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16 maio 2011

Evidenciação

Na sexta-feira a ECT divulgou, em jornal de grande circulação e no Diário Oficial, suas demonstrações contábeis. Mas se o leitor pesquisar no endereço da empresa irá encontrar somente as demonstrações de 2009. É interessante notar que publicar num jornal de grande circulação tem um custo muito elevado para a empresa; o custo de divulgar na página da empresa é praticamente zero.

Cinema

Alem de comprar os direitos de um filme, muitas vezes o distribuidor precisa pagar também pelas oportunidades de entrevistas com o diretor e o elenco. Uma entrevista de televisão com Brad Pitt, que promoverá este ano “A Árvore da Vida”, custa €4 mil por veículo. E a duração é de apenas sete minutos.


“Muitas vezes vale a pena pagar. Principalmente pela visibilidade que a entrevista terá na mídia”, diz Marcio Fraccaroli, executivo-chefe da Paris Filmes. (...) As produtoras responsáveis pelo filma [Meia-Noite em Paris] estão cobrando da distribuidora € 3 mil por vaga. Esse é o preço por veículo impresso que participara das entrevistas com Woody Allen em Cannes, com duração de 30 minutos. O mesmo tempo com os atores (entre eles, Owen Wilson, Marion Catillard e Rachel McAdams) sai por € 2,5 mil.


Para entender como funciona, quem paga é sempre a distribuidora. A idéia é que a entrevista reforce a divulgação do filme no país para os quais a empresa comprou os direitos de distribuição. Por isso, é a distribuidora quem escolhe a publicação que fará a entrevista. Quem recebe são os produtores. Os atores não vêem a cor desse dinheiro – geralmente, em seus contratos já estão previstas jornadas de divulgação e encontros com a imprensa. (...)

Em Cannes, até falar com estrelas custa caro – Valor Econômico – 12 mai 2011 p. B2

Empregados

Os carteiros são obrigados a caminhar até 15 quilômetros por dia, carregando sacolas com 11kg nas costas - um sistema da década de 70. Um grupo pequeno usa motos, mas a estatal não paga seguro nem da frota nem individual, o que obriga o trabalhador a arcar com as despesas do próprio bolso se for comprovada sua culpa em um acidente. Só em São Paulo, 628 funcionários têm um passivo a pagar de quase R$ 1 milhão.

Com salário bruto de R$ 850, os trabalhadores da chamada área fim (70% do quadro) recebem quase o mesmo (R$ 741) com o auxílio-alimentação, benefício que não conta para aposentadoria nem FGTS.

(Correios têm um chefe para cada dois servidores e 9 mil estão em licença-médica - O Globo)

Reguladores

O Valor Econômico trouxe duas reportagens sobre a guerra de preços entre as corretoras (Corretoras sob pressão e Programa de qualidade pode limitar a guerra de preços).

O cenário é o seguinte:

a) As corretoras estão numa guerra de preços através da redução das taxas de corretagens
b) O Banco Central estaria preocupado com isto, pois poderia levar a problemas financeiros
c) O Banco Central fez um pedido de estudo para a FGV sobre o setor de corretoras
d) O Banco Central estaria reforçando a fiscalização e investigando práticas desleais
e) Uma das propostas é não divulgar mais o ranking das corretoras. Outra é exigir um programa de qualidade operacional da bolsa; para cumprir seriam necessários investimentos em qualidade e controle

A intervenção do órgão regulador pode ser conservadora. Mas por outro lado é prejudicial ao investidor, que estaria sendo favorecido neste momento pela guerra de preços. O mais interessante é a típica medida do governo: para responder a uma crise, contrate a FGV. Ela provavelmente fará um estudo com os dados que foram produzidos pelo próprio governo, que será entregue após o problema já não ser tão relevante, e as decisões que serão tomadas serão políticas.

Mais provisões

Os balanços do primeiro trimestre dos grandes bancos de varejo divulgados até o momento apontam para uma tendência de elevação da inadimplência. A expectativa de executivos do setor é que o avanço não deva ser grande, mas as instituições financeiras já se previnem, seja aumentando as provisões para devedores, seja privilegiando operações de crédito de menor risco [1].

De forma geral, o índice de atrasos superiores a 90 dias no primeiro trimestre de 2011 até melhorou em relação ao desempenho verificado no quarto trimestre de 2010. É em intervalos inferiores a 90 dias que a alta aparece, o que de certa forma antecipa o movimento de perdas futuras. [2]

A expectativa da administração do Itaú Unibanco é de um aumento nos próximos trimestres entre 0,2 e 0,3 ponto percentual no índice de atrasos superiores a 90 dias, que fechou março em 4,2% - estável na comparação com dezembro. "Todos os segmentos de atuação devem ter algum nível de aumento ao longo dos próximos trimestres", afirmou Rogério Calderón, diretor de controladoria e relações com investidores do Itaú Unibanco, em teleconferência com jornalistas. "Isso normalmente é decorrente do aumento da inflação."

Em decorrência do aumento da inadimplência entre 31 e 90 dias, de 2,3% para 2,9% nesse mesmo período, houve um acréscimo de R$ 270 milhões na despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa do Itaú em relação aos percentuais mínimos exigidos pelo Banco Central (BC), elevando o saldo da provisão complementar do banco para R$ 5,1 bilhões.

Mas, apesar de o Itaú Unibanco ter voltado a aumentar as provisões complementares, o montante requerido pelo BC foi reduzido no trimestre em R$ 306 milhões. Conforme notou Jayme Alves, economista sênior da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o saldo de provisões para devedores em relação à carteira de crédito do banco recuou para 7,3%, menor patamar desde o quarto trimestre de 2008. "Os níveis atuais de cobertura foram reduzidos, sobretudo nas operações vencidas acima de 60 dias", destacou em ele no informativo semanal da entidade.

No Banco do Brasil (BB), o índice de atrasos superiores a 90 dias caiu de 2,3% em dezembro de 2010 para 2,1% em março de 2011 - abaixo da média do sistema financeiro nacional, de 3,2%. No curto prazo, porém, a tendência de repique já pode ser constatada. Atrasos superiores a 15 dias, por exemplo, passaram de 3,7%, em dezembro, para 4%, em março.

Mas, ao contrário do Itaú, o BB tem preferido agir em outra frente que não a de provisões. A estratégia do banco tem sido dar prioridade produtos de menor risco, a exemplo do crédito consignado e do imobiliário, para pessoas físicas, e das linhas de investimento para empresas. "O fato de termos avançado a carteira [de crédito] durante a crise, focando em operações de baixo risco, nos permite colher os benefícios agora que o ambiente é de mais incerteza [3]", explica Ivan de Souza Monteiro, vice-presidente de finanças do BB. "Para o outro grupo de bancos que volta a atuar agora e encontra esse ambiente, é natural provisionar mais." As despesas com provisões para devedores do BB apresentaram decréscimo de 13,1% nos doze meses encerrados em março. As projeções do banco apontam para um crescimento entre 3,3% a 3,7% em 2011, mas Monteiro acredita que a performance do banco tende a ficar abaixo disso.

No Bradesco, o índice de atrasos superiores a 90 dias se manteve estável em março na comparação com dezembro, em 3,6%, mas os atrasos superiores a 60 dias mostram um leve repique - de 4,3% para 4,4%. "Não é nada que nos preocupe", disse Domingos de Abreu, vice-presidente executivo do Bradesco, por ocasião da divulgação de resultado. O saldo de provisões para devedores teve acréscimo de 2,8% entre dezembro e março, para R$ 16,7 bilhões.


Banco vê sinais de inadimplência - Valor Econômico - 12 maio de 2011

[1] Nem sempre mudança na provisão é sinal de aumento de risco. A provisão tem sido usada para gerenciamento de resultado nas instituições financeiras.
[2] Falta uma análise geral. Perder num segmento e ganhar no outro não significa que os bancos estão perdendo no âmbito geral.
[3] Esta afirmação é contraditória. Durante a crise a instituição escolheu minimizar o risco e agora o ambiente é de maior incerteza?

Nota Fiscal Eletrônica

Apesar de a NF-e (Nota Fiscal Eletrônica) agilizar a imigração de dados entre empresa, cliente e Receita Federal, a implantação do sistema é onerosa, segundo micro e pequenos empresários.Além de ter computadores de última geração e internet em alta velocidade, o empresário precisa adquirir sistema de certificação digital, que legitima o documento virtual.

O software para enviar a NF-e é oferecido gratuitamente pela Secretaria da Fazenda do Governo de São Paulo e por prefeituras mas também pode ser adquirido de empresas desenvolvedoras de programas para gestão empresarial.Para Otávio Alberecht, sócio do Palópoli Advogados, a NF-e exige gastos altos de negócios de pequeno porte.

Segundo ele, é preciso cautela ao utilizar o sistema. “A empresa que cometer erros [como deixar de emitir a nota ou preenchê-la com um valor errado] poderá se dar mal no futuro, quando a Receita Federal cruzar os dados”, diz.A multa gira em torno de R$ 100 por nota não emitida, segundo as secretarias e as prefeituras consultadas pela Folha. O valor é limitado a R$ 1.000 por ação fiscal.

O empresário tem ainda a Certidão Conjunta da Receita Federal (que confirma a regularidade do pagamento de tributos) travada _não poderá ser utilizada enquanto os débitos não forem quitados.O custo é alto, mas não é o principal problema das empresas, pondera Bruno Quick, gerente de políticas públicas do Sebrae Nacional (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).

Segundo ele, o período dado para que elas se adaptem às exigências é o maior empecilho. “Uma transformação estrutural desse porte demanda, no mínimo, três anos de preparação”, opina Quick.Na implantação da NF-e, as empresas obrigadas a emitir o documento tiveram dois anos e meio para se adaptar.


Fonte: Folha de São Paulo

15 maio 2011

Rir é o melhor remédio







Livros personalizados

Livros personalizados – Por Isabel Sales

Que tal um livro personalizado? E não, você não precisa pedir pra sua irmã fazer uma colagem na capa nem nada do tipo. Segundo uma reportagem do Estadão (indicada por Glauber Barbosa, a quem agradeço) para combater a pirataria, as editoras estão investindo em livros personalizados. Você precisa de apenas um capítulo de um livro? Ao invés de copiar, a editora supre a sua demanda.

A editora Saraiva já apresenta em sua página uma opção para livros personalizados para empresas ou instituições de ensino (e não, não estamos ganhando comissão!). Segundo o site, funciona de uma forma similar a como quando vamos montar um livro para fotocópia (tirar alguns capítulos do livro, incluir capítulos de outras fontes, acrescentar uma mensagem personalizada), com o custo também similar, o que eliminaria as cópias ilegais. Interessante. Alguém já utilizou essa ferramenta? Para que o custo seja análogo a de fotocópias, a entidade terá que fazer um pedido considerável, o que não é atraente a usuários individuais. Ao menos não pra mim. Não sei até que ponto isso altera a pirataria, mas a ideia não deixa de ser interessante.

Será que só utilizam livros da própria editora? Imagino que sim, o que, por sua vez, diminui a atratividade da ideia. Pergunto-me como ficará a questão dos direitos autorais recebidos por escritores a cada exemplar vendido. Vou indagar a empresa, se me responderem posto aqui no blog.

Ainda segundo a reportagem do Estadão, o grupo universitário Estácio vai distribuir tablets aos seus alunos (quanto será a mensalidade dessa instituição?) para a leitura de textos, com base em um programa que está sendo desenvolvido em conjunto com a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos.

Bem... para assimilar algumas novidades eu preciso “ver com as minhas mãos”. Se eu não tocar num desses tablets com o tal do software contra pirataria, sou cética. Acredito que existem tantos gênios da computação que qualquer bloqueio é quebrado ou amolecido. E a partir daí o que vale é a honestidade de cada um, inclusive das editoras que tem cobrado preços absurdos livrarias afora...

Queridos leitores, hoje percebi que as minhas conversas com meu querido amigo, mestrando e professor voluntário da UnB Glauber Barbosa rendem muitas postagens para esse blog. Espero que quando ele terminar a dissertação se torne um blogueiro, pois com certeza terá muito a acrescentar! (Isso me lembrou duma postagem antiga, mas muito legal em que o professor César questiona “por que temos tão poucos blogs no Brasil?”).

Postagens relacionadas:

Por que não faz sentido controlar o preço do livro eletrônico? Aqui.
Plágio: aqui.
Livro eletrônico: aqui.
E-book: aqui.
Dicas de leitura: aqui.

Parceiros do blog:


Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.

IFRS 13

Postado por Pedro Correia



O International Accounting Standards Board (IASB) e o Financial Accounting Standards Board (FASB) emitiram novas orientações sobre a mensuração do valor justo e os requisitos (exigências) de divulgação para as IFRS e o GAAP americano.A orientação, está estabelecida na IFRS 13 e na atualização do Topic 820 in the FASB’s Accounting Standards Codification (anteriormente conhecido como SFAS 157) .A harmonização das exigências de mensuração e divulgação do valor justo constitui importante elemento de resposta, de ambos os órgãos, para a crise financeira.

A crise enfatizou a importância de objetivos comuns na mensuração do valor justo e requisitos de divulgação com redação idêntica em IFRS e EUA GAAP. Segundo o comunicado do IASB, a débâcle de 2008 exigiu a necessidade de: esclarecer como mensurar o valor justo quando o mercado para um ativo ou passivo se torna menos ativo e melhorar a transparência da mensuração e divulgação deste valor em cenários de incerteza. [1]

A IFRS 13 não estende o uso do valor justo, mas ajuda as empresas a decidirem como o fair value deve ser aplicado nos casos em que já é exigido ou permitido pela IFRS e padrões americanos. Esta norma não introduz novas exigências quanto à mensuração de um ativo ou passivo pelo valor justo. Em suma, a IFRS 13 fornece uma definição mais precisa do valor justo e uma única fonte de mensuração do valor justo e seus requisitos de divulgação. A norma entra em vigor em janeiro de 2013, no entanto, é permitida a adoção antecipada.

As orientações e requisitos para a mensuração do valor justo e divulgação de informações sobre estes valores estavam dispersas em muitas normas e, em muitos casos, estas não articulavam uma clara mensuração ou objetivo de divulgação. Desse modo, algumas IFRS’s continham informações limitadas sobre como mensurar o valor justo, enquanto outras continham informações extensivas, que nem sempre eram consistentes entre os padrões contábeis.

A conclusão deste trabalho dos Board’s resulta no alinhamento das normas internacionais e americanas neste importante tema da contabilidade. A presença das mesmas exigências para a mensuração e divulgação do valor justo diminuirá a diversidade das aplicações, e por consequência, provavelmente melhorará a comparabilidade das demonstrações financeiras que usam o IFRS e o US-GAAP.

O IFRS 13 ajudará a aumentar a transparência quando as entidades usam modelos para mensurar o justo valor, particularmente, quando os usuários precisam de mais informações sobre mensuração em condições de incerteza, por exemplo, quando o mercado para um ativo ou um passivo torna-se menos ativa.

Outrossim , aumenta a transparência da mensuração do fair value, exigindo informações pormenorizadas sobre os valores justos calculados com base em modelos.Isto irá proporcionar um aumento da confiança na mensuração do valor justo ,pois a IFRS 13 exige que as entidades divulguem informações sobre as técnicas de avaliação e os inputs utilizados para mensurar o valor justo no nível 3.

Os objetivos do IFRS 13 são: reduzir a complexidade e melhorar a coerência na aplicação da mensuração do valor justo, ter um único conjunto de requisitos para a mensuração de todo valor justo, clarificar a definição do justo valor, melhorar a transparência e aumentar a convergência das IFRS e os US-GAAP.


Leia mais: aqui, aqui,aqui


[1]Como afirma Lustosa (2010): “...a justiça de uma medida de valor está mais na capacidade de ela expressar os conceitos corretos de mensuração do que na exatidão da medida”.

O mundo das finanças, as esfirras e o efeito contágio

Postado por Pedro Correia


O mundo tem acompanhado com atenção o desenrolar da situação política no Egito. Após anos de ditadura, a população finalmente decidiu dar um basta ao governo de Mubarak. Inspirados pelos acontecimentos na Tunísia, porém seguindo uma dinâmica política, econômica e social distinta, os egípcios tomaram as rédeas de seu futuro.

Muito bom, certo? Afinal, ninguém deseja que uma ditadura como essas continue. Porém, aparentemente, para os mercados, não. Basta ver as fortes quedas dos principais ativos de risco, principalmente, os associados a mercados emergentes e, sobretudo, os árabes. Informações concretas, como o fato do Egito não ameaçar a oferta global de petróleo ou de que o canal de Suez pode ser facilmente contornado sem ameaçar a distribuição dessa commodity, parecem não ser muito importantes.

Não foi raro ouvirmos recentemente em entrevistas, relatórios, análise em comitês de investimentos e conversas informais, que a situação poderia se alastrar para outras nações do mundo árabe e aí sim afetar fortemente a produção e o transporte de petróleo. Isso seria um risco enorme para a frágil recuperação mundial. A estabilidade dos regimes na Argélia, Marrocos e até Arábia Saudita estariam em risco.

O fato desses comentários serem feitos por profissionais que jamais pisaram em qualquer um desses países e de que teriam muita dificuldade em dizer se são governados por presidentes, reis ou primeiros ministros (nem ouse perguntar o nome dos governantes dessas nações...), parece ser de pouca importância. O mais próximo que chegaram de algo minimamente relacionado ao mundo árabe muito provavelmente foi uma esfirra ou um quibe cru. Dizer que o regime saudita corre risco de ruir, atualmente, equivale a falar que a rainha da Inglaterra deveria ter ficado alarmada com os tumultos políticos de 2005 na Ucrânia.

Mas por que isso ocorre? Afinal, os mercados não são racionais? Os agentes não usam toda a informação que possuem para tomar a melhor decisão? A cadeira de finanças comportamentais denomina esse tipo de análise superficial e o processo decisório resultante de efeito disponibilidade. Segundo esse conceito, os indivíduos se valem de elementos simples, de fácil acesso e assimilação para construir previsões e estimativas, que são fortemente influenciadas por informações que estejam imediatamente disponíveis.

Registrada pela primeira vez na literatura acadêmica por Amos e Tversy (1974), o efeito disponibilidade está ligado ao princípio de que as pessoas avaliam a probabilidade de um evento ocorrer baseadas na facilidade com a qual encontram exemplos similares ou na facilidade com que tais exemplos vem à mente.

Em um estudo criativo, os dois pesquisadores pediram a uma amostra representativa da população americana que estimasse o que é mais frequente, palavras em inglês que começam com a letra K ou palavras em inglês onde a letra K aparece em terceiro lugar (terceira letra da esquerda para a direita)? 70% dos respondentes estimou que as palavras que começam com a letra K são mais numerosas. Na verdade, as palavras onde a letra K aparece em terceiro lugar são 2 vezes mais frequentes! O fato de ser mais fácil pensar em palavras que começam com K explica porque um percentual tão elevado errou feio a estimativa.

Outros exemplos da vida cotidiana também são capazes de evidenciar tal tendência. Por exemplo, um motorista que acabou de sofrer um acidente tende a dirigir com mais cautela nas semanas seguintes à colisão, ainda que a probabilidade objetiva de que sofra um novo acidente não tenha sofrido alteração. O que aumentou momentaneamente foi a probabilidade subjetiva que a vítima do acidente atribui à possível repetição de tal evento.

No mundo financeiro, em que o dinamismo e a velocidade das transações e, consequentemente, das análises, só aumenta, o efeito disponibilidade, bem como o efeito contágio resultante, tem origem na insuficiência de informação ou na simples ignorância quanto a determinado tema. Dessa forma, os indivíduos recorrem e atribuem um peso maior ao raciocínio por analogia e pouco ou nenhum peso ao raciocínio lógico no momento de fazer um julgamento e tomar uma posição. E mais uma vez, lá se vai a hipótese de racionalidade por água abaixo.

Aquiles Mosca é estrategista de investimentos pessoais e superintendente executivo comercial do Santander Asset Management. É autor dos livros "Investimento sob medida" e "Finanças Comportamentais".

Fonte: Valor Econômico

Origem do Caixa

Postado por Pedro Correia

Recentemente, a Microsoft anunciou a compra do Skype por US$ 8,5 bilhões, em uma das maiores aquisições da história da companhia de Bill Gates.O negócio foi fechado com o pagamento em caixa. No entanto, um ponto crucial não foi muito comentado:Qual é o origem deste caixa?

Therese Poletti do sítio Market Watch mostra que no dia 31 de março deste ano, a Microsoft informou que 42 bilhões de dólares de seus 50,2 bilhões em caixa e investimentos de curto prazo eram mantidos por subsidiárias no exterior e que esta quantia estava sujeita à "tributos de repatriamento de caixa."

O problema para as empresas dos EUA é que a repatriação de dinheiro para os EUA tem elevados custos tributários. Em 2004, o presidente George W. Bush declarou um "feriado fiscal" permitindo que as corporações trouxessem dinheiro de volta para os EUA sem o pagamento de tributos.

No caso deste negócio, alguns analistas acreditam que,provavelmente a Microsoft usará o caixa das subsidiárias no estrangeiro,pois o custo de oportunidade em utilizar esses recursos é menor que usar o caixa oriundo dos EUA.

Quer dicas de leitura?

Quer dicas de leitura? Por Isabel Sales

Os livros de negócios mais vendidos em abril (lista do jornal The New York Times):

The Big Short, de Michael Lewis. Discursa sobre a crise dos últimos anos e mostra como alguns investidores fizeram a sua fortuna apostando contra os títulos de crédito imobiliário.

Drive, de Daniel H. Pink. Já comentado no blog, fala sobre o que nos motiva. Relembre: aqui e aqui.

Finding the Uncommon Deal, de Adam Leitman Bailey. Um livro que ensina a comprar imóveis, negociar e encontrar as melhores opções.

The Tipping Point, de Malcom Gladwell. O livro é uma análise refinada das epidemias sociais e há versão em português: “O Ponto da Virada”, publicado pela editora Sextante. Na postagem “sete livros que recomendo”, escrita pelo professor César, Gladwell está na 3ª posição.

The Checklist Manifesto, de Atul Gawande. Uma forma simples de gerenciar a complexidade.

Freakonomics, de Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner. Livro que dispensa apresentações e está em 4º na postagem “sete livros que recomendo”. A versão em português tem o mesmo título e é publicada pela editora Campus. Algumas postagens anteriores sobre o livro no blog: aqui, aqui e aqui.

Unfair Advantage, de Robert T. Kiyosaki. O autor de Pai Rico, Pai Pobre fala sobre estratégias financeiras as quais nomeia de “unfair advantage”. As estratégias são aplicadas a diversas situações que lidam com impostos, dívidas, risco.

The Black Swan, de Nassim Nicholas Taleb. A Lógica do Cisne Negro, no Brasil, publicado pela editora Best Seller. Cisne negro é um evento imprevisível, impactante e que é a base de quase tudo sobre o mundo, da ascensão das religiões à vida pessoal.

The Quants, de Scott Patterson. O livro fala sobre como uma nova geração de matemáticos conquistou Wall Street e quase a destruiu. Mais no blog: aqui.

10˚ The Accidental Billionaires, de Ben Mezrich. Livro que fala sobre como dois alunos de Harvard criaram o Facebook.


Mais dicas de leitura publicadas anteriormente no blog:

Como gostar de métodos quantitativos? Aqui. Fique atento para as dicas de leitura no fim da postagem.

Sete livros que recomendo: aqui.

5 grandes livros de finanças em língua portuguesa: aqui.

10 melhores livros de negócios de 2008: aqui.

Mais uma lista: os melhores livros: aqui.

14 maio 2011

Rir é o melhor remédio


A camiseta errada

Governança, competitividade e retornos

Postado por Pedro Correia

Roberto Ushisima fez um excelente análise do artigo:Corporate Governance, Product Market Competition, and Equity prices.

"O artigo analisa a relação entre governança corporativa, competição e retorno de ações. Estudos passados mostram que há alguma relação entre governança e retornos e esse artigo inclui a análise da competitividade para melhor entender essa relação.

"...Em suma, empresas de pior governança em setores de atuação com menos competição geram menores retornos das ações, são menos lucrativas, menos produtivas e incorrem mais em aquisições destruidoras de valor. Uma conclusão que se pode tirar é que governança e competição são substitutos para melhorar o desempenho da empresa, em especial da alta direção. Em setores competitivos, a própria competição irá forçar a administração da empresa a buscar melhor resultados, sob risco de haver uma mudança na administração. Em setores pouco competitivos, não há essa pressão e, se não houver fortes mecanismos de governança, a empresa irá ser menos lucrativa e produtiva do que poderia ser. Para reduzir custos de agência, competição e governança são substitutos (o que não exclui que possam ser complementares)."

Leia a análise na íntegra.

Porque é mais difícil escrever uma dissertação do que ter um filho?

Porque é mais difícil escrever uma dissertação do que ter um filho?
Postado por Isabel Sales

1. Três meses antes do seu prazo o seu doutor não fala: “Quero que você volte e refaça o trabalho do primeiro trimestre”.

2. Ao contrário de orientadores, você pode trocar de doutores sem ter que recomeçar tudo de novo.

3. Conceber neném é MUITO mais divertido que conceber um tópico.

4. Você sabe exatamente quanto tempo dura uma gravidez.

5. Amigos e parentes não questionam o valor de um bebê.

6. Você não precisa explicar repetidamente aos seus amigos e familiares o que é necessário para se conceber um filho e porque você ainda não chegou lá.

7. Ninguém o fará ir pra pós-graduação antes de ter um filho.

8. Todo mundo dirá que seu filho é lindo e você acreditará.

9. Nenéns não demandam notas de rodapé apropriadas e aderência ao manual de estilo.

10. Se você vai ter um bebê, é livre para pegar emprestadas coisas de outras pessoas e não ser acusado de plágio.

11. Ninguém vai reclamar se o seu neném for muito parecido com outro bebê.

- Identifiquei-me (e ri muito) com o 5º. Já o 1º me assustou! Tenso! Com certas coisas não se brinca... ;) -

Fonte: aqui

13 maio 2011

Títulos Centenários

Por Pedro Correia

O MIT conseguiu colocar no mercado títulos com vencimento de 100 anos.Os cupons são semestrais e irão ocorrer nos dia 1º de janeiro e 1º de julho a partir de 2012.A universidade foi autorizada a vender entre US $ 500 milhões e US$ 750 milhões. Os rendimentos serão direcionados para obras do campus,entre outros projetos,disse Nathaniel, porta-voz do MIT. Ele não quis comentar sobre os preços.

O negócio é atraente para os fundos de pensão e companhias de seguros de vida, que precisam combinar suas carteiras de ativos para suas dívidas a longo prazo, especialmente porque não há muitas investimentos atraentes para prazos maiores.Em relação aos títulos de dívida americano com prazo de 30 anos,os bonds do MIT vão oferecer um retorno até o vencimento de 5,6% contra 4,32% dos tresuaries.

"Há tão poucos títulos com o rating AAA ", disse Bob Hiebert, gerente de portfólio sênior da Legal & General Investment Management America, que tinha US $ 18,2 bilhões em ativos sob gestão em 31 de março e vai participar do negócio do MIT. "Quando olhamos para o longo prazo, este bond tem um diferencial,que é seu rating bem acima da média"

Em 1966, a universidade de Yale emitiu títulos com vencimento de 100 anos com um cupom de 7.375%.Outrossim, a universidade de Boston fez o mesmo em 1997.É um forma extremamente barata de financiamento. No caso do MIT o risco de inadimplência foi considerado bastante baixo, pois o rating é de "AAA".Além disso, as taxas de juro próximas de zero também corroboram para a o aumento da atratividade do financiamento da universidade.Em outras palavras, é um negócio raro e rentável para todos os participantes da negociação.


Fonte: WSJ

Consolidação Proporcional não é mais permitida nas IFRS

Por Pedro Correia


A consolidação proporcional – linha a linha – de “joint ventures” não será mais permitida no padrão contábil internacional. A decisão consta de pronunciamento editado ontem pelo Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês), órgão responsável pelo modelo IFRS. Isso significará ativos e receitas menores para as companhias afetadas, embora o lucro e o patrimônio líquido permaneçam os mesmos.

Na regra vigente hoje, o Iasb permite que as empresas registrem a participação em empreendimentos controlados em conjunto tanto por consolidação proporcional como via equivalência patrimonial. No primeiro modelo, a companhia registra no seu balanço consolidado 50% de receita, custos, despesas, ativos e passivos da investida.

No método da equivalência, a participação detida é evidenciada em uma única linha, a do patrimônio líquido da companhia.

Aqui no Brasil, ao adaptar a norma internacional[3], o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) vetou a possibilidade de se fazer equivalência patrimonial de joint ventures, tornando obrigatória a consolidação.[1]

Agora, se a ideia for realmente manter a harmonização com o padrão internacional, isso terá que ser mudado na regra brasileira. Lá fora, a nova norma, chamada de IFRS 11, se tornará obrigatória em 2013, embora a adoção antecipada seja permitida. Aqui no Brasil, isso dependerá do CPC e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que já sinalizou que não é simpática à possibilidade de adoção antecipada de uma ou outra norma.[2]

Segundo Paul Sutcliffe, sócio especialista em IFRS da Ernst & Young, a existência de empreendimentos controlados em conjunto no Brasil é comum principalmente nos segmentos de energia elétrica, óleo e gás e imobiliário, o que torna as empresas dessas áreas as mais suscetíveis a sofrer algum impacto. “As joint ventures costumam ser formadas em áreas em é preciso investir muito para ter retorno, porque os dois sócios colocam dinheiros juntos”, afirma.

Outro segmento que pode ser atingido é o financeiro, embora por enquanto o IFRS só valha para os bancos como um demonstrativo financeiro adicional. O Banco do Brasil, por exemplo, consolida hoje metade dos ativos do Banco Votorantim no seu balanço, sendo que as empresas de previdência Brasilprev e capitalização Brasilcap também são classificadas como joint ventures.

Na opinião Sutcliffe, a nova regra “deve gerar estresse” no mercado. “Já tive conversas com empresas que não abrem mão da consolidação. Geralmente elas preferem isso porque mostra um valor maior de receita”, afirma.

Segundo reportagem do “Financial Times”, empresas como Nestlé, Basf, Carlsberg e Anglo American criticaram a proposta de mudança do Iasb, quando a minuta do pronunciamento estava em audiência pública.

Apesar dessa resistência, há que se lembrar que a decisão do órgão ocorreu dentro do esforço de convergência com a regra usada no modelo de contabilidade americano, conhecido como US Gaap. Além do pronunciamento sobre as joint ventures, o Iasb emitiu ontem mais duas novas normas contábeis que também caminham nesse sentido.

Uma delas, chamada de IFRS 10, dá mais informações sobre quando uma empresa investida deve ser considerada controlada e, portanto, consolidada integralmente no balanço da investidora.

A outra norma, que recebeu o nome de IFRS 12, determina quais informações devem ser divulgadas em notas explicativas sobre as empresas, sociedades de propósito específico ou fundos que não sejam controlados e, dessa forma, não entrem de forma proporcional no balanço.

“Como um todo, essas mudanças vão proporcionar controle sobre instrumentos que ficam fora do balanço e dar aos investidores um quadro muito mais claro da natureza e alcance do envolvimento da empresa com outras entidades”, afirmou David Tweedie, presidente do Iasb, em comunicado do Iasb.

Sutcliffe, da Ernst & Young, acredita que o IFRS 10 deve tornar mais difícil para que uma empresa diga que controla a outra.[3] “É preciso analisar com detalhes os acordos de acionistas para entender se o controle é compartilhado”, diz o especialista. Segundo ele, isso pode ser caracterizado, por exemplo, se o minoritário tiver direito de veto a questões como o orçamento da companhia ou a indicação de diretores relevantes na empresa.

“Se os direitos de minoritários são tão grandes que o outro sócio não pode controlar sozinho, não pode ser feita a consolidação integral”, diz Sutcliffe, destacando que não importa se o direito é ou não usado na prática.

Fonte: Fernando Torres, Valor Economico



[1] Em verdade, o CPC na demonstração individual é permitido o uso da equivalência patrimonial, no entanto, nas demonstrações consolidadas é obrigatório a utilização de consolidação proporcional.

[2]De acordo com a Intrução CVM -ICVM 457/2007:" A adoção antecipada dos pronunciamentos internacionais ou a adoção de alternativas neles previstas está condicionada à aprovação prévia em ato normativo desta comissão”.Interessante esta "harmonização".Nas normas internacionais a adoção antecipada é permitida, mas, nas normas editadas pela CVM isto não é possível.

[3]Uma vez mais, a presença da subjetividade.



Publicação das demonstrações da Eletrobrás e a UHE Xingó

Publicação das demonstrações da Eletrobrás e a UHE Xingó – Por Isabel Sales

Segundo a lei das Sociedades Anônimas, nos quatro primeiro meses após o término do exercício as empresas têm que realizar uma assembleia geral. Para que isso ocorra, um mês antes é necessário disponibilizar uma cópia das demonstrações financeiras (artigos 133 e 134 da lei 6.404/1976). Assim, geralmente no fim do primeiro trimestre do ano temos acesso aos relatórios anuais das empresas que participam da BM&FBovespa. Esse ano, contudo, a regra não foi seguida.

Ontem, após o encerramento dos pregões na bolsa, a Eletrobrás divulgou aqui seu resultado de 2010: R$ 2,25 bilhões (em 2009: 911 milhões).

A empresa já adiou algumas vezes a publicação das demonstrações financeiras anuais. No dia 28 de março o Diretor Financeiro e de Relação com Investidores, Armando Casado de Araújo, comunicou que devido à adoção dos novos padrões de contabilidade e à alteração de leis que afetam o setor, as demonstrações seriam publicadas no dia 29 de abril, dia em que foi publicado um novo comunicado (!!!) remarcando para o dia 13 de maio. Interessante notar que no dia 11 de maio foi publicado um comunicado remarcando a data do dia 13 de maio para o dia 12, quando realmente liberaram as demonstrações.

Tive a curiosidade de observar que a UHE Xingó (comentada ontem aqui no blog) tem a capacidade instalada de 3.162 MW. A UHE Belo Monte, por sua vez, terá capacidade instalada de 11.233 MW (sendo 15% de participação da Chesf, a quem pertence a UHE Xingó).

Há a seguinte informação na nota explicativa 46 sobre eventos subsequentes (também presente em um comunicado ao mercado feito pela Eletrobrás):

Ressalte-se que, o primeiro dos 6 hidrogeradores da UHE Xingó entrou em operação comercial em dezembro de 1994, e o último em agosto de 1997. Assim, ao se considerar o termo final da concessão em 2015, a ANEEL entende que o período total de concessão, somado ao de prorrogação, é de 20 anos.”


As demonstrações de 2010 da Chesf ainda não foram publicadas. Postaram, contudo, um comunicado ao mercado idêntico ao da Eletrobrás.