai mapear o cérebro. Como essas iniciativas se inserem no atual quadro de pesquisa da neurociência?

São desdobramentos do que já vinha sendo feito. Se você olhar para a história da pesquisa em neurociência, começamos tentando entender o que cada parte do cérebro faz, para que serve cada estrutura, e isso teve uma explosão extraordinária entre os anos 1990 e 2000 com as técnicas de ressonância magnética e tomografia computadorizada, que nos permitiram construir um mapa do que faz cada pedaço do cérebro. Nos últimos cinco anos, começou uma busca pela compreensão de como partes diferentes do cérebro interagem, colaboram e trocam informações. Nesse processo emerge a consciência, o autoconhecimento. Essa é a fronteira final nesse momento.

A sua pesquisa se relaciona de alguma forma com esses projetos?

De certa forma sim. Uma das coisas que estamos estudando e que faz parte de um artigo que acabamos de terminar é entender como os neurônios se distribuem ao longo do córtex humano [camada mais externa e sofisticada do cérebro], entre as diferentes áreas. Começamos uma pesquisa para saber qual é a relação entre a distribuição do número de neurônios e do número de sinapses, tentando entender as regras de construção do cérebro e como se dá a relação entre a distribuição de neurônios e as funções de cada área.

As iniciativas americana e europeia de compreender o cérebro e os experimentos de interface cérebro-máquina, como do brasileiro Miguel Nicolelis, receberam bastante atenção da mídia. A senhora acha que o não cumprimento dos objetivos pode gerar alguma frustração na sociedade e até descrédito para a neurociência?

Tudo depende de como as coisas são apresentadas. A maneira como eu entendo essa iniciativa do consórcio americano é compreender como o cérebro funciona como um todo. Mas, para vender isso para mídia, eles têm que colocar o propósito da cura do alzheimer, porque é um nome que as pessoas reconhecem e pensam "ah, isso é importante". Mas é importante que a mídia dê valor a esses assuntos, para que as pessoas passem a dar mais valor à pesquisa pelo conhecimento que geramos, e não só porque vamos curar doenças. Até porque se o público aprender a reconhecer o valor da ciência pela ciência, não tem por que ter frustração. Toda pesquisa bem feita traz, no mínimo, novas perguntas. Se a pesquisa é bem feita, não existe fracasso.

A senhora se divide entre a pesquisa e a divulgação de ciência, algo raro na nossa academia. Você acha que há uma falha de comunicação entre os cientistas e a sociedade?

Infelizmente a divulgação científica não é muito valorizada nem bem vista pelos cientistas. O CNPq [órgão federal de fomento à pesquisa], por exemplo, não considera a divulgação científica na conta da produtividade do cientista. Mas isso é compreensível. Dada a sobrecarga de ensino e pesquisa dos nossos cientistas, é difícil que eles ainda queiram fazer divulgação sem que isso lhes dê algum tipo de reconhecimento pelos seus esforços. Não sei se estaria fazendo divulgação se eu não tivesse voltado para o Brasil para fazer justamente isso. Depois é que eu voltei a fazer pesquisa.

Quais são os principais problemas na maneira como se faz pesquisa científica no Brasil?

Originalidade zero. Não existe incentivo à originalidade e à diversidade de pensamento. Quando eu cheguei nos EUA [para fazer o mestrado, em 1992], fiquei chocada ao descobrir que as pessoas não param cinco anos no mesmo lugar. Eles têm essa cultura de se mudar constantemente, o que favorece a diversidade de ideias. Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade. Colônias em que você tem o fundador original, o chefe do laboratório, e as crias todas vão se espalhando ao seu redor, estudando a mesma coisa.

Como a senhora vê o atual estado da pós-graduação no Brasil?

O nível de exigência aqui é baixíssimo. Nos EUA e na Europa, após um ou dois anos no doutorado, você tem que apresentar o seu projeto de pesquisa original e, antes disso, precisa apresentar outro projeto de pesquisa sobre um tema que não seja da sua área só para provar a capacidade de raciocínio autônomo e original, de reconhecer um problema da ciência e propor um tratamento científico a ele. Aqui, temos um exame de conhecimentos, em que você precisa provar que domina um determinado assunto, mas com isso incentiva-se a repetir e não a gerar algo novo. No fundo, o aluno de doutorado aqui é uma pessoa que trabalha nas linhas de pesquisa de um determinando laboratório sem nenhuma exigência de que tenha contribuído de forma original para a ciência.
A formação dada pela nossa pós-graduação é ruim, então?

É fraca, muito fraca. Não porque faltem bons pesquisadores ou professores, mas porque não há cobrança, não se oferecem cursos com o professor ensinando na lousa, apenas seminários, como que dizendo: "O aluno que busque o conhecimento sozinho".

Como a senhora vê o investimento do governo no programa de bolsas Ciência sem Fronteiras?

Francamente, eu não entendo esse programa. Do jeito que está parece demagogia. Quando se começou a falar em Ciência sem Fronteiras, parecia um negócio extraordinário. Eu havia entendido que abriríamos as fronteiras nos dois sentidos, iríamos mandar jovens cientistas para fora e abrir as nossas fronteiras para os estrangeiros que quisessem vir trabalhar aqui. Poderíamos, quem sabe, acabar com o complexo de vira-lata da gente, de que só os outros que prestam, ao atrair pesquisadores de outros países. Não vemos isso acontecendo. O que se vê é uma porcentagem baixíssima de aprovação de projetos para trazer gente de fora. Pouquíssimas bolsas para enviar jovens para fazerem doutorado e pós-doutorado fora e uma massa enorme de dinheiro usada para mandar alunos de graduação para o estrangeiro, o que me choca pois, na minha avaliação, a graduação no Brasil é muito boa. Fiz graduação aqui na UFRJ e, quando cheguei aos EUA para fazer o mestrado, os professores achavam que eu era uma aluna extraordinária, pois já sabia coisas que eram dadas na pós-graduação de lá. Onde ficamos muito para trás é na pós-graduação.

Apesar de diversos estudos mostrando o malefício das drogas ao cérebro, a senhora tem se posicionado a favor da legalização. Por quê?

O problema maior das drogas é para aqueles que não têm nada a ver com a história e ficam presos no tiroteio, literalmente, que é a violência financiada pelo tráfico. No mundo ideal, gostaria que ninguém pudesse comprar drogas porque elas fazem mal e ponto. Mas também entendo que, por um lado, as pessoas deveriam ter liberdade para fritar o próprio cérebro em paz sem colocar as outras em risco. Vamos tornar as drogas acessíveis em farmácias, controladas pelo governo, para acabar com o tráfico. Mas sou contra a descriminalização, que só tranquiliza o usuário, que pode comprar a droga tranquilo, sem medo de ser preso. Sou a favor da legalização.

Há uma discussão hoje em torno da diminuição da maioridade penal. Do ponto de vista da neurociência, é possível dizer que alguns desses jovens que recentemente cometeram crimes bárbaros não sabiam o que estavam fazendo?

A adolescência é um processo que leva em torno de dez anos, as vezes até mais, e é um processo de transformação do cérebro, em que várias habilidades mudam, melhoram e a última delas é a de se colocar no lugar do outro e de ter um raciocínio consequente, entender os desdobramentos dos seus atos. Em torno de 17, 18 anos, em geral, essas habilidades de raciocínio consequente já existem e funcionam bem o suficiente para você caracterizar a pessoa como um adulto, mas é um processo. Qualquer idade que seja estabelecida vai ser arbitrária. A questão é se a idade que você escolhe como idade arbitrária é bastante segura ou não para você considerar em princípio que todos os jovens que já têm essa idade devem ter a capacidade de avaliar as consequências dos seus atos.
Dezoito anos, então, é uma idade razoável para ser usada como marco?

Acho perfeitamente razoável, talvez pudesse ser 19, ou 17 e meio, mas é importante reconhecer que essa idade é arbitrária. Além do mais, esses crimes hediondos cometidos por jovens não são cometidos porque a pessoa tinha 17 anos e cinco meses e, portanto, não tinha a capacidade de entender que quando ela estava jogando gasolina na dentista ela ia morrer se o fósforo fosse aceso. Uma criança tem essa capacidade. Nesse caso estamos falando de uma coisa diferente. Boa parte desses jovens que cometem crimes bárbaros, hediondos, é sociopata. Há a ideia de que a pobreza é culpa da classe média, de que o bandido é culpa da sociedade que não deu oportunidade. E é nesse tipo de sociedade que o sociopata floresce, uma pessoa perfeitamente sã, racional e capaz, por isso, de manipular os outros. Sociopata é um predador, causando problemas para todo mundo ao redor. Ele faz isso tanto melhor quanto mais as pessoas pensarem "pobrezinho, não é culpa dele, ele não fez nada de errado, ele não tem de ser punido". As pessoas nascem sociopatas e a sociedade tem de se saber como lidar com isso.
Como identificar esse jovem?
Psiquiatras bem treinados sabem fazer essa avaliação. Há sociopatas que jamais vão chegar a matar uma pessoa, mas ainda assim ele pode criar um monte de problemas para as pessoas ao redor dele. Mas considerando apenas os sociopatas que cometem crimes hediondos, eles devem ser reconhecidos e tratados como de fato de são, como uma pessoa cuja taxa de recuperação e de reinserção na sociedade é praticamente zero. E cuja taxa de reincidência é altíssima, não importa a idade. É isso que tem de ser levado em conta. No fundo, não importa a idade da maioridade penal.

A sra. vem defendendo a profissionalização do cientista. O que é isso?

Minha proposta é que o jovem que faz ciência tenha esse trabalho reconhecido, que seja considerado um cientista de fato. Um dos problemas do jovem que trabalha com ciência é que a própria família acha que eles estão de vagabundagem. O trabalho de pesquisa que um jovem faz sob a alcunha de estudante de pós-graduação é de verdade. Terminado o período da pós-graduação, esse jovem continua não tendo a possibilidade de ser contratado como cientista. São raros os institutos de pesquisa que contratam pesquisadores de fato no Brasil. Na grande maioria dos lugares, esse jovem vai ser contratado como professor. O primeiro problema é reconhecer que a pessoa que faz ciência tem um trabalho: ela se chama cientista. Hoje, eu não posso preencher uma ficha de dados e declarar como minha profissão cientista. Essa profissão não existe. E isso contribui para desvirtuar a pós-graduação, pois como o jovem que se forma não pode ser contratado como um pesquisador, a única maneira de ele continuar fazendo pesquisa é ele entrar para a pós-graduação. E ela então vira uma tábua de salvação, como a única maneira de continuar trabalhando no laboratório. E eles são a verdadeira mão de obra da pesquisa no Brasil. O número de publicação de artigos no país vem crescendo de mãos dados com o aumento no número de alunos de doutorado. Quem faz a pesquisa no Brasil são esses "alunos" da pós-graduação que, para mim, são cientistas, são trabalhadores, que deveriam ser reconhecidos como tais, com os direitos e deveres que todo trabalhador tem.

E o que a sra. propõe para melhorar esse quadro?

Proponho que se crie a profissão de cientista e que, para o jovem exercer a função de pesquisador, ele tenha de ser contratado. Se ele vai ou não fazer a pós-graduação também, isso passa a ser uma coisa à parte. A pós poderia passar a ser reservada, como deveria ser, àqueles alunos que demonstrem capacidade de raciocínio original, de propor novas ideias. A profissionalização do cientista não só resolveria o problema de o jovem recém-formado não ter o status de trabalhador com férias, décimo terceiro e tudo o mais, mas também ajudaria a resolver o problema da pós-graduação ser hoje uma tábua de salvação para os nosso jovens e não ser valorizada como ela deveria ser.

Como tem sido a repercussão dessas ideias dentro da universidade?

Críticas só de longe, por e-mail, sem mostrar a cara. Recebo muito apoio de alunos, que querem ter o seu trabalho reconhecido. Eu não entendo muito bem porque a ideia de profissionalizar a ciência incomoda tanto algumas pessoas. Mas as pessoas que se incomodam são as que estão lá no alto, são os diretores de institutos etc. Fica a impressão ruim de que eles não querem perder a mão de obra quase de graça. É muito comum ouvir: "Você está ganhando dinheiro para estudar". Esse é o tipo de mentalidade que mata a ciência. Isso é uma herança do século 18, pois os primeiros cientistas eram diletantes de famílias ricas, que não precisavam de dinheiro para fazer pesquisa. Hoje a realidade é outra, mas faltou mudar essa parte da pesquisa ser reconhecida como trabalho que é.
Quais são os próximos passos da sua pesquisa?

Estamos trabalhando com animais de cérebro enorme. Será o teste da nossa hipótese de que é o número de neurônios que importa e não simplesmente o tamanho do cérebro ou a relação com o tamanho do corpo. Estamos terminando agora de estudar um cérebro de elefante, depois baleias e estamos começando a trabalhar com pássaros para entender a diversidade de maneiras com o cérebro é construído e a relação que isso tem com as capacidades cognitivas e comportamentais dos diferentes animais. Mais adiante, vamos estudar a relação entre a construção do cérebro, o metabolismo e o sono. Por que animais de grupos diferentes têm necessidades diferentes de sono? E como isso está relacionado com o metabolismo do cérebro e o número de neurônios.

Filme e Contabilidade

Farrah Abraham, que participou de um filme para adultos tendo recebido 1,5 milhão de dólares, deverá concluir o bacharelado em administração pela Universidade Pace. Ela pretende concentrar em contabilidade e auditoria interna, segundo revelou a Business Week, tendo planos em abrir restaurantes. O próximo filme deverá chamar Internal Auditing, também destinado para o público adulto.

O discreto perfil acadêmico dos economistas

Os impactos positivos motivados por orientações dos economistas brasileiros resultam mais de "think tanks" do que da academia

Os indícios de uma crise econômica brasileira têm incitado analistas a suspeitar da competência de nossos economistas. Embora alguns questionem se economia é uma ciência, não há dúvidas de que ela é ancorada em teorias.

É possível estimar-se a competência de nossos economistas nesse contexto? Há sem dúvida um caminho para isso. Hoje, há bases de dados que permitem medir prestígio público e acadêmico para as diversas áreas do conhecimento.

No primeiro caso, se teria uma medida de visibilidade por meio de exposição na mídia. No segundo, a medida de prestígio seria alcançada pelas publicações em revistas acadêmicas especializadas. É de se esperar que, em ambas as categorias, prestígio tenha uma correlação com competência.

No cenário nacional, já se tem uma surpresa. Ao contrário do que acontece, por exemplo, nos Estados Unidos, onde os economistas de renome público são também autoridades acadêmicas, no Brasil há uma dicotomia entre os economistas mais dedicados à academia (assim reconhecidos pelo CNPq) e aqueles distinguidos publicamente --são praticamente dois grupos distintos.

A segunda surpresa é que, em ambos os grupos, as publicações acadêmicas são exíguas. A terceira surpresa é que o percentual de economistas nacionais que obtiveram doutorado no exterior sob a supervisão de conceituados acadêmicos é superior aos de todas as demais áreas, alcançando 70%.

O que se pode inferir desses dados? Primeiro, que a contribuição brasileira para o corpo de conhecimento universal em economia é muito baixa. De fato, de acordo com a base Thomson-Reuters, enquanto no cômputo geral de publicações de artigos científicos o Brasil ocupa a 13ª posição, em economia a posição é a 30ª. Em um marco de qualidade e impacto, medido por citações por artigo, a posição é ainda inferior, 42ª.

Essas informações são intrigantes. Elas fazem aflorar dúvidas quanto à aplicação acertada dos conhecimentos da área econômica aos problemas nacionais. Como, porém, deixar de reconhecer dados que falam em favor dos nossos economistas. Um, que os exames de ingresso em instituições nacionais prestigiosas de ensino de economia são muito competitivos, abrindo caminho para alunos de qualidade. E outro, o de que que o ensino em nível de graduação dessas instituições é de boa qualidade.

É difícil se esquivar da impressão de que, no Brasil, há uma linha divisória entre graduação e pós-graduação em economia. Talvez o baixo encanto por produção científica frente à atração que setores não acadêmicos exercem (mercado, consultoria, política e comunicação pública) afastem os economistas de uma pós-graduação árdua, pouco compensadora financeiramente e com baixa exposição pública.

Talvez isso seja parte da explicação pela alta propensão dos egressos da graduação em economia em buscarem doutorado e pós-doutorado no exterior.

Óbvio está que esporadicamente surjam impactos positivos em nossa economia motivados por orientações dos economistas. Porém, é mais provável que essas se encontrem nos "think tanks" do que na academia. Um bem sucedido foi o Plano Real. [Folha de São Paulo]

ROGERIO MENEGHINI, 72, professor aposentado da USP, é coordenador científico do programa SciELO de revistas científicas brasileiras