13 janeiro 2013
12 janeiro 2013
Fato da Semana
Fato: As manobras do governo para fechar suas contas
Qual a relevância disto? Uma empresa precisa gerar mais receita que despesa. Quando isto não ocorre, gera um prejuízo e seu acionista sabe que é uma situação que não pode perdurar por mais tempo, caso contrário a empresa morre. Do mesmo modo, o governo também necessita ter receita compatível com as despesas; caso contrário, ou aumenta os impostos ou reduz as despesas. Mas no mundo moderno, a geração de um superávit passou a ser visto como um sinal de uma boa gestão financeira das contas públicas. E num mundo em crise, onde diversos países estão com dificuldade de fechar suas contas, passar a impressão de que um governo consegue ter receitas maiores que despesas é um sinal positivo.
O governo brasileiro aumentou substancialmente as despesas nos últimos anos. Também conseguiu arrecadar mais impostos. Mesmo assim, ao final do ano de 2012 as contas públicas apontavam um resultado negativo. Uma série de operações, realizadas nos últimos dias de dezembro, permitiu que o governo registrasse superavit. Entretanto, ficou claro para quem acompanha as finanças públicas, que foram malabarismos contábeis.
Para contabilidade, particularmente a contabilidade pública, fica uma imagem de algo manipulável. A representação fidedigna deixa de existir.
Positivo ou Negativo? Para a contabilidade, sem dúvida nenhuma negativo. Seria mais importante que prevalecesse o retrato mais fiel das contas públicas.
Desdobramentos - Esta é uma das situações onde os efeitos são de longo prazo. Principalmente reduz a credibilidade das contas públicas.
Qual a relevância disto? Uma empresa precisa gerar mais receita que despesa. Quando isto não ocorre, gera um prejuízo e seu acionista sabe que é uma situação que não pode perdurar por mais tempo, caso contrário a empresa morre. Do mesmo modo, o governo também necessita ter receita compatível com as despesas; caso contrário, ou aumenta os impostos ou reduz as despesas. Mas no mundo moderno, a geração de um superávit passou a ser visto como um sinal de uma boa gestão financeira das contas públicas. E num mundo em crise, onde diversos países estão com dificuldade de fechar suas contas, passar a impressão de que um governo consegue ter receitas maiores que despesas é um sinal positivo.
O governo brasileiro aumentou substancialmente as despesas nos últimos anos. Também conseguiu arrecadar mais impostos. Mesmo assim, ao final do ano de 2012 as contas públicas apontavam um resultado negativo. Uma série de operações, realizadas nos últimos dias de dezembro, permitiu que o governo registrasse superavit. Entretanto, ficou claro para quem acompanha as finanças públicas, que foram malabarismos contábeis.
Para contabilidade, particularmente a contabilidade pública, fica uma imagem de algo manipulável. A representação fidedigna deixa de existir.
Positivo ou Negativo? Para a contabilidade, sem dúvida nenhuma negativo. Seria mais importante que prevalecesse o retrato mais fiel das contas públicas.
Desdobramentos - Esta é uma das situações onde os efeitos são de longo prazo. Principalmente reduz a credibilidade das contas públicas.
Teste da Semana
Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.
1 - Um dos maiores escândalos contábeis dos últimos meses no Brasil foi o do Banco Cruzeiro do Sul. Uma estimativa do Ministério Público de São Paulo informa que ___ % do lucro líquido era falso:
101%
71%
61%
2 - Os balanços das empresas estão sendo aguardados pelos economistas para
Verificar o aumento da carga tributária no lucro das empresas
Verificar o efeito da economia sobre o desempenho das empresas
Verificar o impacto do aumento de preços praticado nos últimos meses
3 - Um acordo de 20 bilhões de dólares entre bancos e autoridades dos EUA foi firmado recentemente. O acordo
deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2012
deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2013
não deverá ter efeito, pois não afeta o caixa dos bancos
4 - MMX e Natura foram destaques esta semana pelo seguinte motivo
autuação do Ministério do Trabalho
cobrança de impostos por parte da Receita Federal
divulgação de notícias boas e reação do mercado acionário
5 - E a Herbalife tem sofrido no mercado acionário dos Estados Unidos. A principal razão refere-se a problemas com
endividamento
geração de caixa
receita
6 - Esta empresa está desenvolvendo um software para o FBI para detectar fraude contábil em e-mails corporativos:
Ernst Young
IBM
Norton
7 - A AES Eletropaulo anunciou esta semana que está negociando um imóvel, que irá resultar num lucro de 62 milhões. A empresa afirmou que o valor
já foi reconhecido no passado, quando usou o deemed cost
será reconhecido até 2016
será reconhecido quando ocorrer a operação
8 - Os antigos acionistas do BVA tentaram, quando da intervenção, tirar vantagem desta entidade do terceiro setor
Cruz Vermelha do Brasil
Legião da Boa Vontade
Sport Club Corinthians
1 - Um dos maiores escândalos contábeis dos últimos meses no Brasil foi o do Banco Cruzeiro do Sul. Uma estimativa do Ministério Público de São Paulo informa que ___ % do lucro líquido era falso:
101%
71%
61%
2 - Os balanços das empresas estão sendo aguardados pelos economistas para
Verificar o aumento da carga tributária no lucro das empresas
Verificar o efeito da economia sobre o desempenho das empresas
Verificar o impacto do aumento de preços praticado nos últimos meses
3 - Um acordo de 20 bilhões de dólares entre bancos e autoridades dos EUA foi firmado recentemente. O acordo
deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2012
deverá ter efeito nas demonstrações contábeis de 2013
não deverá ter efeito, pois não afeta o caixa dos bancos
4 - MMX e Natura foram destaques esta semana pelo seguinte motivo
autuação do Ministério do Trabalho
cobrança de impostos por parte da Receita Federal
divulgação de notícias boas e reação do mercado acionário
5 - E a Herbalife tem sofrido no mercado acionário dos Estados Unidos. A principal razão refere-se a problemas com
endividamento
geração de caixa
receita
6 - Esta empresa está desenvolvendo um software para o FBI para detectar fraude contábil em e-mails corporativos:
Ernst Young
IBM
Norton
7 - A AES Eletropaulo anunciou esta semana que está negociando um imóvel, que irá resultar num lucro de 62 milhões. A empresa afirmou que o valor
já foi reconhecido no passado, quando usou o deemed cost
será reconhecido até 2016
será reconhecido quando ocorrer a operação
8 - Os antigos acionistas do BVA tentaram, quando da intervenção, tirar vantagem desta entidade do terceiro setor
Cruz Vermelha do Brasil
Legião da Boa Vontade
Sport Club Corinthians
George Orwell e o uso da linguagem
ROBERTO, MACEDO, ECONOMISTA (UFMG, USP, HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É CONSULTOR ECONÔMICO, DE ENSINO SUPERIOR, - O Estado de S.Paulo
George Orwell foi um grande escritor e jornalista inglês. Na sua extensa obra, dois livros se destacaram, inclusive no Brasil, nos quais revelou sua intensa oposição ao autoritarismo e ao totalitarismo: 1984 e A Revolução dos Bichos.
Aqui inspirou até o nome de um programa de televisão, o Big Brother Brasil. Big Brother, ou o Grande Irmão, era a figura imaginária e onipresente que conduzia o partido no poder num país sob jugo totalitário, imaginado por Orwell. Esse partido controlava seus membros de forma acintosa e cada um tinha em sua residência uma câmera de vídeo com que era observado pelo controle central exercido pelo Big Brother.
Menos conhecida é a paixão de Orwell pela clareza no uso da linguagem. Soube pelo seu livro Como Morrem os Pobres e Outros Ensaios (São Paulo, Companhia das Letras, 2011). Nele, o capítulo A política e a língua inglesa trata mais da linguagem do que da política. Esta e os políticos entram em cena porque Orwell lhes atribui parte da culpa pela má linguagem.
Começa apontando a decadência da língua inglesa. As causas, várias, com seu próprio efeito atuando como causa adicional, ao reforçar as originais, produzir o mesmo resultado de forma intensificada, e assim por diante, indefinidamente. Nas suas palavras, a linguagem "... se torna feia e imprecisa porque nossos pensamentos são tolos, mas seu desmazelo torna mais fácil para nós termos pensamentos tolos".
Várias de suas observações cabem também à língua portuguesa no seu uso no Brasil. Entre outros males, é evidente a invasão de estrangeirismos, principalmente ingleses, muitas vezes sem ponderação quanto ao seu significado e à necessidade e relevância de usá-los. Entre casos mais comuns, estão delivery, sale e off. E há bullying, que ignora nosso verbo bulir e o substantivo bulimento.
Há também os estranhos nomes que recebem edifícios lançados na cidade de São Paulo, quase todos em inglês, francês ou italiano. Recentemente, um jornalista americano que nela vive me disse ter ficado perplexo com um deles, o Augusta High Living, na chamada baixa Rua Augusta. Em inglês high é palavra também usada para descrever uma pessoa embriagada ou sob efeito de drogas.
Para crítica, Orwell apresenta cinco trechos de igual número de autores e neles ressalta duas características comuns. A primeira é o "ranço das imagens" ou metáforas. A segunda é a falta de precisão conceitual, à qual voltarei mais à frente.
Quanto às metáforas, e escrevendo em 1946, argumenta que uma "recém-inventada ajuda o pensamento a evocar imagem visual, ao passo que uma que está tecnicamente 'morta' (por exemplo, resolução férrea) se transforma numa palavra comum e pode ser usada sem perda de vivacidade. Mas, entre esses dois tipos, há um enorme depósito de metáforas gastas que perderam todo o poder de evocação e só são usadas porque economizam para as pessoas o trabalho de inventar expressões".
Entre as gastas que cita, várias estão também na nossa língua: trocar seis por meia dúzia, misturar alhos com bugalhos, caiu na rede é peixe e calcanhar de Aquiles. Acrescenta que muitas dessas expressões são usadas sem o conhecimento de seu sentido, e pergunta: o que são bugalhos, por exemplo?
É ao discutir o sentido das palavras e expressões que enfatiza a política e os políticos. O termo democracia tem destaque: "... além de não existir uma definição com que todos concordem, a tentativa de criá-la sofre resistência de todos os lados. (... ) quando dizemos que um país é democrático, nós o estamos elogiando; em consequência, os defensores de todo tipo de regime alegam que ele é democrático, e temem que tenham de deixar de usar a palavra se esta for atrelada a algum significado".
E mais: "Em nosso tempo, o discurso e a escrita política são, em grande medida, a defesa do indefensável. (...) Desse modo, a linguagem política precisa consistir, em larga medida, em eufemismos, argumentos circulares e pura imprecisão nebulosa. (...) O estilo inflado é em si mesmo uma espécie de eufemismo. (...) A linguagem política (...) é projetada para fazer com que as mentiras soem verdadeiras (...), e para dar uma aparência de solidez ao puro vento". Assim, mesmo discorrendo sobre linguagem, percebe-se que Orwell foi fiel à sua vocação de rebelar-se quanto ao que via de errado na política, na qual ressaltou esse uso deturpado.
Afirmações suas soam familiares no Brasil, onde, por exemplo, é disseminado o entendimento de que o voto livre e universal basta para marcar o País como uma democracia; onde a escolha de reitores de universidades públicas apenas por seus professores, estudantes e funcionários é defendida a pretexto de ser democrática;
[...]Quanto à linguagem em si, Orwell propõe seis regras para aprimorá-la, e adaptei a quinta à nossa língua: "1) Nunca use uma metáfora, símile ou outra figura de linguagem que está acostumado a ver impressa; 2) nunca use uma palavra longa quando uma curta dará conta do recado; 3) se é possível cortar uma palavra, corte-a sempre; 4) nunca use a voz passiva quando pode usar a ativa; 5) nunca use uma expressão estrangeira, uma palavra científica ou um jargão se puder pensar num equivalente do português cotidiano; 6) infrinja qualquer uma destas regras antes de dizer alguma coisa totalmente bárbara".
Adicionaria uma sétima, a de evitar frases longas, pois embolam o raciocínio e confundem leitores e ouvintes. E de um filósofo da educação, o franco-americano Jacques Barzun, uma que abrange todas: escrever é reescrever.
Fonte: aqui
A besta insaciável: gastos do governo
O mundo observa enquanto os Estados Unidos lutam por seu futuro fiscal, mas os contornos dessa batalha refletem divisões sociais e filosóficas mais amplas que provavelmente vão influir de muitas maneiras no mundo inteiro, nas próximas décadas. Têm havido muitas discussões a respeito dos cortes dos gastos pelo governo, mas não foi dada atenção suficiente à possibilidade de tornar os gastos do governo mais eficientes. No entanto, se o governo não adotar uma estratégia mais criativa no fornecimento de serviços, seus custos continuarão subindo inexoravelmente.
Todo setor de serviços intensivos enfrenta os mesmos desafios. Na década de 60, os economistas William Baumol e William Bowen escreveram sobre a "doença dos custos" que grassa nesses setores. O famoso exemplo que eles apresentaram foi o do quarteto de cordas de Mozart, que exige o mesmo número de músicos e de instrumentos nos tempos modernos quanto no século 19. Do mesmo modo, leva aproximadamente o mesmo tempo para um professor avaliar um trabalho quanto há 100 anos.
Por que razão o lento crescimento da produtividade se traduz em altos custos? Ocorre que, em última instância, os setores de serviços precisam competir por uma mão de obra que faz parte da mesma reserva nacional de trabalhadores de setores nos quais a produtividade cresce rapidamente, como finanças, indústria e tecnologia da informação.
Evidentemente, o governo é o setor de serviços intensivos por excelência. São funcionários do governo os professores, policiais, lixeiros, e os integrantes das Forças Armadas.
As escolas modernas se parecem muito mais com as de 50 anos atrás do que as fábricas modernas com as daquela época. E, embora a inovação no campo militar tenha sido espetacular, ainda se baseia em grande parte na mão de obra intensiva. Se as pessoas querem o mesmo nível de serviços do governo em relação a outros itens que elas consomem, os gastos do governo acabarão exigindo com o tempo uma parcela cada vez maior da produção nacional.
De fato, nem só os gastos do governo aumentaram enquanto parcela da renda, mas também cresceram os gastos em muitos setores de serviços. Hoje, esse setor, que inclui o governo, corresponde a mais de 70% da renda nacional das economias mais avançadas.
A agricultura, que nos anos 1800 representava mais da metade da renda nacional, encolheu para poucos pontos porcentuais. O emprego na indústria que representava talvez um terço do emprego, ou mesmo mais, antes da 2.ª Guerra, caiu drasticamente. Nos EUA, por exemplo, o setor manufatureiro emprega menos de 10% de todos os trabalhadores. Portanto, enquanto o pessoal conservador em matéria de economia exige cortes dos gastos, forças poderosas impelem na direção contrária.
Na realidade, o problema é mais grave no setor público, onde o crescimento da produtividade é muito mais lento. Embora isso possa refletir a variedade peculiar de serviços que são esperados dos governos, a história não acaba aqui.
Evidentemente, parte do problema está no fato de que os governos usam a mão de obra não apenas para fornecer serviços, mas também para fazer transferências implícitas. Além disso, as agências governamentais atuam em muitas áreas em que enfrentam pouca concorrência - e, portanto, encontram pouca pressão para inovar.
Por que não levar um maior envolvimento do setor privado, ou pelo menos a concorrência, ao governo? A educação, onde o poder das modernas tecnologias revolucionárias mal foi percebido, seria um bom lugar para começar. Sofisticados programas de computação estão se tornando muito eficientes para avaliar os trabalhos dos alunos do ensino médio, e podem até atingir o mesmo nível dos melhores professores.
A infraestrutura é obviamente outra área de ampliação do envolvimento do setor privado. Antigamente, por exemplo, acreditava-se que os motoristas que dirigiam nas estradas administradas por empresas privadas sabiam que teriam de pagar vários pedágios. Entretanto, os modernos radares e os sistemas de pagamento automático resolveram a questão.
Mas não devemos imaginar que adotar o fornecimento dos serviços de empresas privadas constituiria uma panaceia. Seria sempre necessária uma regulamentação, ainda mais quando existe o envolvimento de um monopólio ou de um quase monopólio.
Quando presidente dos EUA, na década de 80, Ronald Reagan descreveu sua estratégia de política fiscal como "deixar a besta morrer de fome": ou seja, o corte de impostos acabará obrigando as pessoas a aceitarem uma redução dos gastos do governo. Sob muitos aspectos, sua estratégia foi um grande sucesso. Ocorre que os gastos do governo continuaram crescendo, porque os eleitores ainda querem os serviços que o governo oferece. Hoje, está claro que conter a expansão do governo significa definir incentivos de modo que a inovação na administração pública acompanhe a inovação em outros setores de serviços.
Sem novas ideias, batalhas como as que estão ocorrendo hoje nos EUA só poderão se agravar.
Os políticos podem e prometem fazer melhor, mas não terão sucesso a não ser que identifiquemos de que maneira é possível aumentar a eficiência e a produtividade dos serviços prestados pelo governo. / TRADUÇÃO ANNA CAPOVILLA
Fonte: aqui
11 janeiro 2013
Conselho de Administração e Desempenho
Em geral temos a visão de que uma empresa funciona graças
aos esforços do seu presidente. Este ser humano traduz uma imagem de uma pessoa
extremamente inteligente, que conduz, de maneira acertada, a empresa para o
sucesso. Bill Gates, Ford, Gates e Setubal são alguns dos melhores exemplos
deste executivo. Os livros e revistas de negócios tendem a valorizar esta
figura, criando uma imagem de alguém infalível.
Já o Conselho de Administração de uma empresa é geralmente
deixado de lado. Ou quando aparece, quase sempre é no sentido de atrapalhar a
visão do gestor ou para simplesmente referendar suas decisões. Quem se lembra
do nome de alguém que fez parte de um Conselho de Administração?
Na empresa moderna, este Conselho tende a ganhar cada vez
mais importância. Mas será que existe um vínculo entre o Conselho e o que
ocorre com a empresa? Responder esta pergunta é muito difícil, da mesma forma
que é difícil comprovar, realmente, que o sucesso de um executivo se deu em
razão da sua sorte ou da sua qualidade como gestor. Esta dificuldade geralmente
não impede que os pesquisadores busquem estabelecer uma relação entre o
desempenho de uma empresa e seu Conselho.
Uma pesquisa realizada com algumas empresas brasileiras
descobriu que existe um vinculo entre o desempenho e a composição do Conselho.
Dois doutorandos pesquisaram uma série de informações que as empresas fornecem
para o regulador do mercado de capitais no Brasil, a CVM. O foco foi verificar
as características das pessoas que participam dos conselhos das empresas. Isto
incluiu idade, escolaridade e sexo. Em geral este órgão das empresas
brasileiras é composto por homens (96% dos casos), com idade média de 53 anos e
17 anos de escolaridade.
O resultado obtido mostra que as empresas com conselhos
diversificados, incluindo a presença de mulheres, apresentaram desempenho
superior as outras empresas. Isto é interessante, pois montar um conselho com pessoas
com características próximas poderia resultar, a princípio, num órgão mais
homogêneo em termos de opinião.
Para ler mais:
FRAGA, João Batista; SILVA, Vinicius A. Brunassi.
Diversidade no conselho de administração e desempenho da empresa. BBR, p. 58-80, 2012.
Livros de verão e literatura de verdade
Há poucos meses atrás, na Feira do Livro de Guadalajara, vi uma cena que, de algum modo, diz muito sobre a literatura e a solidão, essas irmãs siamesas.
A Feira estava cheia de gente, mas não necessariamente de leitores. Ao visitar o estande de uma editora, vi um escritor de língua espanhola, sentado diante de uma mesinha, à espera de leitores. Ele tinha um ar desolado e conversava com uma mulher. Quando eu passava perto dos dois, ele perguntou à mulher onde estavam os leitores. Ela sorriu e apontou para uma fila de leitores excitados, que queriam comprar a edição espanhola de Cinquenta Tons de Cinza, o best-seller do momento.
É improvável que os leitores dessas historinhas de sexo e violência - ou sexo com violência - leiam romances de Conrad, de Dostoievski ou de Graciliano Ramos. Quantos se aventuram a ler Coração das Trevas, Crime e Castigo ou Infância? Para a maioria dos leitores, um livro de ficção é puro entretenimento, algo que não convida a pensar nas relações humanas, no jogo social e político, na passagem do tempo e nas contradições e misérias do nosso tempo, muito menos na linguagem, na forma que forja a narrativa. Talvez por isso o poeta espanhol Juan Ramón Jiménez tenha afirmado que a poesia é a arte da imensa minoria. Isso serve para a literatura e para todas as artes. Os poucos, mas felizardos espectadores da peça O Idiota, dirigida por Cibele Forjaz, sabem disso.
Flaubert costumava lamentar a época em que viveu: a crença entusiasmada e cega no progresso e na ciência, as batalhas fratricidas na França, a carnificina das guerras imperialistas, e a idiotice e bestialidade humanas, que ele explorou com ironia em sua obra. Em uma carta de sua vasta correspondência, escreveu que o ser humano não podia devorar o universo. Referia-se ao consumismo crescente na segunda metade do século 19.
O que o "Ermitão de Croisset" diria dos dias de hoje, quando a propaganda insidiosa na tevê não poupa nem as crianças e tudo gira em torno da vida de celebridades, de uma fulana famosa que teve um bebê, de sicrano que se separou de beltrana ou traiu uma fulaninha? Qual o interesse em saber que a princesa da Inglaterra está grávida?
Essas baboseiras são ainda mais graves num país como o Brasil, cuja modernidade manca ou incompleta exclui milhões de jovens de uma formação educacional consistente.
No começo da década de 1990, quando eu passava uma temporada em Saint-Nazaire, um jovem operário entrou no meu apartamento para consertar o vazamento de uma tubulação. Quando passou pela sala, viu um romance em cima da mesa e exclamou:
Ah, Stendhal. Li vários livros dele, e o que mais aprecio é esse mesmo: A Cartuxa de Parma.
E onde você os leu? Quando?
Aqui mesmo, ele disse. Na escola secundária.
Era uma das escolas públicas daquela pequena cidade no oeste da França.
Nicolas Sarkozy e outros presidentes conservadores tentaram prejudicar o ensino de literatura e ciências humanas na escola pública francesa, mas nenhum deles teve pleno êxito. Aprender a ler e a pensar criticamente é um dos preceitos de uma sociedade democrática, e esse mandamento republicano ainda vigora na França. O que os prefeitos e secretários de Educação dos quase 5.700 municípios brasileiros dizem a esse respeito?
A precariedade da educação pública é um dos problemas estruturais da América Latina. Até mesmo a Argentina, que já foi uma exceção honrosa, começa a padecer desse mal.
Comecei essa crônica evocando a solidão de um escritor em Guadalajara. Melhor assim: a solidão está na origem do romance moderno, é um de seus pilares constitutivos e faz parte do trabalho da imaginação do escritor e do leitor.
O tempo se encarrega de apagar todos os cinquenta tons de cinza, e ainda arrasta para o esquecimento os crepúsculos, cabanas e toda essa xaropada que finge ser literatura. Enquanto isso, Coração das Trevas, publicada há mais de um século, é uma das novelas mais lidas por leitores de língua inglesa.
Suíça: Refinaria de Ouro
As colinas do sul da Suíça concentram mais do que vinho e tranquilidade: quatro das maiores refinarias de ouro do mundo estão no país, três delas na região de Ticino.
Apesar de o país não possuir minas de ouro, estima-se que dois terços da produção global do mineral seja refinada na Suíça. O ouro vem principalmente da América do Sul e África.
"Tem a ver com a história", explica o consultor financeiro Roberto Grassi. "Durante a Segunda Guerra Mundial, devido à grande quantidade de ouro que estava estocada na Suíça, os bancos decidiram estabelecer suas próprias refinarias, produzindo as barras."
Assim como nos bancos, todo o processo é cercado de sigilo e muita segurança. Os funcionários da refinaria não podem ser identificados e nem mesmo falam quantas barras são produzidas por dia.
Mas os dados mais recentes, de 2011, indicam que mais de 2.600 toneladas de ouro cru foram importadas para a Suíça, a um valor de US$ 103 bilhões (cerca de R$ 214 bilhões).
[...]
Fonte: aqui
Escrever: Neil Gaiman
“This is how you do it: you sit down at the keyboard and you put one word after another until its done. It's that easy, and that hard.”
“Being a writer is a very peculiar sort of a job: it's always you versus a blank sheet of paper (or a blank screen) and quite often the blank piece of paper wins.”
“Normally, in anything I do, I'm fairly miserable. I do it, and I get grumpy because there is a huge, vast gulf, this aching disparity, between the platonic ideal of the project that was living in my head, and the small, sad, wizened, shaking, squeaking thing that I actually produce.”
“Being a writer is a very peculiar sort of a job: it's always you versus a blank sheet of paper (or a blank screen) and quite often the blank piece of paper wins.”
“Normally, in anything I do, I'm fairly miserable. I do it, and I get grumpy because there is a huge, vast gulf, this aching disparity, between the platonic ideal of the project that was living in my head, and the small, sad, wizened, shaking, squeaking thing that I actually produce.”
10 janeiro 2013
Cruzeiro do Sul
Os controladores do banco Cruzeiro do Sul chegaram a gerar de forma falsa 71% do lucro líquido de R$ 177,8 milhões que a instituição obteve de janeiro a setembro de 2008, segundo relata o Ministério Público Federal em São Paulo, em denúncia apresentada à Justiça ontem contra 17 pessoas envolvidas no caso.(...)
Por meio da venda de operações falsas de crédito consignado por valores acima da média de mercado para um fundo de direitos creditórios do próprio Cruzeiro do Sul, o banco gerava resultados artificialmente. (...)
Cruzeiro falsificou até 70% do lucro - 8 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Carolina Mandl e Karin Sato
Por meio da venda de operações falsas de crédito consignado por valores acima da média de mercado para um fundo de direitos creditórios do próprio Cruzeiro do Sul, o banco gerava resultados artificialmente. (...)
Cruzeiro falsificou até 70% do lucro - 8 de Janeiro de 2013 - Valor Econômico - Carolina Mandl e Karin Sato
A espera dos balanços
É interessante quanto a economia influencia o desempenho das empresas. Mas os balanços podem representar a boa ou má notícia sobre o desempenho da economia. Eis um texto sobre isto:
O início da temporada de balanços do quarto trimestre nos Estados Unidos trará sinalizações do desempenho das empresas também aqui no Brasil. A primeira empresa a dar o pontapé inicial será a Alcoa, com estimativa de lucro por ação de US$ 0,06, contra prejuízo de US$ 0,03 por ação no mesmo período do ano passado.
A empresa ligada ao setor de siderurgia e metalurgia já poderá influenciar a avaliação sobre o mercado brasileiro, uma vez que mostrará se o quanto a demanda mundial por alumínio está aquecida.
Na visão de João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, os setores de petróleo e mineração nos Estados Unidos estarão no foco dos investidores.
Por outro lado, o setor bancário, dessa vez, não deverá chamar a atenção. "O momento de incerteza no sistema financeiro mundial já passou, o que causa certo otimismo com os resultados".
O analista recorda que, durante o ano de 2012, a economia americana produziu indicadores econômicos positivos, com melhora consistente, mas o lucro das companhias não acompanhou, e os balanços do segundo e do terceiro trimestres se mostraram piores do que o esperado.
Por outro lado, o otimismo fica por conta do cenário do mercado de trabalho. "Os dados recentes de desemprego foram surpreendentes, assim como a confiança do consumidor e isso pode mostrar uma economia mais fortalecida, assim como os resultados corporativos."
Vale e Petrobras
Internamente, os balanços da mineradora Vale e da petrolífera Petrobras são os mais aguardados pelos investidores.
A Vale informou em dezembro aderiu à nova legislação do estado de Minas Gerais sobre o ICMS, o que permitirá o término de processos e evitará novas autuações, mas que terá impacto contábil negativo de R$ 528 milhões no quarto trimestre. Os mercados esperam para ver o quanto este valor irá prejudicar a companhia.
Além disso, a melhora na economia chinesa, projetando um crescimento contínuo e saudável, apontado nos últimos indicadores, também está no foco dos investidores, que poderão medir se este crescimento, impulsionado pela demanda interna, será capaz de gerar ganhos à mineradora.
No caso da Petrobras, a grande expectativa fica exatamente por conta das projeções frustradas nos dois últimos trimestres, após registrar prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre e lucro líquido de R$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre, abaixo dos R$ 7,7 bilhões esperados pelos analistas.
O início da temporada de balanços do quarto trimestre nos Estados Unidos trará sinalizações do desempenho das empresas também aqui no Brasil. A primeira empresa a dar o pontapé inicial será a Alcoa, com estimativa de lucro por ação de US$ 0,06, contra prejuízo de US$ 0,03 por ação no mesmo período do ano passado.
A empresa ligada ao setor de siderurgia e metalurgia já poderá influenciar a avaliação sobre o mercado brasileiro, uma vez que mostrará se o quanto a demanda mundial por alumínio está aquecida.
Na visão de João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, os setores de petróleo e mineração nos Estados Unidos estarão no foco dos investidores.
Por outro lado, o setor bancário, dessa vez, não deverá chamar a atenção. "O momento de incerteza no sistema financeiro mundial já passou, o que causa certo otimismo com os resultados".
O analista recorda que, durante o ano de 2012, a economia americana produziu indicadores econômicos positivos, com melhora consistente, mas o lucro das companhias não acompanhou, e os balanços do segundo e do terceiro trimestres se mostraram piores do que o esperado.
Por outro lado, o otimismo fica por conta do cenário do mercado de trabalho. "Os dados recentes de desemprego foram surpreendentes, assim como a confiança do consumidor e isso pode mostrar uma economia mais fortalecida, assim como os resultados corporativos."
Vale e Petrobras
Internamente, os balanços da mineradora Vale e da petrolífera Petrobras são os mais aguardados pelos investidores.
A Vale informou em dezembro aderiu à nova legislação do estado de Minas Gerais sobre o ICMS, o que permitirá o término de processos e evitará novas autuações, mas que terá impacto contábil negativo de R$ 528 milhões no quarto trimestre. Os mercados esperam para ver o quanto este valor irá prejudicar a companhia.
Além disso, a melhora na economia chinesa, projetando um crescimento contínuo e saudável, apontado nos últimos indicadores, também está no foco dos investidores, que poderão medir se este crescimento, impulsionado pela demanda interna, será capaz de gerar ganhos à mineradora.
No caso da Petrobras, a grande expectativa fica exatamente por conta das projeções frustradas nos dois últimos trimestres, após registrar prejuízo de R$ 1,3 bilhão no segundo trimestre e lucro líquido de R$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre, abaixo dos R$ 7,7 bilhões esperados pelos analistas.
Acordo bilionário
Dez bancos dos Estados Unidos chegaram a um acordo de quase US$ 20 bilhões ontem com reguladores do setor bancário relacionado a irregularidades na execução de hipotecas. As acusações contra as instituições financeiras haviam sido feitas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) e o Escritório do Controlador da Moeda (OCC, na sigla em inglês) em 2011.
(...) Os dez bancos americanos estavam ansiosos para selar o acordo bilionário porque vão divulgar seus balanços do quarto trimestre do ano passado nas próximas semanas e querem deixar esse assunto para trás [1].
Entretanto, as negociações quase fracassaram no fim de semana, quando os banqueiros ameaçaram rejeitar o acordo caso fosse incluída uma demanda adicional do Fed por mais US$ 300 milhões, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.
O acordo está relacionado a irregularidades na execução de hipotecas. Atolados em milhões de processos de hipotecas, muitos bancos usaram um sistema que ficou conhecido como "assinaturas-robôs" para determinar as execuções, afirmando falsamente que tinham analisado pessoalmente cada um dos contratos concedidos.
Esse pacto assinado ontem pelos bancos substitui a análise individual dos arquivos de empréstimos de cada cliente. De acordo com o OCC, o acordo beneficia ambos os lados, ao dar dinheiro mais rapidamente para os consumidores e encerrar um caro processo que poderia se arrastar por anos, prejudicando a indústria hipotecária.
Nos EUA, bancos fazem acordo bilionário - 8 de Janeiro de 2013 - O Estado de São Paulo
[1] Ou seja, os valores serão reconhecidos de imediato
(...) Os dez bancos americanos estavam ansiosos para selar o acordo bilionário porque vão divulgar seus balanços do quarto trimestre do ano passado nas próximas semanas e querem deixar esse assunto para trás [1].
Entretanto, as negociações quase fracassaram no fim de semana, quando os banqueiros ameaçaram rejeitar o acordo caso fosse incluída uma demanda adicional do Fed por mais US$ 300 milhões, de acordo com uma pessoa com conhecimento do assunto.
O acordo está relacionado a irregularidades na execução de hipotecas. Atolados em milhões de processos de hipotecas, muitos bancos usaram um sistema que ficou conhecido como "assinaturas-robôs" para determinar as execuções, afirmando falsamente que tinham analisado pessoalmente cada um dos contratos concedidos.
Esse pacto assinado ontem pelos bancos substitui a análise individual dos arquivos de empréstimos de cada cliente. De acordo com o OCC, o acordo beneficia ambos os lados, ao dar dinheiro mais rapidamente para os consumidores e encerrar um caro processo que poderia se arrastar por anos, prejudicando a indústria hipotecária.
Nos EUA, bancos fazem acordo bilionário - 8 de Janeiro de 2013 - O Estado de São Paulo
[1] Ou seja, os valores serão reconhecidos de imediato
Receita, Natura e MMX
A Receita Federal resolveu mostrar suas garras. Os alvos: MMX Mineração e Metálicos e Natura.
Na primeira empresa, um auto de infração de 3,8 bilhões de reais por problemas no ano de 2007 (observe que foram quase cinco anos depois). Segundo o Brasil Econômico:
Mesmo assim, Carlos Müller, analista da Geral Investimentos, não acredita que a empresa tenha muitos problemas. "Caso esse auto se concretize, a companhia provavelmente irá pedir para parcelar este valor, que é muito alto. Desta forma, não há risco dela quebrar", aponta o analista.
Müller compara este esforço ao desafio que a Vale enfrenta com os royalties que, segundo ele, deixou provisionado nos balanços parte do valor que ela espera ter que pagar. A outra parte, a mineradora considera que a probabilidade de cobrança é baixa.
A Natura recebeu um auto de 628 milhões de reais, além de multas e juros, referente a impostos de 2008 (quatro anos depois)
A fabricante de cosméticos anunciou que irá recorrer e William Alves, analista da XP Investimentos acredita que ela irá ganhar a causa. "Nem sempre o que a Receita aponta é verdadeira. Diversas empresas já entraram com ação e ganharam. No entanto, isso ainda vai demorar uns dois anos", pontua.
"Se a Natura não conseguir ganhar a causa, é provável que ocorra redução do valor, de R$ 600 milhões para R$ 60 milhões", estima o analista da XP Investimentos.
Sobre este assunto,
A Receita observa que a fiscalização tem se aperfeiçoado nos últimos anos, principalmente com a melhora da programação e seleção dos contribuintes. De acordo com a instituição, a estratégia permite que os esforços de fiscalização sejam concentrados sobre quem realmente apresenta indícios fortes de sonegação e evasão fiscal.
Em 2012, uma das prioridades da Receita foi o combate ao planejamento tributário abusivo, feito pelas empresas para pagar menos tributos. A Receita também ampliou o foco de atuação no ano passado junto a grandes empresas, que contam com duas delegacias especiais em São Paulo e no Rio de Janeiro.
É interessante notar que ambas empresas são de capital aberto e não divulgaram fatos relevantes. Nota zero em evidenciação.
Na primeira empresa, um auto de infração de 3,8 bilhões de reais por problemas no ano de 2007 (observe que foram quase cinco anos depois). Segundo o Brasil Econômico:
Mesmo assim, Carlos Müller, analista da Geral Investimentos, não acredita que a empresa tenha muitos problemas. "Caso esse auto se concretize, a companhia provavelmente irá pedir para parcelar este valor, que é muito alto. Desta forma, não há risco dela quebrar", aponta o analista.
Müller compara este esforço ao desafio que a Vale enfrenta com os royalties que, segundo ele, deixou provisionado nos balanços parte do valor que ela espera ter que pagar. A outra parte, a mineradora considera que a probabilidade de cobrança é baixa.
A Natura recebeu um auto de 628 milhões de reais, além de multas e juros, referente a impostos de 2008 (quatro anos depois)
A fabricante de cosméticos anunciou que irá recorrer e William Alves, analista da XP Investimentos acredita que ela irá ganhar a causa. "Nem sempre o que a Receita aponta é verdadeira. Diversas empresas já entraram com ação e ganharam. No entanto, isso ainda vai demorar uns dois anos", pontua.
"Se a Natura não conseguir ganhar a causa, é provável que ocorra redução do valor, de R$ 600 milhões para R$ 60 milhões", estima o analista da XP Investimentos.
Sobre este assunto,
A Receita observa que a fiscalização tem se aperfeiçoado nos últimos anos, principalmente com a melhora da programação e seleção dos contribuintes. De acordo com a instituição, a estratégia permite que os esforços de fiscalização sejam concentrados sobre quem realmente apresenta indícios fortes de sonegação e evasão fiscal.
Em 2012, uma das prioridades da Receita foi o combate ao planejamento tributário abusivo, feito pelas empresas para pagar menos tributos. A Receita também ampliou o foco de atuação no ano passado junto a grandes empresas, que contam com duas delegacias especiais em São Paulo e no Rio de Janeiro.
É interessante notar que ambas empresas são de capital aberto e não divulgaram fatos relevantes. Nota zero em evidenciação.
Herbalife
O xerife do mercado de capitais dos EUA, a SEC, decidiu abrir uma investigação sobre o esquema de vendas da empresa Herbalife. A SEC não fez nenhuma acusação contra a empresa, como revela o NY Times. A investigação surgiu depois que um gestor de um fundo de investimento chamou a empresa do "mais bem administrado esquema de pirâmide da história do mundo".A Herbalife, que também atua no Brasil, incentiva seus vendedores a fazerem recrutamento de novos vendedores.
O gráfico ao lado mostra o comportamento das ações da empresa nos últimos meses.
Exportações e Importações em 2012
Os resultados do comércio exterior do ano encerrado permitem um teste interessante sobre a sensibilidade, no Brasil, ante uma crise que afetou a grande maioria dos países avançados.
Como se podia imaginar, o Brasil é altamente sensível, nas suas exportações, à queda de atividade nos países avançados aos quais fornece produtos básicos ou semimanufaturados. Com a seca nos EUA, as exportações de commodities concentraram-se em produtos de alimentação (soja e milho), enquanto as matérias-primas destinadas à indústria tiveram forte redução de preços, como o alumínio e o minério de ferro, este acusando uma queda de preço de 24,9%, com grande dependência do mercado chinês, que dita seu preço .
Os produtos semimanufaturados, normalmente destinados a países com indústria ainda incipiente, sofreram também com a queda da atividade mundial: seus preços caíram 8,3%, mais que o das commodities (- 7,4%).
Os bens de maior valor agregado, os manufaturados, perderam no ano passado o mercado norte-americano e sofreram o protecionismo da Argentina, uma praça importante para esses bens. Essas exportações somaram no ano passado US$ 90,7 bilhões. As de automóveis diminuíram 14,8%, dadas as dificuldades enfrentadas na Argentina e no México. São exportações que visam, basicamente, países emergentes ou subdesenvolvidos, uma vez que não se pode considerar o Brasil como uma plataforma para a indústria de veículos, em vista dos salários pagos aqui. É possível que daqui a alguns anos nos possamos contentar em abastecer apenas o nosso próprio mercado. O grande sucesso foi na venda de aviões, com US$ 4,7 bilhões.
As importações brasileiras recuaram 1,4%, menos do que as exportações (-5,3%). E foram dominadas por matérias-primas, com participação de 44,7% do total, que parece indicar que a indústria importa parte importante de componentes, o que permitiu reduzir em 7,8% as de bens de consumo duráveis. Os carros, que têm participação de 4,8% no total das importações, caíram 19,5%. Os bens de capital participam com 21,9% do total das importações.
O Brasil está longe de ser um centro produtivo mundial. É antes de tudo um exportador de commodities, porém sem o poder de fixar os preços dessas exportações, que dependem de Bolsas de Mercadorias no exterior. Além disso, depende essencialmente do vasto mercado da China, que num único ano fez cair as receitas dos minérios de ferro em mais de US$ 1 bilhão.
Fonte: aqui
Renda fixa ou variável?
É assunto dos debates e tertúlias entre analistas, economistas e operadores de mercado a possível realocação da poupança privada, de instituições e indivíduos, que gradualmente transfeririam parte de seus recursos dos títulos de renda fixa para os de renda variável (ações, debêntures conversíveis, fundos de ações). Esse prognóstico vem sendo justificado pela substancial queda das taxas de juros que experimentamos nos últimos anos e que agora estão nos seus níveis mais baixos depois de longo período.
Investidores brasileiros, historicamente por conhecidas razões, privilegiam títulos de renda fixa. Anos de superinflação com títulos indexados, sejam públicos ou privados, atraíam a inquestionável preferência. No momento, no entanto, pessoas físicas não dão nenhum sinal de que realmente estejam considerando mudar preferências que se solidificaram ao longo de décadas, enquanto os investidores institucionais reagem lentamente.
Não creio que devemos nos surpreender com esse comportamento, pelas seguintes razões:
Durante longos períodos, a rentabilidade dos títulos de dívida em geral foi boa, superando a inflação. Esta, por sua vez, provocou o encurtamento do horizonte temporal dos investidores. A insegurança sobre o futuro da moeda tinha como consequência a busca de resultados em prazos curtos e não atraía os investidores em ações;
Em dezembro de 2012, a Bolsa registra somente 621 mil acionistas, ante 559 mil em 2008. Estima-se um potencial de 2 milhões de acionistas;
Os intermediários financeiros, com algumas honrosas menções, não estavam (ou ainda não estão) equipados para investir mais agressivamente na educação dos investidores e para redirecioná-los. O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, está coordenando a revisão do sistema de distribuição de valores mobiliários, que deve ser vista com aplausos. Assim, caberá aos intermediários parcela importante desse trabalho educativo, lembrando que maiores ganhos implicam maior risco;
A economia brasileira patinando, com taxas de crescimento insatisfatórias, não cria ambiente propício para o investimento;
O ambiente externo, com uma conjuntura internacional mal resolvida e com as bolsas refletindo esse ambiente, não cria um cenário favorável para as ações;
Novos lançamentos de ações durante 2013 ficaram muito abaixo da expectativa. Vale lembrar que o número de empresas listadas em bolsa no Brasil, em dezembro de 2011, era de 373, ocupando o 27.º lugar no mundo. A Índia tinha, naquele ano, 6.752; Hong Kong, 3.838; Austrália, 3.079; e a Coreia, 1.816. No entanto, efetivamente no caso brasileiro, as companhias com liquidez estariam em torno de somente 150;
Recomendações recentes de alguns analistas indicam que grande parte das ações projeta um quociente P/L (preço/lucro) superior a 15 vezes. Mesmo reconhecendo que a taxa de juros, agora no seu nível mais baixo, justificaria um quociente P/L mais alto, ainda assim as ações das boas empresas, em geral, não estão baratas;
O que poderá acelerar a canalização de um maior volume para o mercado será o comportamento do investidor institucional, particularmente dos fundos de pensão. Em grande parte, terão de ajustar seus planos, revendo compromissos atuariais;
Outra variável importante será a do investidor estrangeiro, que em anos passados foi grande aplicador, seja diretamente em Bolsa ou em novas emissões. O seu humor com relação ao Brasil alterou-se nos últimos meses, mostrando preocupação com uma questão fundamental: a previsibilidade.
Creio que, no médio prazo, consolidando-se uma nova fase da economia brasileira, essa transferência de recursos irá acontecer, mas vai requerer uma série de iniciativas - aqui resumidamente apresentadas, ressaltando a questão da confiabilidade institucional.
Fonte: aqui
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