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Mostrando postagens com marcador capital de giro. Mostrar todas as postagens
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13 abril 2016

Dificultando o crédito

Tem normas criadas pelo legislador que servem para beneficiar uma pequena minoria e prejudicar o cidadão honesto. Este é o caso de uma grande quantidade de leis que alguns estados estão criando para dificultar a cobrança. Com a justificativa de "proteger" as pessoas de terem seu nome negativado injustamente, os efeitos são horrorosos.

Para a empresa e sua contabilidade se tem o aumento da despesa operacional e da PDD.

Leia mais em OYAMADA, Aline; MARQUES, Felipe. Lei que dificulta cobrança se espalha pelo Brasil. Valor Econômico, 7 de abril de 2016. (via aqui)

23 abril 2014

Sorteio de livros


Ainda no espírito da comemoração de 8 anos de blog, vamos a mais sorteio de livros! Os da editora Atlas foram doados pelo autor, o professor César Augusto Tibúrcio Silva. Como nós já sorteamos o de Exame de Suficiência organizado por ele e quebramos a trinca, decidimos incluir o do IOB. Este sorteio vai até o dia 28 de abril, pois ainda temos mais um sorteio para realizar antes do fim do mês!

#8AnosDeBlog

Neste só haverá um ganhador. Preencha o seu nome e e-mail, e fique atento! Quando entrarmos em contato com o ganhador, ele terá 72h para nos responder ou escoheremos um segundo sorteado. Lembramos que é necessário morar no Brasil e ser maior de idade.

26 março 2014

Resenha: Working Capital Management

O livro Working Capital Management, de Krish Rangarajan e Anil Misra dedica suas 250 páginas a mostra a gestão do giro nas empresas. Trata de um livro indiano, editado em 2011, com seis capítulos. O primeiro, talvez o mais interessante, trata de apresentar conceitos básicos, como a relação entre risco e retorno, as vantagens e desvantagens do passivo circulante, entre outros assuntos. Ao discutir sobre o nível apropriado de capital de giro, uma questão crucial para qualquer empresa, os autores usam o princípio do hedging e a distinção entre ativos permanentes e temporários.

O segundo capítulo dedica-se ao financiamento de curto prazo. Assim, os autores trabalham a estimativa do custo do crédito de curto prazo, as linhas de crédito, o financiamento do estoque, as vantagens e desvantagens dos financiamentos. É interessante que este é o maior capítulo do livro, com quase 70 páginas. Geralmente as obras sobre este assunto muitas vezes são econômicas ao abordar este tema ou sequer dedicam ao assunto, como é o caso do livro Administração do Capital de Giro, de minha coautoria com Alexandre Assaf.

O terceiro capítulo é sobre a gestão do caixa. São apresentados os motivos para uma empresa reter caixa, a concentração bancária, os modelos matemáticos e o caixa ocioso. A seguir, no capítulo quarto, os autores dedicam a gestão dos recebíveis. Isto inclui a política de crédito, sua análise e recebimento. A seguir, a decisão de estocagem é apresentada com os modelos de gestão, incluindo o lote econômico de compra. O sexto capítulo relaciona o capital de giro e a política de dividendos.
Ao final de cada um dos seis capítulos os autores apresentam exercícios, com as respectivas soluções.

Vale a pena? Para aquele que deseja uma visão diferente, pode ser uma obra interessante. Os autores são indianos, mas os exemplos, apesar de estarem expressos em rúpias, podem ser aplicados a uma empresa brasileira. Achei interessantes os dois primeiros capítulos, pela visão alternativa do assunto e, no caso do capítulo dois, do extenso tratamento do tema. Tenho dúvidas sobre o sexto capítulo, que tenta uma junção entre giro e dividendos.

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RANGARAJAN, Krish; MISRA, Anil. Working Capital Management. New Delhi, Excel, 2011.

28 abril 2011

Adam Smith

Por Pedro Correia

Comentário de grande relevância do professor Alexandre Alcantara:

Na sua obra, ‘The Wealth of Nations’, publicada em 1776, Adam Smith, “pai da Economia Política”, dizia: ‘Os bens de um comerciante não lhe dão rendimento nem lucro até que os venda por dinheiro, e esse dinheiro de nada lhe serve senão quando novamente trocado por mercadorias. O seu capital sai continuamente sob uma forma, voltando de novo sob outra, sendo esta circulação, estas trocas sucessivas, que lhe trazem lucros. Este capital pode portanto muito propriamente denominar-se ‘capital circulante’. É este o conjunto de valores que, no dia a dia do negócio, permite o pagamento de dívidas, constituindo, sem dúvida, o grupo mais importante de rubricas em qualquer balanço. Pode, pois, dizer-se que o ativo corrente consiste naqueles valores que na evolução normal do negócio, pelos sucessivos passos de compra, produção e venda, se vão rotativamente transformando em dinheiro, permitindo o pontual pagamento de dívidas”.
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MELLO, Carlos Espírito Santo S. de. Análise de Balanços: da empresa, sob o ponto de vista financeiro. Lisboa: Portugália Editora, 1953, p. 19.

Leia mais: A origem do termo capital de giro

15 abril 2011

Origem do termo capital de giro

Por Pedro Correia


Segundo Eugene Brigham e Michael Ehrhardt: " o termo capital de giro[1] originou-se do velho vendedor ianque que carregava a sua carroça para então, sair vendendo as suas mercadorias . A mercadoria era chamada de capital de giro porque era exatamente isso que o que ele vendia , ou fazia "girar" para produzir seus lucros. A carroça e o cavalo eram seus ativos permanentes. Ele geralmente era o dono do cavalo e da carroça, portanto, ambos eram financiados com capital próprio;no entanto,o ambulante tomava emprestado os fundos para comprar a mercadoria. Esses empréstimos eram denominados empréstimos de capital de giro e tinham de ser reembolsados depois de cada viagem para demonstrar ao banco que o crédito que era seguro. Se o vendedor conseguisse pagar o empréstimo, o banco poderia conceder outro, e dizia-se que os bancos que seguiam esse procedimento estavam empregando "prática bancárias justas"."


[1] De acordo com Assaf Neto e César Tibúrcio, na obra Administração do Capital de Giro : "O capital de giro ou capital circulante é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações correntes, identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber, estoques. Num sentido mais amplo, o capital de giro representa os recursos demandados por uma empresa para financiar suas atividades operacionais identificadas desde a aquisição de matéria-primas até o recebimento pela venda do produto acabado."


04 agosto 2009

A questão do capital de giro na Avaliação

Em processos de avaliação, a estimativa do capital de giro é importante na determinação do fluxo de caixa. Como em geral parte-se da estimativa da receita, encontrando o valor projetado do resultado, é necessário fazer uma operação para levar em consideração o investimento em capital de giro.

Para o melhor entendimento de como o processo funciona, suponha, a título de exemplo, uma empresa que possui uma projeção de receita de R$100 mil para os próximos anos. Entretanto, no próximo exercício, a empresa não deverá receber todo este valor, pois uma parcela é venda a prazo. Considere que do valor vendido, R$10 mil não serão recebidos no exercício. Este valor irá aumentar o ativo, representando um "investimento" por parte da empresa nos seus clientes. Deste modo, após a apuração do lucro é necessário somar a variação no capital de giro, que representaria uma redução de R$10 mil no valor obtido. Isto corresponde efetivamente ao valor recebido pela empresa por parte dos seus clientes.

O mesmo raciocínio é válido para os casos de giro no lado direito do balanço patrimonial. Só que nestes casos o valor será somado pois representaria uma redução no desembolso da empresa.

Para os métodos de avaliação que não trabalham com o fluxo de caixa, o capital de giro torna-se um problema. Os múltiplos - de lucro ou de receita - trabalham com estimativas constantes de valores no futuro, sem variação no capital de giro. A suposição é que a política de capital de giro não irá afetar o preço da empresa. Isto nem sempre é verdadeiro e este é um dos motivos que os métodos de múltiplos geralmente devem ser usados como ferramenta auxiliar, em alguns casos de comprovação, e não como base para avaliação.

09 janeiro 2009

Capital de Giro

Um texto, enviado por Alexandre Alcântara, discute o capital de giro. Fiz comentários em alguns trechos, entre colchetes.

A importante questão do capital de giro
por Ralf Seifert e Daniel Seifert
19/12/2008

Especialistas internacionais questionam pressão a fornecedores e sugerem, em vez disso, criação de portfólio de estratégias

Com o aprofundamento da crise financeira e o encolhimento do crédito bancário, o capital de giro tornou-se uma questão importante. Reportagens recentes indicam que fornecedores das empresas automobilísticas alemãs estão sendo pressionados ao limite da falência em um momento em que os bancos desistem ou encurtam o crédito.
O mesmo se passa nos EUA. Com a comunidade financeira rapidamente perdendo confiança em suas grandes empresas automobilísticas, os fornecedores de autopeças enfrentam dificuldades para assegurar fundos e sofrem nas mãos de mercados com pouco crédito e com declínio na demanda. Duas situações que não representam boas notícias para as montadoras, que correm o risco de parar a produção por que seus fornecedores podem não conseguir entregar as mercadorias a tempo.
[A questão da cadeia de valor na gestão do ciclo financeiro, a exemplo do texto anterior]

No setor metalúrgico, notícias dão conta que as empresas estão negociando contratos com seus fornecedores de matéria-prima já que a demanda na construção e na indústria automotiva está diminuindo o ritmo. Em alguns casos, clientes estariam pedindo aos fornecedores para atrasar ou até cancelar entregas, enquanto outros optam por comprar suas matérias-primas no mercado à vista, onde os preços caíram dramaticamente.
Trade-Credit – O lubrificante da economia global
O crédito está difícil de ser conseguido nos dias atuais. Nos EUA, empresas geram mais de 15% de seus financiamentos a partir de contas a pagar. Internacionalmente, esses níveis podem ser ainda maiores. E já que mais de 80% das transações são "vendor financed" (negociação de valores a receber), fornecedores e outras companhias estão corretamente preocupadas se vão ser pagas. Afinal de contas, essas empresas têm que suportar os custos até que seus clientes as paguem.
Esse intervalo financeiro é conhecido como trade-credit, o que, junto com o inventário, forma o principal componente do capital de giro. Esse último é um significativo condutor à lucratividade. Em uma companhia comum, diminuir o capital de giro em 30% leva a um aumento de 16% nos retornáveis, descontados os impostos, do capital investido.

[O texto está confuso aqui. O que seriam os “retornáveis”?]

Com isso, não é de se espantar que o Deutsche Post tenha anunciado um programa para diminuir o capital de giro em €700 milhões até o fim de 2009. Enquanto isso, a rede de varejo Tesco, há muito tempo, estabeleceu seu trade-credit abaixo de zero ao assegurar o pagamento de seus clientes antes de ter de pagar seus fornecedores.
Pressionar os fornecedores – uma estratégia sensível?

Mas é questionável se o melhor comportamento é o de pressionar seus fornecedores. Primeiramente, processos de pagamento e trade-credit variam em cada país, indústria e até mesmo companhias. Enquanto empresas geralmente aderem às normas da indústria, a questão do crédito pode variar de cliente para cliente. Na verdade, um dos gerentes que entrevistamos para esse artigo descobriu que sua empresa tinha mais de 1.000 diferentes condições de crédito ao redor do mundo.


[O autor faz questão de destacar que medidas não podem ser extrapoladas para todo tipo de empresa. Não é fácil ter uma fórmula mágica.]

Em muitas ocasiões, as empresas acumulam condições de pagamento no momento em que adicionam parceiros da cadeia de fornecedores e não os consolida regularmente. Pesquisadores financeiros investigaram essas diferenças e a principal razão para que as companhias ofereçam o trade-credit parece ser a pressão da competitividade, informação de crédito e descriminação de preço (no lado do fornecimento) e "transaction pooling", proteção de controle e avaliação de crédito, (no lado da demanda).
Segundo, o trade-credit impacta a relação da cadeia de fornecedores e gerenciar isso agressivamente pode prejudicar essas relações. Companhias que provocam uma situação de hostilidade com seus fornecedores ao atrasar o pagamento arriscam não apenas perder as inovações e diminuir sua capacidade, mas também conturbar a cadeia de suprimentos. Isso pode impactar a parte financeira. Empresas conhecidas por suas transações, que enfrentam problemas em sua cadeia de suprimentos, reportaram reações negativas nesses anúncios, com a capitalização no mercado caindo até 10%.
[Muito boa a posição do autor, ao destacar que medidas podem afetar relacionamentos de longo prazo.]

Três estratégias de "trade-credit"

Uma série de três perguntas pode ajudar:
1) Primeiro, os gerentes têm que pensar em qual tipo de relação eles querem construir. O fornecedor é um parceiro estratégico? O cliente é uma peça-chave? Esse parceiro estará trabalhando com você por mais de um ano? Se existe a possibilidade dessa interação se repetir, espere um tempo para entender os custos do seu parceiro e tente criar uma situação em que todos possam sair satisfeitos.
2) Se a relação é uma questão mais transacional, os gerentes devem determinar a posição competitiva de sua empresa. Os produtos ou serviços são inovadores e únicos? A empresa foi bem em negociações anteriores? Se a resposta é não, há uma pequena margem para ajustar os termos do crédito. A negociação deve ser baseada nos padrões da indústria.
3) Mesmo se a empresa está em uma posição favorável, ainda deve considerar sua base de custos. Qual a proporção de custos que varia com a produção? Se a maioria dos custos é fixa, as empresas devem confiar no trade-credit para atrair os clientes. Se a maioria dos custos for variável e a empresa correr o risco de sofrer perdas em vendas, ela deve minimizar seu capital de giro e se adaptar.
No curto-prazo, alguns passos imediatos devem ajudar a prevenir as empresas de se tornarem vitimas da crise financeira.
•Monitorar pagamentos atuais e as mudanças dos termos de créditos acordados
•Informar-se da situação financeira dos principais fornecedores e clientes
•Oferecer liquidez em determinados casos
Conversações e diálogos em tempos de crise irão não apenas prevenir transtornos, mas também gerar boa vontade e salientar o interesse nesse relacionamento – muito mais valioso a longo prazo do que apenas para economizar gastos.


[Para a maioria das empresas eu incluiria o “sentar no caixa” do texto anterior. Ou seja, o acompanhamento de perto do fluxo de caixa. Por incrível que pareça, isto não é prática comum de muitas empresas, onde o gestor não acha interessante a área financeira]

Capital de Giro

O texto a seguir mostra a dificuldade de se fazer administração de capital de giro num momento de crise. Entre colchetes, minhas observações.

Em tempos de crise, o caixa é rei
Executivos redobram a vigilância sobre o entra-e-sai de dinheiro das empresas para evitar surpresas
Patrícia Cançado

Durante anos, nove entre dez empresas americanas cresceram guiadas pelo princípio de caixa curto e alto endividamento. Com o fim da hiperinflação no Brasil, a equação passou a fazer a cabeça de muitos financistas e empresários por aqui. Essa tal "alavancagem" era uma atitude não só estimulada pelos bancos como aplaudida pelos acionistas.

[Discordo. Alguns bancos não estimulam a alavancagem. Não é tão simplista assim]

A quebra do Lehman Brothers inverteu a regra do jogo. Muitas acordaram nos dias seguintes - e não é apenas modo de dizer - sem dinheiro disponível para tocar suas operações com folga. "Com os bancos e a bolsa fechados, o caixa passa a ser o principal ativo das empresas em qualquer lugar do mundo", afirma o diretor da Boston Consulting Group, Fernando Machado. "No curtíssimo prazo, o caixa é rei. Quem tiver, vai passar melhor por essa situação."

[É questionável a afirmação que o caixa é o principal ativo. Existe aqui uma confusão entre a idéia de “estoque”, que está expresso no balanço, e a idéia de “fluxo”, que estaria nas demonstrações do Resultado e dos Fluxos de Caixa. O principal ativo é aquele que permite gerar – no sentido de fluxo – caixa]

Ninguém está a salvo, embora alguns tenham mais urgência em recompor ou preservar o capital que os outros. Desde que as perdas com derivativos de quase R$ 700 milhões vieram à tona, o presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, não encerra o expediente sem antes verificar o fluxo de caixa da companhia. Nos tempos de fartura, essa função era do gerente de tesouraria das empresas. O que Furlan tem feito é o que os especialistas em reestruturação de empresas chamam de "sentar no caixa". Ou seja, controlar o entra-e-sai de dinheiro tal como um dono de padaria, calculando cada centavo.

[Aqui neste parágrafo refere-se ao fluxo de caixa.]

Outros executivos - com mais ou menos pressa - estão no mesmo barco. "Se você não fizer isso, o dinheiro vai embora rápido porque o horizonte é incerto. É preciso estar preparado para mais 12 meses sem crédito fácil", diz José Carlos Aguilera, especialista em reestruturação de empresas e atual presidente da Brasil Ecodiesel. "A Vale tem R$ 14 bilhões em caixa e, mesmo assim, está reduzindo produção e demitindo funcionários para se adequar à nova realidade de consumo de minério. O ideal seria fazer conta para ver se vale a pena demitir. Mas, em crise de caixa, as soluções são imediatistas."

[Não é possível afirmar – ou deixar implícito – que 14 bilhões de caixa da Vale é elevado. A determinação do volume de dinheiro que deve ser retido no caixa é muito difícil e depende de cada empresa]

O remédio não é igual para todos. Em primeiro lugar, as empresas tentam renegociar contratos e dívidas, alongar prazo de pagamento a fornecedores e encurtar o de clientes, cortar custos (inclui demissões), liberar estoques, cancelar investimentos e liquidar ativos não operacionais, como aviões e imóveis. Nos últimos meses, tanto aqui quanto lá fora, não houve um dia sequer sem que uma empresa - as montadoras, em particular - anunciasse medidas nesse sentido.

[Observe que as medidas dizem respeito ao ciclo financeiro da entidade – fluxo da atividade operacional - e ao fluxo de investimento.]

Quando nada disso é suficiente, parte-se para doses mais radicais, como a venda de unidades que não fazem parte do negócio principal ou de participação minoritária.

[O problemas das medidas citadas é a crise. O dinheiro é curto e não aparecem compradores para as unidades colocadas à venda. Neste momento, a demanda de caixa para fins especulativos, na definição de Keynes, torna-se importante. Os 14 bilhões da Vale, por exemplo, podem ser usados para adquirir boas oportunidades que estão sendo colocadas a venda por outras empresas. Mas quantas empresas podem fazer isto hoje?]

Foi o que fez, por exemplo, a InPar ainda no começo do semestre. Ela colocou à venda imóveis não residenciais com o objetivo de levantar R$ 400 milhões. Não foi o bastante para estancar a sangria. Estrangulada pelo furo bilionário, a Sadia estaria disposta a abrir mão de até 20% das ações para recompor seu caixa. Até aqui, 18 fundos se interessaram pelo negócio, segundo o próprio Furlan.

A Brasil Ecodiesel, maior produtora de biodiesel do País, é outro caso dramático. A situação já era difícil antes da crise e só piorou depois dela. Quando Aguilera foi convidado para assumir o comando do negócio, em maio deste ano, a dívida era de R$ 290 milhões. Em agosto, ele conseguiu esticar o prazo de 85% desse valor. "Tirei parte do problema da frente. Mas não resolvi o capital de giro. Os bancos estão nos financiando, mas o custo é alto e o dinheiro não é garantido", explica Aguilera.

[Ficou confuso o texto. Afirma, em primeiro lugar, que a empresa aumentou o prazo da dívida. Mas teve que assumir financiamentos de capital de giro, tipicamente de curto prazo. Afinal, a empresa aumentou ou não o prazo da dívida]

A Ecodiesel tem poucas saídas. Alongar o prazo de pagamento dos fornecedores, como têm feito as usinas de açúcar e álcool, é impossível. Ela só pode pagar à vista. Por outro lado, encurtar o prazo para clientes também não resolve, porque o jogo de forças é desequilibrado. O cliente da Ecodiesel é ninguém menos que a Petrobrás. "No meu caso, sobram duas alternativas: adequar as vendas ao tamanho do caixa atual ou aumentar o capital, com novos e antigos acionistas", revela Aguilera. A meta é a segunda opção. "Em setembro, não conseguia falar com ninguém. Em dezembro, vários investidores se interessaram por analisar."

[Este é o problema das medidas elencadas quando a empresa é o elo mais fraco da cadeia de valor, como é o caso da Ecodiesel. Quem determina o sucesso de medidas de alongamento do ciclo financeiro é a empresa mais forte, no caso a Petrobrás.]

Hoje, o poder está do lado do comprador. Ele tem agora a oportunidade de pagar barato por um negócio que pode se valorizar mais adiante. As ações das companhias brasileiras de capital aberto estão depreciadas, o que abre o apetite de fundos de participações, os chamados private equity. Quem tem cacife para comprar está de olho, aguardando o fundo do poço. "É um jogo de forças. Quem piscar primeiro, leva. A sensação é que esse tempo de espera passou", diz Aguilera.

17 junho 2008

Incobráveis

O Jornal de Notícias pergunta se o valor dos incobráveis deve estar incluso na tarifa de eletricidade (Transferir incobráveis pode ser ilegal, 17/06/2008) em Portugal.

Desta consulta pública há-de resultar se esta transferência de custos deve ou não ser integrada na tarifa e em caso afirmativo de que forma deve ser repartida entre os consumidores e a empresa. "Impossível" e "impensável" foi como o referido deputado considerou esta proposta, para quem a simples invocação de um aumento de tarifas com a justificação dos incobráveis "viola tudo o que está na lei civil". Até porque, lembrou, a EDP, mesmo sendo obrigada a firmar um contrato de fornecimento de electricidade, pode sempre cortar o fornecimento. E num caso de falência nada a impede de ser mais tarde ressarcida.

Sem aceitar que as ineficiências dos serviços de cobrança da EDP possam ser imputados aos consumidores, o secretário-geral da Deco mostra-se favorável a que a questão se discuta. É que, lembra Jorge Morgado, tendo em conta que são sempre os consumidores que pagam tudo, é provável que os custos dos incobráveis já estejam a ser pagos de forma "encapotada". O JN contactou a EDP, mas a empresa não comenta a proposta.


Além do aspecto da legalidade (ilegalidade) o texto chama atenção para um aspecto interessante.Ao repassar para tarifa, o esforço da empresa elétrica em receber seria menor. Assim, a empresa não teria incentivo para melhorar a área de cobrança.

20 maio 2008

Capital de Giro de Longo Prazo


Aparentemente um contrasenso:

“Grandes empresas já operam capital de giro tradicional de seis anos” (Linha de Capital de Giro cresce 47%, Valor Econômico, 24/3/2008). Capital de giro são recursos de curto prazo, correto? Ou não?

16 maio 2008

Política de Crédito


A seguir uma compilação de textos recentes sobre política de crédito que saiu na imprensa brasileira. Adicionei um roteiro de questão que pode ser usado em conjunto com o livro de Administração do Capital de Giro (co-autoria com Alexandre Assaf Neto):


TIM contrata consultoria para reestruturação
Michelly Teixeira - O Estado de São Paulo – 7/5/2008

Para reverter os fracos resultados do primeiro trimestre e cumprir as diretrizes financeiras anunciadas ao mercado, a TIM Participações colocará a tática de redução de custos em sua “linha de ação”, que também levará em conta a oferta convergente de serviços. A sinalização foi dada ontem pelo presidente da empresa de telefonia móvel, Mario Cesar Pereira de Araujo, em teleconferência.

Segundo ele, a empresa contratou uma consultoria externa para promover uma “reestruturação e revisão dos processos da empresa”, a fim de reduzir custos e tornar a administração mais ágil. O executivo não divulgou o nome do prestador de serviço. (...)

A TIM registrou prejuízo líquido de R$ 107,9 milhões no primeiro trimestre, um aumento de 454,5% em relação ao prejuízo de R$ 19,465 milhões registrado em igual período do ano passado. O resultado frustrou as expectativas do mercado. O principal motivo para a perda foi o aumento de 57,1% nas despesas com inadimplência - com provisões da ordem de R$ 271,7 milhões -, que resultou de uma “campanha agressiva” de televendas no segundo semestre de 2007. O processo de vendas do canal foi remodelado para se tornar mais rigoroso na política de crédito, explicou a empresa no balanço.
A receita média por usuário caiu 14,2% na comparação anual, para R$ 29,50 nos três primeiros meses do ano. A expectativa da TIM é de que essa receita suba nos próximos trimestres para algo entre R$ 32 e R$ 35, de acordo com o diretor-financeiro e de relações com investidores da empresa, Gianandrea Castelli Rivolta. No primeiro trimestre do ano passado, a TIM havia registrado uma receita média por usuário de R$ 34,40, passando a R$ 34,50 ao final do ano.

Para justificar a queda na receita por usuário, Rivolta mencionou o fato de a base de clientes pós-pagos, que corresponde a 20,7% da carteira, ou 6,758 milhões de linhas, ter evoluído a um ritmo “inferior ao esperado”, na ordem de 19%. Houve uma limpeza na carteira de clientes pós-pagos no período, resultando na perda de 12,5 mil assinantes. A TIM justifica ser essa uma “política austera” para garantir qualidade à carteira. “Evidentemente, não nos interesse colocar na base clientes que não pagam conta”, comentou o presidente da empresa. (...)

O que pode ter ocasionado o resultado na inadimplência ? Como a limpeza na carteira pode estar associado a uma política austera de crédito?


Avanço nas classes de menor renda afeta balanço das celulares
Por Taís Fuoco - 6 May 2008 - Reuters Focus

SÃO PAULO, 6 de maio (Reuters) - O alerta foi dado pela TIM , mas as empresas de telefonia móvel, sem exceção, sofreram quedas na receita por usuário do primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007. (...) A razão, para analistas que acompanham o setor, é a venda mais acentuada para as classes de menor poder aquisitivo, que geram uma receita menor. (...)

O diretor de relações com investidores da Oi, José Luis Salazar, admitiu, em teleconferência com analistas, que no varejo, "a partir do momento em que a empresa vem mergulhando na pirâmide e captando cliente das classes menos abonadas, ganha um custo maior de bad debt", afirmou, referindo-se à possibilidade da empresa ganhar maus pagadores com a estratégia.

A provisão para devedores duvidosos (PDD) da Oi saltou 55,2 por cento nos três primeiros meses do ano em relação a igual intervalo de 2007, para 222 milhões de reais. Enquanto isso, na TIM, que divulgou números nesta terça-feira, o salto foi de 57 por cento, para 271,7 milhões de reais.

De acordo com o balanço da Oi, o aumento reflete uma política de crédito mais flexível adotada a partir do segundo trimestre do ano passado, estratégia que também foi adotada pela TIM segundo os dados divulgados nesta terça-feira. A Oi também percebeu um efeito que ela não espera ver nos demais trimestres, que foi o atraso em alguns pagamentos de governos estaduais e municipais pela demora na aprovação dos orçamentos. (...)
(Reportagem Taís Fuoco, Edição Alberto Alerigi Jr.)

Segundo o texto, qual a relação entre o tipo de cliente e a despesa de provisão para duvidosos? Qual o significado de uma política de crédito mais flexível?Como o atraso nos orçamentos públicos afeta o desempenho da empresa?



TIM anuncia prejuízo de R$ 107,9 milhões no primeiro trimestre

6 May 2008 - FolhaNews

A TIM Participações, controladoras das operadoras de telefonia celular TIM Celular e TIM Nordeste, anunciou nesta terça-feira que obteve prejuízo de R$ 107,9 milhões no primeiro trimestre de 2008, 454% maior do que a do mesmo período do ano passado (R$ 19,5 milhões).

Segundo a empresa, o resultado foi impactado negativamente pelo risco de aumento da inadimplência. Preocupados com esse risco, a TIM elevou a PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) para R$ 271,7 milhões. Agora, o PDD corresponde a 9,6% da receita líquida de serviços, contra 6,5% no primeiro trimestre de 2007.
"O aumento das despesas com inadimplência resultou de uma campanha agressiva de televendas no segundo semestre de 2007. O processo de vendas deste canal foi remodelado para se tornar mais rigoroso na política de crédito", informou a empresa em comunicado ao mercado. (...)

Qual a relação entre a política agressiva e o risco?

Demora na aprovação de orçamentos estaduais e municipais eleva provisão de perdas da Oi
5 May 2008 - Valor + News
RIO - A demora de assembléias legislativas e câmaras de vereadores em aprovar o orçamento anual contribuiu para o aumento de 55,2% na Provisão de Devedores Duvidosos (PDD) da Oi no primeiro trimestre, na comparação com igual período do ano passado. Nos três primeiros meses deste ano, o valor foi de R$ 222 milhões, 36,1% superior aos R$ 163 milhões registrados no quarto trimestre de 2007. (...)

"A gente teve um primeiro trimestre afetado por algumas negociações, principalmente com governos estaduais e municipais, onde as assembléias legislativas e câmaras de vereadores demoraram a aprovar os respectivos orçamentos. Sem os orçamentos, os governos não podem empenhar as suas verbas e sem o empenho das suas verbas eles não podem pagar as suas despesas", frisou Salazar durante teleconferência com analistas, acrescentando que a expectativa é de melhorar esse indicador ao longo do ano.

O executivo explicou que a política de crédito mais flexível também contribuiu para o crescimento do PDD. "A partir do momento em que você vem mergulhando na pirâmide social e captando cada vez mais clientes nas classes menos abonadas, sem dúvida nenhuma, apesar desse cliente ser marginalmente positivo para a companhia, ele traz um custo maior de 'bad debts'", ponderou. (...)

(Rafael Rosas | Valor Online e Talita Moreira | Valor Econômico para o Valor Online)

Qual a relação entre orçamento público e a política de crédito das empresas? A relação entre flexibilidade no crédito e PDD foi direta ou inversa?


Claudio Humberto
13 August 2007 - Jornal do Commércio do Rio de Janeiro

(...) Agora, ao negativar um cliente com nome limpo, o supermercado Extra sapeca o carimbo “Política de crédito”. Nem o Procon entendeu a jogada.

Você poderia ajudar a explicar o significado do termo?

Produção maior de automóveis
12 September 2007 - Gazeta Mercantil

A indústria automobilística encostou nos 2 milhões de veículos produzidos no acumulado até agosto e, a não ser que aconteça uma hecatombe, já garantiu os 3 milhões no ano, se contabilizados os doze meses. (...)
Mas falar sobre recordes virou lugar-comum e, como tal, uma chatice. O que parece relevante são as causas que têm levado a tal situação. Sem dúvida, o prazo de crédito elástico foi fundamental, ambiente que agregou novos consumidores ao carro zero km. A situação, claramente, é possível num clima de crescimento da economia, com maior taxa de empregos e mais confiança do consumidor. (...)

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3)(Ariverson Feltrin - Editor de Transportes & LogísticaE-mail: afeltrin@gazetamercantil.com.br)

O que significa prazo flexível? Qual a relação com maior produção?


Varig fecha acordo com BR para fornecimento de combustível
Ivone Portes - 22 May 2006 - FolhaNews

A Varig e a BR Distribuidora concluíram nesta segunda-feira o acordo para que o fornecimento de combustível à companhia aérea não seja interrompido. Em nota divulgada hoje, a BR informa que continuará sendo o principal fornecedor de querosene de aviação da Varig. Entretanto, não deu detalhes sobre os termos do acordo.
"O acordo é resultado do processo de negociação entre as duas companhias que acontece desde o início do ano, sempre no sentido de buscar uma solução para que a Varig continue voando até que se restabeleça completamente como uma das mais importantes companhias de aviação do Brasil", divulgou a distribuidora.

A BR informou ainda, em nota, que "jamais usou formas de pressão para alcançar seus objetivos comerciais, quer seja com a Varig, quer seja com o Judiciário que conduz o processo de recuperação judicial da companhia aérea".

"A Petrobras Distribuidora acredita firmemente na recuperação da Varig, posição esta que se manteve inalterada no tempo, pois, como credora, a BR manteve o crédito desde a entrada da companhia aérea no processo de recuperação judicial, em 17 de junho de 2005, até o término do contrato de fornecimento em 30 de dezembro de 2005."
A distribuidora afirmou ainda que prosseguirá trabalhando com todo o empenho para apoiar um de seus maiores e mais emblemáticos clientes consumidores.

Em razão da crise financeira da Varig, que colocou em dúvida a viabilidade da empresa, a BR Distribuidora reduziu progressivamente o prazo de crédito para a companhia aérea e chegou a exigir o pagamento antecipado pelo combustível. A Varig entrou na Justiça pedindo que a distribuidora concedesse prazo de pagamento pelo combustível.

O leilão de venda da Varig está previsto para ocorrer no dia 9 de julho próximo. A Assembléia de Credores da Varig aprovou uma proposta que prevê a venda da companhia integralmente ou separada --somente operações domésticas. Nos dois modelos de venda estão excluídas as dívidas da companhia, estimadas em mais de R$ 7 bilhões e que ficariam com empresa separada.


Você concorda com a nota de Petrobrás onde afirma que não fez pressão sobre a Varig? Se isso ocorreu, quais os motivos?

05 março 2008

Uma medida contábil pode ser relevante para entender a economia


As vezes uma informação tipicamente contábil pode ser interessante para entender a economia. Lembro-me agora dos estoques, como um indicador de recessão ou crescimento econômico. Uma outra medida usada, e recentemente lembrada pelo jornal NY Times é o "caixa". E segundo o jornal a notícia é boa. Ao contrário do que se possa imaginar - num momento de crise financeira - as empresas norte-americanas estão muito bem de recursos financeiros. Um estudo mostrou que a quantidade de caixa aumentou desde 1998, enquanto a dívida caiu. As empresas que compõe o SP Industrial Index possuiam em janeiro 600 bilhões de dólares em caixa.

Para René Stulz, um conhecido pesquisador de finanças, este crescimento talvez seja indicador que o mundo hoje é mais rico para fazer negócios. A relação (Dívida - Caixa)/Ativos, um índice de endividamento e independência financeira, está, em muitas empresas, negativo.

Várias são as explicações. Um interessante é o papel cada vez menor dos estoques no capital de giro (por conta, entre outras razões, do just-in-time). Outra explicação é que as empresas estão menos intensas de capital físico (e mais de capital humano), o que significa menos ativo permanente.

Como entender isto dentro do contexto econômico? Mais caixa pode ser um sinal de que estas empresas possuem capacidade para fazer aquisições de empresas, comprar equipamentos para novas expansões, investir em novas tecnologias ou, simplesmente, distribuir dividendos. De qualquer forma, isto poderia representar mais dinheiro na economia, reduzindo a influência de uma recessão.

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08 janeiro 2008

Jogo do Giro

Conforme a CFO Magazine (Playing Games, 10/12/2007), uma pesquisa nas demonstrações contábeis de 145 grandes empresas européias mostrou que estas entidades fazem operações para melhorar seu capital de giro. No final do ano, as empresas aumentam o desconto, devolvem estoques para fornecedores etc para reduzir o dias de vendas a receber (DVR ou DSO). O dia de vendas em estoque também reduz no período.

26 novembro 2007

Vender chocolate na Páscoa é bom negócio?

Uma pequena reportagem do Valor mostra a dúvida de uma empresa em produzir ou não chocolate para Páscoa. Por um lado, as vendas neste período representam 20% do total, além da possibilidade de aumentar o preço por peso para o ovo de páscoa. Ou seja, a margem de retorno pode ser significativa. Por outro lado, os riscos estão expressos no índice de retorno e nos custos variáveis adicionais (logísticos, de mão-de-obra, armazenagem etc). A decisão financeira deveria levar em consideração os custos adicionais em confronto com o retorno adicional. A reportagem, a seguir, com grifo meu:

Páscoa ainda é dúvida para a companhia
Valor Econômico - 26/11/2007

A Páscoa representa 20% das vendas de chocolate no Brasil. O preço do quilo, nessa época, costuma subir até quatro vezes. Oportunidade imperdível? Não para todos. A americana Hershey´s ainda faz e refaz contas para saber se vale a pena encarar o megaevento do setor.A empresa já teve fortes participações, como em 2002, desistiu da data em outros anos e voltou este ano. Por enquanto, ainda não decidiu se repetirá a dose em 2008. "É preciso ter volume, escala, estar disposto a competir por preços e ter um contigente grande de pessoas", diz Elizabeth Peart, diretora-geral da Hershey´s no Brasil. A decisão não pode demorar. A produção das grandes desse mercado começa em outubro. O risco do negócio é conhecido no mercado. A Páscoa exige altos custos de logística e índices imprevisíveis de devolução de produtos. Com isso, os pequenos podem amargar prejuízo.

O grande medo dos fabricantes é o índice de retorno, já que o varejo costuma fazer grandes encomendas e devolver as sobras de ovos danificados sem arcar com os custos. No setor de alimentos, o índice de devolução varia entre 0,5% e 3%. Na Páscoa, esse percentual pode subir para um patamar de 7% a 10%. A partir do fim do ano, os ovos são estocados em armazéns refrigerados até que o varejo comece a comprar, o que tem acontecido cada vez mais cedo. (DD)

19 setembro 2007

Previsão do Fluxo de Caixa Muda

A reportagem a seguir é extensa, mas muito interessante.

Nova Publicação Identifica Cinco Principais Tendências Que Impactam a Previsão de Fluxo de Caixa
Business Wire Latin America - 18/09/2007

VIENA, Áustria-- (BUSINESS WIRE LATIN AMERICA)--18 de setembro de 2007-- Uma nova publicação patrocinada pela Visa intitulada "Tendências em Previsão de Fluxo de Caixa" destaca a situação atual da previsão de fluxo de caixa no curto prazo, identifica e analisa as cinco principais tendências que estão impactando a previsão de fluxo de caixa e fornece quatro categorias de melhores práticas.

Os tesoureiros corporativos de todo o mundo estão agora focando a atenção em previsão de fluxo de caixa por duas razões, de acordo com a publicação. Primeiro, houve um aumento na sofisticação dos processos de previsão devido a recentes melhorias na tecnologia da informação e avanços nas técnicas de previsão. Segundo, os problemas enfrentados pelos que fazem previsão se tornaram mais desafiantes como resultado de um aumento nas exportações e a utilização mais intensa de dívidas por financiamento.

A publicação, divulgada na EuroFinance International Cash and Treasury Management Conference em Viena, Áustria, enfoca as previsões de curto prazo que abrangem os próximos doze meses e representam as principais preocupações dos departamentos de tesouraria corporativos.

"A previsão é crítica para as companhias de todos os tamanhos minimizarem riscos, maximizarem a utilização do capital de giro e organizarem os retornos sobre o investimento: até agora as companhias achavam difícil historicamente desenvolver modelos de previsão precisos em razão da incapacidade de adquirir informações de qualidade", disse Aliza Knox, vice-presidente sênior da Visa Commercial, Visa International. "Várias das tendências da previsão de fluxo de caixa favorecem os pagamentos eletrônicos e os cartões de pagamento porque proporcionam acesso direto a dados de receitas e dispêndios facilmente categorizados."

As cinco principais tendências que impactam a previsão de fluxo de caixa são:

1. A melhoria da tecnologia está simplificando o processo de previsão: As empresas estão utilizando melhores sistemas de informações para simplificar e melhorar o processo de previsão.

-- As empresas estão cada vez mais contando com sistemas de informações de tesouraria (TIS) e fazendo menos uso de planilhas eletrônicas. Os TIS oferecem vantagens porque eles mantêm uma previsão centralizada, reduzem a entrada de dados manual sujeita a erros, permitem melhores controles de segurança, proporcionam um claro acompanhamento de auditoria e podem incluir facilmente fluxos de dados diretos de outras fontes que podem ser utilizados na preparação da previsão.

2. A função de previsão está sendo centralizada: As previsões estão sendo produzidas mais freqüentemente por sedes corporativas ao invés de em nível de unidades de negócios.

-- Os TIS facilitam a transferência de informações de unidades de negócios para as sedes. Na previsão centralizada, um pequeno número de funcionários nas sedes pode enfocar todo o seu tempo na previsão, permitindo, assim, que se tornem especialistas no gerenciamento e novas técnicas para gerar previsões superiores em menos tempo. Além disso, a centralização permite uniformidade nas previsões de diferentes divisões.

3. Regulamentos mais rígidos estão conduzindo previsões melhor informadas: Efeitos adicionais de controles regulamentares estritos estão levando a previsões mais informadas e voltadas para dados.

-- A previsão precisa pode representar um componente crítico de compatibilização regulamentar e os regulamentos de títulos em alguns países aumentaram diretamente a importância da função de previsão.

4. Novas técnicas de previsão foram disponibilizadas: Novas técnicas baseadas em análises estatísticas e econômicas estão sendo cada vez mais adotadas.

-- Essas técnicas incluem: a) previsões em nível de projeto que são mais precisas do que previsões em nível da companhia: b) previsão baseada em condutor que permite às empresas avaliar os efeitos de mudanças no ambiente econômico; c) "Fluxo de Caixa de Risco" que permite às empresas avaliar o risco de que um evento desastroso possa levar a uma deficiência de caixa; d) incorporação de previsões no processo de tomada de decisão de vencimento de investimentos para reduzir os custos de transações bancárias; e e) modelagem de análises de crédito entre países e macroeconômica internacional para controlar a volatilidade do fluxo de caixa gerado por exportações.

5. Os negócios de capital privado estão aumentando a necessidade de previsões precisas: A tendência para melhores previsões está se fortalecendo, especialmente em empresas compradas por investidores em aquisição de controle acionário de capital privado.

-- As empresas adquiridas por fundos de aquisição de controle acionário de capital privado normalmente trazem empréstimos pesados. Essas empresas precisam produzir previsões especialmente precisas para se compatibilizar com as cláusulas de empréstimos e evitar os riscos de falência.

"Os benefícios criados por boas práticas de previsão de fluxo de caixa vão desde melhorias significantes de eficiência em empresas com caixa rico a proteção potencial de insolvência em empresas financeiramente apertadas", disse o Dr. Mark J. Garmaise, PHD, da UCLA Anderson School of Management, autor da publicação sobre previsão de fluxo de caixa. "As tendências sugerem que as companhias estão propensas a incorporar o modelo de previsão de fluxo de caixa de maneira mais completa em sua estratégia de planejamento operacional para manter um nível desejado de liquidez independentemente de atividades não previstas."

Melhores Práticas

A publicação descreve quatro categorias de melhores práticas de análise das cinco tendências de previsão de fluxo de caixa, incluindo:

1. Sistemas: Os sistemas de informações de tesouraria integrados em nível da empresa, como estações de trabalho de tesouraria de terceiros ou módulos de tesouraria de planejamento de recursos empresariais, são os melhores. As previsões baseadas em planilhas eletrônicas estão cada vez mais obsoletas.

2. Técnicas de Previsão: A previsão baseada em condutor, utilizando simulações ou regressões, é melhor, especialmente quando combinada com cenários de análises estatísticas que proporcionam um senso de fluxo de caixa futuro esperado bem como sua extensão.

3. Métodos de Pagamento: Alguns dos sistemas de pagamento eletrônico, especialmente os que incluem integração com as contas dos clientes e fornecedores, são melhores. Esses métodos de pagamento podem ser incorporados em novas tecnologias de previsão. Os sistemas de pagamento eletrônico também proporcionam dados que são úteis para técnicas de previsão com informação intensiva.

4. Função de Tarefa: A atenção da equipe de tesouraria deverá estar enfocada em uma análise dos determinantes da variabilidade do fluxo de caixa, não na coleta de dados. A tecnologia avançada automatiza a tarefa anterior que consome tempo de coleta de dados, deixando os que fazem previsão com tempo para estudar mais cuidadosamente as dinâmicas de fluxo de caixa.

Benefícios Dos Pagamentos Eletrônicos em Relação Aos Cheques

De acordo com a publicação, várias das tendências na previsão de fluxo de caixa favorecem a utilização de pagamentos eletrônicos e cartões de pagamento em relação aos cheques. Por exemplo:

-- Melhor integração de tecnologia e sistemas torna mais atrativa a utilização de pagamentos eletrônicos e cartões de pagamento, porque esses métodos de pagamento podem ser incorporados em sistemas de computação em nível da empresa.

-- A centralização favorece os pagamentos eletrônicos e os cartões para valores a receber e a pagar, por causa do acesso direto às informações sobre os futuros fluxos de caixa que são fornecidas.

-- Os regulamentos mais rígidos favorecem os pagamentos eletrônicos e os cartões, porque eles proporcionam controle sobre os fundos e permitem às companhias limitar o acesso a esses fundos a pessoas autorizadas. Além disso, a limitação das compras corporativas a pagamentos eletrônicos e cartões torna fácil para as empresas monitorar o fluxo de caixa e prevenir dispêndios não autorizados, porque esses pagamentos são mais fáceis de documentar e permitem acompanhamento de auditoria.

-- Novas técnicas avançadas de previsão sugerem a utilização de pagamentos eletrônicos e cartões porque oferecem dados desagregados de receitas e dispêndios que podem ser facilmente categorizados e estudados.

Metodologia

Para analisar a situação atual da previsão de fluxo de caixa e desenvolvimentos que também serão provavelmente importantes no futuro, a Visa contratou o Dr. Garmaise, um especialista em finanças corporativas e negócios bancários, para identificar e analisar mais de 75 trabalhos de pesquisa secundária. O Dr. Garmaise também conduziu entrevistas de pesquisa primária em seis organizações de vários tamanhos em diversas indústrias em todo o mundo para saber mais sobre seus processos atuais e futuros de previsão de fluxo de caixa.

06 outubro 2006

A Ford está queimando seu caixa

Reportagem do Wall Street Journal comenta as dificuldades da Ford.

Com despesas em alta, caixa da Ford começa a cair e a preocupar analistas
October 6, 2006 4:05 a.m.

Por Jeffrey McCracken e Dennis K. Berman
The Wall Street Journal

Enquanto a Ford Motor Co. tenta novamente uma reviravolta, um assunto que vem atraindo atenção especial é a situação apertada de caixa da montadora, que já a obrigou a eliminar dividendos e pode levar à venda de ativos ou outras mudanças num futuro próximo.

A Ford está iniciando sua última reestruturação com uma razoável reserva financeira: quase US$ 23 bilhões. Essa quantia, porém, está abaixo dos US$ 25 bilhões do começo de 2006 e provavelmente continuará caindo até o final deste ano e início do próximo.

Analistas e empresas de classificação de crédito dizem que o custo de encolher a Ford está ficando maior conforme a montadora acumula gastos com rescisões de contratos por demissões em massa, aposentadoria antecipada e planos de demissão voluntária numa tentativa de eliminar aproximadamente 44.000 funcionários até o final de 2008. As metas da Ford são cortar empregos, fechar diversas fábricas e tornar a montadora rentável na América do Norte até 2009.
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O diretor financeiro da Ford, Don Leclair, diz que o caixa bruto das operações automobilísticas da empresa vai cair até o fim do ano para cerca de US$ 20 bilhões — um resultado suplementado por US$ 3,4 bilhões sacados de um fundo criado pelos funcionários para pagar custos de assistência médica para aposentados. Em 2006 a Ford gastará surpreendentes US$ 8,4 bilhões.

As ações da Ford, que até um ano atrás estavam sendo negociadas a US$ 10 cada, caíram para US$ 6,19 em julho último mas recuperaram-se e flutuaram entre US$ 8 e US$ 9 no último mês. Elas caíram mais de US$ 1 em 15 de setembro, quando a montadora divulgou seu último plano de reestruturação. Seu valor de mercado está na casa dos US$ 16 bilhões.

Só um dos 15 analistas que cobrem a Ford tem uma recomendação de "compra" para a empresa, de acordo com a Thomson Financial. As outras 14 recomendações variam entre "manter" e "vender". Em média, eles prevêem para a Ford em 2007 um prejuízo de US$ 0,23 por ação, comparada com lucro de US$ 4,36 por ação da General Motors e US$ 8,45 na Toyota.

Os custos de reestruturação, juntamente com o enorme corte de produção de veículos e os já esperados e sempre crescentes prejuízos trimestrais continuarão minando o caixa da Ford, fazendo com que a venda de ativos como as marcas Jaguar ou Land Rover e até mesmo a Ford Motor Credit, tornem-se inevitáveis, dizem analistas.

"Ao partir para uma tentativa de recuperação como esta, fica claro que a Ford irá gastar muito dinheiro em 2006 e 2007 entre reestruturação e custos operacionais. Eles ainda gastarão muito dinheiro antes de verem os benefícios do plano," diz Bruce Clark, vice-presidente da Moody's Investors Service, que na semana passada abaixou a classificação da dívida da Ford para B3, ou seja, seis graus abaixo no nível de investimento.

"Bem, se o plano não começar a dar resultados, eles continuarão queimando dinheiro e se precisarem fazer outra reestruturação como essa, não terão mais folga financeira. Eles têm de acertar desta vez.", diz Clark.

Ele diz que a Ford tem "um razoável colchão" de caixa, mas alerta que ele pode ser torrado rapidamente. Clark diz que a probabilidade de não pagamento da dívida das empresas B3 é de aproximadamente 26%.

Se o caixa tornar-se de fato uma preocupação, a Ford tem diversas, e ainda pouco discutidas, opções para o problema, de acordo com pessoas a par da situação. Uma das opções é começar a emitir títulos de dívida.

Uma outra opção ainda, segundo uma pessoa familiarizada com o problema, seria vender participações nas subsidiárias internacionais da Ford Motor Credit (Banco Ford). A empresa financeira tem operações na América Latina, Europa e na Ásia.

Eric J. Selle, do J.P.Morgan, diz em um relatório que a Ford está sendo otimista ao dizer que espera ter US$ 20 bilhões em caixa até o fim do ano, e estima que a montadora poderia ganhar até US$ 3,1 bilhões com a venda das marcas Aston Martin, Jaguar e Land Rover, com esta última arrecadando quase US$ 1,9 bilhão. Ele espera que estas marcas sejam vendidas nos próximos 12 meses.