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08 outubro 2011

Entrevista BBC a Alessio Rastani: O mundo vai acabar! (Portuguese subbed)



Sugestão de Rafael Ourique, grato. Observem que no final ele diz que a GS não está interessada no salvamento. Segundo comentário de Rafael:

Os erros de português podem fazer os olhos sangrarem, mas é uma visão interessante da situação e pode gerar boas discussões. De qualquer forma, melhor tentar compartilhar e arriscar que a contribuição não seja aceita do que não tentar e ter certeza que não será aceita. NOTA: não, não legendei o vídeo


P.S. Eis o que li hoje, após postar o vídeo, na Folha:

A sinceridade provocou suspeitas e o jornal "Telegraph" descobriu que Rastani, autor de um blog sobre finanças, não tinha autorização para trabalhar na City londrina.

06 outubro 2011

Valor Justo


Um artigo de Jonathan Weil,  da Bloomberg., e publicado no Valor Econômico (5 out 2011, via aqui) discute a adoção do valor justo. Em 2008 o valor justo foi considerado uma das causas dos problemas bancários. Mas o tempo passou e novamente as instituições financeiras estão com problemas. E não se escuta falar do valor justo.

Weil afirma que o fato dos reguladores terem abandonado a mensuração a valor justo no passado não deixou os bancos mais seguros e ainda cortou um dos suspeitos da lista dos culpados.

Em 2008 a pressão foi tamanha que o Iasb mudou suas regras:

Segundo as regras atuais do Iasb, os ativos financeiros podem ser classificados de quatro formas. Os ativos rotulados sob “valor justo contra [na conta de] resultados” devem ser remarcados a mercado a cada trimestre, e as mudanças devem se refletir na demonstração de resultados. “Disponível para venda” implica que os ativos devem ser remarcados a mercado no balanço patrimonial, mas as mudanças de valor normalmente não afetam os lucros.


As outras classificações, denominadas “manter até o vencimento” e “empréstimos e recebíveis”, permitem que as empresas evitem o uso de valor justo no balanço patrimonial.


Na prática, essas categorias muitas vezes permitem que empresas adiem os prejuízos até muito tempo depois que o valor de mercado de um ativo tenha despencado, especialmente quando se trata de títulos.

Weil apresenta um exemplo didático dos problemas da norma do Iasb:

Tomemos, por exemplo, o maior financiador da Grécia, o Banco Nacional da Grécia, de Atenas. No mês passado, a instituição disse ter registrado uma baixa contábil – conhecida como “impairment” no jargão – de € 1,3 bilhão (US$ 1,8 bilhão) sobre os lucros durante o segundo trimestre para rebaixar o valor de títulos do governo grego. Não foi como se os prejuízos tivessem se materializado repentinamente. Ao contrário, os prejuízos vinham se acumulando há algum tempo – e finalmente foram reconhecidos.


No fim de 2010, cerca de 90% do equivalente a € 12,8 bilhões em títulos do governo grego em poder do banco foram rotulados como “manter até o vencimento” ou “empréstimos e recebíveis”, em grande parte devido a uma reclassificação que os removeu das categorias “disponível para venda” e “valor justo” durante períodos anteriores. Certamente, o futuro trará prejuízos maiores, pois os títulos gregos estão sendo agora negociados em níveis que sugerem que um calote do governo é praticamente certo.

Weil critica também o próprio Iasb, que permitiu, em 2008, que as empresas reclassifcassem os títulos.

Há uma solução simples para isso. Em 2005, quando o Iasb e a americana Financial Accounting Standards Board (Fasb) começaram a discutir como rever as regras para [contabilização de] instrumentos financeiros, eles disseram que um de seus três principais objetivos de longo prazo era o seguinte: “Exigir que todos os instrumentos financeiros sejam mensurados por seu justo valor, sendo todos os lucros e prejuízos realizados e não realizados reconhecidos no período em que ocorrem”.


As duas instituições normativas abandonaram esse caminho. Cedendo a pressões do Congresso e do setor bancário, no início de 2009 o Fasb mudou suas regras para permitir que as empresas mantivessem grandes prejuízos com títulos fora do lucro líquido. Se o princípio geral que as instituições normativas estabeleceram seis anos atrás estivesse em vigor hoje, não seria possível empregar diferentes tratamentos contábeis um mesmo tipo de título nos livros de uma empresa. Haveria apenas um.


Os mercados, por sua vez, sabem que não podem acreditar em balanços do setor bancário. E assim ficamos na situação atual, onde a maioria dos maiores bancos na Europa, entre eles os franceses BNP Paribas e Société Générale, estão com suas ações negociadas por muito menos do que valor de ativos líquido que constam de seus registros contábeis.


O problema com a contabilidade baseada em valor justo, agora, é que os investidores precisam muito mais dela. Os bancos destinados a ir para o brejo irão, com ou sem justo valor.


Imagem, aqui

04 setembro 2011

EUA processarão bancos por enganar investidores

O governo dos Estados Unidos irá abrir um processo de “bilhões de dólares” contra vários dos bancos mais importantes do país por enganar os investidores sobre a qualidade dos valores baseados em hipotecas vendidas durante a “bolha” imobiliária, informou o jornal “The New York Times”.

A Agência Federal de Financiamento de Casas (FHA, na sigla em inglês), encarregada que observar as enormes instituições hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, apresentará o processo contra uma lista de “mais de uma dúzia” de bancos, entre os quais Bank of America, JPMorgan Chase, Goldman Sachs e Deutsche Bank.

Segundo os “três indivíduos informados a respeito” que foram citados pelo “New York Times”, a ação será interposta nesta própria sexta-feira ou na próxima terça, pouco antes do fim do prazo limite para a apresentação de processos por parte da FHA.

No processo, a FHA argumentará que os bancos, ao agrupar hipotecas para poder emitir valores baseados nesses ativos, não averiguaram devidamente a confiabilidade dos contratos hipotecários, como exigem as leis das bolsas de valores.

Quando a “bolha” imobiliária explodiu no final de 2008, diante da falta de pagamento das hipotecas por parte de muitos prestatários, a cotação destes títulos hipotecários caiu muito.

Como consequência, Fannie Mae e Freddie Mac perderam mais de US$ 30 bilhões, perdas que foram cobertas sobretudo pelos cofres federais.

Segundo as fontes do “New York Times”, a ação que será interposta pela FHA será muito parecida com a formulada em julho contra o banco UBS por US$ 900 milhões.

Fonte: Folha de S.Paulo

14 junho 2011

Nós não somos importantes

Por Pedro Correia



A Dodd-Frank Wall Street Reform and Consumer Protection Act, como a lei é oficialmente conhecida, tem a tarefa precípua de tratar da incrível tendência do setor financeiro em colocar todo o sistema em risco e, eventualmente, ser socorrido às custas do contribuinte. Esse Act foi proposto, em 2009, por Barney Frank na Câmara e no Senado por Chris Dodd . Apesar de ter por volta de 2300 páginas, ou possivelmente por causa delas, há uma dúvida de qual será seu eventual impacto.

Como já foi noticiado neste blog,um dos principais pontos desta lei é a identificação e regulação do risco sistêmico.Assim, esta norma cria um Conselho de Risco Sistêmico que define quais instituições não-financeiras são "sistemicamente importantes", esse conselho pode regulamentá-las e, como último recurso, dividi-las. Além disso, estabelece um escritório no âmbito do Tesouro dos EUA para recolher, analisar e disseminar informações relevantes para antecipar futuras crises.

Nos últimos meses, diversas empresas,como fundos mútuos, seguradoras, fundos de hedge, foram ao Departamento do Tesouro Americano, ao FED e outras agências reguladoras norte-americanas para tentar persuadir estas autoridadades que suas empresas não sejam classificadas como "sistematicamente importantes".Isso exigiria que eles enfrentassem fiscalização federal mais rigorosa e mantivessem mais dinheiro em caixa.



Decidir quais as empresas devem ser consideradas "sistemicamente importantes " é o cerne da Dodd- Frank, que tem por objetivo precípuo evitar a repetição da recente crise financeira.Não obstante, a falta de critérios específicos para esta classificação ,por parte dos órgãos reguladores, criou muita incerteza para diversas empresas.

Até meados de 2012,os reguladores irão propor critérios mais detalhados. Entre eles estão: tamanho da companhia, como as empresas estão ligados uns as outros, e os níveis de risco global serão mais cuidadosamente definidos.

É interessante observar que Barney Frank, um dos criadores da lei,afirmou que fundos mútuos e seguradoras não devem ser classificadas como "sistematicamente importantes", pois não foram as causas do colapso financeiro.Outra possível explicação para esta posição, é que sua base política em Massachusetts é o lar de muitas dessas empresas.

Entre as empresas que querem evistar esta classificação estão: General Electric,Zurich Financial Services, Citadel and Paulson & Company, BlackRock, Boeing, I.B.M. e Caterpillar.Um dos principais argumentos de defesa, é que elas não querem ser colocadas no mesmo nível de grandes bancos:

"In their comment letters, big asset managers like BlackRock and Fidelity claim that since they manage money on behalf of individual investors, the firms pose little risk to the system. General Electric, a huge lender to businesses and consumers, told Treasury officials that it should not be put in the same category as Goldman Sachs since it does not engage in risky derivatives trading or make other speculative bets with its own money, according to a person close to the discussions."

No entanto, há justificativas curiosas, como a de fundos de hedge. Eles insistem que suas atividades não ameaçam o sistema financeiro, pois controlam apenas $ 1,7 trilhão em ativos, uma gota no oceano perto de 21,4 trilhões de dólares deste mercado. Em suma, they're to small to matter. Será?

31 maio 2011

Bolha Imobiliária

O vídeo abaixo mostra, de forma didática, como ocorreu a bolha imobiliária na Espanha. Muito didático. Via aqui

02 maio 2011

Crise Financeira

Por Pedro Correia



Robert Shiller argumenta que as crises financeiras poderão tornar-se previsíveis, se novas formas de mensuração do risco sistêmico forem criadas. Durantes os anos 1920 vários avisos foram feitos quanto a iminência de uma crise financeira.Na década passada alguns afirmaram que uma crise estava próxima. Ambas tornaram-se previsões de Cassandra.Assim, segundo Shiller é fácil concluir que, por não sermos capazes de ver estes eventos se aproximando, isto não significa que nada pode ser feito para evitá-los.

Alguns afirmaram que a recente crise financeira foi mais um "cisne negro"- expressão consagrada por Nassim Talleb. De fato, pessoas inteligentes não conseguiram exergar a bolha imobiliária e a instabilidade do setor financeiro norte-americano. No entanto, de acordo com o autor do livro "Exuberância Racional", a característica extraordinária desses eventos não pode impede que sejam previstos.Por exemplo, os furacões eram "cisnes-negro", mas agora são previsíveis. Robert afirma que vários destes eventos podem ser previstos, mas isto só será possível se as perguntas certas forem feitas e melhores dados forem utilizados. Em suma, ele entende que é necessário uma revolução nos modelos de de mensuração do risco.

Em 2010 foi divulgado artigo de autoria de economistas do FED que afirma que, a crise não foi antecipada,pois o órgão não tinha informações confiáveis em determinadas variáveis.

Outrossim,em 1929 a falta de informações corretas foi indicada como uma das causas da crise.Desse modo, houve na época uma melhora nos sistemas de mensuração.Um dos exemplos foi o surgimento do "Produto Nacional Bruto", da conta de Renda e Produção e da conta de fluxos de capitais. Todas estas integrantes da "nova contabilidade nacional".Estes avanços possibilitaram a criação de modelos macroeconômicos com um incrível poder de previsão e que facilitaram o entendimento das instabilidades macroeconômicas.

No entanto, desde os anos de 1950 não ocorreu uma revolução nos modelos de mensuração.Nas últimas décadas, as instituições financeiras assumiram riscos sistêmicos e o uso crescente de alavancagem e derivativos não aparecem em seus relátórios financeiros .Assim,alguns economistas começaram a sugerir alguns tipos de medidas de alavancagem e liquidez, que poderiam ser coletados.Shiller afirma que precisamos de outra revolução como a mensuração do PIB e fluxo de capitais.

Uma das tentativas de "revolução" é o trabalho de Markus Brunnermeier,Gary Gorton Arvind Krishnamurthy, que estão desenvolvendo o que chamam de: "Topografia do Risco".Eles explicam como a moderna teoria de finanças pode nos guiar na coleta de dados que, possam promover uma visão esclarecedora de potenciais problemas econômicos de grande magnitude.

Rober entende que : "Hoje, a nossa prosperidade depende das finanças,que está associada as disciplinas da contabilidade e da macroeconomia. A crise financeira não não apresentou a "debáclê" destas, como diriam alguns. Nós devemos responder da mesma forma que na Grande Depressão, iniciando o longo processo de redefinição de nossos modelos de mensuração para que possamos entender melhor o risco de um novo choque financeiro."

Fonte: The New York Times

11 março 2011

As instituições financeiras sistematicamente importantes

As instituições financeiras sistematicamentes importantes- Postado por Pedro Correia

A lei Dodd–Frank Wall Street Reform criou o Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira que tem como uma das tarefas definir quais instituições financeiras são sistemicamente importantes.
Antes da úlitma crise as empresas geraram muito risco sitêmico sem ter que arcar com nenhuma penalidade. Assim, percebe-se que a identificação de instituições finaceiras que possam difundir riscos sitêmicos é fundamental para evitar novas crises. No entanto, o presidente do Conselho de Supervisão da Estabilidade Financeira e secretário Tesouro Americano, Timothy Geithner,acredita que: não é possível criar critérios eficazes puramente objetivos para avaliar o risco sistêmico.

Não obstante, os pesquisadores da NYU, Acharya, Viral V, Thomas F. Cooley e Matthew P. Richardson, afirmam que isso não é verdade, pois o conselho esquece qual é o elemento crítico na avaliação de risco. Esse elemento é o grau de correlação entre o risco de uma empresa e todo o setor financeiro. O foco principal do Conselho está no tamanho das instituições, designando as empresas com mais de 50 bilhões de ativos como sistematicamente importantes. Os autores acreditam que o ponto crítico não é o tamanho, mas o quão próximo o risco de uma firma está para o resto do setor financeiro.

O grau de correlação entre o risco de uma empresa e todo o setor financeiro pode identificar a maioria das empresas que elevam o risco sistêmico . Se algumas forem esquecidas segundo esse critério, o Conselho pode adicionar informações mais subjetivas de modo à indentificá-las.

Apesar da crise financeira ter iniciado em meados de 2007, o risco sistêmico emergiu plenamente apenas em setembro de 2008. Nessa época, a Fannie Mae, Freddie Mac, Lehman Brothers, AIG, Wachovia, Washington Mutual e Merrill Lynch e Citigroup, tiveram graves problemas. Esse risco não era apenas dessas instituições financeiras, mas também foi gerado por outros grandes bancos, bancos de investimento e companhias de seguros, que estavam com dificuldades.

De modo a classificar as 10 instituições financeiras sistematicamente mais importantes, os eminentes acadêmicos da New York University's Stern School of Business utilizaram ferramentas da teoria econômica para montar o seguinte ranking:


O principal fator do ranking é a Contribuição para Risco Sistêmico, SRISK%, que é o percentual de insuficiência de capital do setor financeiro que seria vivida por esta empresa em caso de crise. As empresas com uma elevada percentagem de déficit de capital em caso de crise, não são apenas os maiores perdedores, mas também são as empresas que criam ou ampliam a crise.

Atualmente, as instituição que mais contribui para o risco é o Bank of America e as cinco instituições mais arriscadas representam mais de 70% do risco. Os autores afirmam que esse método teria produzido um top dez em julho de 2007, incluindo Citigroup, Merrill Lynch, Freddie Mac, Fannie Mae, Bear Stearns e Lehman Brothers.

As informações foram retiradas do seguinte paper : A tax on systemic risk

01 março 2011

Dodd–Frank Wall Street Reform

Dodd–Frank Wall Street Reform - Por Pedro Correia

A Dodd-Frank Wall Street Reform and Consumer Protection Act, como a lei é oficialmente conhecida, tem a tarefa precípua de tratar da incrível tendência do setor financeiro em colocar todo o sistema em risco e, eventualmente, ser socorrido às custas do contribuinte. Esse Act foi proposto, em 2009, por Barney Frank na Câmara e no Senado por Chris Dodd . Apesar de ter por volta de 2300 páginas, ou possivelmente por causa delas, há uma dúvida de qual será seu eventual impacto. A lei exige mais de 225 novas regras financeiras em 11 agências federais americanas. A tentativa de consolidação da regulamentação foi mínima e muitos dos reguladores que falharam durante a última crise têm recebido mais autoridade. Além disso, a lei representa o conjunto mais abrangente de reformas do setor financeiro dos EUA desde a crise de 1929.


No livro Regulating Wall Street os eminentes acadêmicos da New York University's Stern School of Business realizaram um profundo estudo da Lei de Dodd-Frank. Segundo o prólogo do livro de Acharya, Cooley, Richardson, Sylla e Walter estes são os principais pontos:

1-Identificação e regulação do risco sistêmico: a lei cria um Conselho de Risco Sistêmico que define quais instituições não-financeiras são sistemicamente importantes, esse conselho pode regulamentá-las e, como último recurso, dividi-las. Além disso, estabelece também um escritório no âmbito do Tesouro dos EUA para recolher, analisar e disseminar informações relevantes para antecipar futuras crises.

2- Estabelece a responsabilidade e a autoridade do Federal Reserve: a lei concede a autoridade do Fed sobre todas as instituições financeiras rotuladas como “sistematicamente importantes”, que significa que o seu fracasso poderia desestabilizar o sistema financeiro e concede ao Fed a faculdade de impor qualquer tipo de regulação sobre a entidade, como exigir que ele aumente o capital social, limite a quantidade de dívida de curto prazo que pode emitir e etc. Além disso, o banco central norte-americano tem responsabilidade de preservar a estabilidade financeira. Em suma, dá ao Fed enorme poder de regulação.

3- Regulação e transparência dos derivados: a lei dispõe sobre a compensação central de derivativos padronizados, e a regulação dos mais complexos que permanecem negociados no balcão (isto é, fora das plataformas centrais de compensação), em suma, visa à transparência de todos os derivados.

4-Restringe intervenções regulatórias discricionárias: a lei impede ou limita a ajuda emergencial do governo para cada instituição.


5- Restabelece uma forma limitada de Glass-Steagall (a Volcker Rule): limita os bancos na manutenção de companhias para investimentos mínimos em atividades de negociação por conta própria, tais como fundos de hedge e de private equity, e proíbe-os de resgatar financeiramente esses investimentos.
Além disso, a lei introduz uma série de reformas para as hipotecas, a divulgação de fundos de hedge, resolução de conflitos em agências de rating.


6-BCFP- A reforma mais popular da lei, ainda que secundária à crise financeira é a criação do Bureau of Consumer Financial Protection (BCFP), que terá extensa autoridade para regular e fazer cumprir as normas que regem os serviços financeiros, para qualquer indivíduo que se engaje na oferta ou venda de um produto ou serviço financeiro junto aos consumidores. O BCFP é especificamente encarregado de proteger os consumidores contra a discriminação e "atos desleais, enganosas e/ou práticas abusivas. Uma série de entidades, serão dispensados da autoridade do BCFP, incluindo, por exemplo, a SEC.


Tradução livre de Pedro Correia

07 outubro 2010

Custo da crise

O Tesouro dos Estados Unidos estima que o custo fiscal do socorro ao sistema financeiro e empresas americanas desde a deflagração da crise de 2008 ficará abaixo de US$ 145 bilhões, o equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O cálculo consta do relatório enviado ontem ao Congresso americano, no qual o Departamento do Tesouro detalhou o custo fiscal de US$ 80 bilhões gerado apenas pelo Programa de Alívio a Ativos Problemáticos (Tarp, na sigla em inglês), que foi dirigido à seguradora American International Group (AIG), bancos, financiadoras e companhias do setor automobilístico e expirou no último dia 3.

“Nós atualmente esperamos que o custo fiscal direto de todas as nossas intervenções fique abaixo de 1% do PIB. Esse resultado é notável se comparado com as crises financeiras sistêmicas anteriores”, afirma o texto, assinado pelo secretário assistente do Tesouro para Estabilidade Financeira, Timothy Massad.

Em seu argumento, Massad assinala que o custo médio de solução das crises de 40 bancos, desde 1970, foi equivalente a 13% do PIB. A expectativa inicial do Escritório de Contas do Governo americano apontava, em 2008, o custo de 2,4% do PIB.

O Tesouro desembolsou com o Tarp US$ 388 bilhões, sobretudo com programas voltados a bancos, ao setor automotivo e à AIG. Do total, US$ 204 bilhões foram reembolsados ao Tesouro nos últimos dois anos, especialmente pelos bancos (US$ 192 bilhões) e pela indústria automotiva (US$ 11 bilhões).

O custo fiscal apenas da ajuda da AIG, seguradora que consumiu US$ 48 bilhões dos cofres públicos, foi calculado em pouco menos de US$ 30 bilhões - levando-se em conta que o governo americano deve vender parte de sua participação na seguradora por US$ 20 bilhões.

O Tarp, entretanto, não incluiu o socorro às duas instituições voltadas ao crédito imobiliário que deflagraram a crise financeira americana, a Fannie Mae e a Freddie Mac, em setembro de 2008. Ambas continuam sob intervenção.

Reparos necessários. Na avaliação do Tesouro, as iniciativas tomadas pela Casa Branca desde o segundo semestre de 2008 eliminaram fragilidades do sistema financeiro, mas “ainda há reparos necessários”. Neste ano, as medidas de recuperação foram completadas pela chamada Reforma de Wall Street, um conjunto de novos requisitos de capital e de aumento da supervisão do setor financeiro destinado a evitar futuras crises.

Em um prévio balanço da crise americana, o documento enviado ao Congresso assinala a presença de uma resistente taxa elevada de desemprego de 9,6%, medida em agosto passado. Também registra que, dentre as 20 maiores instituições falidas em 2008, quatro foram absorvidas por outras companhias, cinco sofreram intervenções de agências reguladoras, duas concordaram com passar por uma supervisão mais rigorosa e dez aceitaram mudanças na sua direção.

“Hoje, nosso sistema financeira tem níveis substancialmente mais elevados de capital, em comparação aos riscos e aos competidores globais, que antes da crise”, afirma o documento.

PARA LEMBRAR
O Tarp foi um dos mais polêmicos programas da história dos Estados Unidos. Enquanto os defensores argumentavam que o plano impediu o país de enfrentar uma nova Grande Depressão, os críticos afirmam que serviu essencialmente aos interesses dos grandes bancos, empresas do setor automobilístico e de seguros. O que acabou dia 3 foi a autoridade legal para financiar novos programas de resgate, mas os planos de longo prazo, ainda em curso, serão mantidos.


Crise custou ‘só’ US$ 145 bi aos EUA - Denise Chrispim Marin - 6 Out 2010 - O Estado de São Paulo

06 outubro 2010

Risco




A figura mostra a evolução do nível de risco do Brasil, calculado pela metodologia do Riskmetrics. Por este método, utiliza-se a variação do comportamento da bolsa de valores, determinando a volatilidade através da seguinte expressão:

Volatilidade Hoje = 0,94 Volatilidade de Ontem + 0,06 Retorno de Hoje ao quadrado

Assim, quando existem mudanças bruscas na bolsa de valores, isto seria um reflexo de ambientes conturbados. Em outras palavras, com maior risco.

Observe que a figura apresenta três momentos distintos. O momento A, durante a crise do México, o risco aumentou substancialmente. Isto ocorreu logo após a implantação do Plano Real, no início do governo FHC. Alguns anos após, em 1998 e 1999, o risco aumenta, em razão da crise Russa e dos problemas cambiais, incluindo a maxidesvalorização. O final do governo FHC e durante o governo LIS o risco ficou em níveis reduzidos. A manutenção da política econômica foi a grande responsável por este fato.

Entretanto, em 2007 e 2008 o risco volta a aumentar, com a crise financeira. Entretanto, mais recentemente, voltou aos níveis anteriores.

03 setembro 2010

Crise, segundo Bernanke

O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke, disse ontem à Comissão de Inquérito da Crise Financeira no Congresso que falhou em reconhecer vulnerabilidades e fraquezas no sistema financeiro que ampliaram a crise imobiliária no país e quase levaram a um colapso da economia mundial há quase dois anos. Ele também afirmou que não havia como salvar o banco Lehman Brothers, cuja quebra marcou o colapso de Wall Street, em setembro de 2008.

Bernanke disse ainda que os órgãos reguladores devem estar prontos para fechar grandes instituições caso ameacem derrubar o sistema financeiro:

— Se a crise tem uma única lição é que o problema dos “muito grandes para falhar” tem que ser resolvido.

O presidente do Fed também afirmou que era impossível resgatar o Lehman Brothers da falência em 2008, porque o banco não tinha garantias suficientes para receber um empréstimo. O ex-diretor-executivo do Lehman Richard S. Fuld Jr. havia dito à comissão na quarta-feira que a empresa poderia ter sido salva, mas que os órgãos reguladores americanos se recusaram a ajudá-la.

Perguntado sobre a diferença entre Lehman e AIG, que recebeu US$182 bilhões, Bernanke disse que a maior seguradora dos EUA possuía vários ativos que garantiam o empréstimo público. E garantiu que o Fed vai ser integralmente restituído.

Durante seu depoimento, no momento em que a comissão encerra um ano de investigação sobre o colapso de Wall Street, o presidente do Fed apresentou sua análise da crise e suas visões sobre possíveis riscos do sistema.

A lei de reforma financeira aprovada em julho dá aos reguladores autoridade para fechar empresas quando suas deficiências apresentarem um risco para o sistema como um todo. O processo lembra o utilizado pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC, responsável por garantir os depósitos dos correntistas, para fechar bancos falidos).

A presidente da FDIC, Sheila Bair, disse à comissão que “as apostas são altas” para que os reguladores exerçam efetivamente seus novos poderes. Caso contrário, acrescenta, “vamos perder a chance histórica de colocar nosso sistema financeiro em um patamar mais seguro no futuro”.

— As ferramentas estão aí. Os reguladores têm de usá-las — afirmou Sheila.

O presidente da comissão, Phil Angelides, disse que a nova lei será um grandioso teste de vontade para os reguladores. Já Sheila e Bernanke disseram que regras mais duras e pressões de mercado levarão grandes empresas a voluntariamente se tornarem menor. Segundo eles, os executivos não podem mais contar com o governo para socorrê-los caso estejam fracassando.

Bernanke disse também que socorrer essas instituições não é uma solução saudável e que vai haver melhorias por causa da nova lei.

— As instituições financeiras consideradas “empresas grandes demais para falhar” foram tanto a causa da crise como estão entre os impedimentos primários aos esforços dos tomadores de decisão para contê-la — disse.


Bernanke: grandes bancos não serão salvos - 3 Set 2010 - O Globo

31 maio 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Efeito da crise

Os recursos usados para fazer frente à crise financeira já superam 25% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos) dos países mais avançados, segundo relatório confidencial obtido pelo jornal espanhol “El País”. O documento foi elaborado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Comissão Europeia a pedido do G-20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo) e mostra que já foram reservados mais de US$9,6 trilhões para socorrer bancos, embora parte desse montante não tenha sido usada ainda.

(...) O impacto da crise no setor público se concentra praticamente nos países ricos do G-20 — como EUA, França, Alemanha e Reino Unido — que consumiram um total de US$9,5 trilhões, segundo o relatório. Entre os países emergentes do G-20, o dinheiro dos contribuintes consumido no Brasil até agora, por exemplo, foi de 1,3% do PIB, e na Rússia, de 9,6% do PIB, de acordo com o documento. Já países como Arábia Saudita e Turquia não gastaram um centavo para resgatar bancos.(...)


FMI: socorro a bancos já passa de US$9,6 tri
O Globo - 31/5/2010 - p. 18

07 maio 2010

Susto no Mercado


Os mercados acionários levaram um susto. Aparentemente um operador do Citigroup trocou bilhões por milhões, com efeitos nas ações da Procter & Gamble:

Olhe para o gráfico de volume: o que você vê aqui é um grande bloco de negociação das acções da P & G em torno de 02:30, seguido de outro bloco de direita enorme antes que o mercado caiu. E então, nada. 

(...)Se o mercado fosse racional, poderia sem dificuldade a lidar com essas coisas. (...) Mas a maior lição é que, no curto prazo, um mercado podem falhar temporariamente.

(Felix Salomon – How a market Crashes? – 6 de maio de 2010

22 março 2010

A história do Lehman

O texto a seguir, publicado no Estado de São Paulo (p. B16), mostra como o caso Lehman é relevante para contabilidade. Sorkin, um dos autores, lançou recentemente Too Big to Fail, sobre a história da crise financeira.

Lehman ocultou US$ 50 bi em crédito ruim
Michael de La Merced – Andrew Ross Sorkin – New York Times – Estado de Sao Paulo – 13 de março

É o equivalente a um relatório de médio-legista – um documento de 2.200 páginas que mostra, com novos e chocantes detalhes, como o Lehman Brothers usou a prestidigitação contábil para ocultar os maus investimentos que o levariam à ruína.

O relatório, compilado por um examinador do banco falido, atingiu Wall Street como um soco, na quinta-feira. A companhia de 158 anos, ele concluiu, morreu de causas múltiplas. Entre elas estavam ativos hipotecários ruins e, menos diretamente, o JP Morgan Chase e o Citigroup, para que o banco periclitante desse garantias para os empréstimos de que desesperadamente precisava.

Mas o examinador, Anton R. Valukas, também expôs, pela primeira vez, o que o relatório caracterizou de malabarismos contábeis “materialmente enganosos” que o Lehman usou para mascarar a condição perigosa de suas finanças.

A falência do banco, a maior da história americana, abalou o mundo financeiro. Os temores de que outros bancos pudessem desmoronar numa quebradeira geral levaram Washington a arranjar um salvamento abrangente do sistema financeiro.

Segundo o relatório, o Lehman usou o que não passou de uma engenharia financeira para tirar temporariamente US$ 50 bilhões de seus livros nos meses que antecederam o seu colapso, em setembro de 2008, para ocultar sua dependência de dinheiro emprestado. Executivos seniores do Lehman, além da auditoria do banco, a Ernst & Young, sabiam das medidas, segundo Valuskas, um sócio do escritório de advocacia Jenner & Block, qeu depositou o relatório em conexão com o caso da quebra do Lehman.

Richard S Fuld Jr., o ex-presidente do Lehman, certificou as contas falsificadas, escreveu Valukas. “Sem o conhecimento do investidor, de agências de classificação de crédito, de reguladores do governo e do conselho diretor, o Lehman fez a engenharia inversa da relação de alavancagem líquida da empresa para consumo público”, escreveu Valukas. Fuld foi “pelo menos grosseiramente negligente”, declara o relatório.

Henry Paulson, o então secretário do Tesouro, advertiu Fuld de que o Lehman poderia falir se não estabilizasse suas finanças ou encontrasse um comprador. Executivos do Lehman se envolveram no que o relatório caracterizou de “manipulação de balanço acionável”, além de “erros não inculpáveis de julgamento econômico”.

O relatório não tira conclusões sobre se os executivos do Lehman violaram leis do mercado, mas sugere que existem evidências suficientes para potenciais ações civis. Executivos do Lehman já são réus em ações civis, mas não foram acusados de delitos crimonosos.

O relatório surge mais de um ano e meio depois que a maior parte do Lehman foi vendida ao Barclays, que ocupara os antigos escritórios do Lehaman em Manhattan. Grande parte do relatório de nove volumes está centrada nas manobras contábeis, conhecidas dentro do Lehman como “Repo 105”.

Usado pela primeira vez em 2001, muito antes da crise, o Repo 105 envolveu transações que retiraram secretamente bilhões de dólares dos livros do Lehman, numa época em que o banco estava sob pesado escrutínio. Segundo Valukas, Fuld ordenou que executivos do Lehman reduzissem o endividamento do banco, e funcionários do alto escalão buscaram repetidamente aplicar o Repo 105 para melhorar o aspecto dos resultados. Outros executivos nomeados no relatório, em conexão com o uso da ferramenta contábil, incluíram três ex-diretores financeiros do Lehman: Christopher O´Meara, Erin Callan e Ian Lowitt.

Patricia Hynes, um advogada de Fudd, disse, numa declaração por e-mail, que Fuld “não sabia o que eram essas transações – ele não as estruturou ou negociou nem estava ciente de seu tratamento contábil”.

Charles Perkins, um porta-voz da Ernst & Young, disse, numa declaração por e-mail. “Nossa última auditoria da companhia foi para o ano fiscal terminado em 30 de novembro de 2007. Nossa opinião indicou que as declarações financeiras do Lehman para aquele ano foram corretamente apresentadas, de acordo com os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (Gaap, em inglês), e continuamos com essa opinião”.

Bryan Marsal, atual presente executivo do Lehman, disse: “Acabamos de receber esse relatório volumoso e o apreciaremos cuidadosamente nas próximas semanas para avaliar como ele poderá nos ajudar em nossos esforços atuais para promover os interesses do credor”.

“Repos”, abreviação para acordo de recompra, são uma prática comum em Wall Street representando empréstimos de curto prazo que por vezes propiciam financiamentos cruciais. Mas o Lehman usou uma contabilidade agressiva em suas transações Repo 105, que lhe permitiu tirar ativos problemáticos de seus livros para ajudá-lo a atingir metas de fim de trimestre.

Numa série de e-mails citados pelo examinador, um executivo do Lehman escreve sobre o Repo 105: “É basicamente camuflagem”. Outro responde: “percebo... Então, é legalmente factível, mas não parece bom quando o fazemos? Será que o resto da Street o faz? Também é por isso que temos tanto BS (balanço) para Rates Europe.” O primeiro executivo retruca: “sim, não e sim.”

Valukas escreve no relatório que “demandas plausíveis” poderiam ser feitas contra ex-executivos do Lehman e da Ernst & Young, significando que haviam evidências suficientes que poderiam levar à concessão de indenizações num julgamento. Ele acrescentou que diretores do Lehman não estavam cientes da engenharia contábil.

Com sua prestação de contas, o Lehman conseguiu “descartar” cerca de US$39 bilhões de seu balanço no fim do quarto trimestre de 2007, US$49 bilhões no primeiro trimestre de 2008 e US$50 bilhões no segundo trimestre. Na época, o Lehman tentava tranqüilizar o público de que suas finanças estava bem... Apesar da pressão de vendedores a descoberto.

Executivos, entre os quais Herbert McDade, conhecido internamente como “o czar dos balanços”, parece ter conhecimento de que o uso repetido do Repo 105 estava ocultando a saúde real do banco. “Estou ciente... É outra droga em que estamos metidos”, ele escreveu, num e-mail de abril de 2008 citado no relatório.

Em maio e junho de 2008, o vice-presidente sênior do Lehman, Matthew Lee, escreveu à administração sênior e à Ernst & Young indicando “impropriedades contábeis”. Nem executivos do Lehman nem a Ernst & Young alertaram o conselho de administração sobre as alegações de Lee, diz o relatório.

Fuld é descrito no relatório como tendo negado conhecimento das Repos 105, embora tenha lembrado de emitir várias diretrizes para reduzir o endividamento. McDade é reportado como dizendo a Fuld sobre o uso do Repo 105 para alcançar esse objetivo.
Tradução Celso Paciornik

19 março 2010

Grandes bancos

Comitê da Basileia define novas regras bancárias
Jamil Chade, de O Estado de S. Paulo - 19/3/2010

GENEBRA - Comitê da Basileia, formado por bancos centrais e autoridades de governos do Grupo dos 20 (G-20), anunciou nesta quinta-feira, 18, os primeiros dez princípios para a reforma do sistema bancário internacional. Uma das propostas é impedir a existência de megabancos.

Pela proposta, os bancos devem ser incentivados a dividir os negócios em unidades menores, a criar instituições separadas e a reservar uma "poupança" para o caso de virem a falir. A ideia é evitar a existência de bancos cuja quebra signifique o colapso da economia mundial.

O governo americano já indicou que quer um plano mais audacioso. Mas disse que o apresentado na quinta é pelo menos uma base inicial. O tema está na agenda da cúpula do G-20 em julho, no Canadá.

Desde a eclosão da crise, em 2008, governos gastaram trilhões de dólares para socorrer bancos e evitar um colapso no sistema financeiro. Mas havia a promessa dos governos de criar novas regras bancárias.

Um ano e meio depois da quebra do Lehman Brothers, as primeiras mudanças começam a aparecer. A ideia é que mesmo bancos com potencial de afetar as finanças internacionais possam ser abandonados pelos governos para ir à falência.

O argumento de muitos governos para usar dinheiro público para salvar bancos foi que, se esse socorro não ocorresse, seria toda a economia que sofreria. Mas, diante da dívida que governos acumularam e da irritação de cidadãos em ver seu dinheiro com os bancos, as autoridades passaram a buscar alternativas para eventuais novas crises.

Nout Wellink, presidente do Banco Central (BC) holandês e chefe do projeto, indicou que as novas regras ajudarão a dar uma solução a esse problema.

Dez medidas foram propostas, entre elas a que prevê que autoridades e BCs tenham o poder de intervir nos bancos antes que a crise ocorra. Outra proposta é exigir que todos os bancos apresentem planos de contingência às autoridades, mostrando que tem como sair de eventuais crises de créditos. Ou seja, uma espécie de poupança. Se quebrar, as autoridades sabem que esses recursos existem para pagar danos aos correntistas.

Os detalhes do acordo precisam estar fechados até o fim de 2010. Mas o banco espanhol Santander já anunciou que será o primeiro a seguir o modelo. No Reino Unido, o governo já trabalha com os bancos que foram socorridos para que também desenvolvam o "colchão de resgate".

Divisão

Uma outra proposta é que bancos simplifiquem suas estruturas. "Uma das lições da crise foi que estruturas corporativas enormemente complexas acabam exigindo soluções difíceis, caras e imprevisíveis", afirmou o comitê.

A crise revelou que a existência de megabancos pode ser perigosa para o sistema financeiro. A quebra de um poderia gerar uma desestabilização profunda. "Se a estrutura de uma instituição é muito complexa para permitir uma solução eficiente em termos de custo e ordenada, autoridades nacionais devem considerar impor incentivos para encorajar a simplificação de estruturas", afirmou o comitê.

Esse incentivo poderia ocorrer por meio da exigência de capital mínimo para esses megabancos, o que colocaria pressão para que essas instituições se dividam.

Outra recomendação é para que governos criem regras para reduzir a possibilidade de um contágio de risco entre bancos. Isso seria feito por meio de mais transparência nas transações.

As propostas chegam às vésperas de uma reunião que ocorre nesta sexta, em Bruxelas, entre bancos centrais e reguladores de toda da Europa. A meta será a de debater exatamente regras para falências de bancos.

A maioria dos governos europeus quer a fixação de maiores taxas sobre os bancos para evitar que as instituições sejam autorizadas a operar sem controles e sem reservas suficientes.