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14 março 2010

Lehman Brothers

Um relatório divulgado nesta sexta-feira sobre a queda do banco americano Lehman Brothers, considerada um marco do início da crise econômica mundial, diz que executivos da instituição esconderam o real estado das contas do banco antes dele pedir concordata, em setembro de 2008. 

O documento afirma que o banco de investimentos estava insolvente - não conseguia pagar suas dívidas na data do vencimento - por semanas antes de quebrar. 

Ele também acusa os executivos de "manipulação dos relatórios financeiros" e de usar um recurso de contabilidade para esconder as dívidas do Lehman Brothers. 

A empresa de auditoria Ernst & Young, que prestou serviços para a empresa, também foi citada no relatório, sendo acusada de graves erros que levaram ao ocorrido. 

Processo 

O documento de 2,2 mil páginas afirma que há possibilidade de um processo contra os ex-executivos do banco. 

O advogado Anton Valukas, presidente da companhia de advocacia americana que liderou a investigação, afirmou que os credores poderão abrir um processo contra o presidente do Lehman Brothers Dick Fuld e os diretores financeiros do banco Chris O'Meara, Erin Callan e Ian Lowitt, alegando negligência ou não cumprimento de deveres. 

Valukas também afirmou que há provas suficientes de que a Ernst & Young foi negligente e que a companhia poderá ser processada por "incompetência profissional". 

A Ernst & Young respondeu ao relatório afirmando que seu trabalho no Lehman Brothers foi "apresentado de forma clara", de acordo com as regras de auditoria. 

"Nossa última auditoria para a companhia foi para o ano fiscal que terminou em 30 de novembro de 2007. Nossa opinião indicava que as declarações financeiras do Lehman para aquele ano foram apresentadas de forma clara", afirmou a empresa de auditoria em uma declaração. 

'Repo 105' 

A maior parte do relatório, que recolheu provas junto a todos os principais envolvidos no colapso do Lehman Brothers e nas tentativas de resgatar a companhia, traz acusações do uso de um "truque" conhecido como "Repo 105". 

Este é um recurso de contabilidade que, por meio da manipulação de informações sobre ativos, dá a impressão que o nível de endividamento de uma empresa diminuiu. 

O Lehman Brothers teria usado cada vez mais este recurso enquanto seus problemas aumentavam. 

Valukas afirma que o Repo 105 foi usado para "dar a aparência de que o Lehman estava reduzindo sua dívida total" em 2008, quando, na verdade, não estava. 

O relatório estima que o Lehman usou a prática para remover, temporariamente, US$ 50 bilhões em bens de seu relatório financeiro apenas em 2008. 

A instituição começou a usar o Repo 105 já em 2001, mas a prática aumentou "de forma dramática" a partir do fim de 2007, segundo o documento. 

A advogada de Dick Fuld, Patricia Hynes, respondeu ao relatório e afirmou que ele "não sabia o que aquelas transações (o Repo 105) eram". 

"Ele não estruturou ou negociou estas transações", afirmou a advogada. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.


 

Lehman Brothers escondeu dívidas antes de quebrar, diz relatório – Estado de São Paulo – 12/março de 2010

Lehman Brothers 2

NOVA YORK - Comunicados financeiros enganosos e falhas na divulgação de certos detalhes sobre o colapso do Lehman Brothers deram motivo para queixas legais plausíveis contra o ex-executivo-chefe e outros altos executivos do banco de investimento, de acordo com um relatório do investigador da justiça dos EUA Anton Valukas.

 
 

Para o investigador, também há razões plausíveis para queixas legais contra os credores JPMorgan Chase e Citibank, unidade do Citigroup. Esses bancos de investimento fizeram pedidos por colaterais e modificaram acordos com o Lehman que prejudicaram a liquidez da empresa e a levaram à concordata.

 
 

Valukas afirmou ainda que o auditor externo Ernst & Young deveria ser sujeito a um processo "por, entre outras coisas, seu fracasso em questionar e desafiar divulgações impróprias ou inadequadas nos comunicados financeiros".

 
 

Embora os executivos não possam ser legalmente responsabilizados por apostas erradas e pela perda da confiança de seus apoiadores, eles podem ser processados por fracassarem em revelar o que sua avaliação defeituosa provocou no balanço financeiro da companhia. "Há evidências críveis suficientes" para sustentar processos contra o ex-executivo-chefe Richard S. Fuld Jr. e três diretores financeiros - Christopher O'Meara, Erin. M. Callan e Ian T. Lowitt, afirmou o no relatório.

 
 

"As decisões de negócio que levaram o Lehman para a crise de confiança podem ter sido erros, mas a decisão de não revelar os efeitos dessas avaliações dá motivo para queixas contra os altos executivos que supervisionaram e certificaram comunicados financeiros enganosos", disse Valukas. O investigador, no entanto, observou que ele não é quem tomará a decisão final sobre o caso.

 
 

O juiz James M. Peck, da Corte de Falências de Manhattan, deu a ordem para que o relatório fosse revelado em uma audiência hoje. Em janeiro do ano passado, Peck ordenou a nomeação de um investigador para analisar várias questões geradas pelo colapso do Lehman, em setembro de 2008, o maior da história, e os eventos que levaram a esse desfecho. As informações são da Dow Jones. 


 

JPMorgan e Citi podem enfrentar a justiça por colapso do Lehman Brothers - Danielle Chaves 12/3/2010 - Estado de São Paulo

09 março 2010

Islândia disse não

Os islandeses rejeitaram em massa, no sábado (6), em referendo, por mais de 90%, o acordo destinado a reembolsar a Grã-Bretanha e a Holanda após a quebra do banco on-line Icesave, segundo resultados oficiais anunciados no domingo.

A aprovação do "não", mais forte que a prevista nas pesquisas, foi imediatamente reconhecida pelo governo.

(...) O texto, submetido à consulta popular, consistia em chegar a um acordo para o pagamento, até o ano de 2024, da dívida de € 3,9 bilhões (US$ 5,3 bilhões) contraída com a Grã-Bretanha e Holanda para indenizar os clientes britânicos e holandeses do banco islandês, que quebrou em outubro de 2008.

O ministro britânico das Finanças, Alistair Darling, declarou-se neste domingo pronto a "ser flexível" nas negociações sobre um novo acordo relacionado à falência do Icesave.

"Não podemos simplesmente ir a um pequeno país como a Islândia ... e dizer: Reembolsem-nos imediatamente. Tentamos ser razoáveis", declarou Darling no canal de televisão BBC One.

"O ponto fundamental para nós é receber o dinheiro de volta... mas seremos flexíveis", acrescentou, lembrando que o pagamento precisará de "muitos, muitos anos".

No total, 230.000 islandeses foram chamados no sábado para se pronunciarem sobre o acordo de pagamento, por Reykjavik, do dinheiro adiantado por Londres e Haia para indenizar seus cidadãos lesados com a quebra do Icesave, em outubro de 2008.


Islândia rejeita reembolso a Grã-Bretanha e a Holanda
Brasil Econômico - Por AFP

Provavelmente a rejeição poderia implicar em redução em ajuda econômica no futuro.

24 fevereiro 2010

Contabilidade pública criativa

O texto a seguir, originalmente publicado no Wall Street Journal, foi traduzido e publicado no Valor Econômico de 23 de fevereiro. É uma leitura interessante para aqueles que interessam pela contabilidade pública.

Depois da Grécia, investidor teme os déficits "ocultos"

Charles Forelle e Susanne Craig, The Wall Street Journal
Os temores de que a Grécia e outros países europeus em dificuldades talvez não consigam pagar suas dívidas começaram a concentrar a atenção dos investidores em outra grande preocupação: as economias do continente têm usado transações financeiras complexas - às vezes em segredo - para esconder o verdadeiro tamanho das dívidas e dos déficits.

Os investidores têm feito vista grossa há muito tempo para a contabilidade agressiva dos governos europeus, feita para cumprir o teto fiscal da zona do euro. Os países que usam a moeda têm um histórico amplo de manobras exóticas para cumprir as regras que determinam que os membros limitem o endividamento a 60% de seu produto interno bruto e o déficit anual do orçamento a no máximo 3%. Apesar das críticas, os líderes europeus consideraram muitas dessas medidas aceitáveis quando tentavam implantar a tão planejada união cambial.

Para tentar atingir essas metas, que foram criadas para aumentar a confiança na estabilidade do euro, no decorrer dos anos os governos venderam ativos estatais, transformaram pagamentos a receber em títulos de investimento e até, no caso da Grécia, insistiram com a agência de estatísticas Eurostat que porções vultosas de seus gastos militares eram "confidenciais" e portanto excluídas dos cálculos do déficit.

Em 2000, a Grécia informou ter gastado € 828 milhões (o equivalente a US$ 1,13 bilhão) com as Forças Armadas - cerca de um quarto dos 3,17 bilhões de euros que depois admitiu ter realmente gasto. A Grécia acabou admitindo que deixou de declarar US$ 8,7 bilhões em gastos militares entre 1997 e 2003.

Portugal classificou os subsídios ao metrô de Lisboa e a outros empreendimentos estatais como investimento em participações. Depois de ficar sabendo disso, a Eurostat obrigou Portugal a refazer a contabilidade em 2002. O país revisou o déficit de 2001 de 2,76 bilhões de euros, ou 2,2% do PIB, para 5,09 bilhões de euros, ou 4,1% - bem acima do limite.

Em 1997, a França fez um acordo com a então prestes a ser privatizada France Télécom pelo qual a empresa pagou ao governo mais de € 5 bilhões. Em troca, a França concordou em assumir as despesas com aposentadoria dos trabalhadores da telefônica.

Os bilhões da France Télécom ajudaram a diminuir o déficit do orçamento francês para cerca de € 40 bilhões em 1997; o país divulgou déficit de 3% do PIB naquele ano - exatamente no limite, o que ajudou a França a entrar na zona do euro.

Até a Alemanha, maior economia da Europa, tentou reavaliar suas reservas de ouro para obter um benefício imediato em 1997, mas terminou desistindo depois de enfrentar a resistência do banco central do país.

Os países "procuram coisas porque isso aumenta seu arsenal de técnicas para reduzir os déficits orçamentários", diz James D. Savage, professor da Universidade da Virgínia, dos Estados Unidos, que é considerado uma autoridade em questões orçamentárias da União Europeia. "O problema para a Eurostat é a multiplicação de instrumentos e técnicas financeiras. Os países membros vão tentar se aproveitar deles."

A possibilidade de contágio em outros países tem preocupado profundamente políticos e investidores enquanto os problemas com a dívida da Grécia têm aumentado nas últimas semanas. O custo do seguro contra a moratória da Grécia continua em níveis recordes. E as emissões de títulos realizadas pela Espanha, pela Irlanda e por Portugal nas últimas duas semanas deram certo principalmente porque ofereceram juros mais altos que o usual.

Na semana passada, essas preocupações exacerbaram os temores do mercado quanto aos problemas de dívida na Europa e podem complicar os planos da Grécia de vender mais títulos esta semana, dizem banqueiros e investidores.

O uso de swaps cambiais por esses países tem despertado atenção nas últimas semanas. Em transações como essas, os países podem assumir empréstimos em moedas que não a sua, por exemplo, e usar um derivativo para compensar o risco de flutuação cambial. Mas esses instrumentos também podem ser usados para inflar artificialmente as contas a receber e a pagar, e para cumprir limites de endividamento e de déficit orçamentário.

Os investidores prestaram pouca atenção a esses acordos com derivativos, muitas vezes opacos, até que os temores de moratória grega começaram a tumultuar os mercados, com receios quanto à estabilidade do euro.

Os governos da zona do euro não são obrigados a divulgar precisamente a natureza das transações com derivativos que realizarem, tornando praticamente impossível que os investidores consigam discernir os possíveis riscos desses instrumentos.

A Eurostat permitiu até 2008 o uso dessas transações para ajustar os níveis de endividamento.

Embora outras manobras possam ter tido impacto menor nas dívidas e nos déficits, os swaps cambiais são uma ferramenta que os países têm usado regularmente no decorrer dos anos para conseguir atingir os limites da zona do euro. Em alguns casos os governos realizaram várias dessas transações, geralmente sem divulgá-las, o que dificulta que os investidores meçam seu impacto nas finanças de um país.

O Goldman Sachs Group Inc. realizou 12 swaps cambiais para a Grécia entre 1998 e 2001, segundo pessoas familiarizadas com a questão. O Credit Suisse também esteve envolvido com Atenas, criando um swap cambial para a Grécia no mesmo período, segundo pessoas a par da questão.

O Deutsche Bank realizou vários swaps cambiais para Portugal entre 1998 e 2003, segundo o porta-voz Roland Weichert. Ele disse também que os negócios do Deutsche Bank com Portugal incluíram "swaps cambiais completamente normais" e outras atividades que ele não quis discutir detalhadamente. Os swaps cambiais para Portugal estavam de acordo com o "padrão de administração de dívida soberana", disse Weichert. As transações não foram criadas para esconder a dívida externa de Portugal, afirmou ele.

O Ministério das Finanças de Portugal não quis comentar se o país usou swaps cambiais como os usados pela Grécia, mas afirmou que Portugal usou apenas instrumentos financeiros que atendem às regras da UE.

Membros de governos europeus disseram na semana passada que as autoridades da UE não tinham conhecimento de um swap cambial polêmico estruturado em 2001 para a Grécia pelo Goldman Sachs. Eles dizem acreditar que o problema não está disseminado, mas vários políticos europeus importantes, como a chanceler alemã Angela Merkel, pediram que as autoridades investiguem mais as transações e se os bancos ajudaram os governos a maquiar suas contas.

Um relatório de 2008 da Eurostat, todavia, diz que os primeiros questionamentos sobre como contabilizar swaps isolados do mercado como os usados pela Grécia surgiram em 2007. O relatório afirma que estabeleceu um guia detalhado sobre como lidar com algumas formas desses swaps. A Eurostat não respondeu a um pedido de entrevista.

A Eurostat tentou por vários anos mudar as regras sobre o uso dos swaps. Os ministros da Fazenda da Europa negaram os poderes da Eurostat em 2000, argumentando que precisavam do máximo de flexibilidade possível para administrar suas dívidas.

Foi só em 2008 - dez anos depois que esses acordos se popularizaram - que a Eurostat conseguiu revisar suas regras para pressionar os países a incluir os swaps em seus cálculos de dívida e déficit. Mesmo assim, os críticos dizem que ainda se sabe muito pouco sobre a contínua exposição desses países a acordos que já estão em vigência.

Os 12 acordos de swap cambial da Grécia feitos pelo Goldman, além de permitir que o país garantisse um taxa de câmbio, tinham outra vantagem: juros fixos que tornavam permissível, sob as regras europeias de contabilidade, que a Grécia divulgasse sua dívida em moeda estrangeira com as taxas de câmbio do contrato de swap - sem importar a variação que o câmbio pudesse ter posteriormente. Isso poderia proteger o país de alta súbitas das dívidas que já tinha contabilizado.

Mas apesar de os swaps cambiais ajudarem a enfeitar a contabilidade, eles não alteraram os fundamentos econômicos: que uma desvalorização do euro deixaria a Grécia com um swap negativo. Foi o que aconteceu em 2000 e 2001, segundo pessoas a par da situação.

Em 2001, o Goldman e a Grécia criaram uma solução que agora se tornou polêmica: um novo swap fora do mercado. Ficou acordado que, no futuro, ienes e dólares seriam convertidos em euros a uma cotação artificialmente favorável.

A Grécia poderia usar essa cotação quando contabilizasse sua dívidas nas contas europeias - diminuindo o endividamento divulgado pelo país em mais de 2 bilhões, segundo pessoas a par da questão.

No final das contas, o benefício marginal foi pequeno. A dívida total da Grécia caiu de 105,3% do PIB para 103,7% e o déficit de 2001 foi reduzido por um décimo de ponto porcentual do PIB, segundo pessoas ligadas ao Goldman.

Ainda não está claro qual é a exposição restante da Gré- cia nesse complicado acordo. (Colaboraram David Crawford, Robin Sidel, Jonathan House e Deborah Ball)

12 fevereiro 2010

Contabilidade criativa grega

Goldman Sachs ayudó a que el gobierno griego ocultara la verdadera magnitud de sus déficit con la creación de contratos de derivados que legalmente permiten eludir las normas de control. Grecia entregaba información estadística a Eurostat de una manera que no tenía como ser contrastada con la realidad.

Una cosa es la contabilidad creativa, pero otra es el intento de fraude y engaño. Como las normas de Maastricht amenazan con aplicar fuertes multas a los países miembros del euro que superen el límite del déficit presupuestario del 3%, Grecia recurrió al malabarismo financiero que le ofreció el banco estadounidense y hasta el momento principal ganador con la crisis financiera.

Las operaciones de cosmética contable se iniciaron el año 2002. En una ocasión todos los gastos militares fueron sacados de balance y en otro los miles de millones de euros de la deuda hospitalaria. Por eso, los expertos de Eurostat sufrían dolores de cabeza cada vez que les tocaba revisar las finanzas griegas. La ayuda de Goldman permitió crear figuras invisibles a los ojos de los controladores: los complejos derivados financieros con los cuales el gobierno podía obtener liquidez en préstamos diluídos a 30 años.

Goldman ideó un tipo especial de cambio para Grecia que le permitía acceder a créditos adicionales de hasta mil millones de euros. Este crédito se disfrazaba como intercambio y no aparecía en la deuda griega. Anteriormente, Italia también empleó un truco similar para enmascarar su verdadera deuda pública. En el caso de Grecia, el déficit que presentó el año 2002 fue de 1,2% del PIB. Cuando Eurostat revisó los datos el año 2004 el déficit llegó al 3,7% (tres veces el valor dado originalmente). De acuerdo a los registros actuales el déficit para ese año llegó al 6,1% (seis veces el valor inicial).

Todos estos temas serán debatidos hoy en la cumbre europea que decidirá los mecanismos de rescate que se aplicarán a Grecia. Si no se consigue un apoyo multilateral, Alemania ha comprometido su apoyo a Grecia para mantener la integridad de Europa. En todo caso, no actuar ya no se considera una opción válida.


Goldman Sachs ayudó a Grecia a disfrazar los déficit fiscales - Marco Antonio Moreno

09 fevereiro 2010

Frase

"Nada de lo que está ocurriendo en el mundo, incluidos los editoriales de periódicos extranjeros, es casual o inocente"


 

Ministro espanhol Jose Blanco, no Expansion, citado pelo Financial Times, 8/2/2010)

19 janeiro 2010

Seguradoras

NOVA YORK e WASHINGTON. Oito seguradoras, a maior parte delas socorridas com recursos públicos, poderão ser obrigadas a pagar a Taxa de Responsabilidade Financeira pela Crise, proposta semana passada pelo presidente dos EUA, Barack Obama, informou ontem o “Wall Sreet Journal”. A reportagem cita um relatório do Credit Suisse, no qual analistas do banco avaliam que a American International Group (AIG) e Hartford Financial estariam entre elas. Juntas, as duas empresas receberam mais de U$180 bilhões do governo americano desde o agravamento da crise econômica internacional, em setembro de 2008.

A AIG teria de pagar ao governo americano US$388,8 milhões em um ano, nos cálculos do Credit Suisse. O Citigroup também divulgou relatório em que avalia o valor devido, caso haja incidência da nova taxa, em US$367 milhões. Já a Hartford Financial seria taxada em US$28,2 milhões, nas estimativas do Credit Suisse.

A taxa proposta por Obama consiste na cobrança de 0,15% sobre os ativos totais menos o capital de alta qualidade, como ações ordinárias e lucros retidos e divulgados. Isso se aplicaria a empresas com patrimônio acima de US$50 bilhões. Reservas para seguros não seriam taxadas porque já estão sujeitas a impostos federais. Mas analistas acreditam que há brechas para que seguradoras sejam incluídas na lista, pois algumas delas têm unidades de produtos financeiros. O tributo ainda precisa ser aprovado pelo Congresso dos EUA para entrar em vigor.

Seis seguradoras não receberam ajuda oficial

As outras seguradoras apontadas pelo Credit Suisse como elegíveis para a nova taxa são MetLife, Prudential Financial, Allstate Corp, Lincoln National Corp, Ameriprise Financial e Principal Financial Group. A Lincoln National recebeu US$950 milhões do governo. As demais não receberam ajuda oficial.

Também ontem, fontes da Casa Branca disseram que Obama apresentará a proposta de orçamento para 2010 em 1º de fevereiro.

Oito seguradoras podem ser taxadas nos EUA
O Globo - 19/1/2010

14 janeiro 2010

Erros

Quatro gigantes de Wall Street admitem erros diante de comissão de inquérito
13 de janeiro de 2010 - Por Sílvio Guedes Crespo - Blog do Estadão

Representantes de quatro dos principais bancos dos Estados Unidos prestaram contas nesta quarta-feira à Comissão de Inquérito da Crise Financeira, órgão criado pelo governo para examinar as causas do baque que atingiu a economia norte-americana.

Ao mesmo tempo em que eles admitiram falhas, defenderam-se, como relatam os sites do Financial Times e do Wall Street Journal. Eles assumiram, por meio de uma nota conciliatória, que houve erros, mas afirmaram que, à época, não era possível prever que se chegaria a uma crise desse porte.

Estavam presentes Lloyd Blankfein, do Goldman Sachs, Jamie Dimon, do JPMorgan Chase, John Mack, do Morgan Stanley, e Brian Moynihan, do Bank of America. Os três primeiros são presidentes do Conselho do banco, enquanto o último é presidente-executivo.

“Eu queria que nós estivéssemos muito menos alavancados à época. Eu faria algo diferente sabendo o que eu sei hoje? [...] Como poderia não fazê-lo?”, perguntou retoricamente o representante do Goldman Sachs.

Dimon, do JPMorgan, disse que o país não pode repetir os eventos do final de 2008. “Nenhuma instituição, incluindo a nossa, deve ser grande demais para falhar”, afirmou, como registrou o WSJ. Sua tese é de que, por enquanto, existem instituições financeiras que, quando erram, causam estrago muito grande em todo o sistema financeiro. “Precisamos de um sistema regulatório que permita que até os maiores bancos possam falhar”, acrescentou.

“Muitas empresas estavam alavancadas demais, assumiram riscos em excesso e não tinham recursos suficientes para gerenciar esses riscos de forma efetiva em caso de rápida mudança no ambiente [financeiro]”, admitiu Mack, do Morgan Stanley.

27 dezembro 2009

Enorme para Quebrar

Durante a crise financeira, criou-se a expressão “too big to fail”. A idéia é que existiam algumas instituições, em especial bancos, que eram importantes para que o governo deixasse quebrar. Para que estes bancos fossem considerados relevantes, a ponto do governo não deixar quebrar, era importante que o mesmo fosse representativo no sistema financeiro, seja por seu tamanho, seja pelas conexões com outros bancos. Crescer tornou-se um sinônimo de redução de risco.

O aumento de tamanho, através principalmente da aquisição da operação de outras instituições, passou a ter outro incentivo: redução do risco. Entretanto, o processo de aquisição pode ser ruim para a instituição compradora quando o ágio pago é excessivo. O valor deste ágio pode ser considerado, de certa forma, como o custo para ser grande.

Usando dados das operações de aquisição de bancos entre 1991 e 2004, Elijah Brewer e Julapa Jagtiani (via Pricing the Advantage of Being “Too Big to Fail”, Zubin Jelveh) estimaram que os bancos pagaram um prêmio de 14 bilhões de dólares em certas aquisições que podem ser consideradas como o preço por tornar-se “tôo big to fail”.

14 dezembro 2009

Valor Justo contribuiu para a Crise?

Um leitor gentilmente desafiou que este blogueiro fizesse comentários sobre o texto Did Fair-Value Accounting Contribute to the Financial Crisis (Working Paper NBER 15515, de Christin Laux e Christian Leuz.

Este blog já postou muitos comentários afirmando que existe uma certa acusação de que o valor justo provocou ou multiplicou a crise financeira. Esta acusação geralmente é proveniente do sistema financeiro, que deseja que as entidades de regulamentação das normas contábeis reduzam ou eliminem a aplicação do valor justo.

A principal acusação é que a necessidade de baixa contábil dos ativos força os bancos a venderem seus títulos por um valor reduzido, que faz com que o mercado de títulos tenha um redução, numa espiral onde baixa contábil – redução de preço agrava a crise.
O trabalho de Laux e Leuz procura verificar se isto é verdadeiro e as conclusões são no sentido de que a contabilidade a valor justo não adicionou elementos adicionais a crise financeira. Para isto, os autores analisaram as informações contábeis dos bancos e concluíram que: 1) o impacto das mudanças do valor justo é mais limitado do que é reclamado; 2) bancos usaram algumas artimanhas para sua contabilidade de valor justo; 3) existe pouca evidencia que ocorreu uma excessiva baixa contábil em 2008.
Em outras palavras, é possível que o papel do valor justo seja muito mais limitado do que se acredita. Laux e Leuz apresentam uma tabela interessante onde mostra que os bancos dos EUA possuíam um valor “reduzido” de ativos que sofriam os efeitos do valor justo. Nos grandes bancos, 36% dos ativos e durante a crise isto diminuiu. Os autores também constataram que os bancos que faliram evitaram os efeitos do valor justo nas demonstrações contábeis.

É importante notar que os autores fazem ressalvas quantas às conclusões. Com efeito, qualquer trabalho sobre o assunto sempre será questionado pelo tipo de pesquisa. O que é necessário saber é o que aconteceria se a contabilidade não tivesse adotado o valor justo? A crise seria menor? Em caso afirmativo, poderíamos arriscar afirmar que a adoção do valor justo provocou aumentou os efeitos da crise. Em caso nulo, não existiria uma relação de causa-efeito.

Existem diversas técnicas para estudar isto. Entretanto provavelmente nenhuma delas irá garantir com um bom grau de precisão a resposta a pergunta. Mas algumas pistas podem ser coletadas para o estudo. Isto foi o que os autores fizeram. Provavelmente outras pesquisas irão surgir para discutir este assunto. Sem um resposta conclusiva.

07 dezembro 2009

Pensando curto prazo

Um texto de Al Gore e David Blood, para o jornal Financial Times (Time is up for short-term thinking in global capitalism, 27/11/2009, Asia Ed1, 11) tenta apresentar uma explicação para crise global. A análise começa com comentários sobre a questão comportamental:

Por que os investidores e os líderes empresariais continuam focados no curto prazo e ignoram o fato de que os negociantes que pensam no longo prazo são mais competitivos e lucrativos? Os economistas comportamentais acreditam que eles possuem a resposta: nosso cérebro foi muito treinado para o curto prazo por causa da evolução que premiava o sucesso do curto prazo tal como evitar predadores e outros perigos dos nossos ancestrais. Isto assegurou a sobrevivência da sua existência, mas predispuseram-nos ao mesmo tipo de pensamento do curto prazo. Como resultado, mesmo com nosso mundo estando muito diferente dos deles, decisões de longo prazo permanecem uma exceção, não regra.

A crise financeira global tem sua origem no curto prazo, nas estratégias insustentáveis e nas ações. Antes da crise e desde então, nós (e os outros) temos clamado por uma forma de capitalismo de mais longo prazo e responsável – que nós chamamos de “capitalismo sustentável”. Mas a despeito de nossos melhores esforços coletivos, em um ano o mercado de capitais parecer ter revertido os negócios com sempre.

Os autores consideram que as mudanças devem estar em cinco blocos que sustentam o capitalismo: contabilidade, evidenciação, incentivos, regulação e responsabilidade.

Para contabilidade, os autores focam a contabilidade nacional e o reconhecimento necessário das externalidades, como poluição.

23 novembro 2009

Espanha e crise

O texto a seguir discute a questão das provisões dos bancos espanhóis e a crise financeira. Estes bancos possuem provisões para as crise, mas o texto afirma que isto pode ter prejudicado o país. Grifo do blog.

Economía/Finanzas.- Ybarra (ex BBVA) afirma que el Banco de España permite contabilidad "no todo lo estricta que antes"
Europa Press - Servicio Nacional - 22/11/2009

El ex copresidente de BBVA Emilio afirma que el Banco de España ha relajado la normativa de saneamiento y, en general, permite actuaciones contables "no todo lo estrictas que venían siendo con anterioridad", al tiempo que vaticina que las necesidades de capital "se harán imperiosas".

Según el ex directivo que copresidió BBVA junto a Francisco González hasta 2001, las cajas de ahorros en España llevan a cabo actuaciones que retrasan la afloración de la morosidad, con refinanciaciones, adjudicaciones de activos o canje por acciones, entre otras.

"Las cajas de ahorros, con la anuencia del propio Banco de España, empujan el problema hacia adelante", sostiene Ybarra en un artículo sobre el sector financiero español ante la crisis incluido en el último número de 'Política Exterior' que recoge Europa Press.

A su parecer, una importante diferencia entre muchas grandes entidades internacionales y los bancos y cajas de ahorros españoles es que aquéllas tenían en su balance activos en los que las normas contables exigen su valoración de mercado, 'mark to market'.

Con estos activos -básicamente títulos, muchos de ellos procedentes de hipotecas- dichos bancos internacionales se han visto obligados a reflejar cuantiosas pérdidas con una relativa rapidez, mientras que en España las entidades tienen en su activo fundamentalmente créditos.

Estos activos en las entidades financieras españolas no tienen un valor objetivo de mercado y sólo irán aflorando sus pérdidas subyacentes a medida que vayan entrando en morosidad y sea necesario provisionarlos, explica Ybarra.

"Sin embargo, está claro que en un sector en el que existe tan altísima concentración de créditos a la construcción, al sector inmobiliario y a la adquisición de vivienda, sólo es cuestión de tiempo que se planteen problemas de gran calado en algunas entidades", afirma Ybarra, en alusión a las necesidades de capital.

En este sentido, agrega que los mercados son conscientes de esas "pérdidas latentes" y exigen a todas las entidades financieras unos mayores niveles de capitalización que antes de la crisis, a lo que se une la alta probabilidad de que los organismos financieros internacionales dicten nuevas normas de capital en las que se exijan más recursos propios.

En otros países la rapidez en la contabilidad de las pérdidas ha conllevado una urgencia en la necesidad de recapitalizar entidades, deparando los mecanismos ya conocidos de inyección de capital desde los gobiernos, recalca Ybarra.

Los bancos y cajas españoles han transitado por la crisis financiera internacional "con menos sobresaltos" que en otros países porque partían de niveles "ínfimos" de morosidad y porque tenían muchas provisiones por la prudente política aplicada por el Banco de España, indica. "Pero es cuestión de tiempo que lleguen momentos mucho más complicados, augura. "FRENÉTICO AUMENTO DE LA MOROSIDAD".

El "frenético" aumento de la morosidad debido al rápido deterioro económico y a los criterios contables establecidos por el Banco de España, la mayor necesidad de provisiones y las dificultades para tomar financiación en los mercados obligan a reconvertir el sector, estima.

Según sus cálculos, si la morosidad sigue el mismo ritmo que hasta ahora, "se podría llegar a finales de 2010 con unas tasas de mora no muy lejanas a los dos dígitos", especialmente en las cajas de ahorros, lo que causará "serias dificultades" a algunas entidades.

Además, incluso en 2011 las tasas de impago podrían continuar aumentando, "dependiendo de si se afronta el problema con decisión o se sigue, como hasta ahora, aplazando al futuro", dice Ybarra, para quien las provisiones necesarias se comerían los beneficios e incluso una parte del capital.

Ybarra pronostica "fuertes problemas con el margen financiero en 2010 y dificultades para generar ingresos a través de un aumento del volumen, ya que el crédito "está parado" y cabe incluso esperar un descenso, y los depósitos son difíciles de atraer con tipos de interés bajos.

16 novembro 2009

Crise e Contabilidade

Balanços apontam retração nas empresas
Folha de São Paulo - 16/11/2009
TONI SCIARRETTA

A economia brasileira deixou para trás a recessão no segundo trimestre, mas o setor corporativo seguiu em plena retração no terceiro trimestre de 2009. Estudo da consultoria Economática mostra queda pelo segundo trimestre seguido nas receitas das empresas, indicador que funciona como uma espécie de PIB corporativo.

O estudo revela um atraso nos efeitos da crise na contabilidade das empresas, especialmente as exportadoras, que perderam mercado e competitividade com a alta do real.

Mas a queda nas receitas atinge inclusive setores defensivos, como telecomunicações e energia, que, em tese, deveriam acompanhar a inércia da expansão econômica. Só o varejo e o comércio, setores fortemente estimulados pelo governo, reagiram e voltaram a se expandir em ritmo acima do PIB.

Segundo Fernando Exel, presidente da Economática, os balanços do terceiro trimestre mostram que as empresas brasileiras "encolheram" e que vivem uma "recessão técnica", como aconteceu com o PIB.

No estudo, o setor corporativo mantinha até setembro de 2008 um ritmo anual de crescimento das receitas da ordem de 16% -bastante acima da expansão de 6% do PIB. No quarto trimestre de 2008, o primeiro sob efeito da crise, esse ritmo desacelerou para 10% e desabou para 2,4% no primeiro trimestre de 2009.

Quando a economia voltou a crescer no segundo trimestre deste ano, a expansão das vendas desacelerou mais e entrou em território negativo pela primeira vez, com queda de 0,9% em relação ao mesmo período de 2008. No terceiro trimestre, as vendas mergulharam 3%.

O estudo considerou o resultado de 119 empresas, excluiu Petrobras e setor financeiro, e corrigiu a inflação pelo IPCA.

"A marolinha passou, mas talvez agora chegue uma onda ainda maior. Se a gente fosse adaptar o critério de recessão de PIB, isso seria a recessão das empresas. Essas empresas sempre cresceram mais do que o PIB e agora estão reagindo de maneira muito negativa", disse Fernando Exel, presidente da Economática.

Apesar da queda preocupante na evolução das vendas, a maioria das empresas abertas emerge no terceiro trimestre com seus resultados no azul. Na média ponderada pelo número de empresas, o grupo teve lucro 41% maior em relação ao terceiro trimestre de 2008. Em parte, ocorreu agora uma reversão das perdas financeiras por conta do súbito aumento do dólar em setembro do ano passado, que levou várias empresas ao vermelho.

Sem esse efeito, houve queda de 3,1% no lucro operacional, aquele que mede o desempenho da empresa em seu negócio. "Vejo uma histeria otimista e parece que os mais histéricos são os estrangeiros. Mas nós estamos sentindo sim um efeito retardado da crise e as vendas mostram um retrato inequívoco disso", disse Exel.

Para Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, há uma melhora efetiva na economia, especialmente no comércio, que ainda não chegou completamente para a indústria, especialmente às voltadas à exportação, que ainda têm espaço para ocupar a capacidade ociosa inutilizada durante a crise.

"Quem está indo mal é a indústria; e de forma generalizada. Esses estímulos que foram dados para [compra de] linha branca e veículos ajudaram muito, mas grande parte da indústria ainda está de lado e vai demorar para se recuperar. O reflexo dessas receitas caindo para as empresas a gente vê na perda de arrecadação do governo. É uma sinalização clara de que as vendas das empresas não melhoraram", disse.

04 novembro 2009

Bancos e Reservas

Manobra pode elevar os lucros em 2010
David Henry, BusinessWeek
Publicado no Valor Econômico - 03/11/2009

Embora os investidores estejam mais confiantes em relação aos bancos americanos, os lucros dessas instituições ainda parecem fracos. O terceiro trimestre representou o 11º trimestre consecutivo em que o setor registrou resultados piores que o período correspondente do exercício social anterior. Os lucros deverão apresentar queda de 28% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, segundo calcula o banco de investimento Keefe, Bruyette & Woods.

Quando os lucros vão se recuperar? Apesar dos alertas terríveis sobre o setor imobiliário comercial e o crédito ao consumidor, os bancos poderão ter resultados melhores no ano que vem.

Grande parte dos problemas recentes derivam do fato de que os bancos registram os custos das perdas antes dos empréstimos ficarem completamente inadimplentes [1]. Pelo mesmo motivo, os lucros do quarto trimestre deverão permanecer estagnados. Mas a cautela poderá valer a pena. Ao absorverem tantas perdas agora, os bancos poderão limitar as provisões que terão de lançar no balanço em 2010. "Acho que eles serão agressivos no reconhecimento de problemas, de modo que eles não terão tantos problemas com os lucros no ano que vem", diz Chris Kotowski da gestora de investimentos Oppenheimer [1].

Os grandes bancos estão contabilizando grandes perdas, um processo conhecido como formação de reservas. Kotowski calcula que o Wells Fargo teve no terceiro trimestre US$ 6 bilhões em despesas relacionadas a problemas com empréstimos, mais que o dobro do mesmo período do ano passado. A expectativa era de um lucro por ação de US$ 0,38 para o trimestre, contra os US$ 0,48 do terceiro trimestre do ano passado. JP Morgan Chase, Citigroup e Bank of America também estão aumentando suas reservas. Kotowski acredita que as reservas dos cinco maiores bancos dos EUA chegarão a 3,4% dos empréstimos em aberto no fim do quarto trimestre - cerca de duas vezes o que manda a lei.

Graças à mágica da contabilidade [2], o acúmulo de reservas poderá em algum momento azeitar os lucros [2]. Isso porque, mesmo que mais empréstimos deixem de ser pagos no ano que vem, os bancos não terão necessariamente de aumentar as reservas para cobri-los. Até o fim deste ano eles poderão ter o suficiente para lidar com muitas perdas futuras. Assim, os lucros parecerão mais vigorosos em 2010.

No passado, as autoridades reguladoras torceram o nariz para medidas preventivas desse tipo. A Securities and Exchange Commission (SEC) e os formuladores de regras contábeis desencorajavam os bancos a assumirem perdas antes que eles tivessem evidências concretas de que seus empréstimos não seriam pagos. Em 1998 a SEC forçou o SunTrust Banks a reverter uma despesa de US$ 100 milhões relacionada a reservas. O órgão temia que o banco pudesse estar encolhendo os lucros para fazer os resultados futuros parecerem melhores. Mas de lá para cá a economia mudou.

Agora, as autoridades reguladoras, temendo que perdas não antecipadas estejam à espreita nas carteiras de crédito, estão conclamando os bancos a reforçarem as provisões. O presidente Barack Obama e outros líderes do G-20 pediram formalmente às autoridades reguladoras que permitam aos bancos serem mais "prospectivos" na contabilização de "perdas esperadas". E o International Accounting Standards Board (IASB) está eleborando regras para fazer exatamente isso.

É claro que as questão continua sendo o quanto dessas perdas vão na verdade se materializar [3]. Hipotecas, cartões de crédito e outros empréstimos ao consumidor estão dando sinais de estabilização, embora o diretor-presidente do JP Morgan, Jamie Dimon, tenha dito em 14 de outubro, acreditar que os custos do crédito ao consumidor "permanecerão elevados no futuro previsível". Para muitos bancos, a maior preocupação é a situação do setor imobiliário comercial, que segundo analistas poderá não atingir o fundo do poço antes de pelo menos um ano. Mas diante da maneira como muitos bancos subestimaram suas perdas no começo da crise, não é difícil imaginar que eles vão superestimá-las agora.


[1] Isto chama-se conservadorismo
[2] Aparente tudo foi invenção da contabilidade. Que imagem...
[3] Chegar ao caixa?

08 outubro 2009

Perdas nos Bancos dos EUA

Grandes bancos americanos começam a divulgar balanço na semana que vem, e devem seguir o mesmo padrão dos últimos tempos: lucros em queda e perdas maiores com inadimplência.

A firma de pesquisas Keefe, Bruyette & Woods Inc. prevê que os lucros dos bancos que ela acompanha vão cair em média 28% em relação ao terceiro trimestre do ano passado, fazendo deste o 11o trimestre de queda de lucros.

A receita com mercados de capital deve ser mais fraca em alguns bancos, os créditos imobiliários devem ser menos robustos e os financiamentos comerciais, anêmicos. A previsão é que os bancos americanos reservem enormes pilhas de dinheiro para cobrir perdas crescentes com créditos de recebimento duvidoso, e os ativos continuarão a encolher.

Mas pelo menos a queda nos lucros será menos severa do que em alguns trimestres anteriores, projetam analistas.

O J.P. Morgan Chase & Co., maior banco americano em valor de mercado, que divulga balanço quarta-feira e tem atravessado a recessão melhor do que a maioria do setor, deve ter um lucro de US$ 1,8 bilhão, conforme a previsão média de analistas colhida pela Thomson Reuters.

O Citigroup Inc., o quarto maior dos EUA, deve anunciar quinta-feira um prejuízo de US$ 2,3 bilhões no terceiro trimestre, segundo a Thomson Reuters. Seria o primeiro trimestre do banco nova-iorquino no vermelho desde 2008.

O Citigroup vendeu sua participação na Nikko Cordial Securities por US$ 8,7 bilhões; mas os custos da conversão feita pelo banco de ações preferenciais em ações ordinárias por causa da participação de 34% do governo americano na empresa vai bagunçar o balanço.

Analistas que acompanham o Bank of America Corp., número 2 do país, preveem um prejuízo em torno de US$ 630 milhões quando o banco de Charlotte, Carolina do Norte, divulgar o resultado dia 16, segundo a Thomson Reuters.


Bancos dos EUA devem divulgar novas perdas, Matthias Rieker, The Wall Street Journal
The Wall Street Journal Americas - 8/10/2009

01 outubro 2009

Custo da Crise

Segundo Barry Ritholtz, a crise financeira custou 11,6 trilhões de dólares (em Bailout Costs Shrink to $11.6 Trillion). Este valor é controverso já que parte da estimativa deveria levar em considerado os créditos adquiridos pelo governo, cujo valor de realização é questionável.