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31 julho 2025

Uma fraqueza dos modelos de IA

Veja a imagem abaixo. Um problema de matemática, com a mesma formulação, mas o texto de baixo tem uma informação desnecessária, que está em vermelho. Quando o problema é submetido a um ser humano, ele simplesmente desconsidera a parte em vermelho.

Mas uma pesquisa (via aqui) mostrou que a inserção dessa frase no problema prejudica a resposta dada pela IA. Em língua inglesa isso chama CatAttack. 

O estudo descobriu que a inserção de "gatilhos adversariais independentes da pergunta" — trechos curtos e irrelevantes que, ao serem adicionados a problemas matemáticos, induzem sistematicamente os modelos a respostas incorretas — confunde os modelos. Alguns ficaram até 700% mais propensos ao erro quando expostos ao chamado CatAttack. 

Helsinki completou um ano sem uma morte no trânsito


É uma notícia surpreendente. A capital da Finlândia, que possui 640 mil habitantes, completou um ano sem nenhum acidente fatal no trânsito dentro dos limites da cidade, com o último ocorrido em julho de 2024 no bairro Kontula. Autoridades atribuem o feito à redução do limite de velocidade — mais da metade das ruas agora é limitada a 30 km/h — e a um desenho urbano mais inteligente, com infraestrutura ampliada para pedestres e ciclistas, monitoramento reforçado e transporte público eficiente. Apesar de ainda ocorrerem acidentes com feridos (277 no ano passado), o número é bem inferior aos quase mil registrados nos anos 80. A estratégia de segurança da cidade, válida até 2026, prioriza a segurança de crianças, jovens e usuários vulneráveis. 

A redução de acidentes em Helsinki impacta a contabilidade pública ao diminuir gastos com saúde, seguros e infraestrutura de emergência. Além disso, reflete investimentos eficientes em mobilidade urbana, que podem ser analisados como indicadores de desempenho e retorno social, fundamentais para a contabilidade governamental e avaliação de políticas públicas. 

IA está influenciando a forma como falamos


Eis o resumo:

Desde a invenção da escrita e da imprensa, passando pela televisão até as redes sociais, a história humana é marcada por grandes inovações em tecnologias de comunicação que transformaram profundamente a forma como as ideias se espalham e moldam a cultura. Recentemente, chatbots movidos por inteligência artificial generativa passaram a constituir um novo meio de comunicação, capaz de codificar padrões culturais em suas representações neurais e disseminá-los em conversas com centenas de milhões de pessoas. Compreender se esses padrões se transferem para a linguagem humana — e, em última instância, moldam a cultura — é uma questão fundamental.

Embora quantificar totalmente o impacto causal de um chatbot como o ChatGPT sobre a cultura humana seja extremamente desafiador, mudanças lexicográficas na comunicação falada podem oferecer um primeiro indicativo desse fenômeno amplo. Neste estudo, aplicamos técnicas econométricas de inferência causal a 740.249 horas de discursos humanos provenientes de 360.445 palestras acadêmicas no YouTube e 771.591 episódios de podcasts conversacionais de diversas áreas. Detectamos um aumento abrupto e mensurável no uso de palavras preferencialmente geradas pelo ChatGPT — como delve (aprofundar), comprehend (compreender), boast (gabar-se), swift (rápido) e meticulous (meticuloso) — após seu lançamento.

Esses achados sugerem um cenário no qual máquinas, inicialmente treinadas com dados humanos e posteriormente exibindo traços culturais próprios, podem, por sua vez, moldar a cultura humana de forma mensurável. Isso marca o início de um ciclo fechado de retroalimentação cultural, em que traços culturais circulam bidirecionalmente entre humanos e máquinas. Nossos resultados incentivam novas pesquisas sobre a evolução da cultura humano-máquina e levantam preocupações quanto à erosão da diversidade linguística e cultural, além dos riscos de manipulação em larga escala.

Foto: aqui

Pensei aqui que a IA talvez ensine os humanos a serem educados e calmos, mesmo diante de questões idiotas.  

Netflix possui algumas marcas registradas


Stephen Follows descobriu algo interessante: a Netflix tem registrado como dela marcas associadas a memes, eventos, restaurantes, design de produtos e até slogans populares. Um exemplo: Strong Black Lead (algo como liderança negra forte) é marca registrada da empresa. 

É como se a empresa registrasse o slogan. Mas a empresa de streaming foi mais além, conduzindo experimentos. Além de Strong Black Lead, a empresa é dona de Qwikster (sem tradução literal), What a Joke (Que piada), Netflix bites (Netflix morde), Queue (fila), entre outras.

O processo de registro deve ter seu custo, mas pela quantidade de termos que Follows encontrou, deve valer a pena para a empresa fazer o processo. Seria um ativo? 

30 julho 2025

Efeito do escândalo PCAOB na KPMG


Este artigo examina o escândalo de inspeção de auditoria de 2017 envolvendo o PCAOB e a KPMG — uma das poucas violações publicamente divulgadas do “tom vindo do topo” em uma firma do Big 4. Tendo como pano de fundo uma grave infração à ética profissional por parte de líderes da KPMG, estudamos como o escândalo afetou a KPMG e seus clientes. Utilizando uma abordagem de diferenças em diferenças, constatamos que a qualidade da auditoria na KPMG aumentou após o escândalo em comparação com as demais firmas do Big 4. Também verificamos que a KPMG conseguiu evitar a perda de clientes. Os clientes mais diretamente ligados ao escândalo apresentaram uma queda nas taxas de auditoria e de serviços não relacionados à auditoria. No geral, documentamos melhorias operacionais na KPMG em resposta ao escândalo, embora acompanhadas de possíveis sacrifícios na geração de receita.

Texto ainda não publicado . (Imagem aqui)

Para lembrar, a KPMG contratou funcionários do fiscalizador PCAOB, que levaram informações confidenciais para o novo emprego, que ajudou a KPMG a "melhorar" sua auditoria. O caso resultou em acusações civis e criminais e uma multa de 50 milhões de dólares. 

Efeito da IA na educação


Meta integrou bots de IA em aplicativos populares como WhatsApp e Instagram na Colômbia rural a partir de julho de 2024. Embora isso tenha ampliado o acesso à IA até nas áreas mais remotas, professores relatam que alunos passaram a depender dos bots para tarefas e redações inteiras, entregando trabalhos muito superiores ao nível real de aprendizagem.

O paradoxo é que, apesar da qualidade aparente das respostas, o desempenho em provas e exames caiu — professores veem dificuldades em avaliação de leitura, escrita e ciências, com muitos estudantes repetindo conteúdo sem analisá-lo.

Diante disso, educadores estão repensando métodos de avaliação: usam provas orais e manuscritas, detectores de texto gerado por IA, debates em sala e atividades que exigem análise crítica. Alguns professores eliminaram a lição de casa, exigindo que os alunos façam os exercícios presencialmente sob supervisão.

Agora uma situação particular: todo semestre peço trabalho escrito. Se no passado minha luta era contra o plágio, agora o problema é o uso de IA. Como o trabalho é bem específico, com uma limitação temporal e uso de base de dados escolhida, fica fácil perceber o uso de IA. Com casos engraçados, como o aparecimento de referências sem sentido e não encontradas nos periódicos. 

Sobre a dificuldade de medir custos e benefícios da IA


A cidade de Pittsburgh (Pensilvânia, Estados Unidos) implementou em 2012 um sistema de controle de tráfego com IA chamado Surtrac, os resultados foram imediatos: o tempo de espera nos cruzamentos caiu em 40% e as emissões de carbono foram reduzidas em 21%. Hoje, os semáforos foram integrados à plataforma e respondem dinamicamente às mudanças, em vez de seguirem cronogramas desatualizados.
 

O texto completo está aqui. Imagem aqui

Incerteza nas Demonstrações financeiras


Do CFC:

A Fundação IFRS publicou, nesta segunda-feira (28), exemplos quase finais [1] que demonstram como as empresas podem melhorar a divulgação de incertezas em suas demonstrações financeiras, usando exemplos relacionados ao clima como ilustrações práticas. Essa publicação tem objetivo de apoiar a aplicação oportuna e informada.

Embora os exemplos usem padrões de fatos relacionados ao clima, eles fornecem orientações que se aplicam amplamente a todos os tipos de incertezas [2]. Os exemplos demonstram como as empresas podem aplicar as Normas Contábeis IFRS para melhorar a divulgação de incertezas nas demonstrações financeiras.

continue lendo aqui . Os exemplos estão aqui. Imagem daqui

[1] Imagino que seja pelo fato de ser uma minuta ainda

[2]  Aqui um exemplo de economia de escopo. 

Café e a contabilidade


Com quase 30 mil postagens, já falamos de um bocado de coisa. Café é um dos temas recorrentes — talvez pelo prazer que a bebida provoca nos blogueiros. Mas, ao ler Sob efeito de plantas, de Michael Pollan, eis que surge uma vinculação direta entre a bebida e a contabilidade.

Todos devem saber que a contabilidade por partidas dobradas surgiu no final dos anos 1400. Evoluiu rapidamente e foi adotada pelos primeiros empreendimentos capitalistas na Inglaterra, Holanda, França e Itália. O café, por sua vez, foi amplamente adotado na Europa no século XVII. As primeiras cafeterias surgem por volta de 1650.

Em 1660, James Howell — citado por Pollan (embora a obra de onde foi extraída a citação não conste na bibliografia selecionada) — afirmava que a bebida provocava sobriedade. A citação de Howell é a seguinte (grifo no livro):

Já se descobriu que esta bebida de café causou maior sobriedade entre as Nações; pois, enquanto anteriormente os Aprendizes e Escriturários, entre outros, costumavam tomar seus goles matinais de Cerveja ou Vinho, que pela tontura que causam no Cérebro, tornam os homens bastante impróprios para os negócios, agora bancam os Bons companheiros com esta bebida estimulante e civilizada. (p. 150)

Aí está. O café melhorou a qualidade do trabalho do profissional contábil. Imagem, aqui 

Outros mapas

 Do site Bored Panda. Primeiro, onde os alemães acham que é seguro (ou não seguro) viajar. 

Qual o emoji mais usado. Veja o uso de bandeiras do país naqueles onde o nacionalismo parece mais forte:
Qual a colônia de imigrante mais relevante, por estado dos EUA. Inclui Brasil. 
Percentagem de pessoas que leram um livro em um ano. 
Países que nunca perderam uma guerra. Mas deixaram de considerar a derrota de Pedro I na Cisplatina. 


29 julho 2025

IA e a indústria de consultoria


Mais sobre IA e emprego. Agora do The Observer (via aqui):

Consultorias estão enfrentando a tarefa desconfortável de pesquisar cortes de empregos provocados por inteligência artificial dentro da própria indústria. Na semana passada, um relatório da McKinsey revelou que as vagas de emprego na economia do Reino Unido caíram 43% desde 2022, sendo que o declínio nas ofertas para cargos administrativos e técnicos foi quase o dobro daquele observado em outros setores.

Em todo o setor de serviços profissionais, começa a surgir uma percepção incômoda: os agentes de disrupção tornaram-se os alvos da disrupção. A crise nas consultorias é multifacetada e inclui a substituição de cargos de entrada e para recém-formados por IA, a redução dos gastos governamentais com consultores e problemas de reputação ligados aos serviços prestados, como marketing para opioides ou elaboração de planos de reconstrução em zonas de guerra.

O chamado “ajuste de tamanho” — termo preferido pelas empresas — era inevitável após o boom das consultorias no pós-Covid ser interrompido pelo crescimento econômico lento e pelo aumento do custo de financiamento. No entanto, dados recentes mostram que a IA agente — capaz de tomar decisões e agir em nome dos usuários — tem provocado uma redução severa de cargos na base da pirâmide salarial, ao produzir apresentações de PowerPoint e relatórios de pesquisa razoáveis [grifo do blog. Ótimo isso].

Esse fenômeno é especialmente evidente em um subconjunto de consultorias. As quatro grandes empresas de contabilidade — Deloitte, EY, PricewaterhouseCoopers e KPMG — divulgaram 44% menos vagas para recém-formados em 2024 em comparação com 2023.

Imagem aqui 

Balanços dos bancos e nova norma

(...) os bancos passaram ao ter limitações em reconhecer juros vindos de operações de crédito em estágio 3, o maior grau de risco de inadimplência. Não se pode mais contabilizar essa receita pelo regime de competência, apenas pelo regime de caixa, ou seja, quando ela for efetivamente paga ao banco. Além disso, a norma amplia a necessidade de provisionamento em momentos de inadimplência elevada

A previsão é que isso irá afetar muito o Banco do Brasil. A conferir. 

Profissões de risco, segundo a Microsoft


A Microsoft realizou um estudo com cerca de 200 mil interações anônimas do Bing Copilot e criou uma “pontuação de aplicabilidade de IA”, classificando 40 profissões mais e menos vulneráveis à automação. As mais afetadas incluem tradutores, historiadores, redatores, autores, agentes de vendas e atendimento ao cliente — ferramentas de IA já conseguem substituir grande parte de tarefas que envolvem informação e comunicação. 

Em contrapartida, funções que exigem trabalho físico ou contato humano direto — como operadores de máquinas, massagistas, faxineiros e lavadores de pratos — mostram-se menos suscetíveis a substituição pela IA. O estudo destaca que a automação não elimina completamente um cargo, mas impacta atividades específicas dentro dele.

O trabalho pode ser encontrado aqui . Não há nenhuma referência específica ao contador, mas profissões próximas estariam no meio da tabela. 

Universidades chinesas incentivam o uso de IA


Universidades na China estão abraçando com entusiasmo a inteligência artificial (IA), tanto professores quanto estudantes, e o nível de excitação pública é consideravelmente maior do que nos EUA ou Reino Unido. Até pouco tempo atrás, alunos eram desencorajados a usar IA para trabalhos acadêmicos; hoje, o uso é incentivado, com foco em tarefas interativas e no aprendizado de competências como “prompting” e avaliação crítica dos resultados da IA.

Um estudo recente que compara políticas universitárias nos EUA, Japão e China destaca que as instituições chinesas seguem um modelo centralizado por políticas estaduais, priorizando a aplicação tecnológica em vez da formulação precoce de diretrizes éticas ou educacionais para IA.

Esse cenário reflete a estratégia nacional chinesa de promover inovação tecnológica através da integração sistemática da IA na educação superior.

Veja mais aqui 

Mapas interessantes: língua preferida no Duolingo

 Do Bored Panda, a língua mais popular em cada parte do mundo. Predomínio claro da língua inglesa, com algus poucos países interessados no Francês e Espanhol. 

A segunda língua mais popular. Destaque para o espanhol e francês. 

 

28 julho 2025

Protestos em frente a EY de Londres


Notícia estranha essa: trabalhadores protestam em frente a EY de Londres. Mas não são os engravatados da empresa, mas o pessoal da limpeza, que é terceirizada. A empresa contratada, Mitie, informou que um terço deles serão demitidos. Eles ganham cerca de 14 libras por hora e as demissões atendem um pedido do cliente, que deseja a redução. Parece que o corte de custo chegou forte na big four. 

O mesmo site divulgou que a mesma EY demitiu funcionários, agora nos Estados Unidos. Eram assistentes e sua função foi substituída por empregados fora do país, com salários menores. 

Novo Doutorado em Contabilidade. Em Portugual

O Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro (ISCA-UA) anuncia o programa doutoral em Contabilidade, na sequência da outorga ao subsistema politécnico da possibilidade de poderem ministrar doutoramentos.

O ISCA-UA, instituição cuja origem remonta ao ano letivo de 1965/66, como Escola Média de Comércio de Aveiro, evoluindo sucessivamente até à sua integração na Universidade de Aveiro, em 2000, oferece educação e formação nas área da Contabilidade, Finanças e Marketing.

Leia mais aqui 

Custos de cuidar dos animais e o efeito Baumol

 


O aumento semelhante no preço dos serviços de creche infantil e dos serviços de hospedagem/creche para animais de estimação é coerente com o estudo Is American Pet Health Care (Also) Uniquely Inefficient?, de Einav, Finkelstein e Gupta, que constataram que os gastos com cuidados veterinários estão crescendo aproximadamente no mesmo ritmo que os gastos com saúde humana. Como os sistemas regulatórios dos cuidados com animais e com humanos são muito diferentes, isso sugere que a razão fundamental para o aumento nos custos de saúde não é a regulação, mas sim o aumento dos preços relativos e da renda (vale lembrar que esse também é um dos principais motivos pelos quais os americanos gastam mais com saúde do que os europeus).

Assim, minha explicação para a alta dos preços nos cuidados infantis e nos cuidados com pets é que a produtividade está aumentando mais em outros setores do que nesses setores de cuidado — o que significa que, com o tempo, precisamos abrir mão de mais bens e serviços de outros tipos para obter os mesmos cuidados. Em resumo, se a produtividade de outros setores aumenta enquanto a dos cuidados infantis ou com animais permanece estagnada, os preços relativos tendem a subir. Outra forma de ver isso é que, para manter os trabalhadores nesses setores com produtividade estagnada, os salários precisam subir para se equiparar aos de setores de alta produtividade com exigência de habilidades similares. Isso implica pagar mais pelo mesmo nível de cuidado — simplesmente para evitar que a força de trabalho migre para outros setores.

Texto daqui 

Alguém já analisou o mercado de trabalho do contador sob a ótima do efeito Baumol?  

Países dominados por...

Do site Bored Panda, locais que ficaram, em algum momento da história, sob o domínio da Alemanha:

Da Espanha
Da Inglaterra

 

Rir é o melhor remédio


 

27 julho 2025

História: Um balanço de 1961

Em 7 de abril de 1962, a Indústrias Reunidas Jaraguá publicava no Correio do Povo, na primeira página, a convocação da assembleia dos acionistas. Na mesma página, as informações contábeis. O Relatório da Diretoria é composto de dois parágrafos, sendo o primeiro informando da apresentação do balanço e o segundo comunicando que "os algarismos constantes dos mencionados documentos evidenciam os resultados obtidos (...) e a situação exata em que se encontra a sociedade":

A primeira informação é o balanço. O mesmo é apresentado por ordem crescente de liquidez, iniciando com "imóveis e reavaliação". Esse primeiro conjunto de contas é denominado de Ativo Fixo. A segunda parte é o ativo "realizável", com destaque para os títulos a receber e as mercadorias. É o principal grupo do ativo. A percentagem de títulos com risco de não recebimento totalizava quase 5% do total, um número relativamente alto. O disponível era composto por caixa e bancos. Veja que não há uma conta de aplicação financeira. As contas de compensação era uma prática da época, e os valores lançados no ativo correspondem aos mesmos valores do passivo.  Veja que não há indicação dos dados dos exercício de 1960, o que impede a comparação. 

O lado direito do balanço é na verdade o lado de baixo. O nome é "passivo" e estava dividido em dois elementos, além da compensação. O não exigível corresponde ao que denominamos de patrimônio líquido. Além do capital, quatro contas de fundo: reserva legal, reserva especial, para devedores duvidosos (bem acima da conta de mesmo nome do ativo) e de depreciações. Do exigível, o destaque são as contas correntes credores (talvez empréstimos?)

E agora o resultado, que corresponde a conta de lucros e perdas em 31 de dezembro de 1961. A receita com mercadorias é bastante superior a conta de despesa de fabricação e despesas. Mas na conta de lucros e perdas já está incluso as quatro reservas, e os valores são os acréscimos na conta do período anterior. 


 O balanço tem os nomes do diretor presidente, do diretor gerente, do diretor comercial e há a indicação "guarda livros" com a indicação do CRC de Santa Catarina", mas sem o nome. Ou seria o próprio diretor comercial? 

História: Uma profissão incompreendida


Esse é o título de uma pequena entrevista publicada em 1980 no Jornal do Tocantins (edição 51, de 13 de maio). Eis o conteúdo:

Contabilidade, ainda uma profissão incompreendida

O dia 25 de abril [1] marca na folhinha o dia em que se comemora o trabalho dos profissionais da Contabilidade. Como um dos mais atuantes elementos da classe em Araguaína, Josealdo da Silva Teixeira [2] esclarece a real posição do contabilista no contexto social e produtivo. Sua entrevista é uma homenagem que fazemos aos elementos que são o esteio de todas as organizações mercantis do país.

JT - Qual o papel real de um contabilista na esquemática das firmas para as quais presta serviços?

R - Pela série de atividades que desenvolve, algumas não sendo de sua responabilidade, o profissional é obrigado a assumir os mais diferentes cargos em razão da falta de estrutura da maior parte das Empresas. Para cada decisão, o contabilista responsável assume a posição do cargo que estaria envolvido  diretamente no assunto.

JT - Como é visto o contabilista pelos empresários e pelos agentes do fisco?

R - Para o empresário, o profissional é visto de acordo com as circunstâncias de momento. Quando tudo está em ordem o contabilista não fez mais do que sua obrigação; quando surge algum problema é o primeiro a ser lembrado como responsável ou para consertar o erro [3]. Muitas das vezes, não é mais do que a falta de estruturação da própria firma a causadora do problema. Para o fisco somos vistos como coordenadores das atividades comerciais para facilitar o bom relacionamento entre fisco/empresa.

JT - Porque não há em Araguaina uma entidade da classe?

R - Esta virá com o tempo. Ainda existem aqueles que não sabem que a união faz a força e que ainda estão desinteressados. Estes são os que desvalorizam o próprio trabalho evitando a utilização das tabelas de serviços emitidas por órgãos superiores. 

JT - Quais as sugestões que poderiam servir de orientação aos contabilistas no melhor desmepenho de suas funções?

R - Com o advento da lei 6.40 [4] e da lei 1.598/77 muitas foram as modificações, principalmente no Imposto de Renda. Essas alterações, como todas as que vão surgindo paulatinamente precisam ser do conhecimento do profissional. Para isto é importante estar sempre atualizado, por contatos com colegas mais experientes ou através de publicações especializadas.

JT - A qual colega você prestaria sua homenagem no seu dia?

R - A todos, pois são homens que lutam diariamente pelo aperfeiçoamento e para ajudarem as empresas a se tornarem mais produtivas influenciando no progresso da região e do país [5]. 
 

[1] Veja que a data de publicação é de 13 de maio, mas a data comemorada é de 25 de abril.  

[2] Fiz uma consulta no cadastro do CFC é o registro está baixado, mas destaco que seu número é o 12/TO. Ele era presidente da câmara de Araguaína no período da entrevista:


 [3] Parece que não mudou nada...

[4] Aqui há um erro. Refere-se a lei das SA. Veja que já estamos em 1980, mais de três anos da lei, e parece que ainda há uma adaptação da legislação.  

[5] Percebemos uma resposta política aqui. 

História: Ensino em 1880 no Brasil

 

O anúncio do Diário de Pernambuco de 1880, edição 10 de 14 de janeiro, do Instituto de Nossa Senhora do Carmo. O Instituto funcionava na freguesia de Santo Antônio, para o ensino primário, secundário e recreativo. A instrução primária, no primeiro ano, é composta do "conhecimento de letras e soletração". E o ensino de matemática é também o ensino de contabilidade.  

 

História: Tintas C Monteiro

 

Em 1881, o Almanak do Mequetrefe, na segunda edição, publica um anúncio das Tintas C. Monteiro para escrever. Naquela época, não existia computador, nem máquina de datilografia. Na verdade, já existiam as máquinas de escrever, que foi inventada em 1874, mas não eram adotadas ainda nos escritórios. 

Eis o trecho do anúncio: "As donominadas - tinta verde-negra, azul-preta, preta-azeviche, roxa-preta, violeta-extra-fina, tinta preta sympathica, tinta para copiar, tinta carmim e a tinta azul, prestam-se perfeitamente aos diversos generos de escripturação". 

Como seria uma tinta simpática? O que seriam os diversos gêneros de escrituração?  

Mapas interessantes: Ucrânia, neutro ou Rússia

 Do Bored Panda



26 julho 2025

Valor da propaganda de uma pessoa famosa


Eis uma exemplo de que uma boa campanha publicitária pode afetar a cotação da ação de uma empresa. A American Eagle Outfitters é uma empresa fundada em 1977 que vende jeans, camisa polo e outras peças de vestuário. Com receita de 5 bilhões, a empresa contratou a atriz Sydney Sweeney para uma campanha de jeans. 


A campanha viralizou e isso terminou por afetar as ações da empresa, que subiu 12% durante o pregão do dia que a campanha foi lançada. Apesar da cautela de alguns analistas para a valorização, já que o impacto pode ser curto, parece que a empresa tem fundamentos sólidos. 

Rir é o melhor remédio

 

O caso é real e está aqui. A tirinha de André Farias pode ser acessada aqui

Relação dos países por Cultura e Heritage

Uma pesquisa entre 17 mil pessoas, realizada em 2024, perguntou quais os países são mais relevantes em termos de "melhor" cultura e ativos culturais. Isso incluiu acessibilidade, significado histórico, gastronomia, atrações culturais e atrativos geográficos. As pontuações foram tratadas e chegou-se ao ranking geral. 

Os países com melhor ranking foram Grécia, Itália e Espanha. Brasil ocupa um 12o. lugar. 


 

Mapas interessantes: onde vivemos e onde vivem as capivaras

 Do Bored Panda, onde temos capivara, na natureza, no zoo ou sem capivara


 A seguir, áreas habitáveis: 

E na maioria dos países, a mulher vive mais

O impacto de Chambers

Sobre Chambers, que já postamos aqui . Um artigo recente mostra melhor sua contribuição. 

O presente artigo visa explorar o pensamento contábil de Raymond John Chambers, conhecido por ter alcançado o Accounting Hall of Fame em 1991, por sua obra pioneira e pela ruptura epistemológica com a doutrina dominante. Como exemplo de seu caráter inovador, destaca-se o trabalho seminal de Chambers, a monografia “Accounting, Evaluation and Economic Behavior (1966)”, a qual introduziu um sistema denominado Continuously Contemporary Accounting (CoCoA) juntamente de uma proposta de axiomatização para edificar o conhecimento contábil.
Apesar de sua “revolução copernicana” ter impactado aquém do esperado, o autor foi um dos protagonistas da “era de ouro” da teoria contábil entre 1950 e 1970, assim como um ferrenho defensor da rigorosidade científica. Ao realizar esta pesquisa exploratória nas contribuições de Raymond John Chambers, busca-se identificar elementos que permanecem pertinentes e aplicáveis, assim como aqueles que podem necessitar de revisão ou atualização à luz do avanço do conhecimento. Ademais, é investigado o legado intelectual do autor e sua influência no desenvolvimento subsequente da teoria e prática contábil, proporcionando insights sobre a evolução da disciplina em meio ao duelo de diferentes formas de pensamento. 

Fonte: aqui 

25 julho 2025

Impacto prático da IA

Que orientação você deu à sua equipe sobre como usar a I.A.?

Uma grande firma de contabilidade queria 800 milhões de dólares para organizar os dados da empresa e torná-los prontos para a I.A. Eu disse: “Não, nós vamos pegar uma dúzia de pessoas de funções críticas da empresa e vamos dizer a elas para se auto-disruptarem com a I.A.”


Por exemplo, tínhamos muitos milhares de pessoas nas finanças fazendo previsões. No melhor dia, elas tinham 92,5% de precisão em um período de 12 meses. A I.A. tem 99,5% de precisão. Se você está em 92,5%, as pessoas começam a se proteger. Você não consegue operar assim.

Ela também elimina a política interna. Começamos muitas de nossas comissões agora com um agente nos dizendo se acha que devemos seguir ou não com um projeto. O agente não tem uma carreira em jogo. Ele não precisa olhar ao redor da sala e sentir as consequências de matar um projeto.

Acho que estamos chegando a um ponto em que teremos que decidir qual será nossa proporção de trabalho digital daqui para frente. Provavelmente não precisamos adicionar mais recursos, independentemente de quão bem-sucedidos sejamos, porque estamos aumentando a produtividade tão rapidamente. É simplesmente mágico.

Entrevista com Paul Hudson, da empresa farmacêutica Sanofi, via Dealbook de 25 de julho

IA para ajudar a entender a História


Um modelo de inteligência artificial chamado Aeneas pode prever de onde vêm antigos textos em latim, estimar sua idade e restaurar eventuais partes perdidas. Pesquisadores treinaram Aeneas com trechos de texto de três dos maiores bancos de dados de inscrições em latim do mundo, totalizando mais de 175.000 registros. O modelo também sustenta seus resultados com uma lista de inscrições semelhantes do conjunto de dados, classificadas por relevância em relação à inscrição original. Quando testado em textos conhecidos, as previsões de Aeneas sobre a idade e o local de origem foram semelhantes às de historiadores.

Você pode ler mais aqui

Arma de destruição em massa

Um sistema automatizado para detecção de fraudes em benefícios sociais foi implantado na Austrália em 2016. O sistema chamava Robodebt e funcionou até o ano de 2020. Mas foi uma verdadeira arma de destruição em massa. 

O Robodebt usava algoritmos falhos para identificar supostos pagamentos indevidos de benefícios. As pessoas recebiam notificações com as acusações onde era exigido a devolução de milhares de dólares, com pouca explicação e muita confusão.  


Quando acessavam o site, as pessoas encontravam um documento em uma linguagem pouco acessível, com termos jurídicos. A armadilha era maior ainda, pois para ver todo o conteúdo era necessário clicar em "next" para prosseguir. E quando você clicava, estava admitindo o pagamento indevido e perdia o direito de contestar. 

(Quem nunca deixou de ler as instruções de um site?) 

Já que estavam devendo, as pessoas começaram a tomar empréstimos ou vender seus bens. O caso ainda está sob investigação. E como sempre, alguns poderosos conseguiram escapar - até agora - das punições. O problema afetou 470 mil pessoas, sendo importante lembrar que a Austrália tem 28 milhões de habitantes.

(P.S. O título da postagem é inspirado em "Weapons of Math Destruction: How Big Data Increases Inequality and Threatens Democracy", livro de Cathy O'Neil. Cartoon aqui

Emprego e uso da tecnologia


Isso é especialmente verdadeiro para os empregos que exigem o uso rudimentar de tecnologia. Até bem recentemente, muitas pessoas só conseguiam aprender a lidar com um computador frequentando uma universidade. Agora, todos têm um smartphone, o que significa que os não graduados também são hábeis com tecnologia. As consequências são claras. Em quase todos os setores da economia, os requisitos educacionais estão se tornando menos rigorosos, segundo o site de empregos Indeed. A indústria de serviços profissionais e empresariais dos Estados Unidos emprega hoje mais pessoas sem formação universitária do que há 15 anos, mesmo havendo menos pessoas desse perfil disponíveis.

Isso é da The Economist (via aqui). Mas há ainda uma qualidade diferenciada entre o verdadeiro profissional e o amador com um telefone e um app. Mas o "olho" tem dificuldade em diferenciar um de outro. Ah, isso inclui produzir textos jornalísticos, como da The Economist. Foto: aqui

Rir é o melhor remédio

 

Vai piorar. Fonte: aqui

24 julho 2025

Risco da natureza é risco financeiro


Esses investidores, ao contrário dos fundos de hedge ou das firmas de private equity, adotam uma visão geracional sobre os ativos que administram. Eles não podem se dar ao luxo de ignorar o vínculo inextricável entre a estabilidade financeira global e a estabilidade ambiental, uma consciência refletida em novas iniciativas como a Debt Suspension Clause Alliance e o Global Hub for Debt Swaps for Development. Embora alguns afirmem que considerar as mudanças climáticas representa um “desvio de missão” (mission creep) para gestores financeiros globais como o Fundo Monetário Internacional, investidores de referência reconhecem que os riscos relacionados à natureza e ao clima se materializarão em choques de curto e médio prazo, afetando todos os aspectos da economia global.

Continue lendo aqui 

Tema de pesquisa e influência de fatores ambientais: o caso do gênero

Em um artigo publicado na American Economic Review, as autoras Francesca Truffa e Ashley Wong argumentam que fatores ambientais amplos influenciam significativamente a escolha dos cientistas sobre quais tópicos pesquisar. Elas demonstram que, à medida que as mulheres passaram a representar uma parcela maior dos corpos estudantis de graduação nos Estados Unidos ao longo do século XX, as pesquisas sobre temas relacionados a gênero aumentaram nas ciências — uma tendência impulsionada principalmente por pesquisadores homens já estabelecidos.

O gráfico mostra a proporção de diplomas de bacharel concedidos a mulheres (linha amarela, eixo direito) e a média de artigos relacionados a gênero publicados em cada universidade (linha azul, eixo esquerdo).

No início do século XX, as mulheres recebiam apenas 20% dos diplomas de bacharelado, enquanto as pesquisas relacionadas a gênero eram praticamente inexistentes. Entre 1900 e 1940, ambas as tendências cresceram de forma constante, mas caíram significativamente logo após a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1960, ambas passaram a aumentar de forma acentuada e, em 2015, as mulheres conquistavam 57% dos diplomas de bacharel, enquanto as pesquisas relacionadas a gênero representavam mais de 8% de todas as publicações universitárias.

A forte correlação — que as autoras reforçam com métodos estatísticos mais robustos — indica que, à medida que as universidades se tornaram mais diversas em termos de gênero, as questões estudadas pelos cientistas tornaram-se mais sensíveis a temas relacionados a gênero. Embora parte do aumento se explique pela maior presença de pesquisadoras na academia, as autoras argumentam que pesquisadores homens já estabelecidos foram os principais responsáveis, em razão de sua maior exposição à diversidade.

As conclusões sugerem que iniciativas de diversidade não apenas promovem equidade, mas também criam ambientes onde interações com estudantes e colegas mais diversos geram dividendos científicos.

 Fonte: aqui.

Acho possível fazer uma revisão das pesquisas na área contábil e ter a mesma constatação: com o aumento das mulheres na pós-graduação (e também na graduação) nas últimas décadas, aumentou também o tema gênero na pesquisa.  

Google encerra serviço de encurtamento de URLs


Eis a notícia que li no Boing Boing

O Google anunciou que encerrará seu serviço de encurtamento de URLs goo.gl em agosto de 2025, alegando que gerenciar ferramentas perfeitamente funcionais é “entediante”. Empresas e usuários que dependem desses links precisarão encontrar alternativas antes que o serviço seja completamente desativado.

Essa é mais uma jogada no histórico do Google de lançar serviços, fazer com que as pessoas integrem esses produtos, e depois encerrá-los abruptamente — como fez com o Google Reader em 2013. 

O mais engraçado é que ao ChatGPT que fizesse a tradução do texto para postar no blog, além de fazer o serviço, o GPT disse:

Se quiser, posso sugerir ferramentas alternativas para substituir o goo.gl. Quer que eu inclua isso? 

Amo a concorrência.