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27 junho 2012

Cortina de Burrice


Eis um trecho do texto " A má educação isola o país", mais conhecido como Cortina de Burrice, de autoria do economista Cláudio de Moura e Castro:


Revolução Russa propôs-se a criar o "paraíso socialista", cujo cardápio foi parido por intelectuais europeus. Na teoria, todos tinham direito a habitação, emprego, comida, escola e ópera. Mas a dieta era parca e o povão queria consumir mais. Daí a necessidade do que Churchill chamou de Cortina de Ferro, para não deixar que os russos bisbilhotassem o que consumia o mundo capitalista decadente. Para os xeretas, punições ferozes. Mas os seus líderes cometeram um erro, criaram também um estupendo sistema educativo para todos. Foi uma besteira, pois não houve maneiras de impedir um povo educado de ver o que acontecia do lado de fora. O resultado foi a estrepitosa queda do Muro de Berlim.


Os governantes brasileiros fizeram muito melhor. Abriram tudo, viaja-se à vontade. Mas não cometeram o erro dos russos. A garantia de isolamento do país está em uma educação de péssima qualidade e a conta-gotas. Assim nasceu uma Cortina de Burrice, muito mais eficaz, pois somos um país isolado do resto do mundo. Os que se aventuram ao exterior vão à Disneylândia, um mero parque de diversões, ou a Miami, uma sucursal do Brasil.


A garantia de nosso isolamento do resto do mundo está na educação de péssima qualidade. Há pouco, em uma universidade de elite, pedi que levantassem as mãos os que confortavelmente liam inglês. Não vi nem um quinto das mãos do auditório. Eis a Cortina de Burrice em ação! Na Europa, a mesma pergunta levantaria todas as mãos. Os europeus passaram do bilingüismo para o trilinguismo, Na Islândia, são quatro idiomas. E o nosso controlador de vôo que não sabia inglês!


Nossas universidades estão fora das listas das melhores, resultado da Cortina de Bilinguitice, pois perdem pontos nos quesitos de internacionalização. Nas europeias, muitos cursos são oferecidos em inglês. Conheci um sueco que fez seu doutorado em Estocolmo, há quatro décadas. Quando entregou o primeiro trabalho, no seu idioma, foi interpelado pelo professor: "O senhor não terá futuro acadêmico, se continuar a escrever nesta língua!". Visitei a fábrica Seiko (japonesa) na China. A língua oficial era o inglês. O mesmo em Toulouse, na fábrica do Airbus.(...)


O que pode aprender um jovem que vai ao Primeiro Mundo, a fim de conviver com o povo, não com o guia nem com o motorista do ônibus do pacote turístico? Vejamos:


O valor do futuro, de pensar no amanhã, ao invés do hoje (a essência da sustentabilidade do meio ambiente).O sentido de economia, de não esbanjar, de não se exibir, à custa do magro orçamento.(...)

2 comentários:

  1. Excelente post! Parabéns à Equipe!
    É uma triste realidade, pena que poucos a tornam pública e a popularizam. É a verdade que o governo omite e a maioria ignora.
    Camila (UFG)

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  2. Realmente a cortina da burrice está a nossa frente, e o pior é que nem mesmo as elites intelectuais de nosso próprio país conseguem "abri-la". Vide greves e mais greves em que o grande prejudicado é o aluno.
    Apesar de nosso pequenos passos, a caminhada até à civilização ainda será longa.

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