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17 dezembro 2020

Custo da eletricidade

 

Se for verdade é uma boa notícia. O custo - US$/MwH - da energia solar saiu de 359 dólares para 40, em 2019. Isto torna este tipo de energia o mais barato que existe hoje, com a vantagem de ser renovável. 

Se você quer saber como será o futuro, uma das perguntas mais úteis a se fazer é quais tecnologias seguem a Lei de Wright e quais não.

A maioria das tecnologias obviamente não segue a Lei de Wright - os preços das bicicletas, geladeiras ou usinas a carvão não caem exponencialmente à medida que produzimos mais deles. Mas aqueles que seguem a Lei de Wright - como computadores, energia solar fotovoltaica e baterias - são aqueles que devem ser observados. Eles podem ser encontrados inicialmente apenas em aplicações de nicho, mas algumas décadas depois eles estão em toda parte.

Se você não sabe que a tecnologia segue a Lei de Wright, você pode errar muito em suas previsões. No início da era da computação em 1943, o presidente da IBM, Thomas Watson, disse a famosa frase: “Acho que existe um mercado mundial para talvez cinco computadores”. Na faixa de preço dos computadores da época, isso talvez fosse perfeitamente verdade, mas o que ele não previu foi a rapidez com que o preço dos computadores cairia. De seu nicho inicial, quando talvez houvesse realmente apenas demanda por cinco computadores, eles se expandiram para mais e mais aplicativos e o ciclo virtuoso fez com que o preço dos computadores diminuísse cada vez mais. O progresso exponencial dos computadores expandiu seu uso de um pequeno nicho para a tecnologia definidora de nosso tempo.

01 março 2020

Energia da informação

A utilização de computadores (inclui pesquisa do Google e maratona da Netflix) tem um lado pouco comentado: a energia para manter o equipamento em funcionamento, em especial no data center, poderá ser substancial nos próximos anos.

O Google estimou que um mês de e-mails e pesquisas de uma pessoa típica representa a emissão de dirigir um carro por 1,6 km. Nos dias atuais, as emissões dos data centers pode ser igual ao setor de aviação ou transporte marítimo. Mas parece existir uma notícia boa: há um grande aumento na eficiência. Entre 2010 a 2018 o número de servidores aumentou 26 vezes e o tráfego cresceu 6,5 vezes; já o consumo de energia aumentou 6%.

Duas notícias ruins. A primeira é que o ganho de eficiência talvez esteja no seu limite. A partir de agora, um aumento no número de servidores não terá um aumento bem menor no consumo. A segunda notícia ruim é uma demanda muito maior nos próximos anos em razão do impacto da inteligência artificial na demanda de dados e no uso de energia.

Em comparação com o streaming de um vídeo ou a execução de uma pesquisa na web, a operação de um veículo autônomo ou o processamento de um feed de vídeo para reconhecimento facial exige ordens de magnitude mais computações, exigindo que um servidor de data center dedique mais tempo e esforço (e, portanto, mais energia) a um único tarefa.


Um ponto positivo:

“O fato de transmitirmos vídeos em vez de irmos à locadora é um passo na direção certa. Mesmo que a pegada de carbono do data center comece a subir, os serviços digitais são quase sempre mais eficientes do que os serviços físicos que substituem. ”

06 setembro 2018

Ar condicionado e mudança climática

A urbanização também está empurrando a demanda por ar condicionado mais alto. (...) Ao mesmo tempo em que o ar-condicionado está resfriando os espaços interiores, está aquecendo o ar externo, o que aumenta o trabalho necessário para o resfriamento interno, o que aumenta as temperaturas do exterior. É um círculo vicioso urbano, para não mencionar seus efeitos na mudança climática.

A tabela a seguir mostra a distribuição desigual do número de aparelhos pelo mundo, para alguns países selecionados:

Isto me faz lembrar um dilema interessante que ocorre na minha instituição de ensino. Em comparação com as universidades do Nordeste, a UnB possui poucos aparelhos de ar condicionado. Mas a demanda por instalar esses aparelhos tem crescido com passar do tempo. Tem existido demanda até em salas onde a simples abertura de janelas resolve o problema na maior parte do ano. A decisão de comprar os aparelhos tem um impacto importante no longo prazo sobre a conta de energia elétrica. Ou seja, aumenta o custeio e reduz a verba para as atividades mais relevantes.

11 julho 2018

Incentivo perverso

É uma questão de incentivo: para vender as distribuidoras da Eletrobrás, o Congresso decidiu repartir para todos os brasileiros, via conta de luz, as ineficiências das subsidiárias da região Norte, incluindo os furtos de energia. Isto deveria ser pago pelos clientes da empresa.

O projeto, no entanto, propõe liberar a Eletroacre (Acre) e a Ceron (Rondônia) de cumprir essa regra e coloca o ressarcimento dos custos que elas tiveram com os “gatos” desde 2009 na conta de todos os consumidores brasileiros.


Isto, naturalmente, pode facilitar a venda. Mas pune as pessoas que não tiveram nenhuma relação com esta ineficiência.

08 julho 2015

Precisa de uma revigorada rápida?



Em julho geralmente estamos exaustos. O primeiro semestre terminou e o meio do ano traz cansaço e desânimo especialmente para quem não tem férias. Por isso selecionamos uma lista com algumas atividades que podem ajudar a engatar o terceiro trimestre com mais vigor:

1: Ande um pouco ao ar livre, receba luz natural: Privação de luz solar é uma das coisas que mais nos deixa cansados. Aqui no Brasil é fácil resolver esse problema, mas nem sempre nos esforçamos ou nos lembramos. Pesquisas sugerem que a luz natural estimula o cérebro e melhora o humor. Para um impulso a mais, pegue sol no início da manhã. E já que você está ao ar livre...

2: Faça uma caminhada estimulante. Até mesmo dez minutos de caminhada podem ser fonte de energia e ainda diminui a sua tensão.

3: Aja com vigor: nós achamos que agimos por causa da forma como nos sentimos, mas frequentemente nos sentimos por causa da forma como agimos. Tente buscar mais vigor ao se acostumar a se mexer mais rápido, andar enquanto fala ao celular, colocar mais energia na sua voz.

4: Escute suas músicas alegres favoritas: ouvir música estimulante é uma forma fácil e confiável de ter uma melhora instantânea no seu estado de ânimo.

5: Converse com um amigo vigoroso: não somente ganhamos energia interagindo com outras pessoas, como também – no que é chamado “emocionalmente contagioso” – absorvemos suas emoções. Ao invés de infectar as pessoas com seu humor nebuloso, tente se animar ao canalizar a energia de um amigo tempestuoso.

6: Lide com um item na sua lista de afazeres: Talvez você precise se dirigir a uma loja fora de seu caminho ou adicionar os toques mais difíceis e finais a um presente feito por você ou, ainda, telefonar para um parente trabalhoso. Sempre há uma corrente positiva de energia quando afazeres trabalhosos são completados. Se você está com dificuldades, tente fazer disso sua primeira tarefa matutina. Na noite anterior, decida o que você vai fazer e, no dia seguinte, se levante e faça. Simples assim. Não pense demais. Organização e controle podem inicialmente parecer trabalhosos, mas diminuem a ansiedade do dia e a cada tarefa realizada e marcada como completa, há um senso importante de produtividade.

7: Limpe: Para muitas pessoas, organização exterior atrai calma interior. Se você está se sentindo esmagado e lânguido, tente dar uma limpada e organizada. Nada de expurgação pesada, apenas ajeite as superfícies. Tornar o que te cerca mais agradável te trará energia, além da melhoria visível também ser um incentivador.

8: Pule: Isso, pule! Pule algumas vezes (vale até saltitar). Eu, vez ou outra faço isso e é impressionante o quanto revigora. Se você se sentir muito bobo fazendo isso, corra pelas escadas (com cuidado, por favor, não tropece!).

9: Nota de precaução: as pessoas frequentemente tentam utilizar comida para dar um jeito na falta de energia. Isso realmente ajuda se você estiver faminto ou com alguns nutrientes em falta no organismo (já fez o seu check up anual?) e a alimentação for saudável. Mas se você não estiver com fome, comer sorvete e chocolate realmente não vai ajudar.

“Energia é um prazer eterno”, escreveu William Blake, e é surpreendente como níveis baixos de energias podem afetar a qualidade de alegria e satisfação de um dia.

Esquecemos algo? Você tem alguma estratégia para uma ligeira melhoria de energia? Uma dica rápida para driblar o cansaço?

23 fevereiro 2014

A maior usina de energia solar do mundo

Pegue 300.000 "espelhos" controlados por computador, cada um com 2 metros de altura e 3 metros de largura, e faça com que eles focalizem a luz do sol para o topo de três torres de 140 metros de altura, onde a água se transforma em vapor para turbinas de energia. O que você consegue com isso? A maior usina de energia solar do mundo.

A planta do Ivanpah Solar Electric Generating System (em tradução livre, Sistema Gerador de Energia Solar Ivanpah) ocupa cerca de 12 quilômetros quadrados de terras federais perto da fronteira dos estados da Califórnia e Nevada, nos EUA.

A usina, adiada por questões regulatórias e legais, é um esforço conjunto da NRG Energy, da BrightSource Energy e do Google, e finalmente foi aberta para negócio no último dia 13 de fevereiro.

Segundo nota oficial, o Ivanpah Solar Electric Generating System já está operacional e entregando eletricidade solar para clientes da Califórnia.

Em plena capacidade, as suas torres produzem um total bruto de 392 megawatts (MW) de energia solar, energia suficiente para fornecer eletricidade “limpa” a 140 mil casas no estado californiano e evitar 400.000 toneladas métricas de dióxido de carbono por ano, o equivalente a remoção de 72 mil veículos da estrada.

E, além disso, tem uma aparência incrível. Confira algumas fotos da usina: Gizmodo e Hyperscience








































14 fevereiro 2013

Redução na sua conta de luz

“Um estudo da UFRJ indicou que nas residências há um potencial de redução no consumo [de energia elétrica] de ao menos 15%.”

A revista Galileu publicou as seguintes informações na edição deste mês (n. 259):

Computador, lâmpada e celular
Editora Globo
(Clique para ampliar)
Ar-condicionado, televisão e celular
Editora Globo
Fonte: (Clique para ampliar)
Geladeira e forno de micro-ondas
Editora Globo
(Clique para ampliar)
Chuveiro, máquina de lavar, secador de cabelo, ferro de passar
Editora Globo
* Estimativas de alto consumo feitas por engenheiros da Eletrobrás e da Companhia Elétrica do Ceará. Valores calculados com base nas médias nacionais de tarifa
e de encargos e tributos de energia residencial (Fonte: ANEEL, Abradee, PriceWaterhouseCoopers/Instituto Acende Brasil)

Para economizar energia é necessário saber como ocorrem os gastos na sua casa. Anote a média de uso de secadores de cabelo, computadores (de mesa e portáteis), carregadores de aparelhos diversos, etc.

Em seguida é preciso saber a potência do aparelho. Geralmente ela está informada em alguma parte do próprio equipamento, em watts (W). Para saber o quanto ele consome, você multiplica esse valor pelo tempo, em horas, que você o deixa ligado a cada mês.

Por exemplo: digamos que você é uma menina que adora fazer escova e todo dia usa 10 minutos de um secador de 1.400 W. Por mês, ele passa 300 minutos ligado, ou 5 horas. Também é preciso dividir a conta por mil para ajustar o valor à unidade da conta de luz, que é o kilowaLogo:

Consumo do secador = 1.400W x 5h : 1.000 = 7 kWh.

Com o consumo calculado, basta multiplicá-lo pelo valor da tarifa praticada por sua distribuidora de energia para descobrir quanto o aparelho representa na sua conta. O preço varia de estado para estado, e é informado na conta de luz. Aí entra um detalhe importante.

Na descrição do serviço da conta de luz, as distribuidoras são obrigadas a informar o valor da tarifa sem tributos e encargos, descritos logo abaixo na conta. Mas elas também são obrigadas a informar, logo abaixo, o valor unitário do kWh com os impostos incluídos. Esse é o valor que interessa, porque vai lhe dar o custo final, com a carga de impostos da sua cidade embutida. Veja como fica o custo do secador no exemplo abaixo, usando o valor praticado em São Paulo (até fevereiro de 2012):

Custo do secador = consumo (kWh) x valor unitário do kWh (R$) = 7 kWh x R$ 0,42341 = R$ 2,96.

Ou seja, sua escova diária custa R$ 2,96 por mês. Agora que você sabe como fazer a conta, o mais difícil é conseguir estimativas bem fieis do seu real consumo. Use um relógio qualquer e conte algumas vezes o quanto você demora no banho de chuveiro elétrico, seu tempo com TV ou videogame ligado, e assim por diante.

As exceções
Eletrodomésticos como geladeira, freezer e ar-condicionado não tem o mesmo regime de consumo durante todo tempo em que estão ligados. Isso porque eles usam um termostato para manter certa temperatura, que aciona ou desliga o motor do equipamento conforme a necessidade. Se você abre e fecha muito a geladeira, o motor passa mais tempo ligado, e o consumo é maior. Como eles funcionam com pelo menos esses dois regimes de funcionamento – de motor ligado ou não – o consumo deles não é linear e não deve ser calculado com a fórmula acima.

O jeito de economizar, com esses aparelhos, é na hora da compra. Escolha sempre um que tenha o selo Procel de Economia de Energia (essa certificação, coordenada pelo Ministério das Minas e Energia, é concedida aos equipamentos que obedecem uma série de parâmetros de economia) e por uma Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, que indica se o aparelho é econômico ou não. Se ele estiver nas categorias verdes – A, B ou C – serão mais econômicos.

Fonte: Adaptado daqui

05 fevereiro 2013

Mercado de Urânio


Mesmo depois do acidente de Fukushima, a demanda por energia elétrica nuclear continua a crescer. Essa commodity está num ponto crítico de inflexão para preços mais elevados. Até mesmo o Japão está mudando sua postura sobre a energia nuclear devido aos maiores custos da geração elétrica substituta. O recém-eleito primeiro-ministro, Shinzo Abe, declarou que o novo governo está disposto a construir novas usinas - mudança radical com respeito à promessa do governo anterior de fechar todas as 50 usinas do país até 2040.
O impacto mais significativo vem, porém, do mundo em desenvolvimento, especialmente da China. Ela que poderá adicionar mais de 100 usinas ao longo das próximas duas décadas. Outras nações, como a Rússia, Índia, Coreia do Sul e os Emirados Árabes Unidos têm também grandes programas de construção, aumentando significativamente as 435 usinas que hoje fornecem eletricidade na base de carga dos sistemas elétricos de 31 países.
2013 começa com 65 usinas nucleares em construção (1 no Brasil), outras 160 em fase de planejamento (4 no Brasil) e mais 340 propostas (4 no Brasil). A demanda por urânio será, portanto, cada vez mais elevada, o que apresenta um problema, pois existe hoje um déficit de produção. De acordo com a World Nuclear Association (WNA), o consumo total em 2011 foi de 80 milhões de quilos, enquanto a produção foi de 68 milhões - déficit de 12 milhões de quilos.
Se contarmos somente essas 65 usinas que estão hoje em construção, o consumo anual crescerá para 100 milhões de quilos. Nesse contexto, com a oferta não conseguindo mais acompanhar a demanda, naturalmente os preços do urânio começarão a subir.
O uso do urânio altamente enriquecido reciclado, o re-enriquecimento de urânio empobrecido (rejeito do processo de enriquecimento) e a redução dos estoques das empresas geradoras tem suprido esse déficit, mas o futuro dessas fontes de suprimento é incerto, particularmente com o final do programa chamado "Megatons por Megawatts". Criado com o final da guerra fria, os programa é um acordo entre os EUA e a Rússia para converter o urânio altamente enriquecido, disponibilizado pelo desmantelamento de armas nucleares russas, em urânio de baixo enriquecimento para combustível nuclear.
A existência desse programa sozinho preenche a maior parte do déficit anual mundial, oferecendo 10 milhões de quilos de urânio. Eles são consumidos exclusivamente pelos EUA, onde está cerca de 25% do parque nuclear mundial. Paradoxalmente, nos últimos anos 10% da eletricidade produzida nos EUA tem como fonte o urânio das armas nucleares russas desmontadas - espadas se tranformando em arados.
Entretanto, ele expira no final de 2013. Se os russos decidirem não renovar o acordo, o que parece bastante provável, o re-enriquecimento e os estoques não serão suficientes para suprir o deficit. Se contarmos somente com as usinas em construção, o consumo anual crescerá para 100 milhões de quilos. Nesse contexto, com a oferta não conseguindo mais acompanhar a demanda, os preços do urânio começarão a subir.
Quando se considera os prazos necessário para abertura de novos complexos industriais de produção e ampliação dos existentes, temos um complicador: até 2020 a produção anual somente poderia aumentar no máximo até 90 milhões de quilos. Mas para isso acontecer, os preços também teriam que se estabilizar num patamar de US$ 40 por quilo para que a indústria estivesse disposta a realizar os investimentos necessários. Hoje o preço é de US$ 20/kg. O mercado está assim dando pouco incentivo para implantação de novos projetos. Os preços terão que mover-se para cima de forma importante e sustentada para que haja produção adicional.
Quando o Japão prometeu fechar suas 50 usinas, reduziu a demanda mundial por combustível em cerca de 10 milhões de quilos e, além disso, agravando a situação, as empresas japonesas venderam cerca de 7,5 milhões de quilos de seus estoques. Isso levou à atual baixa de preços no mercado spot. O sistema elétrico do Japão sem a energia nuclear tem experimentado apagões, as importações de gás natural subiram 17% e as importações de carvão 21%. Com a vitória do Partido Liberal Democrático, espera-se que as vendas de urânio cessem e a demanda seja retomada.
Considerando as usinas em construção, a capacidade instalada da China subirá para 40 milhões de quilowatts até 2015, em comparação com 12,54 milhões no final de 2011. As empresas chinesas terão que aumentar seus estoques, adquirindo muito mais urânio. Isso elas já vem fazendo, aproveitando os preços baixos decorrentes do "efeito Fukushima".
Esses dois fatos, somados ao encerramento do acordo "Megatons para Megawatts", indicam que o preço do urânio poderá voltar aos US$ 40/kg ou mais já em 2014. Antecipando isso, as empresas do setor já começaram a fazer movimentos estratégicos. A estatal russa vem adquirindo empresas menores, fortalecendo sua posição no mercado. O conflito no Mali deriva, em parte, desse contexto.
Sendo uma das maiores reservas de urânio do mundo, produção brasileira é modesta e exclusiva para o mercado nacional. Nos últimos anos tem declinado, não sendo suficiente para atender Angra 1 e 2 - ficará pior com Angra 3. Esses movimentos do mercado internacional não têm tido eco no Brasil. Perderemos a oportunidade?
Doutor em Engenharia Naval e mestre em Engenharia Nuclear.
Assessor da presidência da Eletrobrás Eletronuclear e
membro do grupo permanente de assessoria da Agência Internacional de Energia Atômica



04 novembro 2012

Sistema Hidroeólico


Um sistema interligado hidroeólico para o Brasil 


Leia mais em:
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515112-um-sistema-interligado-hidroeolico-para-o-brasil

O Brasil dispõe de potenciais hidrelétrico e eólico que lhe abrem a possibilidade de produzir, de forma renovável e sustentável, toda a energia elétrica que consome - e consumirá, quando a população estiver estabilizada em 215 milhões de habitantes, o que, segundo o IBGE, deverá acontecer por volta de 2050.

A interligação dos parques eólicos com a rede hidrelétrica, visando a estruturar um sistema hidroeólico, contribuirá para suavizar a intermitência dos ventos, pois isso permite que se firme a energia eólica mediante a sua "acumulação", por assim dizer, nos reservatórios hidrelétricos, nas épocas de ventos abundantes, para ser usada nas temporadas secas. A interligação dos parques eólicos entre si também contribui para contornar o problema da intermitência dos ventos, por meio do chamado "efeito portfólio", pelo qual, à semelhança de uma carteira de ações na bolsa de valores, a produção conjunta de todos os parques varia menos do que as produções individuais de cada um.

Graças ao seu imenso potencial hidrelétrico - e à possibilidade, ainda existente, de se implantarem grandes reservatórios de acumulação - o Brasil tem uma extraordinária vantagem comparativa em relação à maioria dos países europeus e asiáticos, que são obrigados a apelar para as onerosas e poluentes usinas termelétricas convencionais ou para as antieconômicas centrais nucleares que, ademais, expõem as populações a inaceitáveis riscos de acidentes catastróficos.

Naturalmente - além de se orientar por critérios técnico-econômicos e ambientais - a implantação de parques eólicos e, principalmente, de novos reservatórios hidrelétricos deve respeitar o direito das populações regionais, particularmente as ribeirinhas, mediante a execução de programas de reassentamento, planejados em cooperação com as lideranças locais.

Entretanto, determinados segmentos da sociedade têm a percepção de que a geração hidrelétrica é invariavelmente deletéria, por causar a "artificialização das bacias hidrográficas". Devido a essa percepção equivocada, o Brasil corre o risco de ser obrigado a imitar países que, não dispondo de vantagens como as brasileiras, têm que apelar para usinas termelétricas convencionais ou nucleares.

Na verdade, os reservatórios hidrelétricos podem ser aproveitados para múltiplas finalidades, tais como regularização de vazões, transporte fluvial, irrigação de grandes áreas visando à produção agrícola, pesca interior, turismo ecológico, etc.

Todos esses usos requerem a preservação das matas ciliares e são ambientalmente benéficos, ao contrário do que supõem os adversários emocionais dos reservatórios hidrelétricos.[...]

15 setembro 2012

Fato da Semana


Fato da Semana: A Renovação das concessões das Empresas Elétricas

Qual a importância disto? Trata-se de um assunto que interessa de perto acontabilidade pela aplicabilidade na área de regulação. Os contratos deconcessão do setor elétrico foram elaborados com um determinado prazo devalidade. Ao final deste prazo, o governo pode (a) renovar os contratos daforma como está; (b) renovar os contratos, com mudanças nas condições dosatuais contratos; ou (c) contratar uma nova empresa para explorar o serviço. Emqualquer um dos casos, é necessário discutir o valor que o governo irá pagarpelos investimentos que ainda estão “no balanço”, ou seja, que não foramamortizados. Isto envolve valores de bilhões de reais e o centro da discussãoserá a mensuração contábil.

Positivo ou negativo – Positivo. A contabilidade de setoresregulados é bastante complexa. A antecipação da renovação das concessões irágerar uma discussão em torno destas normas que pode ser útil para osprofissionais da área.

Desdobramentos – os órgãos reguladores terão um grandetrabalho na discussão com as empresas. A Aneel terá que conduzir a discussõesem torno do ressarcimento devido para as elétricas. Não descarte apossibilidade de processos judiciais contra o governo.

Luz, gasolina e embromação

Editorial O Estado de S.Paulo, 11 de setembro de 2012 | 3h 0

O governo faz uma enorme e perigosa confusão ao misturar combate à inflação, corte das tarifas de eletricidade, aumento do preço dos combustíveis e política de juros. Como disse um pensador petista, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, mas essa obviedade parece inacessível aos formuladores da política econômica. As autoridades podem frear a evolução dos indicadores de preços, no próximo ano, se tornarem mais barata a energia elétrica. Mas a inflação retomará seu curso, em pouco tempo, se as condições propícias à elevação geral de preços continuarem presentes. Para isso, bastará a conjunção de crédito farto, gasto público excessivo e demanda suficiente para sancionar aumentos de preços. A confusão se completa quando a contenção de um índice - evento temporário - é apontada como oportunidade para arrumar as contas da Petrobrás e até para manter os juros baixos.

O governo acertará quando reduzir o peso fiscal sobre as contas de eletricidade e baratear o uso da energia tanto para empresas como para as famílias. A produção brasileira ficará um pouco mais competitiva e, ao mesmo tempo, os consumidores ganharão uma pequena folga no orçamento. Essa decisão contribuirá para o desenvolvimento do setor produtivo, para a preservação de empregos, ou até para sua criação, e para o aumento do bem-estar dos brasileiros. Não será, no entanto, exceto por um equívoco notável, parte de uma política anti-inflacionária.

O governo acertará, também, se deixar a Petrobrás adotar uma política de preços realista e compatível com suas necessidades econômicas e financeiras. Se for necessário um aumento de preços de combustíveis, será esse o procedimento correto. Manter o subsídio ao consumo apenas servirá para disfarçar a inflação, causará desajustes nos preços relativos (prejudicando, por exemplo, a produção de etanol) e privará a Petrobrás de recursos importantes para seus investimentos. Mais do que nunca, a empresa precisa de uma forte geração de caixa, para elevar a produção no curto prazo e avançar na caríssima e complexa exploração das reservas do pré-sal.
O prejuízo da empresa no último trimestre, seus indisfarçáveis problemas de produção e os erros cometidos em seus planos de investimento evidenciam os males de uma administração subordinada a interesses políticos dos governantes, de seus partidos e de seus aliados nacionais e estrangeiros. A correção desses erros, adiada por muito tempo, é agora urgentíssima e sua oportunidade independe do corte de tarifas da energia elétrica.

Mesmo quando acerta, o governo se mostra incapaz de formular com clareza uma boa estratégia de crescimento, com uma ampla e bem articulada bateria de medidas para tornar a economia nacional mais produtiva, menos sujeita a desajustes e mais preparada para a competição global. As novas iniciativas acabam prejudicadas pela confusão de objetivos e pela vocação do governo para as políticas de remendos. Sem disposição para reformar seriamente o sistema tributário, as autoridades preferem remendá-lo. Essa preferência é explicável tanto pelas dificuldades políticas de uma reforma genuína quanto pela incapacidade de cortar despesas e de racionalizar a administração.

A confusão de objetivos acaba resvalando para a mistificação. Disfarçar a inflação é politicamente mais lucrativo e muito menos trabalhoso do que executar uma séria política anti-inflacionária. Com uma política séria, é possível atenuar os efeitos de choques de preços, limitando sua transmissão e, em certos casos, intervindo no mercado com a venda de estoques de segurança. Atenuar, no entanto, é muito diferente de disfarçar.

Uma política honesta e competente cuidará de baixar as contas de eletricidade, de ajustar os preços dos combustíveis e de controlar a inflação sem misturar os objetivos próprios e os processos de cada linha de ação. Se cada parte for bem executada, o resultado geral será uma economia mais eficiente, mais próspera e mais compatível com o bem-estar. Discutir como ficará o índice oficial de inflação, no fim do próximo ano, se houver este ou aquele corte nas tarifas de energia elétrica, é mais que um equívoco. É uma vergonhosa embromação.

22 agosto 2012

Aumente a sua disposição

1. TOME CAFÉ DA MANHÃ
Um dos retratos mais comuns das pessoas engolfadas pela rotina estressante é o de sair de casa sem comer nada. Isso vai minando a saúde. Como se trata de acumular energia para o dia, e não apenas para as primeiras horas da manhã prefira alimentos equilibrados nos nutrientes. Ricos em carboidratos, mas que contenham também proteínas e gorduras saudáveis. Tais como frutas, aveia, ovo – sim, ovo é uma boa pedida para o café da manhã – ou até o jantar do dia anterior, que geralmente é uma refeição consistente. Alimentos como pães e bolos vão dar uma alavancada no seu entusiasmo matinal, por algumas horas, e quando o açúcar acabar você ficará sem energia.

2. FORJE A ENERGIA AO SEU REDOR
Naqueles dias em que você acorda até com preguiça de existir, é uma boa pedida fingir que você está cheio de energia. Isso faz com que você realmente fique mais disposto, porque seu cérebro capta os sinais externos e internos que dizem isso. Comece lavando bem o rosto, use uma roupa limpa, clara, abra um sorriso para as pessoas. Mostre ao mundo exterior que você está entusiasmado. Mesmo que não seja realista, você acaba se influenciando.

3. VIVA O LADO POSITIVO
Essa é só entre você e a sua mente. Eleve seu estado de espírito. Não pense no que você perdeu, mas no que já ganhou. Não lamente o que você não tem, valorize o que tem. Sempre que você, ou (o que é mais comum) outra pessoa perceber que está de mau humor, pare e reflita. Afinal, porque eu estou de mau humor? Ache a causa e tente extraí-la, ou pelo menos amenizá-la. Elevar sua energia positiva depende mais de você do que do mundo que o cerca.

4. INVENTE COISAS NOVAS
Uma rotina sem nenhuma novidade vai minando seu humor e sua energia pouco a pouco. Um pouco de mudança na rotina é seguida da liberação de dopamina, que te prepara para a ação. É importante aprender coisas novas.

5. BEBA ALGO GELADO
Não é só uma questão de se manter hidratado, a temperatura baixa da bebida é um ótimo meio de dar uma despertada em você. A água é uma boa, mas se você beber chá ou café gelado terá um efeito duplicado, porque as bebidas contêm cafeína.

6. BEBA CAFÉ CONTINUAMENTE
Mais eficaz do que mergulhar a cara no bule de café, uma só vez pela manhã, e ir tomando pequenos goles ao longo do dia. Em intervalos de, digamos, uma hora, tome uma xícara. O efeito da cafeína é forte, mas efêmero.

7. NÃO MINTA
Mentir rouba muita energia psicológica. E o principal causador não é o momento da mentira em si, mas o constante sobressalto em que você fica, pensando no que vai falar, para que os outros não descubram sua mentira. Recomenda-se, contudo, evitar a franqueza extrema. Às vezes a verdade nua e sem rodeios pode magoar, mas você pode “esculpir” a sua verdade. Ao invés de dizer que seu colega de trabalho tem ideias de jerico, diga que ele tem ideias boas, mas aquela em especial pode não funcionar.

8. RESPIRE FUNDO
A respiração profunda é mais eficiente do que a respiração curta para dar uma revitalizada. Existe uma verdadeira fórmula médica, chamada de “4-7-8” para nos ensinar como respirar fundo: coloque a ponta da sua língua contra o céu da boca atrás dos dentes superiores e expire completamente pela boca, para produzir o som de uma lufada. Em seguida, feche a boca e inspire profundamente pelo nariz em quatro segundos, segure a respiração por sete, depois expire pela boca por oito segundos. Repita a operação pelo menos três vezes e procure sempre “levar o ar para a barriga” . Se você está estressado, é o melhor remédio: essa respiração profunda injeta mias oxigênio em suas células, reduz a frequência cardíaca, diminui a pressão sanguínea e melhora a circulação, resultando em um aumento de energia.

9. ORGANIZE SEU ESPAÇO
Seja seu quarto, seu escritório ou seu consultório, mantenha o espaço organizado. É muito mais estimulante trabalhar em um lugar limpo e arrumado, onde as coisas estão em ordem, do que no meio de uma bagunça. Cole frases com seus objetivos na parede, escreva no caderno, ponha na tela do fundo desktop, incentive-se! Essa frase pode ser algo simples e imediato como “quero terminar esse relatório ainda hoje”, ou algo mais sucinto e duradouro, como “estude!”. O importante é ter um estímulo visual.



10. COMBINE MÚSICA COM EXERCÍCIOS
Quando estiver correndo no parque ou fazendo polichinelos em casa, um ritmo frenético no fone de ouvido é realmente uma boa pedida. A maioria das academias pensa nisso, daí a escolha criteriosa para as Playlists que tocam no ambiente enquanto o pessoal está malhando. É claro que você não vai se exercitar ouvindo a marcha fúnebre; precisa ser um ritmo alegre, que te empurre para cima. Se quiser, pode estender o benefício da música animada para além dos exercícios, ouvindo no trabalho ou no estudo, desde que não tire a concentração.

11. TENTE TRANSFORMAR TUDO EM EXERCÍCIO
Todos sabem como é muito difícil para algumas pessoas tirar uma ou mias horas do seu dia para se dedicar ao exercício físico (que envolve não apenas o tempo da atividade em si, mas o deslocamento até o parque/academia, aquecimento, alongamento, etc.). Por isso, esteja sempre em movimento. No trabalho, dê periodicamente uma volta andando por onde puder. Mova os braços e pernas, interrompa o expediente por uns cinco minutos para se alongar um pouco. Mexa-se.

12. COMA CHOCOLATE ESCURO
Há uma lenda popular que alimentos ricos em açúcar fornecem uma carga contínua e inabalável de energia. Deve-se tomar cuidado com isso: o açúcar, por si só, abastece o corpo com energia instantânea, mas efêmera: você experimenta um pico de energia corporal que cai rapidamente. O chocolate escuro contém o estimulante teobromina, um alcaloide que demora a ser consumido pelo organismo, e fornece, portanto, uma energia mais duradoura.

13. MANTENHA-SE HIDRATADO
O cansaço precede a desidratação como a lua precede o sol. Não estar hidratado é uma porta para baixar o metabolismo rapidamente, o que faz sua energia ir lá para baixo. Mas para se hidratar não adianta ficar só na água; é preciso consumir potássio, que regula a circulação de líquidos no organismo. Água de coco, banana, abacate e batata, são recomendados para essa função.

Fonte: HyperScience

23 julho 2012

Nova tentação nacionalista

Nova tentação nacionalista
Editorial O Estado de S. Paulo - 11/07/2012


Se, efetivamente, estender para todo o setor de energia elétrica a política de conteúdo local em vigor para a indústria do petróleo - medida já em discussão no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) -, o governo premiará mais um segmento específico da indústria nacional, como tem feito com outras medidas de estímulo à atividade econômica. É muito pouco provável, contudo, que com essa medida beneficie o País. A possibilidade de se exigir dos fornecedores de equipamentos para as áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica um índice mínimo de componentes nacionais, repetindo o que já se faz no setor de petróleo, pode criar uma reserva de mercado para determinadas empresas instaladas no País, com todas as consequências negativas inevitáveis nesse tipo de prática.

O governo argumenta que a extensão para o setor elétrico da política de conteúdo local permitirá combater o aumento das importações, dotar a indústria nacional de maior competitividade e dar mais segurança e confiabilidade ao sistema - além de aumentar o emprego. São, basicamente, os mesmos argumentos de que lançou mão para justificar essa política para o setor de petróleo.
Segundo o governo, é cada vez maior a presença de fornecedores estrangeiros em obras de infraestrutura, em particular em projetos de exploração de recursos naturais. Primeiro vieram os europeus, depois os chineses. É crescente, segundo o Ministério de Minas e Energia, a participação de equipamentos importados e também da mão de obra estrangeira na execução e operação dos projetos nessa área. Como mostrou reportagem do Estado, o documento em estudo pelo CNPE lembra que problemas como esses no setor do petróleo foram enfrentados com a adoção da política de conteúdo local.


Ao estudar meios de ampliar essa política nacionalista, o governo Dilma dá continuidade a mais um dos muitos equívocos de seu antecessor. A contratação, no Brasil, de equipamentos para a indústria do petróleo foi uma importante bandeira eleitoral do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. Ela tinha o poder de encantar uma parte do empresariado, aquela que seria diretamente beneficiada pelo aumento das encomendas, outros que ganhariam com a dinamização da atividade em sua área e os trabalhadores, pois representaria mais empregos para eles.

A realidade, porém, tem sido muito diferente do cenário prometido pelo governo na defesa dessa política. A falta de capacidade de produção da indústria nacional para atender a encomendas de grande porte, como são comuns no setor de petróleo, vem retardando projetos da Petrobrás.
Mesmo que a indústria nacional esteja preparada para atender aos pedidos volumosos nas áreas de petróleo e de energia elétrica, há outros riscos decorrentes da exigência de conteúdo nacional. A existência de um mercado cativo para o produtor local desestimula a busca da eficiência e abre espaço para a prática de preços incompatíveis com o mercado internacional. O resultado pode ser produto de qualidade inferior ao de similares disponíveis no mercado externo, mais caros e entregues fora do prazo contratual.


Não se contesta a intenção do governo de estimular e incentivar a produção local. Trata-se de discutir os limites a incentivos desse tipo. Se exagerados ou muito seletivos - como são muitos dos concedidos pelo governo Dilma a pretexto de reduzir os impactos da crise mundial sobre a economia brasileira -, resultam em perdas para os demais setores e para os contribuintes e consumidores em geral, ao aumentar custos.


No exame dessa questão - que deve levar em conta a capacidade da indústria local e os compromissos assumidos pelo Brasil na OMC, entre outros fatores, como se anuncia que será feito -, o CNPE não pode deixar de observar os objetivos para os quais foi criado, como órgão de assessoramento do presidente da República. Entre eles está a proteção dos interesses do consumidor quanto a preço, qualidade e oferta dos produtos e a promoção da livre concorrência. A exigência de conteúdo nacional pode resultar no oposto desses objetivos.

19 maio 2011

Errata: Eletrobras

Errata: Eletrobras – por Isabel Sales

Essa deveria ser a continuação de uma postagem de ontem, porém não a intitularei “Eletrobrás 2” por que houve um erro. Desculpem-nos! Após tanto debate sobre acentuar ou não o nome da empresa, ainda assim erramos e, quem sabe, desmerecemos um tanto do dispêndio da publicidade a respeito da nova marca da Eletrobras.

Segue uma errata então: o correto é Eletrobras e não Eletrobrás. Sentiu a diferença? Marcante, não? Percebemos assim que muitos dos gastos com publicidade para lançar a nova Eletrobras, uma, quem sabe, futura tipo-Petrobrás, foram bem aplicados, não é mesmo? Na mensagem da administração do relatório anual de 2010 a primeira frase afirma: “mais do que uma modificação de forma e de cores, a nova marca da Eletrobras, lançada em 2010, após meses de trabalho integrado envolvendo dezenas de profissionais, simbolizou a reinvenção da empresa, cada vez mais preparada para os novos tempos”.

Vamos aproveitar essa “errata”, para acrescentarmos dados a outros pontos mencionados ontem. Comecemos pelo [1] em que afirmamos “É estranho isto, já que uma situação tão grave não surge de repente. E os anos anteriores?”. Esse comentário se referia à frase em que pela primeira vez os auditores foram taxativos em relação a um rombo entre passivos e ativos circulantes das empresas distribuidoras do sistema.

Mas graças ao Google (novo pai dos burros) descobrimos que não, não foi a primeira vez que perceberam que a Eletrobrás apresenta risco de continuidade. Vejam só:

- Há um “formulário de referência” publicado pela Eletrobrás em 30 de junho de 2010, disponível aqui, que na página 172, tratando sobre o exercício social de 2007, afirma: “foram apresentados [pelos auditores independentes] parágrafos de ênfase relatando sobre o risco de continuidade operacional das subsidiárias de nossas controladas Eletronorte, Manaus Energia e Boa Vista Energia, e também sobre a continuidade de nossa controlada Eletroacre. Sobre o tema, a Companhia garante a continuidade operacional de tais investidas por meio de aporte de recursos financeiros”.

Na página 174, sobre o exercício social de 2009 notem os parágrafos de ênfase emitidos pela auditoria independente: “(...) a Companhia mantém provisão para perdas em adiantamentos para futuro aumento de capital em determinadas empresas controladas do segmento de distribuição de energia no montante de R$ 1.858.603 mil, sendo apresentada ainda provisão para passivo a descoberto no montante de R$ 53.660 mil. As empresas vêm apurando prejuízos repetitivos em suas operações, sendo que as informações financeiras dessas controladas foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis a companhias em regime normal de operações. Os planos da administração com relação ao equacionamento financeiro das referidas empresas incluem o processo de capitalização de dívidas e de adiantamentos para futuro aumento de capital ainda a ser efetivado, conforme mencionado na nota explicativa 42. As demonstrações financeiras não incluem quaisquer ajustes em virtude dessas incertezas”.

Na página 176 (ainda sobre o exercício social de 2009), a Eletrobrás, por sua vez, afirma que: “No que diz respeito ao risco de continuidade operacional de nossas empresas distribuidoras de energia, a Administração garante a continuidade dessas empresas em função de aporte de recursos financeiros e através de um plano de reestruturação dessas companhias”.

Legal. A auditoria vê risco de continuidade, mas a administração da Eletrobras garante a continuidade das empresas. Mas a que custo? E até quando? Vocês se lembram da postagem “energia cara tira indústrias do Brasil”? Pois é! E vocês se lembram da reportagem que saiu na The Economist, edição impressa de fevereiro, sobre o apagão brasileiro? Disponível em português aqui no sítio de notícias do UOL há referências sobre o Brasil ter que investir dinheiro da iniciativa pública e privada para conseguir suprir os problemas e a demanda por energia. E aqui no Estadão falando sobre a energia elétrica no Brasil já ser 2/3 mais cara que nos Estados Unidos, dentre outros fatos que complicam o sistema de distribuição de energia pelo Brasil.

Isso nos traz ao item [2] da postagem de ontem "Já é um avanço esta constatação. Mas será que resolve o problema?" que se refere ao seguinte trecho da reportagem do Valor Econômico: "Esse tipo de concessão não é para ser pública, a não ser que se crie uma cultura, que toma um longo prazo. Todos do setor sabem disso, o presidente da Eletrobras sabe, o governo sabe e os políticos estão começando a perceber.".

Acho que vou criar dissabores ao afirmar isso, mas a verdade é que eu sou a favor da privatização (acho que meu professor, o Dr. Carlos Alberto Ferreira Lima, tentará alterar a nota que recebi em sua matéria e me reprovar caso leia essa postagem). Mas para você, meu querido professor, e para todos os que pensarem em me bloquear no twitter, indico a postagem: Defesa da Privatização na qual se afirma - Não é função do governo fazer um pouco pior ou um pouco melhor o que os outros podem fazer, e sim fazer o que ninguém pode fazer, dentre outras coisas.

Além disso, tempos atrás tive a oportunidade de auxiliar os professores Pedro Oliveira e Paulo Lustosa em uma pesquisa sobre a privatização da Vale que mostrou melhoria na eficiência produtiva no período após a privatização. Na postagem “Brasil, Economia e Governo” destacamos um link para a resposta à pergunta “valeu à pena privatizar a Vale”? Na reportagem são levantados vários pontos contra e a favor, mas no fim do dia a conclusão é de que hoje temos sim uma empresa com mais valor.

A Eletrobras poderia ser uma ótima empresa, como ameaçaram transformar, mas acho que com a mentalidade estatal nos próximos anos pode até haver melhora, mas em uma quantidade sem importância. Pra você isso é o suficiente? Participe nos comentários.

24 abril 2011

Energia cara tira indústrias do Brasil

Por Pedro Correia


O alto custo da energia elétrica, a invasão de produtos chineses e os incentivos tributários concedidos por outros países estão deixando o Brasil em segundo plano na rota de investimentos de empresas multinacionais.

Estudo feito pelo Estado, com fontes do mercado, mostra que fábricas de setores eletrointensivos – em que o custo da energia é um dos principais componentes no preço final do produto, como alumínio, siderurgia, petroquímico e papel e celulose – estão fechando unidades no País ou migrando para outros locais por causa da perda de competitividade no mercado brasileiro.

Nesse contexto, enquadram-se pelo menos sete companhias. A Rio Tinto Alcan está em negociações “avançadas” para instalar a maior fábrica de alumínio do mundo no Paraguai, com investimentos entre US$ 3,5 bilhões e US$ 4 bilhões para produzir 674 mil toneladas de alumínio por ano. A Braskem vai inaugurar unidade de soda cáustica no México e faz prospecção em outros países, como Peru e Estados Unidos.

...“No Brasil, se nada for feito, o risco é de o setor sumir. Temos vários exemplos de países em que a indústria do alumínio fechou em dois anos. Há mais de 25 anos, nenhuma nova fábrica se instala no Brasil. O que tivemos foi expansão das já existentes e, mesmo assim, parou tudo”, diz Spalding.

Fonte:Karla Mendes, O Estado de S.Paulo

28 setembro 2010

Fisco II

A conta de luz do brasileiro virou um varal para pendurar encargos de todos os tipos. Hoje há, pelo menos, dez taxas e contribuições no setor elétrico, que representam 8,78% das receitas totais do segmento, segundo levantamento feito pela PricewaterhouseCoopers, a pedido do Instituto Acende Brasil.

Além da Reserva Global de Reversão (RGR), que tem data para ser extinta (31/12/10), um dos encargos que mais pesam no bolso do consumidor é a Conta do Consumo de Combustível (CCC), usada para subsidiar a tarifa da Região Norte, onde a geração é térmica. Com maior interligação dos Estados com o resto do País, por meio de linhas de transmissão e hidrelétricas na região, a tendência natural seria, aos poucos, o encargo desaparecer.

Mas, em vez de ser extinta, a cobrança praticamente dobrou de 2009 para cá. Este ano, serão recolhidos do consumidor R$ 4,8 bilhões por causa de uma mudança na legislação, que ampliou a finalidade da CCC. “Essa situação precisa mudar. Hoje os encargos são prorrogados e passam a assumir outras funções, punindo o consumidor brasileiro, que paga uma das maiores contas de luz do mundo”, destaca o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), Paulo Pedrosa.

Outro encargo de peso é a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), que representa quase 3% das receitas do setor. Criada em 2002, ela é destinada ao desenvolvimento energético dos Estados, projetos de universalização e programa de baixa renda. Além disso, a conta também ajuda na expansão da malha de gás natural. Se não houver prorrogação, a CDE deverá ser extinta em 2027.


Consumidor paga dez taxas e contribuições diferentes - Renée Pereira - 27 Set 2010
O Estado de São Paulo

12 julho 2010

Transição da Energia


O gráfico mostra a utilização de diferentes tipos de energia, na Inglaterra, entre 1500 até o ano 2000. Nota-se a redução da energia gerada pelos animais (cor amarela do gráfico) e do carvão (azul), predominante em 1700. Dois séculos depois, o carvão era praticamente a única fonte de energia da economia inglesa. Em 2000, gás (cor verde), petróleo (vermelho) e carvão, com uma participação da energia nuclear (amarelo escuro), eram as principais fontes de energia.

Fonte: Energy Transitions, Then and Now, Paul Kedrosky

15 abril 2010

Terceirização 3

Telecomunicação e energia possuem leis específicas

As concessionárias de energia e de telefonia também enfrentam centenas de ações ajuizadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). No entanto, o debate travado no Poder Judiciário no caso desses setores é bem diferente dos demais. Isso porque as atividades possuem leis específicas: a Lei Geral de Telecomunicações (LGT) - Lei nº 9.472, de 1997 - e a Lei de Concessões - Lei nº 8.987, de 1995. Essas normas autorizam a terceirização de forma bem mais ampla. No ano passado, ao julgar um caso envolvendo a Celg, a distribuidora de energia elétrica de Goiás, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) restringiu a contratação de trabalhadores terceirizados.

No caso da Celg, os ministros do TST consideraram irregular a contratação de terceirizados na instalação e manutenção de cabos de energia. Mas há decisões nos dois sentidos, tanto no TST quanto nas instâncias inferiores. As normas que regulamentam o setor de telefonia e de energia permitem a terceirização nas atividades consideradas "inerentes" ao setor.

As empresas interpretam a expressão de forma mais ampla do que o Ministério Público do Trabalho (MPT), que defende, por sua vez, que as leis não poderiam se sobrepor aos valores trabalhistas. "As leis são de natureza econômica, e não se coadunam com princípios da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT)", diz Fábio Leal, presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT). Segundo ele, há ainda o princípio da isonomia, pois esses setores não poderiam ter um tratamento diferenciado dos demais, com maior possibilidade de terceirização. De acordo com ele, a matéria está longe de ser pacificada pela Justiça. (LC) – Valor Econômico – 14/4/2010

23 julho 2008

Custos de Itaipu

O então candidato a presidência do Paraguai, Fernando Lugo, prometeu abrir as contas da hidroelétrica Itaipu.

Agora, conforme informa agências internacionais (Lugo no podrá abrir al público cuentas de Itaipú, AP Spanish Worldstream -22/07/2008) o futuro diretor local da usina, Carlos Balmelli, reconhece que isso não será possível pois um tratado internacional está acima de leis nacionais.

A usina não pode ser controlada por órgãos nacionais, como a Contraloría General del Estado.