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20 dezembro 2021

Futebol mais previsível?


A resposta parece ser sim, para o futebol inglês e de outros países europeus. Eis o abstract (via aqui):

In recent years, excessive monetization of football and professionalism among the players have been argued to have affected the quality of the match in different ways. On the one hand, playing football has become a high-income profession and the players are highly motivated; on the other hand, stronger teams have higher incomes and therefore afford better players leading to an even stronger appearance in tournaments that can make the game more imbalanced and hence predictable. To quantify and document this observation, in this work, we take a minimalist network science approach to measure the predictability of football over 26 years in major European leagues. We show that over time, the games in major leagues have indeed become more predictable. We provide further support for this observation by showing that inequality between teams has increased and the home-field advantage has been vanishing ubiquitously. We do not include any direct analysis on the effects of monetization on football’s predictability or therefore, lack of excitement; however, we propose several hypotheses which could be tested in future analyses.

(Artigo com estrutura interessante, onde a conclusão aparece antes da seção "dados e métodos")

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O que acontece quando um jornal físico fecha? Sobre memórias e o fato de que muitos jornais desapareceram nos últimos anos

Pulseiras de diamante de Maria Antonieta foram vendidas por R$ 45 milhões - custo histórico (em 1776) de 250 mil libras; custo histórico corrigido de US$4,6 milhões; valor estimado antes do leilão de até 4 milhões;  e valor de aquisição de 8 milhões. Veja como é difícil mensurar objetos históricos e que o fato de pertencerem a uma personagem tão conhecida não garante a valorização. 

Nomes mais frequentes no Brasil - Miguel lidera

Keanu Reeves acha NFT uma piada (imagem aqui)

Rir é o melhor remédio

 

Lugar que eu mais visitei no ano

19 dezembro 2021

2021 - O blog

O ano de 2021 foi mais um ano de nosso blog. No início do ano, eu (César) tinha feito uma promessa de tentar postar 3 itens por dia. Neste momento são 1034 postagens, um pouco abaixo de 1080 postagens necessárias para meta (3 x 30 dias x 12 meses). Setembro foi um mês que sumi das postagens (13 somente), enquanto julho rendeu 130 postagens. 

Neste momento, eu estou tocando o blog sozinho; por motivos particulares, Isabel e Pedro tiraram uma licença, que espero ser provisória. Confesso que em muitos momentos pensei em desistir. Mas volta e meia recebo elogios pelo que fazemos aqui desde 2006. Afinal, são mais de 26 mil postagens. 

Foto: Norouzi

Que venha 2022, agora, sem muitas promessas...

18 dezembro 2021

Rir é o melhor remédio

 

Final de ano e muitas empresas resolvem dar um bônus para seus empregados. Em alguns casos, o presente é muito tosco. Em outros é um insulto. Uma empresa, em 2019, deu um bônus para seu empregado poder usar em 2020: um dia de trabalho em casa. 

17 dezembro 2021

Criminoso português pode escapar por falta de tradutor


Em outubro eu fiz uma postagem sobre João Rendeiro. De uma forma bem resumida, Rendeiro foi fundador e gestor do Banco Privado Português. Esta instituição foi descontinuada em 2010 e desde então o judiciário português provou alguns problemas que ocorreram na instituição, incluindo lavagem de dinheiro, falsificação e problemas contábeis.

Em 2020 um tribunal condenou Rendeiro a 5 anos e 8 meses de prisão. Antes disto, Rendeiro fugiu de Portugal e Europa e começou a ser caçado pela Interpol. Recentemente, ele foi capturado na África do Sul. Só que o Ministério Público de Portugal não conseguiu apresentar um pedido formal de extradição dentro do prazo de quarenta dias. Parte do problema é que as autoridades estão com dificuldades de traduzir as decisões judiciais dos processos onde Rendeiro foi condenado. Em um dos processo, onde ele foi condenado a 10 anos de prisão, a decisão do tribunal tem 422 páginas. Parece mentira:

As dificuldades foram assumidas ao jornal pela diretora do Departamento de Cooperação Judiciária e Relações Internacionais (DCJRI) da Procuradoria-Geral da República, Joana Gomes Ferreira, apontando que só existem dois tradutores para todos os processos do país. 

Dupla contagem do carbono


 Geofrrey Heal, da Columbia Business School, discute a compensação do carbono, com críticas e, também, apontando as vantagens. Mas um ponto importante sobre a questão é a possibilidade de contagem em dobro (ou triplo):

há potencial para uma contagem dupla maciça aqui, se somarmos todas as emissões entre as empresas. Se minha empresa compra eletricidade de uma concessionária local, as emissões associadas são o escopo dois para mim e o escopo um para a concessionária. Se a Exxon vende combustível para aviação para a American Airlines, para uso na aeronave Boeing, as emissões serão escopo três para Exxon e Boeing, mas escopo um para American Airlines. Essas emissões são contadas três vezes, o que é um anátema para qualquer sistema contábil competente. Cada emissão de escopo dois ou três é a emissão de escopo um de outra pessoa.

Certo, há uma dupla ou tripla contagem neste sistema. Mas é preciso considerar os seguintes aspectos. Em primeiro lugar, é necessário ver o efeito da mensuração em cada empresa. Sob pressão, a American Airlines, a Exxon e a Boing podem ter agora incentivos para redução da emissão, sob a forma de equipamentos menos poluentes e melhor uso dos aviões. Assim, a divulgação pode conduzir a melhores atitudes por parte das três empresas. 

Em segundo lugar, a filosofia de Heal é querer que a contagem em cada empresa seja usada para ter uma contagem global, de toda uma economia. É algo similar a querer a mensuração do valor adicionado, sendo que para a empresa o importante é a mensuração do lucro. O objetivo da contabilidade, em termos históricos, foi a mensuração de desempenho para o acionista. 

Terceiro, é melhor incentivar grandes empresas a fazer uma mensuração ampla das emissões do que uma mensuração mais tímida. De certa forma, os relatos das grandes empresas podem funcionar com compensação para a não mensuração dos pequenos agentes econômicos. Uma mensuração somente do escopo um, como parece ser a defesa do autor, pode ser otimista demais, pois não leva em consideração a emissão de todas as empresas. 

Foto: Veeterzay

Um tweet de 68 milhões de euros


Em setembro de 2018, o Grupo Santander convidou o banqueiro italiano Andrea Orcel para ser seu CEO. Logo a seguir, o banco espanhol retirou o convite. Orcel entrou com um pedido de compensação pelo ocorrido, mas o banco alegou que não tinha efetivado a contratação, não cabendo nenhum tipo de indenização. Orcel tinha saído do UBS para assumir o cargo.

Agora, um tribunal espanhol entendeu que cabe a indenização. E uma das provas que o tribunal considerou para sua decisão foram os tweets que Ana Botín, a presidente do Grupo (foto), postou em 25 de setembro de 2018, as boas vindas para Orcel no Santander. 

O juiz do caso considera que as mensagens comprovam que Orcel foi, de fato, contratado. A decisão é de primeira instância e o Santander deve recorrer.

Compensação de Risco

A compensação de risco é um aspecto teórico conhecido desde os anos 70. A ideia básica é que as pessoas ajustam seu comportamento diante da percepção de risco. Em outras palavras, elas serão mais cuidadosas quando sentem que uma situação é de maior risco. O principal ponto da compensação de risco ocorre no sentido contrário: as pessoas tendem a ter um comportamento mais arriscado quando percebem que estão mais protegidas.

O exemplo mais citado da compensação de risco ocorre no trânsito. Os motoristas adotam um comportamento mais arriscado quando possuem equipamentos de segurança. O termo "compensação" é relevante: a melhoria no equipamento de segurança, como freio de melhor qualidade ou cinto de segurança, produz um efeito não esperado dos motoristas agirem de maneira mais imprudente.

A compensação de risco ajuda a explicar por que medidas de prevenção podem não atingir o efeito desejado. Como as pessoas se adaptam a uma nova situação, uma política no sentido de diminuir os riscos pode não surgir os efeitos esperados em razão da mudança de comportamento.

O estudo originário foi publicado em 1975 por um economista da Universidade de Chicago, Sam Peltzman. O estudo de Peltzman, que originou o efeito Peltzman ou compensação de risco, era com trânsito. Apesar do estudo original apresentar muitas falhas e seu modelo não ter tido sucesso em prever a mortalidade, sua influência é enorme. Na verdade, alguns acreditam que é inadequada por levar a uma inércia nas políticas públicas. Afinal, existindo a compensação de risco, qual a razão de melhorar o trânsito ou adotar políticas de saúde de prevenção?

Há alguns exemplos práticos onde foi observado a compensação de risco. Em 1967, a Suécia resolveu mudar a direção do trânsito, abandonando o "jeito" inglês. Os especialistas imaginavam que inicialmente a taxa de mortalidade aumentaria, já que ocorreu uma mudança na mão da direção. Entretanto, por 18 meses, a taxa de mortalidade reduziu, mesmo diante de uma mudança tão grande. Os motoristas suecos responderam ao aumento do perigo percebido tomando mais cuidado. Mas um ano e meio depois, a taxa de mortalidade voltou aos padrões normais: os motoristas já não notavam os efeitos da mudança da direção e passaram a agir normalmente. (Eu gosto de usar este exemplo nas minhas aulas)

Outro estudo, realizado em Munique, comparou os taxis com freios ABS e os taxis com freios comuns. Os automóveis eram semelhantes, mas as taxas de acidentes dos automóveis com ABS era um pouco maior. Ou seja, os motoristas com automóveis mais "seguros" percebiam esta diferença e ajustava seu comportamento.

Apesar da formulação da compensação de risco, os estudos mostram que medidas de segurança realmente reduzem as mortes no trânsito. Um artigo da Slate questiona que as consequências da proposição da compensação de risco tem um efeito danoso sobre melhorias para população:

A compensação de risco foi levantada para questionar uma ampla gama de intervenções em saúde pública, inclusive refrigerante diet, cigarros com pouco alcatrão, tampas de segurança para crianças em medicamentos, tratamentos de hipertensão e programas de troca de seringas. Em cada caso, o raciocínio é que a intervenção pode sair pela culatra porque as massas são burras ou indisciplinas demais para agir no que a comunidade médica considera ser do seu interesse.(...)

Isto inclui

(...) a infame hesitação do CDC e da OMS em recomendar máscaras no início da pandemia teve muitas causas ... Mas a causa básica é muito simples: as autoridades não confiavam no público. (...) A questão - para segurança do motorista, atividade sexual ou saúde pública - não é se algumas pessoas mudam seu comportamento em resposta ao risco percebido. É se, no nível da população, uma intervenção torna o mundo um lugar mais seguro e melhor

Rir é o melhor remédio

 

TV a cabo ou streaming? 

16 dezembro 2021

ISSB tem Chairmen

A Fundação IFRS nomeou o executivo Emmanuel Faber para ser o chairmen do recém-criado International Sustainability Standards Board (ISSB). Faber é um francês e ex-CEO da empresa Danone e irá assumir seu cargo no dia 1o. de janeiro de 2022. Segundo o site da Deloitte, Faber é um advogado da importância da informação de sustentabilidade para o mercado de capitais e para as decisões de investimento da empresa.

Faber nasceu em 1964. Com 22 anos obteve o mestrado em administração pela HEC Paris e logo após tornou-se consultor da Bain. Trabalhou no Baring Brothers, Legris e, após 1997, na Danone. Ficou na gigante francesa de alimentos até este ano, quando tornou-se Partner da Astanor Ventures. Segundo o comunicado da IFRS, Faber tem uma grande experiência mundial, tendo vivido em quatro continentes (África, Americas, Asia e Europa). Ele fundou entidades internacionais, incluindo One Planet Business for Biodiversity

Starups podem ajudar na lavagem verde?


Segundo Parmy Olson, da Bloomberg, a resposta seria sim. O aumento do interesse pela questão ambiental fez surgir a possibilidade de manipular os resultados ambientais de uma empresa, de um fundo ou de uma cadeia produtiva. Isto recebeu o nome de "lavagem verde". 

Como há muita manipulação sobre esta informação, alguns parâmetros começaram a surgir. Um dos mais relevantes é o nível do escopo. Uma poluição do escopo da própria empresa, nas suas fábricas ou nos seus escritórios, estão classificadas como sendo do escopo 1 e 2. Geralmente as empresas divulgam estas emissões. Entretanto, uma empresa também pode ser responsável por emissões de outras entidades que fazem parte da sua cadeia de valor e isto estaria no escopo 3. Veja um exemplo: a empresa deixa de fabricar um produto poluente e passa a terceirizar sua produção. A emissão pela produção vai para o escopo 3, não aparecendo nos relatórios ambientais. 

Segundo dados da Bloomberg, cerca de 75% das emissões mundiais estão no escopo 3. Por um lado, o fato do escopo 3 não está sendo evidenciado faz com que algumas empresas possam anunciar, com orgulho, que conseguirão ter negócios "limpos". Isto inclui empresas de petróleo, como BP e Shell, que não divulgam - ou não conseguem rastrear - o  escopo 3. Mesmo quando um funcionário da empresa usa o avião para fazer uma viagem, a emissão geralmente não aparece nos relatórios. Ou seja, mesmo o escopo 1 e 2 estão sujeitos a manipulação. 

Onde entra a starup? Sendo uma oportunidade de negócio, alguns empreendedores estão conseguindo desenvolver softwares para verificar a emissão do escopo 3 de uma empresa. É o caso da Normative, com sede na Suécia, ou a Persefoni, dos Estados Unidos. 

Mesmo com os esforços, o texto faz uma ressalva:

Ian Thomson, professor de contabilidade e sustentabilidade da Universidade de Birmingham, que pesquisa a contabilidade de carbono há 30 anos, desconfia de uma única grande empresa de consultoria ou empresa de nuvem, como a Salesforce, que vende software de contabilidade de carbono chamado Sustainability Cloud, dominando o mercado para contabilidade de carbono. "Você precisa da sabedoria da multidão", diz ele, por que há muitos detalhes complexos para resolver ao medir o carbono do escopo 3. "Vai ser difícil encontrar uma única solução. O diabo está nos detalhes". 

Imposto sobre carbono funciona?


Em meio a questão ambiental, a possibilidade de instituir um imposto sobre carbono é discutida por Tim Harford. Segundo ele, o imposto poderia tornar o custo ambiental mais palpável - não são estas as palavras, mas é este o sentido. O café seria um exemplo:

De acordo com Mark Maslin e Carmen Nab, da University College London, um quilograma de café no Reino Unido tem uma pegada de cerca de 15 kg de CO2. Se cultivado e enviado de maneira sustentável, teria uma pegada de 3,5kg. Com um imposto de carbono de 100 libras por tonelada, isto corresponde a 1,5 libras ou 35 centavos. 

Com o imposto, a cadeia produtiva poderá modificar a forma de produção do café, para reduzir o imposto. 

Gosto muito de Harford, mas parece que ainda não é uma solução. A instituição e cobrança de tal imposto seria bem complicada. Para cada produto - na verdade, para cada cadeia de produção - seria necessário um cálculo a parte. 

O mesmo Harford cita um livro, How Bad are Bananas?, já na sua terceira edição, que mostra a pegada de carbono para vários produtos do dia a dia. Agora imagine a quantidade enorme de produtos que consumimos. 

Escondendo a informação

 The Economist mostra os efeitos do streaming sobre os filmes. Entre diversos tópicos, a revista britânica lembra que o streaming pode ter uma vantagem:

Os 50 mil atores americanos ganharam uma média de apenas US$22 por hora no ano passado, então a maioria fica feliz em receber o dinheiro adiantado e deixar o estúdio assumir o risco. Outro agente confidencia que clientes famosos preferem o sigilo dos streamers sobre as audiências do que o escrutínio público sobre os fracassos de bilheteria. 

Em outras palavras, para o ator famoso um filme exibido na HBOMax será melhor que um filme no cinema. No cinema é possível ter acesso ao sucesso ou fracasso, enquanto na HBO isto não seria possível. Veja que a lógica é de que a informação não é boa...

Contabilidade obsoleta?


A tecnologia irá tornar a contabilidade obsoleta - como um campo de estudo independente? Faz sentido ter um departamento de contabilidade? Como isto deve afetar o currículo? São discussões interessantes. Uma posição favorável encontra-se a seguir:

Accounting — at least as an independent field of study — is becoming obsolete in today’s technology- and analytics-focused world. Its value lies in its interdisciplinary applicability and position as a foundational business curriculum. In recognition of that reality — and to maintain a pipeline of candidates open to CPA licensure, increase the number of engaged accounting students, and keep the profession relevant to the next generation — this author believes that colleges and universities should eliminate the accounting department as a stand-alone department and reorganize accounting under finance and information systems departments.

Rir é o melhor remédio

 

Seu objetivo é ser chefe.

15 dezembro 2021

Contágio de desonestidade?

Parece que sim. Uma pesquisa (via aqui) mostrou que quando surge notícia de algum escândalo de corrupção, as pessoas ficam mais desonestas:



Los resultados muestran que en los días siguientes a la noticia de un escándalo de corrupción, los clientes que viven en el municipio del escándalo tienen 2,3 puntos porcentuales más de probabilidad de no declarar que los compradores que viven en los otros municipios. Dado que, por término medio, el 14% de los compradores no declaran, esto implica un aumento del 16% en la probabilidad de no declarar.

Em outras palavras:

Las pruebas presentadas anteriormente demuestran que la corrupción no solo genera costes económicos al malgastar los recursos públicos, sino que también tiene efectos negativos mucho más amplios en la sociedad. Entre ellos, la erosión de la confianza en los demás y la reducción del estigma que conlleva el comportamiento antisocial.

ESG e Risco de Greenwashing

 Investimento Responsável, ESG e os riscos do Greenwashing

Nos últimos anos, tem sido notável o esforço internacional para definir métricas de sustentabilidade de modo a garantir que a divulgação de informação seja fiável e transparente.

A crescente narrativa da sustentabilidade e a incorporação de questões ambientais, sociais e governação (ESG) nas decisões de investimento tem impulsionado um crescente posicionamento das empresas no sentido de se alinharem com preocupações ecológicas e de sustentabilidade. Esta tendência tem sido acompanhada pela preocupação crescente com práticas de greenwashing – isto é, casos em que as empresas adotam o discurso sustentável e anunciam ações "verdes" de forma exagerada ou falsa, com o propósito de atrair investimento ou clientela.

As dúvidas acerca da qualidade da informação sobre cumprimento de critérios ESG e o risco de greenwashing têm sido identificadas pelos investidores como os maiores riscos no investimento sustentável. Por outro lado, o acesso à informação global permite aos consumidores identificar com relativa facilidade campanhas de marketing incoerentes e comportamentos dissonantes com as práticas alegadas pelas empresas. É, portanto, expectável, um escrutínio acrescido por parte dos stakeholders e dos consumidores, o que pode gerar o aumento de denúncias de práticas de greenwashing, com impactos comerciais, reputacionais e financeiros incalculáveis.

No entanto, não podem ser descurados os obstáculos de ordem prática que as empresas enfrentam para contabilizar os seus impactos e monitorizar a evolução dos mesmos. Para ultrapassar esta dificuldade, é necessário definir os padrões de reporte de informação não financeira, de forma mensurável e comparável com garantias de processamento uniformizado da informação fornecida.

Nos últimos anos, tem sido notável o esforço internacional para definir métricas de sustentabilidade de modo a garantir que a divulgação de informação seja fiável e transparente. As empresas podem hoje optar por diferentes sistemas de reporte – dos quais destacamos as normas Sustainability Accounting Standards Board (SASB), Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD) e Global Reporting Initiative (GRI).

Não obstante, em Portugal, o reporte ao abrigo destas normas é ainda incipiente. O Decreto-Lei n.º 89/2017, de 28 de julho – que transpôs a Diretiva 2014/95/EU do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2014 (NFRD) - define as regras aplicáveis à divulgação de informação não financeira por grandes empresas e grupos. Contudo, a NFRD abrange apenas uma minoria do tecido empresarial português, deixando a maioria das empresas sem diretrizes sobre como medir e reportar dados.

Em dezembro de 2019, a Comissão anunciou a intenção de avançar com a revisão da NFRD. Após a consulta pública realizada, os stakeholders inquiridos identificaram como principais fragilidades a colmatar a falta de comparabilidade, fiabilidade e relevância da informação não financeira divulgada pelas empresas. Outra das preocupações identificadas foi a necessidade de definir padrões simplificados para pequenas e médias empresas de modo a garantir a proporcionalidade dos requisitos aplicáveis.

Na expectativa de que a revisão da NFRD venha a resolver as deficiências identificadas, de modo a evitar os riscos associados ao greenwashing, as empresas devem esforçar-se por entender o conceito de sustentabilidade, optar por estratégias de comunicação transparentes e fundamentadas e investir na certificação por entidades reputadas.

Joana Gonçalves - Jornal de Negócios - 1 de dez de 2021

Foto: Brian Yurasits

NFTs e Museus


O surgimento da NFT levantou a possibilidade de que entidades do terceiro setor pudessem aproveitar da onda para obter recursos. Em especial os museus, que possuem um acervo que poderia dispor sob a forma de arquivo eletrônico. Mas parece que isto não está ocorrendo e existem quatro motivos:

Primeiro - A NFT é algo complexo e os museus não possuem uma especialização no assunto. Seu foco sempre foi a obra física; NFT e criptografia foge do campo de atuação, compreensão e gestão de um museu.

Segundo - Há um aspecto relacionado com a propriedade que escapa das obras existentes no museu. Com a NFT, o artigo mantêm o controle do trabalho. Um livro autografado pelo autor é muito mais valioso que um livro autografado pelo editor. 

Terceiro - o mercado tem valorizado o artista, não a instituição. Os investidores parecem considerar que uma NFT de um artigo é uma forma de interação e apoio financeiro para o seu autor. 

Quarto - a NFT é volátil e arriscada; algumas delas são inúteis. Os jornais noticiam os casos extremos e provavelmente a maioria delas possuem valores insignificantes. E podem ser arriscado para o investidor.  


Links


Lógica e sabedoria: a melhor pergunta que pode ser feita e a melhor resposta que pode ser dada

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