Translate

10 agosto 2010

Valor

O valor de um ativo ou de uma empresa é medido da seguinte forma:


Sendo FC = fluxo de caixa previsto, t = tempo, i = taxa de desconto.

Existem muitas lições que podemos aprender com esta expressão. Neste texto, limitarei a listar alguns aspectos cruciais da fórmula de cálculo do valor.

Em primeiro lugar, o valor está vinculado a estimativa dos fluxos de caixa futuros. Por esta razão, na expressão, o termo do fluxo de caixa aparece com um sinal (o til), indicando que se trata de uma projeção. Isto tem muitas implicações práticas. A pessoa que usar da expressão deve olhar o futuro e ter a coragem de arriscar um palpite sobre o que irá ocorrer nos próximos períodos de tempo.

Uma conseqüência imediata deste fato é que cada analista terá uma projeção dos fluxos futuros. Se isto é correto, o valor obtido na fórmula deverá ser diferente para cada pessoa. Se uma pessoa acredita que no próximo ano o caixa gerado por uma entidade é de $100 e outra prevê um caixa de $120, os valores obtidos dificilmente serão idênticos.

Assim, uma discussão sobre os pressupostos assumidos por cada pessoa só deve ser questionado em termos de sua razoabilidade e na sua coerência técnica. Se a estimativa de fluxo pode ser $100 ou pode ser $120, os valores obtidos a partir desta previsão também deve ser razoáveis.

Quarto, para que a projeção dos valores seja razoável, é necessário que se tenha uma visão abrangente do ambiente no qual está inserido o objeto avaliado. Isto inclui conhecer os aspectos tecnológicos, as perspectivas econômicas, os avanços dos concorrentes, as características dos clientes etc. Ou seja, dificilmente será possível projetar o valor de um ativo ou de uma empresa sem ter uma visão mais ampla do ambiente.

Quinto, como conseqüência, para a projeção será necessário um conjunto muito amplo de conhecimentos. Isto irá abranger a economia, a contabilidade, a psicologia etc.

CONTINUA

10 anos do Programa Multi

Na sexta-feira, de 13 de agosto, estaremos comemorando os dez anos do programa Multi, uma parceria entre a Universidade de Brasília, a UFPB e a UFRN. Este programa abrange um curso de mestrado acadêmico e o seu doutorado. Ao longo dos dez anos foram formados 193 mestres em contabilidade.

09 agosto 2010

Fora do Balanço

Por decisão do Banco Central (BC), os bancos pequenos e médios brasileiros vão continuar a manter bilhões de reais em ativos fora dos seus balanços individuais, ao menos até 2012. Levantamento feito pelo Valor com oito bancos que costumam ceder carteiras de crédito - Panamericano, BMG, Cruzeiro do Sul, Mercantil do Brasil, Rural, Paraná Banco, Bonsucesso e Matone - verificou um estoque de R$ 18,4 bilhões em empréstimos que só apareceram nas notas explicativas dos balanços individuais de 2009. Isso equivalia a 40% do total de crédito desses bancos no fim do ano passado.
Na semana passada, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu adiar, pela terceira vez, agora para 2012, a adoção de uma nova regra contábil que traria de volta para os balanços esses ativos, na maioria crédito consignado e financiamento de veículos cedidos a outros bancos e a fundos de recebíveis (FIDCs). As instituições menores vendem essas carteiras para antecipar receita, captar recursos para novos empréstimos e reduzir sua alavancagem. O adiamento representou um alívio para a liquidez do setor.

Especialistas em contabilidade e analistas de risco criticaram a decisão do CMN, que foi orientado pelo Banco Central. "O balanço deveria mostrar os riscos que existem numa entidade. Ao se fazer a antecipação da receita (no momento da cessão), há uma distorção nos números reais. Por isso, essa postergação de entrada em vigor da nova norma não é bem-vinda". afirma Rafael Guedes, diretor-executivo da agência de classificação de risco Fitch Ratings no Brasil.

O ex-diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e professor de contabilidade Eliseu Martins disse lamentar a decisão. "Esse é uma assunto bastante relevante e delicado e que já causou problemas sérios no mundo. Pela não adoção de boas regras como essa, descobriu-se que o Lehman Brothers apresentou um balanço não tão próximo da realidade", afirma.

No Brasil, os bancos de capital aberto ficam no meio termo e mantêm os ativos vendidos para fundos de recebíveis quando divulgam o balanço consolidado.
Pelo que o Valor apurou, ao contrário do que ocorreu nos adiamentos anteriores, que tiveram como motivo a crise, não teria havido unanimidade sobre essa última decisão de prorrogação nem mesmo dentro do BC.

Segundo um ex-diretor do Banco Central que preferiu não identificar, é normal que os técnicos defendam o que eles consideram correto do ponto de vista teórico. Mas ele diz que a diretoria do BC precisa ter uma análise mais abrangente da situação, avaliando as implicações econômicas das suas decisões.

Conforme a percepção de especialistas do mercado, o adiamento pode estar ligado a uma preocupação com a redução dos lucros dos bancos, uma vez que a receita de venda da carteira não seria reconhecida antecipadamente. Segundo Ceres Lisboa, analista de bancos da Moody's, a nova regra deve levar os índices de retorno sobre patrimônio dos bancos médios a cair de uma faixa entre 20% a 30% para cerca de 12% ou 13% nos primeiros anos. "Adiar a mudança não dá uma solução definitiva. Vou continuar questionando por mais um ano a capacidade desses bancos para rodar essa máquina", diz ela.

Outro impacto seria uma redução dos índices de Basileia, o que poderia provocar uma corrida das instituições por capital, o que também poderia não ser desejável nesse momento, segundo o ex-diretor do Banco Central.

Com as regras vigentes, os bancos que vendem carteiras reconhecem toda a receita da operação, assim como os custos de comissão, no momento inicial. Ao sair do balanço do banco cedente, a carteira de crédito vai para o balanço do banco comprador.

A questão é que boa parte dessas operações é feita "com coobrigação", o que significa que o banco vendedor se mantém responsável pela inadimplência da carteira, ou seja, continua a correr o risco. A instituição costuma repor créditos atrasados e pode até mesmo ter que recompor o principal.

Com as novas regras, o reconhecimento da receita seria feito ao longo do prazo do empréstimo, e a carteira seguiria dentro do ativo do banco vendedor, sob o argumento de que ele mantém a maior parte dos riscos e benefícios ligados ao crédito.

Após o voto do CMN, a justificativa dada pelo Banco Central para o novo adiamento foi a existência de estudos dentro do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb) para rever essa regra até 2011. Nesse sentido, seria conveniente esperar a decisão final do Iasb para fazer a mudança aqui no Brasil, ainda que seja certo que o BC tem total autonomia para adotar ou não a regra decidida no exterior.

Com a crise global, o Iasb decidiu reavaliar diversas regras sobre instrumentos financeiros, inclusive essa. Uma das possibilidades em estudo seria usar o conceito válido atualmente no Brasil. Para especialistas ouvidos pelo Valor, é difícil imaginar que o Iasb reveja a regra atual, já que o preceito base do IFRS é que a essência deve prevalecer sobre a forma.


Bancos médios deixam bilhões fora dos balanços - 5 de agosto de 2010 - Valor Economico (SP) (via Corecon) - Fernando Torres, de São Paulo

Rir é o melhor remédio





Propagandas criativas

Links

Iasb criou um órgão para implantar as normas em pequenas empresas

As bombas atômicas explodidas entre '1945 a 1998: gráfico


Elevada correlação entre o Euro e investimento no Brasil

Um português: verificador ortográfico

Teste #325

A crítica que se fez ao papel do BNDES na economia brasileira revelou que os contribuintes, através do Tesouro, repassaram um grande volume de recursos para aquele banco. Qual seria este valor repassado em 2009?

80 bilhões de reais
100 bilhões de reais
150 bilhões de reais


Resposta do Anterior: c. Vide aqui, um verbete sobre uma das empresas de Tiburcio, e aqui, um texto sobre a vida do ilustre Tiburcio

HP

SÃO FRANCISCO. Jodie Fisher, a ex-funcionária terceirizada da Hewlett-Packard, que acusou o então diretor-executivo Mark Hurd de assédio sexual, afirmou ontem que fez um acordo com ele para encerrar o caso. A mulher, que também é atriz e cuja identidade foi tornada pública ontem, disse estar surpresa e triste com a demissão de Hurd, uma vez que sua intenção não era fazer com que ele perdesse o emprego.

Hurd, de 53 anos, anunciou sua demissão na sexta-feira. O executivo teria falsificado relatórios de gastos da empresa para ocultar o caso com Jodie, de 50 anos. Ao ser demitido da HP, o executivo recebeu uma indenização de US$28 milhões.

O acordo para encerrar as investigações teria sido negociado na quinta-feira, um dia antes da renúncia de Hurd, e não envolveria a empresa. Jodie não deu detalhes sobre o caso ou o acordo, cujo valor não foi revelado. Ela afirmou apenas que não manteve relações sexuais com o Hurd confirmando a versão do executivo.

A diretora-executiva interina da HP, Cathie Lesjak, defendeu ontem a decisão da empresa de demitir Hurd. Ela afirmou que os investidores e grandes clientes da empresa têm demonstrado forte apoio a HP.


Assédio sexual na HP: ex-diretor obtém acordo - 9 Ago 2010 - O Globo

Sobre Jodie, aqui e aqui

08 agosto 2010

Rir é o melhor remédio


Fonte: aqui

Marca

A onda de fusões e aquisições de empresas no Brasil está tendo um efeito perverso: marcas que fizeram parte do cotidiano dos brasileiros por décadas estão com os dias contados. O Unibanco, que se uniu ao Itaú, vai desaparecer das ruas até novembro. O Banco Real, do Grupo Santander, não chega ao fim de 2011, assim como as Sendas, que começaram a ser substituídas por Extra semana passada num investimento de R$10 milhões.

A tendência, segundo especialistas, é que mais marcas desapareçam em breve. Na lista, nomes como Vivo, Embratel e Ponto Frio podem ter seu futuro contado apenas nos livros de marketing e na memória dos consumidores. Levantamento feito pelo GLOBO mostra que, das 250 maiores empresas em 2000, 17 nomes viraram pó, como Vasp, Gradiente, Rio Sul Linhas Aéreas e Sé Supermercados, adquirida pelo Pão de Açúcar.

Em geral, uma marca é aposentada de forma gradual, dizem publicitários. Isso é feito para que a companhia tenha tempo de transferir valores e manter a ligação emocional com os consumidores. Pesquisas indicam que após uma fusão ou aquisição só uma marca sobrevive — caso da Brasil Telecom (BrT), comprada pela Oi (ex-Telemar), em 2009. Em São Paulo, a rede de academias Fórmula passará a se chamar A! Body Tech.

Vivo vai virar Movistar e Embratel pode ser apenas 21

De acordo com estudo da consultoria Brand Finance, as 100 marcas mais valiosas do Brasil valem hoje R$273,2 bilhões. O número, embalado pelo crescimento da economia, é 22,3% maior em relação a 2009. Se somar o valor das marcas BrT, Unibanco e Real, haverá uma perda de R$9 bilhões.

— Com a forte competição, não há como administrar dois custos e duas estratégias. Sai muito caro. Não compensa. Por isso, as marcas estão acabando, apesar de terem seu valor — explica o publicitário Armando Strozemberg, presidente da Euro RSCG Contemporânea.

No setor de telefonia, muitas mudanças à vista. Com a compra da parte da Portugal Telecom (PT) na Vivo por 7,5 bilhões, a Telefónica, que passa a controlar sozinha a empresa, vai mudar o nome da Vivo para Movistar, segundo uma fonte na companhia. Apesar de ainda não estar nada decidido, diz a Telefónica, há quem garanta que a alteração será feita em até dois anos.

— Haverá alinhamento internacional, como já ocorre em toda a América do Sul. A marca Vivo é muito forte, mas a Telesp Celular e a Tele Sul também eram. Quando a Vivo foi lançada, em 2003, a ação de marketing foi tão intensa que em um mês o consumidor já reconhecia a marca — diz uma fonte envolvida na negociação.

Caso semelhante é o da Embratel, que está em processo de fusão com a Claro desde janeiro. De acordo com um outro executivo, há um grupo de estudo na companhia avaliando o fim da marca. Já é certo, por exemplo, o fim de nomes como o provedor Click 21. Oficialmente, a companhia não comenta.

— Mas é uma das hipóteses. O forte da companhia é o selo “21”. Esse é o patrimônio — revelou um executivo.

No varejo, as mudanças ainda estão em fase inicial. A carioca Sendas irá acabar no fim de 2011, e se juntará a nomes como Casas da Banha, Boulevard, Super Box e Paes Mendonça. A substituição da marca Sendas pela Extra Supermercado vai atingir 29 endereços até o fim deste ano. Em São Paulo, serão outros R$10 milhões para transformar o Compre Bem também em Extra.

— Essa é uma resposta à demanda do consumidor, que sabe que a marca não se modernizou. Com a mudança de Sendas para Extra Supermercado, esperamos um aumento de 30% no faturamento, pois vamos aumentar o sortimento de produtos — afirmou José Roberto Tambasco, vice-presidente executivo do Grupo Pão de Açúcar.

Gilson Nunes, presidente da Brand Finance, lembra que o Pão de Açúcar, que se associou a Casas Bahia, terá de fazer um reposicionamento do Ponto Frio, que perdeu 22% de seu valor de mercado em um ano:

— As empresas querem liderança. Por isso, acabam com uma das marcas. O processo tem de ser gradual, para não frustrar o consumidor.

Fabio Fernandes, presidente da agência F/Nazca, diz que a escolha é sempre do consumidor. Adilson Xavier, da Giovanni+Draftfcb, lembra o fim da marca DirecTV e a transformação em Sky, em 2007.

— Primeiro juntamos as duas em um nome só. Ficou Sky DirecTV por algum tempo. Depois transferimos o valor da DirecTV para Sky. Percebemos em pesquisas que o nome Sky era mais fácil de absorver — diz Xavier.

O próximo setor na lista é o de postos de gasolina. Isso porque a Cosan, que tem o direito de uso da marca Esso, assinou acordo de intenção de união com a Shell. Por isso, dizem fontes, uma das marcas pode sumir. Segundo as companhias, só haverá alguma decisão mês que vem. Especialistas lembram que o Grupo Ultra, dono da Texaco e da Ipiranga, também poderá fazer alguma mudança.


Marcas famosas vão ficar só na lembrança - 8 Ago 2010 - O Globo - Bruno Rosa

06 agosto 2010

Teste #324

Quem foi Tiburcio Parrot?

a) um papagaio famoso das histórias de pirata
b) um militar australiano, que lutou contra os Boers
c) um mexicano, empresário de mineração na Califórnia

Resposta do anterior: todas as alternativas. Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio



Fonte: aqui

IFRS em PMEs

Padrão internacional de contabilidade vai beneficiar micro e pequenas empresas - via Gestão Financeira

O padrão internacional de normas contábeis que as companhias brasileiras terão que adotar neste ano vai beneficiar as micro e pequenas empresas, na avaliação do vice-presidente da área técnica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Nelson Mitimasa. A padronização das normas, além de dar maior transparência à movimentação das empresas, poderá ser facilmente entendida pelos investidores. A mudança, segundo Mitimasa, pode representar mais facilidade na obtenção de crédito e atração de investimentos.

“O capital hoje não está mais restrito às grandes companhias. Com a globalização, as micro e pequenas empresas também se tornaram alvo de interesse. Mas para o investidor é fundamental saber que as demonstrações contábeis refletem a posição real da empresa, como capacidade de geração de caixa [1] para honrar os compromissos assumidos”, afirmou o vice-presidente da área técnica do CFC.

Adotadas pelo Brasil em janeiro deste ano, as Normas Internacionais de Contabilidade (International Reporting Standards -IRFS) são utilizadas em cerca de 110 países e alcançam perto de 100 milhões de empresas.

O novo padrão contábil é o tema do Seminário IFRS para as Micro e Pequenas Empresas, promovido pelo Conselho Federal de Contabilidade, que tem entre os parceiros o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Sebrae. O encontro, que começou na segunda-feira (2) e terminou na quarta-feira (4), reuniu no auditório do BNDES mais de 650 profissionais de todo o país. A proposta é formar multiplicadores para repassar o conhecimento nos estados.

No Brasil, onde 99% das empresas são micro e pequenas, esse seminário é particularmente importante para que os contabilistas possam preparar os empresários para adoção das novas normas. A proposta do IRFS é transformar as diversas práticas contábeis em uma linguagem reconhecida no mundo todo. Todo o conteúdo do seminário estará disponível na próxima semana no site do Conselho Federal de Contabilidade.


[1] As demonstrações contábeis não respondem a isto. Quanto se fala na capacidade de geração de caixa é importante notar que isto não é a DFC, que refere-se ao passado. É bem verdade que através de uma boa análise das informações sobre o passado de uma empresa talvez seja possível inferir sobre isto.

BNDES e contabilidade confusa 2

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está crescendo rapidamente demais e precisa de mais transparência e competição, diz a revista britânica The Economist. Em reportagem de capa na edição desta semana, a revista ataca o avanço do Estado empresário e diz que o papel do banco na economia brasileira vem provocando polêmica.

A publicação lembra que os empréstimos do BNDES já excedem os do Banco Mundial. Os desembolsos somaram R$ 137 bilhões em 2009, o dobro de 2007. A Economist destaca as conexões políticas do banco, ao lembrar que o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, é ex-presidente do banco e o atual presidente, Luciano Coutinho, é o favorito de Dilma Rousseff para sucedê-lo.

A revista faz três questionamentos principais: que o banco cresce demais, os empréstimos são subsidiados e com contabilidade obscura e o BNDES empresta a grandes empresas, como os frigoríficos JBS e Marfrig.

O diretor de planejamento do banco, João Carlos Ferraz, responde à revista que os financiamentos foram decisões comerciais, a taxas também comerciais. Segundo ele, os subsídios, de menos de US$ 6 bilhões por ano, não elevam a dívida pública.

Entre 2001 e 2008, o BNDES atuou como contrapeso útil ao ciclo de crédito, mas esse caminho vem mudando dramaticamente, diz a Economist. A economia se recuperou, mas os empréstimos do BNDES continuam a crescer.

‘Jurássico’. A publicação cita a comparação feita pelo ex-presidente do BNDES Luiz Carlos Mendonça de Barros, que chama o banco de fomento de “ovo da serpente”, numa referência ao filme de Ingmar Bergman sobre a origem do nazismo. Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central, trata o órgão de “jurássico”. Já o empresário Eike Batista avalia que o BNDES é o “melhor banco do mundo”.

“A violência da retórica reflete a controvérsia crescente sobre o BNDES e a interferência do Estado na economia”, diz a revista.


Revista britânica questiona papel do banco na economia brasileira - Daniela Milanese, correspondente em Londres - 6 Ago 2010 - O Estado de São Paulo

BNDES e contabilidade confusa

O BNDES sofreu o escrutínio da revista “Economist” que chegou às bancas britânicas ontem. A reportagem de capa, chamada “Leviatã S.A.”, analisa o ressurgimento da mão do Estado no setor produtivo, para assegurar o crescimento da economia e a criação de empregos. Segundo a “Economist”, isso ocorre tanto em países ricos — o governo americano, por exemplo, tem hoje uma fatia da General Motors — quanto nos emergentes Brasil, Índia e China.

No Brasil, o BNDES representaria essa mão do Estado. A “Economist” cita o empresário Eike Batista, para quem o BNDES é “o melhor banco do mundo”, e o ex-presidente da instituição, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que a chama de ovo da serpente, referência ao filme de Ingmar Bergman sobre as origens do nazismo.

O BNDES, diz a “Economist”, está envolvido na campanha das eleições presidenciais. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já comandou o banco, e seu atual presidente, Luciano Coutinho, é visto como sucessor de Mantega se Dilma Rousseff for eleita, afirma a revista.

Outra crítica diz respeito ao crescimento excessivo do BNDES. “Este ano, deve financiar 40% do investimento total do Brasil em indústria e infraestrutura, o dobro do período 2004-2006. Depois, dizem os críticos, seus empréstimos são subsidiados e seus balanços, obscuros”, afirma a “Economist”. Outra crítica é o BNDES emprestar para grandes empresas, como Petrobras, JBS e Marfrig.

O diretor de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, rebate afirmando que os empréstimos para JBS e Marfrig foram decisões comerciais. Ele explica que os subsídios são inferiores a US$6 bilhões anuais e que não elevam a dívida pública líquida.

Mas, afirma a “Economist”, há críticas mais difíceis de rebater. O BNDES parece ter expandido demais seu crédito. Mesmo com a recuperação da economia este ano, seus empréstimos continuaram a subir. Além disso, ele está prejudicando o desenvolvimento do setor financeiro. “Os bancos comerciais precisam entrar no empréstimo corporativo de longo prazo. Mas enquanto Petrobras, Vale e JBS tiverem crédito subsidiado do BNDES, por que entrariam?”, argumenta a revista. “Algumas das críticas do BNDES são questionáveis. Mas o banco está crescendo rápido demais. E precisa de maior transparência e muito mais concorrência”.


Para ‘Economist’, um tentáculo do Leviatã - O Globo - 6 ago 2010

IFRS no Brasil

Conselho considera positiva adesão do Brasil às normas internacionais de contabilidade - Por Alana Gandra (da Agência Brasil) em 05/08/2010 (via Claudia Cruz)

A adesão do Brasil às normas internacionais de contabilidade (na sigla em inglês IFRS - International Financial Reporting Standards) não vai alterar a essência ou característica da contabilidade do país, que permanece a mesma. A iniciativa vai apenas adequar os balanços das empresas brasileiras ao padrão internacional de contabilidade. Foi o que disse hoje (5) o presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Juarez Domingues Carneiro. “Queremos apenas jogar lá fora com as leis do mercado.”

Comparando as normas internacionais de contabilidade ao futebol, ele disse que a meta é que o país tenha as mesmas regras que são válidas em todo o mundo. “Imagine se as regras do futebol no Brasil fossem diferentes das dos demais países? Seria muito difícil competir”.

O Brasil será o primeiro país do mundo a adotar as IFRS para a totalidade das empresas, já a partir deste ano. As IFRS começaram a ser adotadas na União Europeia em 2005 e passaram a ser aplicadas às grandes companhias brasileiras e instituições financeiras a partir de 2007. Este ano, elas deverão ser adotadas também pelas micro, pequenas e médias empresas, que representam cerca de 99% das companhias nacionais.
Explicou que durante muito tempo o Brasil perdeu oportunidades e espaço no exterior porque a forma de contabilizar era diferente de outros países. “O Brasil foi, de certa forma, preterido em muitos negócios internacionais, porque as regras eram desfavoráveis ao país. No momento em que adota essas normas internacionais, o Brasil estabelece essa condição igualitária”.

A adequação às IFRS contribui para a redução da mortalidade das empresas [1], porque suas demonstrações financeiras são apresentadas de forma mais transparente e levam a um melhor gerenciamento das contas. O processo melhora a captação de crédito [2] com os agentes financeiros e sua relação também com os fornecedores, afirmou Juarez Carneiro. ”Conhecendo a contabilidade dessa empresa e sabendo de sua condição financeira, ele tem condições até de estabelecer uma linha de crédito maior para compras a prazo”.

O presidente do CFC estimou que as IFRS poderão ainda ter reflexos positivos sobre a geração de emprego nas companhias de todos os portes. “Estamos falando não só de normas internacionais, mas também de gerenciamento. Estamos falando de empresas que vão se estruturar melhor na área financeira. E essa estruturação demanda pessoas. Acredito que um dos impactos, quando a empresa melhora a gestão, é ter um resultado melhor, seja na venda, como nos serviços. E isso pode reverter em mais postos de trabalho para essas empresas.”


[1] Como é possível fazer uma observação desta sem qualquer comprovação. A mortalidade das pequenas empresas não está relacionada com a adoção ou não de uma norma. Se o gestor não sabe usar a informação, não importa se a mesma é uma norma internacional ou não.

[2] De igual modo, afirmar que melhora a captação de crédito também é temerário. O crédito é um recurso escasso. Se uma pequena empresa melhora suas informações, aquela que não o fez perdeu o acesso aquele dinheiro. Deste modo, como não existiu um aumento no volume de recursos no mercado financeiro, existe somente uma transferência entre as empresas. Mas o volume total de crédito não aumenta com a adoção da normas. Pelo menos no curto prazo.

Conselhos para Mensurar

1. Seu problema não é único como você imagina
2. Você possui mais dados que imagina
3. Você necessita de menos dados do que você imagina
4. Existe uma medida que muito mais simples que você imagina

Fonte: HUBBARD, Douglas. How to measure anything

(Isto deveria estar na porta da sala do contador)

Retrofit 1

Comum na Europa, 'retrofit' requalifica construções antigas - Rodrigo Brancatelli - 27 Jul 2010 - O Estado de São Paulo

Reforma do prédio precisa ser aprovada em assembleia e já existem até linhas de crédito para seu financiamento

O retrofit é uma prática extremamente utilizada na Europa para requalificar construções antigas, adequá-las a novos usos e reintegrá-las à vida urbana. Para que haja necessidade dessa modernização, os prédios devem ter pelo menos de 20 a 30 anos - pelas normas de condomínio, a decisão pela reforma precisa ser discutida em assembleia, e a empresa de arquitetura contratada faz um mapeamento de intervenções. Em São Paulo, por exemplo, endereços históricos como o Edifício Albertina, Cícero Prado e Cecília, na Avenida Rio Branco, o Edifício Viadutos, na Praça General Craveiros Lopes, e o Edifício Bretagne, na Avenida Higienópolis, já passaram por retrofit.

“Há casos no centro em que o investidor compra todo o prédio, faz o retrofit e depois revende por mais do que o dobro do valor investido”, diz Paulo Marchesi, dono de uma empresa de engenharia que fez 15 projetos de retrofit nos últimos 12 meses.

Atualmente, há até linhas de crédito para o financiamento de retrofit - um acordo firmado entre o setor da construção civil e bancos privados liberou recursos da caderneta de poupança para o financiamento de obras de modernização residencial - os recursos disponíveis somam R$ 2,5 bilhões.

Retrofit

'Cirurgia plástica' chega a dobrar preços de prédios - Rodrigo Brancatelli - 27 Jul 2010 - O Estado de São Paulo

Chamada de retrofit, modernização de edifícios vira moda em imóveis mais baratos; retorno é dez vezes maior que investimento

Foram exatos 17 meses e duas semanas aguentando o barulho de picaretas, de marteladas, de ladrilhos quebrando e de operários trabalhando de manhã até tardinha. Dona Carmem Castelo Domingues, médica aposentada de 68 anos, chegou a perder um prato de porcelana que pertenceu a sua mãe - por causa de uma megaobra de modernização em seu prédio na zona oeste de São Paulo, a parede de sua sala rachou e a tal lembrança da família espatifou no chão. Isso sem falar no elevador, que ficou intermináveis semanas sem funcionar. “Moro no quinto andar”, resume ela, sem um pingo de ironia na voz.

Dona Carmem acabou se acostumando com as marteladas e, no fim da reforma, viu seu apartamento valorizar 40%. “Antes da obra falavam que meu imóvel valia R$ 200 mil. Agora, calculam pelo menos R$ 280 mil”, conta ela, agora esboçando um sorriso. “Valeu a dor de cabeça.” Para muitos outros paulistanos, também tem valido - tendência internacional, a técnica de revitalização de edifícios antigos, chamada de retrofit, já começa a tomar conta da paisagem de São Paulo e a valorizar prédios históricos da capital que estavam degradados.

Imóvel antigo, mas com cara de novo em folha. De dois anos para cá, a palavra retrofit definitivamente entrou no vocabulário do paulistano. A cena de prédios antigos envelopados com telas de proteção já virou chavão em bairros como Perdizes, Sumaré, Bela Vista, Barra Funda, Cerqueira César, Liberdade, Santa Cecília e Vila Buarque, onde boa parte dos edifícios foi construída entre 1960 e 1980 - além de começar a se tornar comum em imóveis de classe média e em regiões mais novas da capital, como Morumbi e Moema.

Retorno financeiro. Essa onda de retrofit explica-se basicamente pelo boom imobiliário e pela escassez de espaços urbanos, principalmente terrenos vagos. As reformas variam de uma simples cirurgia plástica na fachada até uma total troca de elevadores, sistema hidráulico e elétrico - pode-se ainda transformar prédios de escritórios em habitações de renda média ou instalar novos equipamentos de lazer (como espaço gourmet e piscinas). Passada a confusão da obra, que pode demorar de um a três anos, o retorno financeiro é garantido - uma reforma que custe R$ 5 mil para cada condômino pode valorizar o imóvel em cerca de R$ 50 mil

Em alguns casos, o retorno é até maior. O Edifício Marambaia, por exemplo, localizado nos Jardins, passou por uma enorme reforma e ganhou varandas em todos os apartamentos. Cada condômino teve de desembolsar algo em torno de R$ 175 mil na modernização. Resultado: as unidades que valiam até R$ 600 mil pularam para mais de R$ 2,8 milhões.

Competitivo. “Um projeto bem elaborado, apesar de poder parecer caro à primeira vista, traz grande rentabilidade para os moradores em longo prazo”, afirma Angélica Arbex, gerente de Marketing da administradora de edifícios Lello Condomínios. Segundo ela, a iniciativa busca, além da modernização do condomínio, tornar o imóvel mais “competitivo e atrativo” no mercado em relação aos novos empreendimentos imobiliários.