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17 dezembro 2012

Aumente o potencial do seu cérebro

- Pesquisadores descobriram que adultos tiveram um desempenho em um teste criativo muito melhor após passar quatro dias desconectados da tecnologia moderna e curtindo a natureza’
- Isso pode melhorar o poder do cérebro em até cerca de 50%
- Adultos na Inglaterra passam cerca de 3,5 horas assistindo televisão (15% de suas vidas).

Da próxima vez que você se deparar com um problema complexo, não se preocupe ^.^ - a resposta pode estar no meio do seu jardim. Deixar seu notebook em casa, desligar o smartphone e dar uma caminhada meio a natureza pode ajudar a aumentar o poder do cérebro em até 50%. Pesquisadores concluíram que o desempenho dos adultos era superior em testes criativos após quatro dias meio a natureza, desconectados da tecnologia moderna.

Acho que todo mundo sabe disso, mas ao mesmo tempo prefere ignorar - e conformismo é o inimigo do seu crescimento. É extremamente saudável sair de casa sem celular, tablets e demais eletrônicos. Ainda, o excesso do uso desses dispositivos está ligado à doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. Sim, você já sabia disso.

Excesso de algo bom, não é bom. Para que a criatividade floresça, é necessário se desconectar da tecnologia e se reconectar com o mundo natural. Não se sabe se o que ajudou foi o aumento da exposição à natureza ou a redução da exposição à tecnologia, mas é provável que tenha sido a mistura. No “mundo real” é difícil fazer uma imersão nas duas realidades – ligar-se à natureza ficando em frente a um computador ou conseguir prestar atenção em um aparelho eletrônico quando se está no meio de um parque.

A pesquisa foi publicada em 12 de dezembro no periódico PLOS ONE. Leia mais aqui (em inglês).

16 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Demanda por PhDs


Em comum, Gustavo Manso, Newton Campos e Sandra Jovchelovitch têm o fato de lecionar em renomadas escolas de negócios fora do Brasil. Além disso, os três, nascidos no país, também são PhDs e fizeram parte dos estudos no exterior. Essas duas características, aliás, parecem ser essenciais para quem quer dar aulas em instituições de primeira linha nos Estados Unidos e na Europa. "É raro alguém que não tenha esse perfil lecionar nas melhores escolas", diz Gustavo Manso, hoje professor associado de finanças na Haas School of Business, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Os três brasileiros preenchem requisitos que nem sempre as escolas de negócios encontram facilmente para completar seus quadros. Em uma recente entrevista ao Valor, Arnoud de Meyer, presidente da Singapore Management University, afirmou que não há professores suficientes para atender a demanda por ensino de qualidade para os jovens que estão entrando no mercado. "Não temos gente com PhD que possa, de fato, elevar o nível de ensino", disse ele.

A AACSB, associação que reúne aproximadamente 1.200 escolas de negócios de 70 países, tem números que corroboram a percepção de Meyer. Dados coletados entre 2011 e 2012 mostram que os membros da AACSB reportaram 1.350 vagas para professores com doutorado que não foram preenchidas no período. Essas mesmas escolas informaram que 2.704 acadêmicos doutores devem se aposentar nos próximos cinco anos. "Com a desaceleração das contratações e o crescente número de aposentadorias, a demanda por professores com PhD está aumentando", disse um porta-voz da AACSB. Entre as áreas que mais sofrem estão contabilidade, finanças, economia e gestão.

[...]

Poder passar boa parte do ano debruçada sobre pesquisas é uma das características que agradam a professora da London School of Economics (LSE) Sandra Jovchelovitch em sua atividade profissional. Na escola britânica, ela passa entre 60 e 70 horas por ano lecionando. Ela ressalta que enquanto no Brasil o foco é a sala de aula, nas escolas de elite do Reino Unido e dos Estados Unidos o ensino é dirigido pela pesquisa. "A condição de trabalho para o acadêmico que tem ambição de desenvolver conhecimento é excelente nesses países", diz. Isso não quer dizer que os professores sejam menos cobrados ou sofram menos pressão. Eles são avaliados constantemente e o avanço na carreira é centrado na produção de pesquisa.

Com quatro livros publicados e diversos papers e artigos, Sandra já está no Reino Unidos há 21 anos. Depois de cursar psicologia e concluir o mestrado na PUC do Rio Grande do Sul, ela deu aulas na instituição antes de fazer um doutorado na LSE. "Escolhi o Reino Unido porque eles tinham os maiores centros de produção de conhecimento na minha área", diz. A intenção dela, no entanto, era voltar para o Brasil após o curso. "Mas acabei me casando com um suíço em Londres e fiquei", conta.

Com o título de PhD, Sandra participou de processos seletivos para lecionar no Reino Unido. Foi chamada por Cambridge também, mas escolheu a LSE. Ela acredita que o fato de ter feito doutorado na instituição britânica ajudou a conseguir a vaga. "Quando as escolas de elite buscam pesquisadores, elas avaliam as instituições de formação desses profissionais", diz. Hoje com uma função de acadêmica sênior, Sandra é diretora do mestrado em psicologia social e cultural e dá aulas nesse mesmo programa.

Newton Campos, professor na IE Business School, da Espanha, ainda não se considera um acadêmico - como Manso e Sandra -- embora dê aulas no MBA de uma das melhores escolas de negócios do mundo. Isso porque ele ainda não consegue se dedicar à pesquisa como gostaria. "É o próximo passo na minha carreira", diz. Campos deixou o Brasil em 2000 para fazer um MBA no IE, logo após ter concluído a graduação em contabilidade na PUC de São Paulo. Parte do programa executivo foi cursada na Índia, no Indian Institute of Management.

Foi durante o curso que ele se interessou mais pelo empreendedorismo em economias emergentes, disciplina que leciona hoje no IE. Antes de dar início à carreira de professor, no entanto, Campos trabalhou na Telefónica em Madri e, pouco depois, foi convidado pelo IE para divulgar a escola no Brasil. Assim, foi country manager da instituição no país entre 2003 e 2010. Alguns anos depois de difundir o nome e os programas da escola por aqui, achou que o trabalho poderia ser feito em meio-período. Proposta aceita pelos espanhóis, ele começou um doutorado na Fundação Getulio Vargas e, após obter o título de PhD, começou a dar aulas no IE. Ali, também passou a ser diretor de admissões dos programas de MBA "blended", com aulas presenciais e on-line.

Segundo ele, uma das maiores qualidades das escolas de negócios mais bem posicionadas nos principais rankings de ensino executivo é a diversidade em sala de aula. "Tenho 54 alunos de 44 países diferentes. Isso eleva o nível dos debates e traz uma dinâmica muito diferente", afirma. Campos acredita que seu vínculo com o IE o ajudou a conseguir uma vaga como professor. Martin Boehn, vice-reitor dos programas de MBA da escola, afirma, no entanto, que muitos não estudaram na instituição. "Temos o objetivo de recrutar os melhores ao redor do mundo e nem todos se formaram na IE", diz. Em sua opinião, o fundamental é que o profissional combine expertise em pesquisa e prática docente. "Isso assegura que nossos alunos não aprendam apenas sobre as novas pesquisas, mas também sobre a aplicação dessas teorias."

A diversidade cultural no quadro de professores também é relevante para o IE. Boehn ressalta que ser exposto a diferentes visões de mundo estimula o aprendizado e ajuda a desenvolver uma mente aberta. "Além disso, um quadro de professores internacional pode oferecer aos estudantes uma perspectiva global de como fazer negócios em um mundo cada vez mais conectado". Já na LSE, 45% dos professores vêm de fora do Reino Unido. Essa mistura de nacionalidades, segundo um porta-voz da instituição, ajuda a criar um ambiente estimulante intelectualmente.

Fonte: Novos horizontes para PhDs - Valor Econômico - Adriana Fonseca -13/12/12

15 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Teste da Semana


Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 – A Petrobras possui uma pendência que pode gerar uma multa de 2 bilhões de dólares em razão:
Da aprovação da distribuição dos royalties do pré-sal
Da refinaria que deveria ser construída em parceria com a PDVSA
De uma plataforma que afundou em 2001

2 – A pendência da Petrobrás é com
O BNDES
O fisco
Os governos estaduais

3 – A história dos últimos meses no Brasil mostrou que estas entidades erraram feio em apontar instituições com problemas financeiros como se fossem saudáveis:
Agências de ratings
Entidades reguladoras
Investidores institucionais

4 – Num artigo para Compliance Week, Matt Kelly afirma, com respeito a convergência das normas internacionais por parte dos EUA, que
A contabilidade dos EUA pode ter um upgrade
A convergência pode ajudar a atrair capital para as empresas dos EUA
Nenhuma das razões para adotá-las se aplica aos EUA

5 – O Brasil exportou plataformas de petróleo. Esta operação ocorreu
Em razão do crescimento da indústria local
Para melhorar o balanço de pagamentos do país
Por questões tributárias

6 – A Austin Rating atribuía uma nota elevada para o BVA antes da intervenção. Esta semana descobriu-se que isto ocorria
Pelo fato do funcionário responsável ter sido subornado
Pelo fato do presidente da agência ser sócio do banco
Por erro na metodologia de rating da agência

7 – Uma boa nota de rating numa empresa permite
Que a empresa tenha desconto no imposto de renda
Que fundos de pensão comprem ações da empresa
Que o beta da empresa seja inferior a unidade, indicando baixo risco

8 – Esta semana a CVM publicou a atualização do CPC 18. Trata-se da
Primeira atualização
Segunda atualização
Terceira atualização

9 – A punição ao HSBC diz respeito a operações realizadas por este banco em termos de
Falta de parecer do auditor
Falta de provisão para certas contingências
Lavagem de dinheiro

10 – A Amazon é conhecida como livraria e pelo excelente planejamento tributário. Para isto, esta empresa usa uma filial existente em
Ilhas Cayman
Luxemburgo
Suiça

Fato da Semana

Fato: O pagamento de uma multa de 1,9 bilhão por parte do HSBC para encerrar uma acusação de lavagem de dinheiro.

Qual a relevância disto? Numa semana sem muitas emoções, a notícia que a maior instituição financeira do mundo estará pagando uma multa recorde chama a atenção para a importância dos controles internos. No caso do HSBC, gerentes de agências transformaram o banco numa grande lavanderia de dinheiro do tráfico de drogas e do terrorismo. A punição do governo dos Estados Unidos, além da mancha na reputação da instituição, foi o resultado de uma investigação que durava mais de quatro anos, cujo desfecho até mesmo o banco previu: tinha feito uma provisão de 1,5 bilhão para o caso.

Positivo ou Negativo? A situação em si tende a mostrar para os gestores a relevância de se ter bons controles internos. Neste ponto é positivo, já que reforça estes instrumentos de gestão.

Desdobramentos – A punição poderá ter um efeito educativo para o mercado. Além disto, servirá de estudo de caso para nossas aulas de controladoria.

Earth, Wind & Fire

Há  tempos assisti o filme  Intouchables. O filme é diferente e bom. Uma cena engraçada é esta acompanhada da música Boogie Wonderland do grupo Earth, Wind & Fire. Alors, on danse!



A original direto de 1979:


Algoritmo Gale-Shapley

Apesar das poucas chances, o nerd Leonard, da série de TV "Big Bang Theory", tinha mesmo de tentar conquistar a vizinha bonitona e loira Penny. Eventualmente poderia dar certo, como deu de fato. Isso não é coisa só de TV.

O estudo que rendeu ao matemático norte-americano Lloyd Shapley, 89, o Prêmio Nobel de Economia de 2012 (dividido com outro matemático dos EUA, Alvin Roth) é sobre combinações e parcerias. Os resultados podem ser aplicados em decisões como escolher uma escola para seu filho, racionalizar a doação de órgãos e até conseguir um casamento mais feliz.

Uma de suas conclusões na vida prática, segundo explica em entrevista ao UOL o economista e professor da FGV-SP Samy Dana, é a seguinte: uma pessoa nunca deve deixar de flertar com alguém só por achar que não tem chances.

[...]


UOL - Quais são os principais conceitos dos estudos que deram os prêmios Nobel de Economia deste ano a Alvin Roth e Lloyd Shapley?
Samy Dana - Os principais conceitos dos estudos dos pesquisadores são as alocações de recursos da melhor maneira possível. Esse é um tema bastante recorrente na economia, inclusive porque algumas pessoas definem a economia como o estudo dos recursos escassos.
Isso porque reconhecemos diversas situações em que os recursos, e não só os financeiros, como é mais comum pensar, estão mal distribuídos, podendo haver outra distribuição que melhorasse o bem-estar de todas as partes, sem prejudicar o de ninguém.
Essas distribuições melhores necessitam de alguma intervenção para acontecer, como um contrato ou uma instituição, porque, normalmente, as pessoas não têm informação perfeita e não conseguem atingi-las sozinhas.
[...]

Como as pesquisas ajudam a escolher uma escola para seu filho?
As pesquisas ajudaram nessa escolha no caso americano, onde há um processo de seleção nas escolas de Ensino Médio. Nos Estados Unidos, os estudantes devem concorrer às vagas para as escolas de ensino médio.
Como poucos podem chegar às melhores, com o passar do tempo, os estudantes estavam colocando como sua primeira opção as piores escolas, para ter a garantia de aprovação, embora não quisessem estudar lá. Após as pesquisas dos dois [ganhadores do Nobel], criou-se um sistema que reúne as inscrições de todos os alunos, que devem ranquear 12 escolas de seu interesse. As escolas também devem especificar seus critérios de preferência e, assim, o sistema seleciona a melhor alocação possível.

No caso brasileiro, algumas escolas particulares realizam seus próprios exames de seleção e, nesse caso, o modelo funcionaria da mesma forma, os alunos deveriam prestar os exames das escolas de que gostassem. Também deveria  ter, mentalmente, uma ordem de preferência, e estudar naquela em que fosse aprovado e estivesse na posição mais alta de sua lista.

De que forma os estudos facilitam ou racionalizam o transplante de órgãos?
Caso uma mulher tivesse problemas em seu rim, por exemplo, e seu marido quisesse doar um dos seus para ela, mas não fosse um doador compatível, eles deveriam esperar até que um doador anônimo surgisse. Tal evento poderia demorar muito a ocorrer ou nem mesmo acontecer.
Os pesquisadores sugeriram, então, a criação de um sistema com cadastro das necessidades dessas pessoas, de modo que pessoas das mais diversas regiões pudessem doar a outras desconhecidas e assim salvar a vida dos cônjuges. Esse sistema foi implementado e funcionou nos EUA.

Pode explicar como as teorias auxiliam na escolha de um parceiro para namorar ou casar?
Lloyd Shapley desenvolveu, com outro pesquisador, David Gale, o chamado algoritmo Gale-Shapley, para criar casamentos estáveis. Suponha quantidades iguais de homens e mulheres. O algoritmo prevê que, na primeira rodada [de encontros feitos no estudo], os homens deveriam propor casamento a sua mulher solteira preferida. Ela deveria dizer "talvez" ao proponente que mais gostasse e "não" aos demais. Assim, casais seriam provisoriamente formados.
Na rodada seguinte, os homens solteiros devem propor novamente às mulheres, e essas devem novamente dizer "talvez" aos proponentes que mais preferirem e "não" aos demais (podendo ser inclusive, o seu parceiro provisório). Ou seja, a uma mulher é permitido "mudar para melhor".
O modelo prevê que, uma vez que uma mulher se case, ela deve estar sempre casada, mesmo que com parceiros diferentes. No final das rodadas, não poderá haver nenhum homem ou mulher solteira, e garante-se que os casamentos formados serão estáveis.

O que garante que esses casamentos se tornem estáveis?

É que o homem e a mulher sabem que não podem ficar com ninguém melhor que aquele parceiro. Foram rejeitados nas outras possibilidades.

Pode-se dizer, então, que existe uma "fórmula do amor"?

Sim, essa fórmula poderia ser o algoritmo Gale-Shapley.

Como aplicá-la na vida real e achar seu par ideal?
Na vida real, aplicar o modelo é bastante complicado, pois uma pessoa nunca conhecerá todos os homens ou mulheres do país ou até mesmo do mundo, mas, simplificadamente, é possível inferir que uma pessoa nunca deve deixar de flertar com alguém que prefira só por achar que não tem chances com aquela pessoa.
Da mesma forma, alguém nunca deve ficar com uma pessoa, sendo que há outra que ela prefira, flertando com ela.

E tudo isso garante um casamento duradouro e feliz?
Não, isso é só um modelo. Na vida real, as pessoas podem mudar de preferências ao longo do tempo e o desgaste do convívio pode fazer com que elas queiram terminar seu relacioname
nto.

14 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Ótimo comercial natalino da 'Oi'!

Teoria do Custo das Transações

Uma exposição da teoria dos custos de transação, descrevendo seu desenvolvimento histórico, pode ser encontrada em Williamson (1996). Ele afirma que a teoria dos custos transacionais era “(...) uma aliança interdisciplinar da lei, da economia e das organizações (...)” (WILLIAMSON, 1996, p. 25). Essa matéria foi iniciada pelo trabalho de Cyert e March (1963) intitulado A Behavioural Theory of The Firm, um trabalho que se tornou um dos pilares da indústria econômica e da teoria de finanças. A visão deles foi uma tentativa de considerar a empresa não como uma unidade econômica impessoal em um mundo de equilíbrio e mercados perfeitos, mas sim como uma organização envolvendo pessoas com diferentes pontos de vista e objetivos. A teoria do custo das transações é baseada no fato de que as empresas se tornaram tão grandes que, em vigor, substituem o mercado na determinação da alocação dos recursos. De fato, as companhias são tão grandes e tão complexas que o movimento dos preços fora da empresa direciona a produção e as transações coordenadas do mercado. Dentro das entidades, tais transações de mercado são eliminadas e a administração gerencia e coordena as transações (Coase, 1937). [Leia mais sobre Coase aqui e aqui]. A organização de uma companhia aparenta determinar barreiras além da qual as empresas podem definir o preço e a produção – a forma pela qual as empresas são organizadas determina o seu controle sobre as transações.

Claramente é do interesse da empresa internalizar as transações tanto quanto possível. A razão principal se dá pela remoção dos riscos e incertezas sobre preços futuros e sobre a qualidade dos produtos – até certo ponto, permite, ainda que as empresas removam o risco de lidar com fornecedores (ao possuir tanto a cervejaria quanto os bares, uma empresa de cerveja retira as dificuldades de negociação entre fornecedores e varejistas). Qualquer maneira de remover os problemas de assimetria informacional é vantajosa para a administração e leva à redução de riscos de negócios para as empresas. Existem custos proibitivos e não triviais em executar transações no mercado e, de tal modo, é mais barato para as empresas fazerem elas mesmas por meio de integração vertical.

A economia tradicional considera todos os agentes econômicos como racionais e o objetivo primário do negócio é a maximização do lucro. Inversamente, a economia dos custos tradicionais se esforça para incorporar o comportamento humano de uma forma mais realista. Nesse paradigma, administradores e outros agentes econômicos praticam a ‘racionalidade limitada’. Simon (1957) definiu a racionalidade limitada como o comportamento que foi intencionalmente racional, porém de forma limitada. A economia dos custos transacionais também toma suposições da existência de ‘oportunismo’. Isso significa que os administradores são oportunistas por natureza. A teoria assume que alguns indivíduos são oportunistas em alguns momentos.

Devido aos problemas do oportunismo e da racionalidade limitada, administradores organizam as transações de acordo com o seu melhor interesse e essa atividade deve ser controlada. Tal comportamento oportunista pode ter consequências diretas nas finanças corporativas já que desencorajaria potenciais investidores.

SOLOMON, J. Corporate Governance and Accountability. 3. ed. Wiley: Reino Unido, 2011.

Sobre PME

Com respeito ao Fato da Semana, dois comentários pertinentes do leitor David Cardoso:

Na verdade o próprio IASB já havia reconhecido a necessidade de se editar uma norma para as chamadas "microentidades". A princípio a ideia era criar uma nova norma mesmo, mas o que foi decidido foi algo semelhante ao que o CFC adotou, editar uma interpretação técnica do IFRS for SME. A diferença é que o IASB se refere apenas a "microentidades" e o critério de definição das entidades que se enquadrariam nesse conceito talvez teria como base o número de empregados (10 empregados).

Enviei algumas sugestões de melhoria na redação da ITG durante o período de audiência pública e estou aguardando a redação definitiva da interpretação. Provavelmente o CFC está esperando a publicação no DOU para disponibilizar a ITG em seu site. Pelo menos na minuta da interpretação, nada ia contra o CPC PME. A interpretação apenas estabelecia requisitos mínimos a serem seguidos pelas microempresas e empresas de pequeno porte e dizia claramente que, quando algum assunto não fosse coberto pela ITG, a orientação deveria ser buscada na Resolução 1255.

A única simplificação que vi na minuta foi a dispensa da DFC. Vários pontos tratados pelo CPC PME já não se aplicavam mesmo a esse tipo de empresa, como a parte relativa a investimento em controlada e coligada, tributos sobre o lucro etc. 


E o segundo

Outro ponto importante também é que, entre as microempresas e empresas de pequeno porte e as empresas de grande porte e/ou obrigadas a prestação pública de contas, há um universo considerável de empresas, as quais ainda podem se beneficiar do CPC PME. 

Grato

Normas ...

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou hoje três atualizações do texto referente às regras de concepção e publicação de balanços das companhias, de forma a seguir o padrão contábil internacional.

A primeira deliberação foi a de nº 696/12, que revisa o texto da regra de investimentos em coligada, controlada e empreendimento controlado em conjunto (joint venture). Trata-se de uma atualização do pronunciamento CPC 18 (R2), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) — entidade criada para adaptar as normas brasileiras aos padrões do International Accounting Standards Board (Iasb). O Iasb é a organização internacional sem fins lucrativos que publica e atualiza as regras contábeis internacionais (IFRS) em língua inglesa.

“A revisão do CPC 18 contempla substancialmente as alterações no texto da IAS 28 –Investments in Associates, emitida pelo Iasb, cuja vigência para fins das IFRS é requerida a partir de 2013”, informou a autarquia.

“O objetivo do CPC 18 é prescrever a contabilização de investimentos em coligadas e em controladas, além de definir os requisitos para a aplicação do método da equivalência patrimonial quando da contabilização de investimentos em coligadas, em controladas e em joint ventures”, completou.

Outra atualização aprovada, a deliberação nº 695/12, refere-se ao pronunciamento CPC 33 (R1), que trata da contabilização de benefícios a empregados. A regra estabelece que a empresa reconheça um passivo quando o empregado presta serviço em troca de benefícios a serem pagos no futuro; e uma despesa quando a entidade se utiliza do benefício econômico proveniente do serviço em troca de benefícios a esse empregado.
A CVM também aprovou outra deliberação, a de nº 697/12, sobre o pronunciamento Técnico CPC45 – Divulgação de Participações em Outras Entidades. Essa regra contempla a convergência com o texto da IFRS 12 – “Disclosure of Interests in Other Entities”, emitida pelo Iasb, que também entra em vigor em 2013.

“O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 45 é orientar a entidade quanto à forma de divulgação de informações sobre sua participação em outras entidades. Dessa forma, permite-se aos usuários das demonstrações contábeis avaliar os riscos inerentes a essas participações e seus efeitos sobre sua a posição patrimonial e financeira, o seu desempenho financeiro e seus respectivos fluxos de caixa”, explicou a CVM.


CVM divulga atualizações do texto das regras contábeis - 13 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Luciana Bruno | Valor

Conflito de interesses

O escândalo do Banco BVA revelou um caso interessante de conflito de interesses:

Sob intervenção do Banco Central desde o dia 19 de outubro, o Banco BVA mantém negócios em sociedade com Erivelto Rodrigues, presidente e sócio da Austin Rating, uma das agências que fazia a classificação de risco da instituição. A agência classificava o BVA como uma instituição de baixo risco até dois meses antes da intervenção no banco. A Austin também é responsável pela avaliação da Vitória Asset Management, gestora de um dos sócios da instituição, três fundos de recebíveis e pelo menos 18 cédulas de crédito bancário (CCB) com lastro em financiamentos do banco.

A Austin avaliava o BVA e as CCBs com coobrigação do banco com nota 'BBB+', o que significa um risco baixo pelos critérios da agência. Essa classificação era suficiente para os ativos da instituição se enquadrarem na política de investimentos dos fundos de pensão, que costumam exigir um rating mínimo 'BBB' para aplicar seus recursos.

A nota dada pela Austin deveria ser válida até março de 2013, de acordo com relatório divulgado em junho no qual decidiu manter a classificação. Mas no fim de agosto, com o atraso do banco na divulgação do balanço semestral e a necessidade de um aporte de capital, a agência decidiu rebaixar o rating em dois degraus, para 'BBB-'. Um mês depois, voltou a reduzir a nota em dois níveis, que caiu para 'BB'. No dia da intervenção, a Austin voltou a rebaixar a classificação para 'CC', que representa um risco "muito alto".

A Austin não foi a única agência a dar boas notas ao BVA. A LF Rating também mudou de opinião sobre a instituição em um período de pouco menos de dois meses. Entre agosto e a data da intervenção, a nota do banco caiu de 'A-' para 'D'.

Sócio da Austin Rating tem negócio com BVA - 13 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Vinícius Pinheiro

Excesso de oferta: navios chineses

Saúde Mental

Rubem Alves

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.

Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou.

Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.

Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!), ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, que tenha a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa...

Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idiotas de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. É claro que nenhuma mamãe consciente quererá que o seu filho seja como van Gogh ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser elefante ou tartaruga a ser borboleta ou condor. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego. Mas nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou depressão, com excessão do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.

Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura e a outra se denomina software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A software é constituída por entidades espirituais - símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes.

Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo espirituais, sendo que o programa mais importante é linguagem.

Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.

Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.

Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.

A beleza pode fazer mal à saúde mental. Sábias, portanto, são as empresas estatais, que têm retratos dos governadores e presidentes espalhados por todos os lados: eles estão lá para exorcizar a beleza e para produzir o suave estado de insensibilidade necessário ao bom trabalho.

Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, vai aqui uma receita que, se seguida à risca, garantirá que ninguém será afetado pelas perturbações que afetaram os senhores que citei no início, evitando assim o triste fim que tiveram.

Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente perigosos. Já o roque pode ser tomado à vontade, sem contra indicações. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do Dr. Lair Ribeiro, por que arriscar-se a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. A saúde mental é um estômago que entra em convulsão sempre que lhe é servido um prato diferente. Por isso que as pessoas de boa saúde mental têm sempre as mesmas idéias. Essa cotidiana ingestão do banal é condição necessária para a produção da dormência da inteligência ligada à saúde mental. E, aos domingos, não se esqueca do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.

Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não mais saberá como eles eram.

13 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Fonte: The New Yorker Cartoons

BRF, Brasil Foods, Perdigão?


A dúvida sobre qual o nome da fusão entre Sadia e Perdigão ainda é comum, passados três anos e meio do anúncio do negócio e quase um ano e meio da aprovação pelo Cade.

A partir de 2013, a empresa vai se chamar BRF e uma campanha institucional vai divulgar essa marca corporativa. Perdigão e Sadia serão apenas marcas dos produtos fabricados pela BRF.

Seguindo todo o ritual acertado com o Cade, a Sadia vai ser oficialmente absorvida este mês e deixa de ser empresa. O processo de fusão estará, então, totalmente concluído.

A escolha por BRF demandou pesquisas e estudos. É melhor por ser nome mais curto, mais fácil de assimilar, enquanto os outros dois carregam desvantagens. BR Foods, porque já existem muitas BRs. Algumas estão entre as negociadas na bolsa: BR Malls, BR Properties, BR Towers. E é o público de investidores que a marca corporativa BRF pretende atingir.

Brasil Foods foi rejeitada porque a BRF está entre as maiores exportadoras do Brasil. E o nome Brasil enfrenta muito preconceito no exterior, principalmente na Europa, onde a imagem do país está muito ligada ainda a desmatamento, favelas, violência. Além disso, a marca seria inevitavelmente associada à comida típica, como feijoada.


Fonte: Aqui

Liderança

“Leadership is not magnetic personality, that can just as well be a glib tongue. It is not 'making friends and influencing people', that is flattery. Leadership is lifting a person's vision to higher sights, the raising of a person's performance to a higher standard, the building of a personality beyond its normal limitations.”
― Peter F. Drucker, Management: Tasks, Responsibilities, Practices

Destruição criativa: livreiros x e-books

Mais um exemplo de destruição criativa:

Além de e-books e o Kindle, a Amazon trouxe para o Brasil preocupação para os donos de livrarias. Temendo a concorrência desleal e o futuro do negócio, a Associação Nacional de Livrarias (ANL) divulgou carta aberta propondo medidas que protejam a rentabilidade dos 3,4 mil pontos de venda de livros espalhados pelo país.

O documento apresenta quatro propostas: o estabelecimento de um intervalo de 120 dias entre o lançamento dos livros impressos e a liberação nas plataformas digitais; o mesmo desconto de revenda do livro digital para todas as livrarias; a implantação de um teto de 30% na diferença de preços entre livros físicos e digitais; e a limitação em 5% no desconto dos e-books.
— A indústria cinematográfica é assim. Primeiro sai no cinema, depois começa a ser vendido. No nosso mercado estão fazendo o contrário. Já existem editoras fazendo pré-lançamento no digital — reclama o vice-presidente da ANL, Augusto Kater.

Mais que proteção, a instituição pede respeito pelo trabalho que os livreiros desempenharam ao longo dos anos para o mercado editorial e difusão da cultura. Segundo Kater, não existe o temor de o mercado desaparecer, como aconteceu com as lojas de CDs e filme fotográfico, mas a entrada de grandes players internacionais em um mercado não regulamentado gera insegurança no investidor.
— Hoje, se uma pessoa tem dinheiro para abrir um negócio, não vai abrir uma livraria. Não existe a certeza que os fornecedores serão fiéis. Em média, o livreiro trabalha com uma margem de lucro de 40% sobre o preço de capa. Muitas vezes, os grandes varejistas negociam descontos maiores com as editoras e ainda trabalham com margens menores. É desigual — diz Kater.

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Para o professor do Instituto de Economia da UFRJ e coordenador do laboratório de Economia do Livro, Fábio Sa Earp, o futuro das livrarias é duvidoso. Na opinião do pesquisador, elas vão conviver com o livro digital por um tempo, mas na medida que os leitores forem barateando, os livreiros terão que se especializar ou fechar as portas.



Hoje, elas não têm muito o que temer, mas só enquanto o produto for caro. No longo prazo, as livrarias vão sofrer. Elas devem seguir o modelo da Travessa, da Saraiva, que unem a venda de livros com cafés, venda de CDs e DVDs. Ou devem se especializar em um tema, servir turmas escolares. Terão que vender algo mais que um livro — avalia.

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Exportações fictícias


As exportações de três plataformas de petróleo estão ajudando a dar fôlego extra para a balança comercial. As operações representaram vendas externas de quase US$ 1,5 bilhão, mas, na prática, são apenas contábeis, porque as plataformas nunca deixaram o Brasil.
As plataformas de petróleo são adquiridas de fornecedores brasileiros pela subsidiária da Petrobrás na Holanda e depois internalizadas novamente no País como se estivessem sendo "alugadas" através do regime aduaneiro especial Repetro.
As operações são legais e obedecem a uma instrução normativa da Receita Federal. No jargão técnico, são exportações "fictas", que ocorrem apenas contabilmente. O objetivo é economizar no pagamento de impostos.
O Repetro permite que as petroleiras importem determinados bens livres de tributos por um determinado período de tempo. Ao utilizar o Repetro em vez de adquirir diretamente no Brasil, a Petrobrás economiza o pagamento de PIS, Cofins e IPI sobre as plataformas.
De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, foram exportadas plataformas nos meses de fevereiro, (US$ 405 milhões), outubro (US$ 382 milhões) e novembro (US$ 670 milhões). O valor total envolvido é de US$ 1,456 bilhão.
Não é a primeira vez que isso ocorre. No ano passado, também foram exportadas três plataformas de petróleo, que somaram US$ 1,043 bilhão. Em 2008, outras três entraram nas estatísticas por US$ 1,485 bilhão. Em 2009 e em 2010, não houve exportações desse tipo.
Por meio de nota, a Petrobrás diz que a exportação de plataformas para sua subsidiária na Holanda é "procedimento de rotina e uma condição para a aplicação do Repetro". A estatal diz que os valores "estão de acordo com os praticados pelo mercado".
O problema é que essas operações inflam o saldo da balança. As plataformas de petróleo são registradas como exportações, mas, como voltam ao País como "admissão temporária de bens", não aparecem nas estatísticas de importação.
Até a terceira semana de novembro, o País registrou superávit de US$ 17,31 bilhões, queda de 35,2% em relação ao mesmo período em 2011. Sem as plataformas de petróleo, esse valor cairia para US$ 15,85 bilhões. Se também for descontado o atraso no registro de importações de petróleo, o superávit ficaria em apenas US$ 9,85 bilhões.