Translate

18 março 2019

Avaliando uma propriedade

  • Em 1987 Michael Jackson comprou Neverland por 20 milhões de dólares
  • Agora o rancho está à venda por 31 milhões, abaixo do custo histórico corrigido e do valor inicialmente pretendido
  • Parte da perda do valor se deve a má fama do cantor e ao otimismo do atual dono

Em 1987 o cantor Michael Jackson pagou quase 20 milhões de dólares - algumas fontes dizem que chegou perto de 30 milhões - por um terreno de 1,1 mil hectares em Los Olivos, Califórnia. Junto com ele, uma casa de 1,2 mil metros quadrados. Originalmente era chamado de Zaca Laderas Ranch, depois Sycamore Valley Ranch e em 1988 foi renomeada de Neverland, em homenagem a terra onde morava Peter Pan, um garoto que nunca cresce.

Era realmente a casa de Jackson e tinha um parque de diversões privado, estátuas no jardim e um zoológico. A partir de 2006 as instalações foram fechadas e a maioria dos funcionários demitida já que Jackson não morava mais no rancho. Há uma associação entre o rancho e acusações de abuso sexual do cantor. Em 2008 a propriedade passou para a Colony Capital em razão da inadimplência de Jackson com alguns credores. O valor da transação foi de 22,5 milhões. Provavelmente Jackson ainda tinha uma participação na propriedade.

Em 2009 acabou o parque de diversões e o zoológico. Em 2015 é anunciado que o rancho seria vendido por um preço inicial de 100 milhões de dólares. Por conta da falta de interessados, o preço cai para 67 milhões no início de 2017. Em fevereiro deste ano o preço pedido caiu para 31 milhões.

Parte da queda no preço se deve aos problemas envolvendo Jackson narrados em Leaving Neverland. Mas alguns especialistas, consultados pela Forbes, discordam do fato. Quando a propriedade foi colocada para venda no valor de 100 milhões acredita-se na possibilidade de um “prêmio” pelo fato de ter sido a casa de Michael Jackson. O potencial comprador poderia usar a casa para construir um museu do cantor, a exemplo do que Elvis Presley possui. Entretanto, a localização isolada do rancho e a imagem ruim do cantor são problemas para este uso.

Os avaliadores acreditam que o pedido de 100 milhões é elevado demais para a propriedade.

As celebridades geralmente pedem um valor premium por suas propriedades, mas normalmente essa “taxa” não é adicionada quando a propriedade é vendida. Um estudo da corretora de imóveis Redfin, de 2016, que analisou 60 propriedades de celebridades no sul da Califórnia, constatou que, em média, elas permaneceram no mercado por cerca de 36 dias a mais do que as outras, e a maioria foi vendida por menos do que o preço pedido.

A Forbes avaliou Neverland em 28 milhões tendo por base as entrevistas realizadas. Este valor é próximo aos 31 milhões pedidos hoje, mas abaixo dos 19,5 milhões pagos na compra corrigidos pela inflação. O custo corrigido seria aqui 44,1 milhões de dólares em 2019. Assim, o novo preço pode atrair compradores.

O uso alternativa da propriedade - como terra agrícola - é descartado pelo tamanho do terreno e o retorno produzido por este tipo de uso:

Eric O’Keefe, editor da revista especializada “Land Report”, define que os compradores normalmente gastam centenas de milhões de dólares apenas em propriedades que julgam ter a capacidade de proporcionar um retorno significativo sobre o investimento: terras agrícolas produtivas, extração madeireira ou vinhedos, por exemplo. Duas propriedades em uma área total de 1,4 mil hectare em Santa Bárbara, Califórnia, que foram colocadas à venda por US$ 110 milhões, contam com uma fazenda de gado em funcionamento e dois pomares.

Mas talvez uma explicação para esta questão seja o fato de que Jackson tenha pago um valor muito elevado quando adquiriu Neverland. E o cantor não era conhecido pela qualidade dos seus investimentos.

Rir é o melhor remédio


17 março 2019

Sinalização, Informação Assimétrica e Triagem

Katy Perry teve, em 2018, um faturamento de 80 bilhões de dólares, o maior da música no ano passado. Estima-se que sua fortuna seja de quase 1 bilhão. O ator Orlando Bloom tem uma riqueza estimada em 160 milhões. Os dois estão noivos.

No noivado, Bloom deu para Perry um anel de 5 milhões de dólares (figura ao lado). O casamento será precedido por um acordo pre-nupcial. Um bom exemplo de sinalização, informação assimétrica, triagem ...

História da Contabilidade: Wedgwood

Wedgwood, nascido em 1730 e falecido em 1795, é conhecido pela sua contribuição para fabricação de cerâmica. Mas sua contribuição foi muito mais ampla. Wedgwood é considerado como criador do marketing moderno, incluindo a mala direta, garantia de devolução do dinheiro, entrega gratuita, atendimento ao cliente na língua nativa, catálogos com os produtos, entre outras “invenções”.

Mas Wedgwood teve uma importante contribuição histórica para contabilidade gerencial. Ele calculava o custo das máquinas, do trabalho, dos materiais e das vendas. Quando ele fez estes progressos, a contabilidade ainda era “mercantil”, originária de Pacioli e outros autores originários do comércio. Este tipo de contabilidade não era útil para o novo setor que estava surgindo, com a fábrica demandava uma contabilidade mais evoluída, mensurando os custos de produção. Mais do que isto, ele calculava a depreciação e até o juros do capital.

A época de Wedgood é também a época de Watt, que sabia que a contabilidade era uma vantagem competitiva. Watt, um inventor conterrâneo do mestre da cerâmica, entendeu que os métodos contábeis poderiam ser um segredo industrial. Mas Wedgood não somente calculava seus custos; ele usava as informações para ter uma posição competitiva melhor que seus concorrentes. Se sabia os custos de produção, Wedgood também conhecia que o trabalho infantil era mais barato e mais eficiente. Em lugar de pagar por dia, ele adotou o pagamento por peça. Ele entendia que a qualidade da contabilidade não dependia somente do cálculo dos custos, mas também o trabalho do auditor, que poderia tornar os números contábeis mais confiáveis.

Se Datini foi o caso prático de aplicação da contabilidade mercantil, Wedgood é a essência da aplicação da contabilidade gerencial. Com esta, ele conseguia produzir cerâmicas caras para nobreza e produtos acessíveis para aqueles que queriam seus produtos, mas que talvez não tivessem dinheiro se o preço não fosse baixo.

Para ler mais: O capítulo 8 do livro The Reckoning, de Jacob Soll, é um bom começo para termos uma dimensão da importância de Wedgood para contabilidade gerencial.

Caplan, segundo Demo

Pedro Demo publica um longo comentário do livro de Caplan, que já fizemos uma resenha e recomendamos. O comentário de Demo pode ser acesso aqui e colocamos a conclusão abaixo:

É provocativamente ousada a proposta de Caplan, embora, olhando mais de perto, exale o contexto do mercado por todos os poros. Isto não admira em contexto americano, porque educação sempre foi vista – cruamente – como serva do mercado. A relação assumida é dura e reta: avalia-se o que educação traz para o mercado; não se fala de “formação”, cidadania, convivência, a não ser quando empregadores veem nisso algum benefício para a empresa. Podemos acentuar consciência, elegância, comunicação, mas o que vale é a empregabilidade, que fica por conta do empregado – a empresa não tem nenhum compromisso. Sob este ângulo, a maior parte do que se faz na escola/faculdade é olimpicamente inútil. Entretanto, Caplan deixa de lado que o próprio mercado tem preferido graduados com formação geral mais visível, que a seleção é feita em entrevista para ver se o candidato tem projeto de vida interessante, mostra maturidade, sabe argumentar e expressar-se... Embora a indicação de “espírito crítico” seja uma farsa escabrosa, porque totalmente unilateral, indica, a seu jeito, que formação ampla é trunfo importante. Mas, como autores mais diretos e críticos constatam, a maior qualidade é conformidade inteligente!

Caplan descasca a inutilidade dos conteúdos – muitos são inventados e apenas enchem a cabeça. Mas há outra inutilidade: ficar na escola para não aprender nada, anos a fio, saindo, por exemplo, sem saber matemática ou sem redigir uma página. O exagero da hipótese tem finalidade provocativa, instigadora, e dificilmente “prova” que educação é apenas sinalização. Mas é muito interessante esta perspectiva, iluminando muito da relação empregador/empregado – uma encenação ostensiva, onde a aparência vale mais que qualquer realidade.

Palestra

Análise de grande volume de dados de gasto público para identificação de corrupção - oportunidades para agendas de pesquisa

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis da Universidade de Brasília (PPGCont/UnB) convida a comunidade acadêmica para a Aula Inaugural do 1.º período letivo de 2019, a ser ministrada pelo Prof. Me. Rafael Antonio Braem Velasco, da FGV-RJ, no dia 18 de março de 2019, a partir das 14 horas, no Auditório Azul (subsolo) da FACE (Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Gestão de Políticas Públicas), na Universidade de Brasília. O referido docente participou da equipe da força-tarefa da Lava-jato e da 4.ª edição do Congresso UnB de Contabilidade e Governança (CCGUnB), ocorrido em novembro de 2018.

Rir é o melhor remédio


16 março 2019

Spread Bancário por País

O Brasil só perde para Madagascar


Análise custo e benefício


Lendo John Kay aprendo a origem da análise custo e benefício. Ao comentar sobre o novo livro de Cass Sunstein, que enaltece a análise, Kay acrescenta:

Não foi uma revolução [a análise] de custo-benefício, que começou na Grã-Bretanha, na década de 1960. A análise de custo-benefício em todo o mundo ainda segue um modelo estabelecido pela primeira vez em um estudo de 1962 de Michael Beesley e Christopher Foster [citado somente 215 vezes no Google Acadêmico], que estudou a construção da linha Victoria em Londres. Eles demonstraram que, embora a linha gerasse pouca receita adicional, o valor criado em economia de tempo e redução do congestionamento acima e abaixo do solo excedia em muito os custos. Cinquenta anos depois, não pode haver dúvida de que eles estavam certos. O custo total de menos de 100 milhões de libras, equivalente a pouco mais de 1 bilhão de libras esterlinas, parece um preço muito baixo para o que hoje é parte indispensável da infraestrutura de transporte da capital.

Mais uma regra para as finanças pessoais

Tanza Loudenback escreve sobre um regra que não conhecia:

Há uma regra geral que a maioria dos especialistas em finanças recomenda: se você puder pagar, atribua 20% a 30% de sua renda para poupanças e saldando dívidas

Já tinha visto uma regra de você ter uma economia para eventualidades que corresponderia a 6 meses de seu salário. Você pode explicar esta regra imaginando uma pessoa que fica desempregado e precisa de um prazo de um ano para recolocação no mercado de trabalho. Com uma economia de 6 meses de salário e fazendo corte nas despesas é possível sobreviver até achar uma nova fonte de renda.

A regra apresentada por Loudenback naturalmente depende dos seus objetivos pessoais. Se você pretende comprar um automóvel, economizar 20% pode ajudar, mas é necessário levar em consideração o preço do carro, o valor do seu salário e quando você quer ter um automóvel. Ou seja, talvez esta regra não seja tão infalível. Mas a vantagens de regras como esta em finanças pessoais é permitir que uma pessoa comum possa ter uma "meta" para conseguir atingir seus objetivos pessoais. Não são regras "científicas", mas podem funcionar.

Guerra e Paz

Um texto do Business Insider  mostra a amizade e a briga entre as quatro grandes empresas de tecnologia: Amazon, Apple, Facebook e Google. Recentemente, a Apple descobriu que o Facebook estava abusando as regras dos aplicativos e resolveu “punir” a empresa. Mas logo depois, soube que o Google também estava fazendo a mesma coisa. Só que a Apple recebe bilhões do Google para ser o default de busca padrão dos aparelhos da empresa. E outros fatos são apresentados.

Ou seja, era uma vez um tempo onde a Amazon vendia livros, a Apple hardware, Google era mecanismo de busca e Facebook uma rede social. Hoje, Google e Amazon competem na computação em nuvem, por exemplo. Entre os quatros, a relação entre Facebook e Amazon seja a mais fraca. Mas isto pode mudar.  No passado, o CEO do Google fazia parte do conselho de administração da Apple; hoje não mais.

Conclusão : A tensão provavelmente supera a cooperação, especialmente porque cada uma das quatro empresas procura convencer os reguladores de que os outros precisam de controle. As interdependências não desaparecerão, portanto, esperem mais escaramuças 

Contabilidade difícil

Em uma entrevista para a Exame, o consultor Claudio Galeazzi fala sobre a experiência com reestruturação de empresas. Segundo a revista, ele atuou em empresas como Grupo Pão de Açúcar, BRF, Vila Romana e Vulcabras. Na entrevista, uma pergunta foi: Quais costumam ser os entraves aos processos de reestruturação?

Galeazzi cita vários entraves. Uma frase chama a atenção. Vamos a resposta:

É muito comum os donos passarem por uma fase de negação. Eles não têm a dimensão exata do problema, até porque, geralmente, eles próprios criaram a empresa e semearam seu crescimento. Há também muito ego e vaidade envolvidos. É comum, ainda, o presidente não ter acesso direto à contabilidade, que costuma ser difícil de destrinchar. Além disso, em certos casos, é preciso afastar da gestão alguns executivos próximos ao empresário que não estão mais contribuindo da forma desejada para o crescimento da empresa. São ações muitas vezes problemáticas, que enfrentam resistência.


(Grifo do blog) O texto dá a impressão que o presidente de uma empresa não tem acesso à contabilidade pelo fato dela ser difícil. E como a pergunta é sobre “entraves”, parece culpar a contabilidade pelo problema.

Rir é o melhor remédio


15 março 2019

Tradução e Comércio Internacional


Um dos requisitos para uma transação comercial é que as partes se comuniquem. É muito difícil para um consumidor comprar um produto de uma pessoa que só se expressa em uma linguagem que ele não entende. Assim, a comunicação pode ser uma barreira para as transações comerciais.

Nos últimos anos, no entanto, surgiram diferentes tecnologias que facilitam o entendimento entre duas partes que não conhecem a língua do outro. Uma lembrança óbvia é o Translate, do Google, mas existe muitas alternativas que tornam possível que uma pessoa que só conhece o português possa se comunicar com outra que não sabe nada da língua portuguesa. Esta tecnologia é possível graças ao computador e aos softwares de inteligência artificial que estão cada vez melhores.

Obviamente que podemos esperar que a introdução desta tecnologia deve afetar a vida das pessoas e ter efeitos econômicos. Com um celular eu posso digitar “Eu quero um copo de cerveja” para um dono de um bar na França, que não sabe português, e ele compreender. Assim, o software permitiu a realização desta transação.

Uma pesquisa divulgada no ano passado mostrou que realmente isto ocorre na prática e conseguiu mensurar o efeito do “translate” no comércio internacional. Usando plataformas digitais, os pesquisadores perceberam que a introdução de um sistema de “translate” aumentou significativamente o comércio. Os pesquisadores encontraram inclusive um valor: 17,5%. Eles usaram o eBay e analisaram as transações entre os Estados Unidos e países da América Latina que falavam espanhol.

Para certificar se os achados eram coerentes, os pesquisadores usaram dois testes adicionais. Um deles foi a análise da exportação dos EUA para o Brasil. O resultado persistiu nestes testes adicionais. Os autores verificaram que a presença do sistema de tradução reduzia o custo de pesquisa.

Fonte: Brynjolfsson, Erik et al. Does Machine Translation Affect International Trade? NBER Working Paper 24917, Ago 2018

Os melhores cursos de contabilidade no Brasil

Recebemos uma pergunta no twitter e com isso achamos válido atualizar a lista com os melhores cursos de contabilidade no Brasil. Segundo o Guia do Estudante, os melhores cursos estão no sudeste, única região com avaliações de 5 estrelas.


As instituições com 4 estrelas podem ser conferidas: aqui.

Sorteio: kit com mochila, livros e canetas

Estamos fazendo um sorteio lá no nosso Instagram, em uma parceria com a editora SaraivaUni:




Uma publicação compartilhada por Blog Contabilidade Financeira (@contabilidadefinanceira) em

Idade e Namoro

No livro Dataclisma, C Rudder apresenta o seguinte gráfico:
Na coluna, a idade do homem que participa de uma rede de namoro. Em vermelho, a idade "preferida" da idade de cada mulher. Observe o primeiro número em vermelho, no alto. Ele indica que homens com vinte anos de idade preferem mulheres com 20 anos. O segundo número mostra que homens com 21 anos de idade gostam mais de parceiras com 20 anos e assim por diante. Rudder usa o gráfico para mostrar que os homens, em sites de namoro, optam por mulheres jovens.

Eu me lembrei deste gráfico quando vi este outro:
Na linha vermelha, a idade de Leonardo diCaprio. Obviamente é uma linha reta inclinada. E nas barras, a idade das namoradas dele, começando por Gisele Buntchen. Uma imagem vale mais que mil palavras.

Compra de vagas nos EUA


  • Nesta semana diversas pessoas foram presas nos EUA envolvidas na "compra" de vagas em universidades de elite
  • As pessoas eram ricas e/ou famosas
  • Mostramos um pequeno aspecto contábil do fato

Um escândalo no processo seletivo em universidades dos EUA mostrou pais ricos usando seu dinheiro para comprar vagas. Isto acontecia através dos departamentos de atletismo das universidades.

Um artigo interessante de Marc Bain lembra que o que estava em jogo não era a educação de pessoas, mas o “reconhecimento da marca”. O caso mais de Olivia Jade Giannulli, filha da atriz Lori Loughlin e do estilista Mossimo Giannulli, é interessante. Olivia queria ser influenciadora digital, não estudar. Ela gravou um vídeo em que dizia não saber onde iria estudar, mas queria “acontecer”. Afirmava: “não me importo com a escola, como todos vocês sabem”


(Na foto, Olivia, que fazia propaganda da Amazon, fala do seu dormitório da universidade)

Provavelmente muito dos acusados não imaginava que seriam pegos em uma investigação como esta. E talvez reflita a opinião que os estadunidenses possuem do seu sistema de ensino.

E a contabilidade? No meio do escândalo, encontrei um aspecto contábil. Um dos acusados, John B. Wilson era chefe do comitê de auditoria do Franklin Templeton, uma empresa de investimento. Wilson foi retirado do comitê de auditoria, conforme comunicação da empresa. Wilson também é presidente e CEO da Hyannis Port Capital, uma empresa de investimento. Afinal, não fica bem um comitê de auditoria ser presidido por uma pessoa envolvida em um escândalo deste tipo.

Código de ética 2


  • O Valor Econômico informa que a empresa Contabilizei entrou no CADE contra o Código de Ética recentemente promulgado pelo CFC
  • Ao contrário que dá a entender a reportagem do jornal, não existe nada no Código que fale da divulgação de preços de serviços na internet


Conforme postamos, o Conselho Federal de Contabilidade aprovou um novo código de ética em fevereiro.

Na quarta, o jornal Valor Econômico apresentou um texto sobre a contestação de uma empresa de contabilidade a um aspecto deste código. Trata-se da empresa Contabilizei, especializada em contabilidade de pequenas e médias empresas, que resolveu contestar no Cade, a entidade que regula as situações de abuso do direito econômico. A empresa deseja divulgar os preços dos serviços através da internet. O Código não fala em “preço” em nenhum dos seus 25 itens (e inúmeros subitens), mas em

ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade profissional, seja defendendo remuneração condigna

Mais ainda no Código temos:

A publicidade, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação, dos serviços contábeis, deve primar pela sua natureza técnica e científica, sendo vedada a prática da mercantilização
A publicidade dos serviços contábeis deve ter caráter meramente informativo, ser moderada e discreta

e

É vedado efetuar ações publicitárias ou manifestações que denigram a reputação da ciência contábil, da profissão ou dos colegas, entre as quais: (a)fazer afirmações desproporcionais sobre os serviços que oferece, sua capacitação ou sobre a experiência que possui; (b)fazer comparações depreciativas entre o seu trabalho e o de outros; e (c)desenvolver ações comerciais que iludam a boa-fé de terceiros.

Lendo estas artigos fica difícil imaginar que estamos falando da divulgação de preços de serviços na internet. Mas a jornalista afirma:

O CFC determinou, no Código de Ética Profissional do Contador (CEPC) que as empresas que atuam com serviços contábeis devem primar pela natureza técnica e científica e, com isso, não poderiam impor preços no mercado da economia digital.

A empresa Contabilizei afirma, segundo o jornal, que a não divulgação pode prejudicar a comercialização dos serviços, inclusive com preços mais baixos. Segundo o jornal:

O Código aponta que “é vedado anunciar, em qualquer modalidade ou veículo de comunicação, o valor dos serviços ou de pacotes de serviços, uma vez que o valor dos serviços profissionais deve levar em conta, mediante análise individual, a relevância, o vulto, a complexidade, a dificuldade, o tempo despendido e outros elementos que irão compor o valor”.

Eu não localizei este trecho no código de ética. Na realidade, não encontrei em lugar nenhum, exceto na reportagem do Valor. Segundo a reportagem haveria problemas no código com respeito a limitação da concorrência. Novamente, não encontro isto no código.

(Ao reler o código de ética notei que é para Contador. Ou seja, não abrange 170 mil profissionais técnicos. Então, estes profissionais não precisam cumprir um Código de ética?)

(Basile, Juliano. Contabilizei vai ao Cade para publicar preços na internet. Valor, 13 de março de 2019. B8)

Rir é o melhor remédio


14 março 2019

O outro lado do burnout



O vídeo é bem legalzinho e fala sobre a síndrome de burnout, ou síndrome do esgotamento emocional. Há legendas em inglês.

Estudo de evento de lucros contábeis: uma medida robusta


Resumo:

Event studies of market efficiency measure earnings surprises using the consensus error (CE), given as actual earnings minus the average professional forecast. If a subset of forecasts can be biased, the ideal but difficult to estimate parameter‐dependent alternative to CE is a nonlinear filter of individual errors that adjusts for bias. We show that CE is a poor parameter‐free approximation of this ideal measure. The fraction of misses on the same side (FOM), which discards the magnitude of misses, offers a far better approximation. FOM performs particularly well against CE in predicting the returns of U.S. stocks, where bias is potentially large.

Chiang, Chin-Han and Dai, Wei and Fan, Jianqing and Hong, Harrison G. and Tu, Jun, Robust Measures of Earnings Surprises (May 3, 2016). Journal of Finance, Forthcoming. 


Resultado de imagem para event studies

Pressão contra o GAFI


  • Na sexta-feira, a União Européia rejeitou uma lista de países identificados com lavagem de dinheiro e/ou financiamento do terrorismo
  • Houve uma pressão para esta rejeição
  • Segundo a professora Julia Morse, este tipo de lista funciona

Na sexta-feira passada, os países da União Européia rejeitaram uma lista de países identificados com lavagem de dinheiro e/ou financiamento do terrorismo. Esta lista incluía Irã, Coréia do Norte, Panamá, alguns territórios dos EUA e Arábia Saudita.

Por meio do Grupo de Ação Financeira (GAFI), uma entidade intergovernamental com 38 membros (Brasil inclusive), alguns países estão tentando estabelecer um listagem para forçar alguns países a mudar o comportamento. Eis uma opinião interessante:

Isso dá aos países incentivos para agir rapidamente para mudar as leis e sair da lista. Na minha pesquisa , mostro que a lista negra do GAFI está correlacionada com mudanças significativas nas políticas. Dos mais de 60 países listados desde 2010, mais de 75% restringiram substancialmente suas leis e regulamentações no combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo.

Então, por que os países da UE rejeitaram o plano da comissão? A lista negra da Comissão Europeia foi controversa por várias razões. (...) Mas o maior problema era diplomático. Desde que a comissão anunciou uma lista preliminar em janeiro, a Arábia Saudita tem pressionado membros da UE e ameaçando cancelar contratos lucrativos com alguns países europeus. (...)

Como a lista negra é eficaz, adicionar um país à lista pode ter consequências financeiras imediatas. É por isso que, poucas horas após o anúncio da comissão em fevereiro, o Departamento do Tesouro dos EUA aconselhou os bancos americanos a ignorar a lista. Depois os Estados Unidos se uniram à Arábia Saudita e ao Panamá, fazendo lobby junto aos membros da UE, o fim da lista negra estava praticamente garantido.

Custos Regulatórios e a CVM

  • A CVM está lançando um canal de sugestão para redução do custo de observância regulatória
  • Na primeira fase, algumas normas foram alteradas/revogadas
  • Nossa sugestão: olhar para o resultada da B3. 
A CVM, entidade que regula o mercado de capitais no Brasil, está recebendo sugestões para redução do custo de observância regulatória. Eis o que diz a entidade:

Por meio de aprovação do Comitê de Governança Estratégica (CGE) da Autarquia, o projeto Redução de Custo de Observância Regulatória foi iniciado em 2017. O principal foco dessa iniciativa foi o de incrementar a eficiência da regulação, sem desconsiderar os riscos que tais ações possam representar para a proteção dos investidores, mandato principal da CVM, e da maximização do bem-estar econômico decorrente da competição plena, eficiente e íntegra entre seus participantes.

O projeto foi dividido em duas fases. A primeira, intitulada Projeto Piloto de eliminação de redundâncias, teve como foco verificar a possibilidade de mudanças regulatórias de menor complexidade, de baixo impacto e direcionadas a situações específicas e pontuais, especialmente com relação a redundâncias ou sobreposições normativas. Como resultado do trabalho desenvolvido, 16 instruções da CVM receberam alterações pontuais e outras 5 foram integralmente revogadas. Mais informações podem ser verificadas na notícia divulgada no site da CVM em 13/12/2018.

A segunda fase, nomeada Carteira de Projetos e priorização de ações, será construída a partir dos apontamentos recebidos na primeira fase e que não se enquadraram nos critérios de elegibilidade no momento inicial, mas que foram considerados convenientes. Eles serão trabalhados no decorrer dos próximos anos, submetidos a critérios de priorização e alinhados ao planejamento estratégico da CVM. Para 2019, por exemplo, parte do trabalho desenvolvido no âmbito do Projeto está refletido na Agenda Regulatória da Autarquia, divulgada no site da CVM em 4/2/2019.


Sem dúvida uma boa iniciativa. Talvez fosse interessante lembrar do lucro elevado da B3. Ok, talvez isto não se enquadre no projeto ou esteja fora da alçada da entidade. Mas a principal (existe outra?) bolsa brasileira tem uma elevada margem. Obviamente isto é possível de duas formas: custo baixo e tarifa elevada. Vale lembrar que hoje nós temos menos empresas com ações na bolsa do que existia em 2008. Bem menos. O gráfico abaixo mostra a relação entre o resultado da B3 e o número de empresas com ações na bolsa.

Dificuldade de Mensurar o Passivo na Boeing


  • O acidente com o avião 737 Max pode exigir uma estimativa de passivo por parte da Boeing
  • Este é um valor difícil de ser estimado
  • Para complicar, ainda não existe uma comprovação que foi o avião o responsável pelo acidente


Em 2013, o avião Dreamliner, da Boeing, apresentou diversos problemas relacionados com a bateria. A Boeing gastou mais de 20 milhões de dólares e três meses para resolver o problema. Agora, a empresa tem um problema parecido com o 737 Max: em um semestre, dois aparelhos caíram.

Pense no contador da empresa. Como ele poderia estimar os efeitos dos dois acidentes em termos de passivo? O paralelo com o Dreamliner não ajuda muito, pois aqui tem um problema de reputação muito mais sério e o custo de atualização do software do avião - provavelmente o responsável pelo problema - ainda é difícil de calcular.

A receita futura estimada com o Max é de 550 bilhões de dólares, segundo o NY Times. Além disto, o preço das ações caíram 11% desde o acidente. Existe uma estimativa de solução do problema para abril, mas isto pode demorar mais. E quanto maior este tempo, maior o custo.

Ainda segundo o jornal, uma estimativa seria de um gasto de quase 1 bilhão por avião para resolver os problemas. Além disto, algumas empresas podem exigir compensação pelas perdas por manter um jato parado. Há também as ações judiciais das famílias. E os atrasos nas entregas futuras do avião. E talvez os descontos para as empresas aéreas. Outro efeito, seria o cancelamento do pedido de compras, mas neste caso as empresas perderiam um adiantamento de 20% do valor de cada avião; ou seja, este efeita talvez não seja expressivo.

Para complicar, alguns analistas suspeitam que talvez o problema não esteja no avião.Há uma informação que o co-piloto tinha 200 horas de experiência, um tempo curto para a profissão.

UBS é punida por OPA em Hong Kong


  • O regulador do mercado de capitais de Hong Kong puniu a UBS por problemas nas Ofertas Públicas de ações
  • No ano passado, Hong Kong foi o principal mercado de OPA do mundo
  • A punição inclui multa e um ano sem atuar no mercado



Isto não é muito comum, mas o Securities and Futures Commission (SFC), a entidade que regula os valores mobiliários em Hong Kong multou a UBS e proibiu de participar de ofertas públicas de ações por um ano na cidade. Outras entidades, como o Morgan Stanley, a Merril Lynch e o Standard Chartered também foram punidas, informou a Reuters.

É importante lembrar que Hong Kong foi o principal ponto de oferta de ações em 2018, com 36,3 bilhões de dólares captados. Assim, a punição merece destaque, além do fato de que este tipo de punição é a primeira vez que ocorre em Hong Kong. O SFC está preocupado com a qualidade do trabalho feito.

As ofertas de ações em Hong Kong precisa de um banco patrocinador, que assume a liderança da oferta. Também recebe mais por isto. Este banco deve fazer uma diligência no momento da avaliação da empresa que está sendo listada e assegura que o valor é adequado. No caso da UBS, isto não ocorreu com a China Forestry, com a Tianhe Chemicals e uma terceira empresa, não identificada, provavelmente a China Metal Recycling. A primeira empresa fez uma oferta pública de ações em 2009 e 14 meses depois o auditor relatou irregularidades; posteriormente a empresa foi liquidada. A UBS não verificou as florestas da empresa. O Stanchart chegou a visitar, mas constatou que não existia coerência entre os locais visitados e os indicados no prospecto. A segunda empresa fez a OPA em 2014 e suas ações não são mais negociadas desde 2015 depois de problemas contábeis.

Rir é o melhor remédio


13 março 2019

Melhores cursos de pós em contábeis dos EUA

Uma nova listagem dos melhores cursos de graduação em Contábeis dos Estados Unidos:

1. University of Texas at Austin (McCombs School of Business)
2. University of Illinois at Urbana-Champaign (Gies College of Business)
3. University of Pennsylvania (Wharton School)
4. Brigham Young University (Marriott School of Business)
5. University of Michigan (Stephen M. Ross School of Business)
6. University of Chicago (Booth School of Business)
7. University of Southern California (Marshall School of Business)
8. Stanford University (Graduate School of Business)
9. New York University (Leonard N. Stern School of Business)
10. Ohio State University (Max M. Fisher College of Business)

O curso do primeiro colocado custa 54 mil dólares para out-of-state, full-time. Por ano. Aqui mais informações.

Uma campainha, um bebê e um cachorro

Um bebê e um cão precisam tocar a campainha para ter um pedaço de queijo. O bebê aprende rápido o truque. E o cão respeita muito o humano, mas o bebê, em um determinado momento, tenta ensinar o cão a obter o queijo. O cão só vai usar a campainha quando ... (sem spoiler) Via BB

Biblioteca Central da Universidade de Brasília: agora 24h

A partir desta madrugada a Biblioteca Central da Universidade de Brasília passará a funcionar 24h em dias úteis e em caráter experimental.

Veja o que saiu no site:
A BCE volta às aulas com horário de funcionamento 24 horas em dias úteis! A novidade começa em caráter experimental a partir das 00h da madrugada de quarta-feira (13/03) para quinta-feira (14/03).
Das 00h às 7h00, os usuários terão acesso apenas ao piso térreo, contando com o seguintes serviços e espaços: salão de estudos do acervo de Referência, banheiros, devolução de livros, Wi-Fi, acervos digitais e scanners de autoatendimento. Não haverá empréstimos nesse horário e haverá acesso apenas ao acervo da Referência.


Robô e trabalho

A propaganda acima é do IMA e trata do trabalho de um empregado com um certificado CMA e o robô. Afinal, robôs não irão roubar seu emprego.

Cidades mais violentas do Brasil 2018

Entre as 50 cidades mais violentas do mundo, o Brasil conseguiu a proeza de ter 14 na lista (México = 15, Venezuela = 6). A lista é só com cidades com mais de 300 mil habitantes e não inclui cidades em zonas de guerra.

48. Teresina = 37,61 homicídios por 100,000 habitantes
44. João Pessoa = 41.36
38. Recife = 43.72
37. Manaus = 44
35. Campos dos Goytacazes = 46.28
30. Macapa = 47.20
29. Salvador = 47.23
25. Aracaju = 48.77
22. Vitoria da Conquista = 50.75
21. Maceio = 51.46
14. Feira de Santana = 63.29
12. Belem = 65.31
9. Fortaleza = 69.15
8. Natal = 74.67

Nenhum orgulho. Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio

História do Blue Bus (no original sem acento):

Alex Jacquot tem apenas 10 anos, mas já sonha em ter sua própria companhia aérea. Em carta enviada ao CEO da Qantas, Alan Joyce, o pequeno australiano – que se apresenta como “CEO da Oceania Express” – pede dicas sobre como usar seu tempo livre para lançar a empresa, por onde começar e também como garantir um sono confortável a seus futuros passageiros em voos de 25 horas para Londres. No Twitter, a companhia aérea – a maior e mais antiga da Austrália – compartilhou a carta de Alex e a resposta enviada a ele por Joyce. ”Nossos competidores normalmente nao nos pedem conselhos, mas quando o líder de uma companhia aérea entra em contato, nao podemos ignorar. Naturalmente, só havia uma forma de responder: de CEO para CEO”, tuitou a empresa, em mensagem que já tem dezenas de milhares de curtidas e compartilhamentos. Além de aproveitar a oportunidade para exaltar sua companhia – “minha dica nº 1 (…) é colocar a segurança em 1º lugar”/(…) fazer de tudo para tornar as viagens o mais confortáveis e acessíveis possível”, Joyce convidou o menino para uma reuniao – entre “o CEO da companhia aérea mais antiga da Austrália e o CEO da mais nova companhia aérea da Austrália” – e também para conhecer o centro de operaçoes da Qantas. Foi o suficiente para derreter o coraçao da internet e colecionar elogios dignos de fazer inveja a qualquer empresa. Saiu na Adweek.



12 março 2019

Robôs não vão roubar seu emprego

Some good news: The robots aren’t coming for your job. Experts say fears that rapid advances in artificial intelligence, machine learning, and automation will leave all of us unemployed are vastly overstated.

But concerns over growing inequality and the lack of opportunity for many in the labor force — serious matters linked to a variety of structural changes in the economy — are well-founded and need to be addressed, four scholars on artificial intelligence and the economy recently told an audience at Stanford Graduate School of Business.

But concerns over growing inequality and the lack of opportunity. That’s not to say that artificial intelligence isn’t having a profound effect on many areas of the economy. It is, of course. But understanding the link between the two trends is difficult and it’s easy to make misleading assumptions about the kinds of jobs that are in danger of becoming obsolete. “Most jobs are more complex than [many people] realize,” said Google’s chief economist, Hal Varian, during a forum on the future of work, which was sponsored by the Stanford Institute for Human-Centered Artificial Intelligence.

Fonte: aqui

[...]

Remotely controlled robots OriHime-D, developed by Ory Lab Inc. to promote employment of disabled people, serve customers at a cafe in Tokyo, Japan. Credit: Reuters/Issei Kato

Darwin

Uma mulher pulou uma cerca de segurança do zoológico para tirar uma selfie ao lado de um jaguar. O caso ocorreu nos Estados Unidos, no Arizona. A mulher foi atacada pelo animal e seus ferimentos não foram graves.

O diretor do Zoo disse que não existe uma forma de impedir que as pessoas pulem as cercas: "As cercas estão lá por um bom motivo", disse ele.

Isto me faz lembrar uma frase de um funcionário do departamento de turismo da Islândia (não lembro onde li) que, ao comentar sobre as atitudes de certos turistas, afirmou: "aqui acreditamos em Darwin".

Danske deve sair da Estônia por lavar dinheiro


  • O maior banco dinamarquês ajudou a lavar dinheiro através da filiar da Estônia e por este motivo terá 8 meses para abandonar a Estônia
  • Recentemente o banco ganhou o prêmio de maior ator corrupto de 2018 da Organized Crime and Corruption Reporting Project

O Danske Bank foi fundado em 1871 e possui sede em Copenhague, Dinamarca. Possui 19 mil empregados e receitas de 48 bilhões de coroas dinamarquesa, algo em torno de 28 bilhões de reais, sendo o maior banco do país. Por operar na região nórdica (Estônia, Letônia, Lituânia, Finlândia e Irlanda do Norte), o Danske está na lista das 500 maiores empresas do mundo da Forbes.

Em 2014, a autoridade de supervisão bancária da Estônia encontrou um grande sistema de violação nas regras de lavagem de dinheiro na filial do banco. A Estônia comunicou as atividades dinamarqueses, mas a investigação começou a envolver autoridades francesas. Como consequência, o executivo do banco renunciou em 2018. Autoridades do Reino Unido e Estados Unidos também começaram a investigar o banco por lavagem de dinheiro.

Em razão disto, o banco recebeu o prêmio de “most corrupted actor” da Organized Crime and Corruption Reporting Project. E esta não é uma honraria qualquer: a lavagem de 230 bilhões de euros foi decisiva para destacar o banco como uma entidade que mais fez para promover a atividade criminosa e a corrupção no mundo. O Danske venceu Putin, Viktor Orban (presidente da Hungria), Mohammed bin Salman (Arábia Saudita) e Trump. O vencedores deste prêmio no passado foram Rodrigo Duterte (2017, presidente da Filipinas), Maduro (2016, presidente da Venezuela), Milo Djukanovic (2015, ex-presidente de Montenegro), Vladimir Putin (2014), parlamento romeno (2013, que tentou descriminalizar o suborno e outras formas de corrupção) e Ilham Aliyev (2012, presidente do Azerbaijão).

O banco não tinha sistema de gerenciamento e controle de risco na Estônia. Em 2013, um funcionário do banco alertou a matriz em Copenhague, mas foi ignorado. Acredita que entre 20 a 80 bilhões de dólares foram retirados da Rússia pelo Danske.

Agora, no final de fevereiro, as autoridades da Estônia deram um prazo de oito meses para o Danske Bank abandonem o país em razão do escândalo de lavagem de dinheiro. Em dezembro, a polícia da Estônia prendeu dez ex-funcionários do banco envolvidos no esquema. Além disto, Kilvar Kessler, o responsável pelo regulador da Estônia, criticou as autoridades dinamarquesas por terem sido “suaves” demais com o banco e não terem impedido o problema. Um fato contábil que confirma a crítica de Kessler: em 2008, a filial da Estônia foi responsável por quase 10% do lucro anual do Danske, sem atrair a atenção dos dinamarqueses.

KPMG

No passado, a KPMG contratou ex-funcionários da entidade que supervisiona empresas de auditorias (PCAOB) e junto com eles algumas informações confidenciais. O problema chegou ao conhecimento da justiça e os contratados e os contratantes estão sendo julgados.

Agora um ex-sócio da KPMG, David Middendorf, foi julgado culpado (aqui e aqui). Ele foi acusado de usar informações sobre quais auditorias da KPMG seriam revisadas pelo PCAOB e com isto preparando para a inspeção da entidade. Também foi condenado um ex-funcionário da PCAOB, Jeffrey Wada. A sentença deverá sair em agosto. Mas Middendorf foi inocentado na tentativa de fraudar o governo. (Apenas lembrando, o PCAOB é uma entidade privada; a SEC é governo; o julgamento condenou a fraude contra a PCAOB). Em setembro mais um acusado deverá ser julgado.

Fatos históricos desconhecidos

Esta é uma pergunta do Quora (a partir do original aqui): Fatos históricos que surpreendem


1. Alexandre o Grande nunca perdeu uma batalha
2. 20MB era o maior HD em 1992.
3. O primeiro shopping foi construído em Roma entre 107 e 110 DC na época do Imperador Trajano.
4. Em 1961 a Força Aérea Americana deixou cair duas bombas nucleares ativas sobre a Carolina do Norte.
5. Mamute-lanoso ainda existiam quando a Pirâmide de Gizé foi construída.
6. A atual bandeira dos Estados Unidos foi projetada por um estudante do Ensino Médio como um projeto escolar, no qual ele recebeu um B-. Seu professor depois mudou para um A depois que foi escolhida como bandeira nacional.
7. A Constituição Americana contém erros gramaticais.
8. Hitler, Mussolini e Stalin, Foram todos nomeados para o Prêmio Nobel da Paz.

Rir é o melhor remédio

Efeito propriedade

11 março 2019

Ser irracional é muito racional

Decisions always make sense to the decider; when everyone around you appears irrational, maybe you're using an irrational heuristic. ("I just can't understand why somebody would do that...")



CRS e a China


  • O CRS é uma troca de informações tributárias e financeiras entre diversos países do mundo
  • Este instrumento pode ser usado por regimes não democráticos para pressionar os opositores
  • Existe uma estimativa de que chineses possuem 1 trilhão depositados no exterior.


O Padrão Comum de Relatório ou Common Reporting Standard (CRS) é um modelo desenvolvido pela OCDE para troca de informações tributárias e financeiras entre países. Este relatório iniciou com um acordo de 47 países em 2014 para compartilhar informações sobre rendimentos e ativos de maneira automática. Sua finalidade é reduzir a evasão fiscal mútua entre países que aderiram ao modelo. Isto inclui os países da OCDE e, também, o Brasil e a China.

Sobre este último país, o Project Syndicate alerta que o acordo pode ter (está tendo) consequências econômicas ruins. Com o CRS tem-se um banco de dados centralizado que poderá monitorar o comportamento das pessoas, em especial nos regimes não democráticos, como é o caso chinês. O governo teria um controle sobre as pessoas, incluindo aqueles que não agradam mais ao regime.

Empresários chineses sensatos, portanto, consideravam um dever para si mesmos e suas famílias esconder parte de sua riqueza no exterior.

Há uma estimativa de que US$1 trilhão em ativos não declarados de chineses estejam no exterior. Os donos destes ativos podem ser considerados criminosos a partir das informações recebidas de governos ocidentais. Assim, o CRS pode ser um instrumento de repressão, já que ao contrário de outros países a China não permitiu que pessoas declarassem a existência destes ativos ocultos. E nestes países, segundo o Project Syndicate, a principal motivação para esconder o dinheiro no exterior é a diversificação de riscos, sendo a privacidade fundamental para evitar extorsão. Lembram o caso dos milionários sauditas presos em um hotel?

Dica de produtividade

Esta é uma dica que li em algum lugar (acho que no Quora) e resolvi a adotar na minha vida diária. É uma maneira de aumentar a produtividade diária: colocando seu celular no modo preto e branco. Passamos muitas horas no telefone, a um ponto de ser viciante. É muito comum nos dias de hoje você olhar quatro pessoas sentadas em uma mesa, cada um com o seu aparelho. Ou em uma sala de aula, as pessoas com o telefone ligado, sem prestar nenhuma atenção ao conhecimento e as discussões que estão ocorrendo.

Provavelmente você deve passar mais de 15 horas por semana com o seu aparelho. Uma forma de reduzir este tempo é retirando as cores da tela do celular.

a cores LCD estimulam partes do nosso cérebro que herdámos dos ancestrais há muito tempo. Na natureza, as cores brilhantes significam itens de interesse. As muitas cores brilhantes na tela do telefone ssignificam muitos itens de interesse, o tempo todo . Eles fixam nossos cérebros, que ainda são acionados por cores brilhantes. Designers de telefones fazem isso intencionalmente para nos atrair .

Efeito da política ambiental

De que forma a política ambiental pode refletir no combate ao desmatamento? Juliano Assunção (PUC RJ), Joshua Murphy (Natural Resources Canada), Robert McMillan e Eduardo Souza-Rodrigues (ambos da Universidade de Toronto) verificaram a “lista prioritária” de municípios de 2008 feita pelo governo federal brasileiro na Amazônia. Esta lista reduziu o desmatamento e as emissões. Eis o resumo da pesquisa:

This paper sets out an empirically-driven approach for targeting environmental policies optimally in order to combat deforestation. We focus on the Amazon, the world's most extensive rainforest, where Brazil's federal government issued a ‘Priority List’ of municipalities in 2008, to be targeted with more intense environmental monitoring and enforcement. In this setting, we first estimate the causal impact of the Priority List on deforestation using ‘changes-in-changes’ (Athey and Imbens, 2006), a flexible treatment effects estimation method, finding that it reduced deforestation by 40 percent and cut emissions by 39.5 million tons of carbon. Second, we develop a novel framework for computing targeted ex-post optimal blacklists. This involves a procedure for assigning municipalities to a counterfactual list that minimizes total deforestation subject to realistic resource constraints, drawing on the ex-post treatment effect estimates from the first part of the analysis. Accounting for spillovers, we show that the ex-post optimal list resulted in carbon emissions over 7.4 percent lower than the actual list, amounting to savings of more than $900 million, and emissions over 25 percent lower (on average) than a randomly selected list. The approach we propose is relevant for assessing both targeted counterfactual policies to reduce deforestation and quantifying the impacts of policy targeting more generally.

Rir é o melhor remédio

"50 anos, gordo, diabético, na sua frente"

10 março 2019

Pemex


  • As agências de rating começaram a rebaixar a Pemex, a estatal do petróleo do México
  • A empresa possui muitos problemas, inclusive roubo de combustível estimado em 3 bilhões de dólares 
  • O novo governo prometeu um aumento de capital de 4 bilhões para uma empresa que possui dívida de 107 bilhões de dólares

A Pemex é a Petrobras do México. Criada em 1938 é monopolista na exploração dos recursos energéticos no México. Possui receita de 117 bilhões de dólares e mais de 400 bilhões de ativos, além de 138 mil empregados. Ou seja, é uma empresa muito maior que a Petrobras, em uma economia menor que a brasileira.

Assim como a Petrobras, a Pemex é muito mal gerenciada. E muito endividada também. Em razão destes fatores, as agências de crédito começaram um movimento para cortar a nota da empresa. A Se P reclassificou a empresa recentemente em B-, abaixo do grau de investimento. A Fitch reduziu o rating para BBB-, assim como a Moody´s. Havia uma promessa de aumentar o capital da empresa em quase 4 bilhões de dólares, um pouco acima das perdas estimadas que a empresa tem com o roubo anual de petróleo, estimado em 3 bilhões.

Atualmente as dívidas da empresa chegam a 107 bilhões de dólares ou 5% do PIB do México. As obrigações com a previdência, quando somadas com a CFE, corresponde a 9% do PIB. A produção de petróleo da empresa é de 1,62 milhão de barris dia. Para se ter uma ideia, a Petrobras, uma empresa menor, produziu 2 milhões em 2018.

A empresa possui muitos problemas: redução de reservas, má gestão, muitos empregados, falta de investimento, roubo de petróleo, tributos excessivos e ... corrupção. Por enquanto, o novo governo parece confortável na popularidade elevada. Até quando?

Cartonn de 2008, mas ainda atual.

História da Contabilidade: Princípios de Contabilidade

Os princípios de contabilidade começam a aparecer na história brasileira somente no século XX. Já fizemos uma postagem sobre este assunto, mostrando que já na escola técnica de Juiz de Fora existia uma cadeira com este nome. Mostramos obras sobre o assunto, assim como a primeira referência, em um balanço da extinta Vasp, uma companhia aérea do estado de São Paulo.

Achei um curioso discurso, proferido em 1853, pelo presidente da província do Ceará, Joaquim Villela de Castro Tavares, na abertura da legislatura (fonte: Pedro II, 13 set 1853, p 1, ano XIII, n 1271):

É bom por exemplo saber o latim, e deleitar-se com a leitura de Virgilio, e Homero; aprender rhetorica, e apreciar as bellesas de Cicero, de Mirabeau, e Bossuel, mas releva confessar que aproveitaa muito mais ao agricultor saber a botanica descriptiva e applicada, ao negociante os principios de contabilidade e escripturação, o direito commercial e maritimo, e ao artista a geometria applicada ás artes.

Apesar do tempo, sábias palavras.

História da Contabilidade - O Instituto Commercial - 2

Apesar da estrutura do Instituto Commercial, de ter o apoio financeiro da Corte, o mesmo não representou uma democratização no conhecimento contábil no Brasil. Lembrando que em 1860 o Brasil possuía em torno de 8,5 milhões de habitantes. A cidade do Rio de Janeiro deveria ter 250 mil habitantes.

E no início de 1857, o Instituto Commercial iniciava seu ano letivo com 11 novos alunos, todos do sexo masculino. Todos com nomes de origem portuguesa. (Fonte: Correio Mercantil, 1 março de 1857, ed 59, p2):
O professor de Contabilidade era Francisco José dos Santos Rodrigues (Fonte: 1857, Correio Mercantil, ed 46, 15 fevereiro, p. 1)

História da Contabilidade: O Instituto Commercial - 1

Quando queremos conhecer o passado da contabilidade brasileira percebemos uma grande quantidade de pontos obscuros. Diversos temas possuem assuntos que não foram devidamente tratados. Um deles é o que aconteceu com as Aula de Commercio, que foram instituídas pelo rei português em 1808.

Antes da chegada da corte, Portugal tratou muito mal o nosso país. Além de proibir qualquer tentativa de industrialização, também impedia a imprensa. Isto significou um grande atraso no desenvolvimento do nosso país. Quando a corte foi expulsa por Napoleão, uma das primeiras medidas foi replicar algumas das instituições que existia em Lisboa. Uma delas era a Aula de Commércio, que tardiamente introduziu as partidas dobradas na vida portuguesa.

Sabemos que foram criadas várias Aulas, em diferentes cidades do Brasil. Mas depois parece que perdemos um pouco da história do que ocorreu com estas Aulas. Uma destas Aulas de Comércio, a do Rio de Janeiro, a capital do Brasil, continuou existindo até meados do século XIX, quando foi transformado em Instituto Commercial. Este Instituto Commercial funcionava no Colégio Dom Pedro e usava a estrutura das Aulas. Tinha o apoio financeiro do governo, já que quem assinou a norma de criação do Instituto Commercial foi Luiz Pedreira do Couto Ferraz, então ministro dos Negócios do Império, através do Decreto 1.763/1856.

Este decreto já informa logo de início:

Capítulo I
Da reorganisação da Aula do Commercio, e do Curso de estudos
Art. 1º A Aula do Commercio desta Côrte formará hum Curso de estudos, com a denominação de - Instituto Commercial do Rio de Janeiro

O diretor do Instituto estava subordinado ao Ministro dos Negócios do Imperio e seu curso tinha a duração de dois anos. No primeiro ano, o aluno aprendia Contabilidade e Escrituração Mercantil (Cadeira 1) e Geografia e Estatística Comercial (Cadeira 2). No segundo ano mais duas cadeiras: Direito Mercantil e “Economia politica com applicação especial ao commercio e á industria”.

Além disto, haveria aula de caligrafia e desenho linear.

O artigo sexto do decreto apresentava o conteúdo do curso de Contabilidade:

O Professor de contabilidade e de escripturação mercantil principiará o seu Curso fazendo recordar a seus alumnos todos os calculos arithmeticos applicaveis ao commercio: dar-lhes-ha noções elementares do calculo de probabilidades e depois de explicar-lhes desenvolvidamente a Metrologia nacional, comparando-a com os systemas de pesos e medidas dos Paizes commerciaes, com applicação ás questões mais usuaes da stereometria, passará a ensinar-lhes a contabilidade e escripturação mercantil, o systema de cambios, as leis que determinão suas variações, a escripturação por partidas dobradas, os saques de praça a praça, a arrumação de livros, e as principaes operações do commercio.
O mesmo Professor deverá no ensino pratico simular entre seus alumnos a direcção e escripturação de huma casa commercial, fazendo com que elles escripturem os respectivos livros, que serão apresentados quando tiverem de ser julgados nos exames do fim do anno.
A escripturação de cada dia deverá ser feita na aula, á vista do Professor, em livros rubricados por elle, que a examinará, e corrigirá no dia seguinte, notando aos alumnos os erros, que tiver encontrado.

Para ser admitido no Instituto, o aluno deveria ter no mínimo 16 anos e ter conhecimento de português, inglês e francês, aritmética, álgebra até equações do segundo grau, geometria plana e espacial e trigonometria. No final do ano, o aluno seria avaliado através de arguição oral.

O artigo 36 do decreto mostra que os melhores alunos teriam emprego garantido na burocracia pública:

Os alumnos que obtiverem esta Carta poderão ser despachados para os lugares de 5os Ecripturarios do Thesouro Nacional, e para os de 4os escripturarios das Thesourarias, independentemente de concurso, e terão a preferencia para os empregos deste Instituto, das Alfandegas, dos Consulados, e das Repartições que não exigirem outras habilitações especiaes que elles não tenhão.

Este ponto depois será retomado na criação do curso técnico da Fecap, em São Paulo. Um aspecto curioso do Instituto: o professor ganhava mais do que o diretor!

(Ministério do Império, Relatório da Repartição dos Negócios do Império (RJ), 1857, ed 1, p 117.