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03 novembro 2006

Rir é o melhor remédio - 22


O retrato de uma apresentação num congresso acadêmico. Diversas vezes passei por esta situação...

Bolsa de Nova Iorque e a Contabilidade

Recentemente tem-se observado uma tendência das empresas mundiais de escolherem a bolsa de Londres em lugar do mercado norte-americano, ou seja, a bolsa de Nova Iorque. Possíveis explicações podem ser encontradas para este fato, mas a maioria delas tem sua origem na questão regulatória: o mercado norte-americano está muito regulado devido a Sox e existe uma grande quantidade de possibilidade de processos judiciais no direito norte-americano, alguns deles desnecessários.

Duas outras possíveis causas tem sido citadas para tentar explicar esta preferência por Londres: a globalização do mercado de capitais e a incompatibilidade dos padrões contábeis. O prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, sugeriu, de forma polêmica, que os padrões norte-americanos são incompatíveis com os padrões mundiais, propostos pelo Iasb.

Isto despertou reações pois provavelmente não é verdade que os padrões do Iasb sejam melhores (ou piores) que os do Fasb. As pesquisas existentes não são conclusivas. Além disto, existe todo um movimento para compatibilizar ambos os padrões.

Nintendo opta pelo simples e barato

Reportagem do Wall Street Journal mostra que a Nintendo está na contramão no setor de games.

Nintendo tenta reinventar mercado com videogame mais simples
November 3, 2006 4:05 a.m.

Por Yukari Iwatani Kane e Nick Wingfield
The Wall Street Journal

Vinte anos depois de comandar o mercado de consoles de videogame e as tardes dos adolescentes, a Nintendo Co. está parada no terceiro lugar, ultrapassada pela Sony Corp. e a Microsoft Corp.

Agora, a Nintendo está tentando reinventar o mercado indo atrás de um público pouco explorado — pessoas com mais de 25 anos. Num novo console a ser lançado este mês, a empresa está buscando simplicidade, em vez do poder de computação e dos gráficos velozes que puseram suas rivais na frente.

A empresa ainda vai vender os clássicos jogos de tiros e novas edições de seus sucessos dos anos 80, como Super Mario Brothers. Mas a Nintendo vai passar de joysticks e polegares ágeis para um novo tipo de controle que os jogadores movimentam no ar. Eles podem ficar em pé na sala de estar e imitar o movimento de lançar uma vara de pescar, arremessar uma bola de boliche ou fazer um voleio no tênis — e ver isso acontecer na tela da TV.

Se a arriscada estratégia da Nintendo for bem-sucedida, pode pôr em questão a idéia dominante na indústria de videogames, que movimenta US$ 17 bilhões por ano: a de que o sucesso está na máquina mais rápida, mais poderosa possível, seja qual for o custo. É por isso, em parte, que a Sony domina o setor desde 2000 com seu PlayStation 2, uma máquina tão poderosa que o governo japonês temia que pudesse ser usada para o desenvolvimento de armas avançadas. O PlayStation 3, que será lançado nos Estados Unidos uma semana antes do novo console da Nintendo, é ainda mais poderoso. A Microsoft, segunda colocada, está usando uma estratégia similar com seu Xbox 360, lançado ano passado.
[nintendo]

À medida que mais consumidores se sentem alienados por aparelhos cada vez mais complicados, algumas empresas estão tentando ganhar uma vantagem competitiva fazendo designs mais claros e simples. A Nintendo espera que uma inovação menos complexa consiga ter tanto impacto no mercado quanto a velocidade maior de um chip de computador — e a um custo menor.

A Nintendo tem tido lucros saudáveis em parte porque ela conta com produtos que são mais simples e custam menos para fabricar. A despeito de sua terceira colocação, ela teve lucro de US$ 841 milhões para um faturamento de US$ 4,35 bilhões no ano passado. Ela espera que seu novo sistema — chamado de Wii — e seus games sejam rentáveis em um ano.

Em contraste, a Sony e a Microsoft estão gastando bilhões de dólares no desenvolvimento de suas máquinas, com pouco retorno até agora. Os videogames da Sony geraram um lucro de US$ 75 milhões e receita de US$ 8,19 bilhões no ano fiscal encerrado em março de 2006. A Microsoft não lucrou ainda nenhum centavo com sua divisão Xbox, dizem analistas.

No Japão, a demanda por consoles de videogame está em queda. Nos últimos três anos, o número de aparelhos vendidos no país caiu mais de 8%, enquanto cresce o número de pessoas que não estão interessadas em jogar, segundo um levantamento anual feito pela Associação de Fabricantes de Eletrônicos para Entretenimento. As vendas tanto de consoles quanto de games caíram cerca de 20% de 2000 a 2005, para 496,5 bilhões de ienes (US$ 4,3 bilhões).

Nos Estados Unidos, a porcentagem de domicílios com consoles não passou dos 36% nos últimos dez anos, de acordo com a firma de pesquisa de mercado Odyssey LP, de São Francisco. As vendas de consoles nos EUA quase triplicaram no mesmo período, com as fabricantes vendendo mais jogos para o mesmo universo de usuários.

"Todos pensavam que os consumidores continuariam a comprar novos consoles desde que pudessem jogar games mais reais e impressionantes", disse o diretor-presidente da Nintendo, Satoro Iwata, ao Wall Street Journal. Embora os fãs tenham aplaudido os novos jogos, disse, "também havia pessoas que discretamente se afastaram porque eles ficaram complexos demais".


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02 novembro 2006

Auditorias querem proteção do governo!

Auditorias querem proteção de governos em processos judiciais
November 2, 2006 4:05 a.m.

Por David Reilly
The Wall Street Journal

Os negócios estão a pleno vapor nas maiores firmas de auditoria do mundo, por isso a maior prioridade delas na defesa de seus interesses pode parecer irônica: elas querem proteção dos governos em caso de um grande abalo financeiro.

As receitas das quatro maiores firmas de contabilidade — PricewaterhouseCoopers, Deloitte & Touche, Ernst & Young e KPMG — cresceram num ritmo de dois dígitos nos últimos anos, quando as comissões que elas cobram dispararam. Mudanças na legislação americana aprovadas depois de escândalos contábeis desta década resultaram em mais trabalho para essas firmas. Um dos maiores problemas que elas enfrentam atualmente é a falta de pessoal para atender à enorme demanda por serviços.

E no entanto as quatro gigantes querem limitar as indenizações judiciais que investidores e outras partes possam tentar forçá-las a pagar por causa de erros na auditoria de companhias abertas. Sem essa proteção, elas dizem, é só uma questão de tempo até que uma delas seja derrubada por uma gigantesca indenização judicial.
[numbers]

O argumento delas está sendo defendido por um influente grupo formado recentemente para estudar a competitividade dos mercados financeiros americanos, com o estímulo do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson. Espera-se que o grupo vá recomendar nas próximas semanas que o governo aprove novas proteções para as firmas de auditoria. Um comitê criado dentro da poderosa Câmara de Comércio dos EUA está manifestando uma preocupação similar. Na Europa, a Comissão Européia está estudando a questão e deve recomendar limitações às indenizações com que as firmas de auditorias devem arcar.

O risco que as grandes auditorias de fato enfrentam tem estado em grande parte fora do debate sobre a responsabilidade civil delas. A despeito de uma série de ações na Justiça com grandes valores, que resultaram de escândalos corporativos, nenhuma das firmas sofreu um golpe fatal a partir dessas ações. A única grande firma de auditoria que quebrou, a Arthur Andersen LLP em 2002, foi vítima não de uma ação por responsabilidade civil, mas de uma condenação criminal por obstrução de Justiça, que posteriormente foi anulada num recurso.

"Não acho que os auditores tenham uma necessidade real de nenhum tipo de proteção especial", diz Bill Kelley, diretor jurídico da previdência do Estado do Alabama, que processou firmas de contabilidade depois de quebradeiras de grandes empresas. "É preciso que a cobrança das firmas de auditoria seja elevada. Elas são as pessoas de fora das companhias com que nós contamos. É duro ter essa responsabilidade, mas é para isso que elas estão sendo pagas."

As firmas dizem que a proteção especial é necessária porque elas podem ser processadas não somente pelas empresas cujos livros contábeis auditam, mas também por outras partes, como acionistas. Esses investidores, acrescentam as firmas, tentam usar as firmas de auditoria para recuperar perdas que tiveram nas bolsas.

"O custo de nossos serviços de auditoria nunca foi calculado para servir de seguro ao mercado de capitais", disse William G. Parrett, diretor-presidente da Deloitte Touche Tohmatsu, o braço internacional da Deloitte & Touche. "Não acho que estejamos dizendo que não devíamos ter nenhuma responsabilidade, mas ela precisa ser proporcional à nossa participação em qualquer problema."

01 novembro 2006

Sox é relevante para empresa brasileira?

Um estudo que está sendo realizado por um aluno de graduação da UnB, Eric Mattos, com supervisão do prof. Paulo César Mendes, tenta verificar o impacto da SOX nas empresas brasileiras.

Os dados de 2006 mostram que o mercado percebeu positivamente a implantação das exigências da Sox, como é o caso da Gol. Já outras empresas, como por exemplo a Braskem e o Itaú, a implantação da Sox não afetou a percepção do mercado.

Mattos utilizou o estudo de eventos, comparando o comportamento dos preços das ações em relação ao mercado e a data de implantação das exigências da Sox.

Infelizmente as poucas empresas brasileiras implantaram efetivamente a SOX termina por ser uma limitação do trabalho. Isto não impede que no futuro o trabalho de Mattos não possa ter uma amostra maior.

Casamento


De um livro sobre casamento:

"Casamentos representam um negócio de $70 bilhões de dólares (...). Em Brides, Inc., Vicki Howard pesquisa as várias empresas envolvidas para explogoes behind the scenes of the various firms involved--from jewelers to caterers--to explore the origins of the lavish American wedding, demonstrating the important role the wedding industry has played in shaping the traditions that most of us take for granted.

Howard revela que muitos dos nossos costumes e rituais em casamento são produtos de uma campanha de propaganda sofisticada, de promoções e inovações. Traçando a ascensão da indústria do casamento de 1920 a 1950, o autor explica que varejistas, consultores casamenteiros, escritores de etiqueta e muitos outros inventaram tradicões (...)"

Brides, Inc.: American Weddings And the Business of Tradition (Hardcover)
por Vicki Howard

O que determina a qualidade do professor

Numa pesquisa realizada no Canadá, Florian Hoffmann e Philip Oreopoulos, tentaram verificar o que determina a qualidade do professor. Apesar do cuidado dos autores em observar o impacto do status do professor e o seu salário, a conclusão de que estas variáveis não interferem parece questionável e polêmico.

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Rir é o melhor remédio - 21

Petrobrás na Bolívia

A resposta da Petrobrás a sugestão do Evo Morales:

Petrobrás já fala em investir mais

Para presidente da estatal, novos contratos melhoraram as condições vigentes desde o anúncio da nacionalização

Nicola Pamplona

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que os novos contratos assinados com a Bolívia no fim de semana abrem espaço para a retomada de investimentos no país vizinho. A declaração representa uma mudança radical na posição da empresa, que havia suspendido qualquer projeto novo após a publicação do decreto de nacionalização das reservas de petróleo e gás, em maio.

Na avaliação de Gabrielli, os contratos melhoram as condições vigentes desde então e podem garantir segurança jurídica para novos aportes, embora tenha ressaltado que não há, no momento, projetos em análise em território boliviano. 'Uma vez que estiver em funcionamento pleno, este contrato vai permitir a avaliação de novos investimentos no país', afirmou o executivo, em entrevista coletiva na qual apresentou os detalhes dos contratos de exploração e produção.

Segundo o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, os novos contratos assinados pelas petroleiras vão garantir ao país investimentos de cerca de US$ 3,5 bilhões entre 2007 e 2010, mais do que foi investido no período de 1996 a 2004.

Gabrielli frisou que os termos acordados não transformam a Petrobrás em mera prestadora de serviços, posição rechaçada pela empresa desde o início das negociações. Segundo a companhia, os novos contratos são de produção compartilhada, uma vez que a estatal boliviana, a YPFB, ficará apenas com parte da receita sobre a venda da produção.

O novo modelo permite à companhia contabilizar como suas as reservas bolivianas, no entender da área jurídica da estatal brasileira. A explicação é que, segundo as regras da SEC (órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos), as empresas de petróleo podem contabilizar reservas se tiverem receita variável, de acordo com os preços de mercado e o volume de produção.

Em contratos de prestação de serviços, como os que a Petrobrás tem no México, por exemplo, a empresa tem remuneração fixa pela operação dos poços, independentemente das cotações internacionais do petróleo ou gás.

Os documentos assinados no sábado, por outro lado, prevêem que 50% da receita será destinada ao governo boliviano sob a forma de impostos. Uma outra pequena parcela fixa será repassada à Petrobrás para cobrir os custos. O restante será dividido entre Petrobrás e YPFB, segundo uma fórmula que considera preços e volumes de produção, investimentos e depreciação dos ativos.

De acordo com a empresa, a fórmula permite rentabilidade de 15% durante a vida útil dos campos de San Alberto e San Antonio. No entanto, a tabela de remuneração varia entre os limites de 2% a 32% da receita destinada à Petrobrás e seus parceiros. Segundo um técnico, porém, é muito difícil que os extremos, tanto o mínimo quanto o máximo, sejam atingidos.

Neste primeiro momento, a remuneração da Petrobrás ficará em torno de 20% da receita dos campos, que produzem uma média de 46 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar dos avanços nas negociações, Gabrielli admitiu, porém, que a situação é pior do que a vigente até março de 2005, quando a Bolívia aprovou a nova Lei dos Hidrocarbonetos. Até então, os operadores dos campos tinham direito a cerca de 40% das receitas - o restante era destinado ao pagamento de impostos.

COM REUTERS


Fonte: Estado de S. Paulo, 01/11/2006

Observe que a empresa pretende contabilizar as reservas. Mas a definição de ativo considera que as reservas só podem ser consideradas no balanço caso exista o controle por parte da entidade.

31 outubro 2006

Petrobrás na Bolívia

Notícia da Reuters. É inacreditável. Cadê o acionista da Petrobrás?

Brasil deveria dar refinarias da Petrobras à Bolívia, diz Morales
Terça, 31 de Outubro de 2006, 17h00
Fonte: Reuters




O Brasil devia dar de presente à Bolívia as refinarias da Petrobras, cujo valor está estimado em cerca de US$ 100 milhões, disse na terça-feira o presidente boliviano, Evo Morales.

"Esse preço para o Brasil não é nada, se eu fosse o Brasil daria as refinarias de presente", disse Morales.

O presidente boliviano afirmou que pretende fechar em breve um acordo com o Brasil para a recompra das refinarias, como forma de reverter o "mau negócio" fechado pelo governos bolivianos passados que as venderam.

Morales apelou à amizade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "a quem felicito por sua ratificação, e com certeza a negociação com a Bolívia o prejudicou na campanha".

Segundo ele, a nacionalização dos hidrocarbonetos e os planos de mobilização militar "em nenhum momento eram para fazer faltar gás, e sim para garantir o gás ao Brasil, obrigando o respeito das normas nacionais".

O presidente boliviano também disse que o fechamento dos contratos com as multinacionais, entre elas a Petrobras, evitou uma intervenção militar nas reservas bolivianas de gás natural.

Morales agradeceu o apoio das Forças Armadas à "recuperação dos recursos naturais" e anunciou que na semana que vem submeterá os contratos assinados no fim de semana ao Congresso Nacional, para que sejam ratificados.

"Se alguma empresa não assinasse, estávamos totalmente preparados para exercer nosso direito de propriedade. Dissemos que precisamos de sócios e não de donos para nossos recursos naturais", disse Morales a correspondentes estrangeiros.

"Seguramente teria havido uma ampla mobilização das Forças Armadas para exercer o direito de propriedade, como tem direito qualquer país", acrescentou ele.

Previsões


Previsões para os próximos quatro anos:

1. A Nova Lei das S/A não será aprovada pois outros assuntos dominarão a pauta do Congresso;

2. Teremos problemas contábeis sérios com alguns fundos de pensão, com subestimação de cálculo atuarial e rentabilidade baixa em decorrência de decisões de investimento negativa

3. Haverá uma melhora em alguns pontos da estrutura jurídica, mas isto será pouco expressivo em termos comparativos com outros países

4. O desempenho de estatais será abaixo do mercado. Algumas delas terão problemas de contabilização, com contabilidade criativa

5. O CPC terá uma implantação lenta, apesar da boa vontade de algumas pessoas. O governo não reconhecerá a normatização contábil vinda do CPC

6. A contabilidade pública ainda utilizará o regime de caixa, apesar de algumas pequenas melhorias na sua parte gerencial

7. As vedetes serão empresas com boa governança e vínculo expressivo com o mercado mundial.

Transparência no Orçamento Público


Anteriormente fiz comentário sobre uma pesquisa de transparência do orçamento público no Brasil (clique aqui para ler).

Agora esta pesquisa sob a forma de figura, publicada na The Economist.

Microfinanças


O Nobel da Paz deste ano foi para Muhammad Yunus e seu Grameen Bank para a Microfinanças. Apesar do aspecto social do prêmio, existem alguns questionamentos sobre a validade desta estratégia.

Nesta semana, Becker fez o seguinte comentário sobre a microfinanças:

"Todos os economistas que tem estudado a microfinanças concordam que ela não será mais do que um fator menor para o fim da pobreza em qualquer país. O crescimento econômico requer direitos de propriedade, encorajamento a iniciativa privada, abertura ao comércio internacional, estímulo à educação, regulamentações limitadas e sensíveis e um governo razoavelmente honesto. Microfinanças faz somente uma pequena contribuição (...)"

Estamos no caminho certo?

Informação privilegiada 02


A seguir a continuação da reportagem do Valor Econômico:

Mercado pede punições severas e julgamentos rápidos

De São Paulo
"Aos 'insiders', a cadeira elétrica", diz Fábio Alperowitch, sócio da Fama Investimentos, gestora do mercado de ações. Sua hipérbole revela o sentimento de muitos investidores frente ao uso de informações privilegiadas. "Isso é apropriação indevida de valores, ou seja, roubo." Para ele, o combate à impunidade é a principal defesa dos prejudicados.

Fatos como esse só são descobertos depois de executados, portanto, é preciso combatê-los a posteriori. Informações privilegiadas são trocadas pelo mercado diariamente entre executivos e funcionários das empresas envolvidas, parceiros e escritórios de advocacia, entre outros. Mas é o uso dessas informações para obtenção de lucro próprio que torna o ato ilegal.

O ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e sócio da Mauá Investimentos, Luiz Fernando Figueiredo, critica o fato de que, no Brasil, é possível protelar durante anos a punição a um caso de informação privilegiada determinada pela CVM, recorrendo à Justiça. Depois de anos se arrastando nos tribunais, a punição perde a eficácia, diz. "É diferente dos Estados Unidos, onde tendo prova o culpado já sai da corretora ou do banco para a cadeia."

A legislação brasileira deveria ser mais rigorosa com esse tipo de crime e tornar a punição pública, diz Figueiredo. Se isso ocorresse, outros pensariam duas vezes antes de fazer o mesmo, acrescenta. "Mas, se o processo demora 20 anos e a pena é leve, a punição não funciona."

O ex-diretor do Banco Central reconhece que a CVM está mais atuante, mas para chegar ao nível dos Estados Unidos a legislação teria de ser mais rigorosa. "Lá fora chega à cadeia, mas aqui, no máximo, há multa e suspensão e, ainda assim, depois de muitos anos", diz ele, lembrando do caso Nahas, que ocorreu em 1989, mas só foi julgado em 1994.

Um gestor lembra do caso da apresentadora de TV americana Martha Stewart como exemplo de punição severa. Ela foi presa por negociar ações de uma companhia farmacêutica após entrevistar um de seus executivos que, durante o intervalo do programa, contou-lhe fatos exclusivos.

A apuração de informações privilegiadas melhorou bastante no Brasil, porque há mais casos de punição e investigação. Mas o problema é que a própria lei tem punição mais branda do que deveria, diz Figueiredo. "Tem de haver punição, senão a regra do jogo perde o sentido e bandido acaba se saindo bem."

(DF, DC e Angelo Pavini)

Informação privilegiada


A redução da quantidade de informação privilegiada é um sintoma de melhoria do mercado de capitais. Se anteriormente a existência de tal fato não ruborizava ninguém, neste momento tal prática tem sido objeto de reportagens e quem sabe um dia será notícia na coluna policial. A seguir uma reportagem interessante do Valor de hoje sobre esta questão:

O perigo da informação privilegiada

Por Daniele Camba e Danilo Fariello
Antes de comprar uma ação, o investidor geralmente analisa os fundamentos da companhia e, se são bons, conclui que o papel deve se valorizar em bolsa e por isso segue adiante. A prática, no entanto, nem sempre é igual à teoria. Muitas vezes uma ação sobe ou desce sem nenhuma relação com fatos públicos, mas sim com acontecimentos que ainda poucos sabem. Investidores usam essas informações privilegiadas (chamadas de "insider information") para negociar ações antes que todo o mercado saiba e, assim, conseguir bons ganhos, sozinhos.

Casos recentes, como o de Telemar e Perdigão, que estão sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por suspeita de uso de informação privilegiada, mostram que o investidor comum precisa ter cuidado pois, por mais desenvolvido que o mercado seja, o desempenho de uma ação pode variar conforme o fluxo dessas informações entre poucos.

A autarquia vem atuando de forma cada vez mais ativa para fiscalizar e coibir esse tipo de prática. Nos últimos anos, cresceu o número de casos de "insider" julgados. Em 2004, houve só o julgamento da Fator Administração de Recursos (FAR) e de seu sócio, Walter Appel, que foram condenados pelo uso de informação privilegiada na negociação de ações ordinárias (com direito a voto) da Copel. Em 2005, já foram seis casos. Este ano, até julho, foram julgados três e outros seis casos estão sob investigação.

"O uso de informação privilegiada tira a racionalidade do mercado e o direito de todos participarem em igualdade de condições", diz o professor do Ibmec-Rio e ex-superintendente de Relações com Empresas da CVM, Fábio Fonseca.

Este ano, até setembro, 261 ações ou fundos de investimentos caíram numa espécie de filtro da CVM por algum tipo de suspeita de operação irregular, como "insider", manipulação de preços e lavagem de dinheiro, segundo o superintendente de relações com mercado e intermediários da autarquia, Waldir de Jesus Nobre. Apenas em 39 destes havia indícios suficientes de irregularidade, portanto, foram levados à frente com um termo de acusação, que pode ir a julgamento.

No ano passado, a luz amarela da CVM acendeu em 162 ações ou fundos, mas, em compensação, 56 se transformaram em termos de acusação. A autarquia acompanha o mercado diariamente e em tempo real por um sistema que revela o comportamento de todas as ações como volume financeiro, número de negócios e oscilação. O papel cai num filtro e passa a ser observado de perto quando um ou mais indicadores fogem da média dos 60 últimos pregões, diz Nobre.

Indício de algo anormal pode ser considerado, por exemplo, o comportamento de um fundo de renda fixa em setembro. A carteira teve saque de R$ 62 milhões, valor equivalente a 38% da captação líquida no ano. No dia seguinte, o fundo teve perda de R$ 9,9 milhões, ou 0,68% do patrimônio, porque investia em debêntures da CP Cimento que entraram em default. Quem saiu um dia antes, livrou-se do prejuízo.

O passo seguinte é investigar se há motivos para o comportamento anormal. Na maior parte dos casos existe uma explicação pública, como queda nas vendas da empresa ou uma expectativa de um resultado pior no trimestre seguinte, exemplifica Nobre.

O restante são aqueles em que há indícios de que uma ou mais pessoas negociaram as ações com base numa informação que não é de domínio público. É neste pequeno grupo que está a grande dificuldade da CVM em conseguir fatos contundentes que comprovem que houve "insider". "Cerca de 40% desses casos são arquivados por falta de prova", lamenta Nobre.

Um dos grandes problemas é que a investigação da CVM fica restrita aos possíveis envolvidos e apenas no âmbito do mercado. "O melhor dos mundos seria se o 'insider' fosse o diretor da companhia", diz Nobre. "Mas em muitos casos existe toda uma teia de pessoas envolvidas e fica impossível pegá-las sem a quebra de sigilos bancário, telefônico e do cartão de crédito". Ele lembra que, com a implantação da Transferência Eletrônica Disponível (TED), ficou ainda mais difícil chegar na ponta do novelo. "Quando as operações eram pagas com cheque, conseguíamos pelo menos saber de onde saiu e para onde foi o dinheiro", diz Nobre.

Se a prática de "insider" torna o mercado injusto a todos, para o investidor pessoa física é pior, já que ele não está no pregão acompanhando o desempenho das ações de perto. "Quando esse investidor se dá conta, o papel já caiu 20%", diz Fonseca. Mas algumas dicas podem ajudar a evitar essas emboscadas nos investimentos.

As ações de segunda e terceira linhas e com valor unitário baixo estão mais suscetíveis a manipulação, lembra Fonseca, que acompanhou esses casos de perto quando estava na CVM. "Como são ações baratas, com poucos recursos o 'insider' consegue fazer um bom ganho". As vedetes do mercado, no entanto, não estão imunes. Por terem muita liquidez, o "insider" pode passar despercebido, mas terá de gastar alguns milhões para conseguir lucrar significativamente.

Seguindo o ditado de que onde há fumaça há fogo, é importante o investidor estar de olho em mudanças bruscas de volume e preço dos papéis, que podem ser os primeiros sinais de "insider". As ações de empresas ou setores que estejam passando por fusões, aquisições ou reestruturações societárias também são mais passíveis de manipulação, diz Luís Fernando Lopes, do Pátria. Aumentam as chances de manipulação em dias que antecedem a divulgação de balanços ou no vencimento de contratos futuros, diz Lopes. Por isso, o fundo de arbitragem do Pátria não negocia esses ativos nesses momentos.

Apesar de ser uma prática impossível de controlar, as empresas podem fazer a sua parte, dificultando esse tipo de vazamento. Uma saída, segundo o ex-superintendente da CVM, seria a companhia divulgar dados preliminares do balanço o mais rápido possível. Outra prática benéfica seria proibir diretores e executivos de negociar ações em alguns períodos.

Rir é o melhor remédio - 20

30 outubro 2006

Lucro dos bancos deve recuar

Utilizando a amortização de ágios, os bancos reduzirão seus resultados neste trimestre. Veja reportagem do Estado de S. Paulo:

"Lucro dos bancos deve recuar no terceiro trimestre

Instituições resolveram amortizar ágios de aquisições

passadas, mas resultados ainda serão expressivos

Renée Pereira

O balanço dos bancos no terceiro trimestre deve trazer lucros bem menos exuberantes do que nos períodos anteriores. Isso porque as três maiores instituições privadas do País (Bradesco, Itaú e Unibanco) decidiram amortizar ágios de aquisições passadas, como BankBoston, América Express (Amex) e Banco do Estado do Ceará (BEC), que custaram bilhões de reais.

Ainda assim, os analistas acreditam que os números serão positivos. "Se forem excluídas essas amortizações, os ganhos continuarão elevados. Os bancos só estão preparando os balanços para resultados ainda melhores nos próximos trimestres", afirma o analista da Ágora Sênior, Rafael Quintanilha. Além disso, diz ele, a transparência dos bancos vai aumentar com essa operação.

O primeiro grande banco a divulgar balanço foi o Santander Banespa, na quinta-feira. O lucro líquido, de R$ 890 milhões, ficou 38% inferior ao de igual período de 2005, quando houve um lucro extraordinário referente à venda da AES Tietê. Sem esse ganho extraordinário, o resultado seria 11% superior ao do ano passado.

Na terça-feira, será divulgado o balanço do Itaú, que anunciou esta semana a amortização de R$ 2,59 bilhões de ágio pela compra do BankBoston no Brasil, em maio. Isso terá um efeito líquido negativo de R$ 1,76 bilhão no lucro do banco, segundo comunicado divulgado quarta-feira ao mercado.

Sem esse fato extraordinário, a previsão era de lucro de R$ 1,53 bilhão no terceiro trimestre, conforme cálculos da Fator Corretora. O valor seria 12,8% superior ao de igual período do ano passado, quando o banco teve ganho de R$ 1,35 bilhão. Entre janeiro e junho deste ano, o lucro do Itaú atingiu R$ 2,96 bilhões - valor 19,5% maior que em 2005.

Apesar da amortização, especialistas não acreditam em prejuízo no trimestre. Isso porque os bancos têm gorduras para queimar, como provisões e reservas, afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. A expectativa dele é que, apesar dos fatos extraordinários, Itaú e Bradesco tenham lucros de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão no trimestre.

No caso do Bradesco, o resultado também será afetado pela amortização de saldo de aquisições passadas, como Amex e BEC, em torno de R$ 1,4 bilhão. A expectativa era de que o banco lucrasse entre julho e setembro cerca de R$ 1,6 bilhão, valor semelhante ao do segundo trimestre de 2006. O balanço do banco sai dia 6.

Outro que também terá impacto maior de amortizações é o Unibanco, cujo resultado será divulgado dia 9. A instituição anunciou na semana passada que vai reduzir de 10 para 5 anos o período máximo de amortização de ágios. Com isso, o resultado do terceiro trimestre refletirá o efeito extraordinário de R$ 464 milhões, destaca comunicado do banco. A previsão da Fator Corretora era de lucro de R$ 557 milhões no trimestre. "

Petrobras cede na Bolívia

Reportagem da folha de S. Paulo de hoje (30/10) comenta o acordo da Petrobrás com a Bolívia. A reportagem afirma que "Mesmo admitindo que o novo acordo reduz os lucros da empresa, a Petrobras avalia que a presença na Bolívia é imprescindível para assegurar o abastecimento de gás boliviano ao Brasil (50% do total consumido) e também para consolidar sua estratégia de empresa com presença cada vez maior na América do Sul."

A seguir a reportagem completa:

"Petrobras cede na Bolívia para manter rentabilidade

Acordos fechados por Evo Morales com empresas precisam passar pelo Congresso

Acordo envolve exploração dos megacampos de San Alberto

e San Antonio, ambos operados pela companhia brasileira

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
Nos últimos dois dias do prazo previsto pelo decreto de nacionalização, o governo Evo Morales conseguiu fechar novos contratos de exploração de gás e petróleo com a Petrobras Bolívia e outras nove empresas multinacionais em operação no país.
A empresa brasileira admite que o acordo reduz a rentabilidade das operações, mas considera a presença na Bolívia estratégica tanto para o fornecimento de gás ao Brasil quanto para fortalecer sua presença regional. Os novos contratos ainda precisam ser ratificados pelo Congresso, onde o governo tem maioria.
O acordo com a Petrobras Bolívia envolve a exploração dos megacampos de San Alberto e San Antonio, os maiores do país, localizados no departamento de Tarija (sul), fronteira com a Argentina, ambos operados pela empresa brasileira. Juntos, os dois megacampos produzem cerca de metade do gás boliviano. O contrato assinado com a Petrobras tem vigência de 30 anos.
O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, classificou o acordo de "ponto de convergência" ao afirmar que a empresa brasileira atuará de agora em diante com "componentes de prestação de serviços", como queria a Bolívia, em troca de assegurar a rentabilidade das operações no país.
Nas negociações, a Petrobras alegou ser impossível a manutenção de uma alíquota de 82%, como queria Morales e que ficou em vigor nos 180 dias de transição (maio a outubro). Essa foi a principal divergência entre as duas partes nos últimos dias de negociação.
De acordo com cálculo da Petrobras obtido pela Folha, nesse período o chamado "government take" -termo usado para definir a parte que fica com o governo na comercialização de gás e petróleo- chegou a 95%, fazendo com que a empresa brasileira operasse no vermelho nestes últimos meses.
Mesmo admitindo que o novo acordo reduz os lucros da empresa, a Petrobras avalia que a presença na Bolívia é imprescindível para assegurar o abastecimento de gás boliviano ao Brasil (50% do total consumido) e também para consolidar sua estratégia de empresa com presença cada vez maior na América do Sul.
Já o presidente da YPFB, Juan Carlos Ortiz, afirma que os acordos com a Petrobras e as outras empresas aumentam o "direito proprietário" da Bolívia nos 69 campos de gás e petróleo do país e aumentam a arrecadação do Estado (leia entrevistas dos presidentes Ortiz e Gabrielli).
Em discurso na madrugada de ontem, o presidente Morales afirmou que os novos acordos com as dez empresas obrigadas a negociar pelo decreto de nacionalização -nenhuma ficou de fora- possibilitarão uma arrecadação adicional de US$ 4 bilhões daqui a quatro anos.
"Dessa maneira, vamos resolver os problemas econômicos e sociais do nosso país."

Controle das refinarias
A Petrobras aceita ceder o controle de duas refinarias de petróleo na Bolívia, dentro dos esforços de entendimento com o país vizinho na área de exploração de gás. "Mas a indenização [do valor investido pela Petrobras nas refinarias] é fundamental", disse ontem o ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau . "O acordo foi bom. Petrobras e Bolívia deram demonstrações claras de que superaram suas pequenas diferenças", disse.
"Era tudo o que a Petrobras queria? Não. Era tudo o que a Bolívia queria? Não. Mas foi um acordo pragmático para os dois lados", disse o ministro."

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