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14 julho 2021

Bitcoin na contabilidade financeira


Apesar do texto ser de maio, vale a pena reproduzir a influência do Bitcoin nos balanços:

As empresas com Bitcoin em seus balanços, podem estar ficando nervosas. Para fins contábeis, a criptomoeda é avaliada pelo preço de compra nas contas da empresa. Se aumentar de valor, isso não será refletido nas contas de uma empresa, mas se cair, o valor será levado a resultado e prejudicará os lucros trimestrais. Três grandes investidores corporativos em Bitcoin são Tesla, MicroStrategy e Square. Aqui é onde eles estão : 

Tesla: A empresa de veículos elétricos comprou US $ 1,5 bilhão em Bitcoin no último trimestre, a um preço médio de cerca de US $ 34.700 por moeda, não muito longe do preço atual [maio]. O executivo-chefe da Tesla, Elon Musk, sinalizou que a empresa não está vendendo, mas sim provavelmente também não está comprando. 

MicroStrategy: A empresa de software de inteligência de negócios gastou cerca de US $ 2,2 bilhões em Bitcoin, a um preço médio de US $ 24.450. A empresa comprou mais na semana passada e ainda está com grandes ganhos. 

 Square: A empresa de pagamentos, liderada pelo chefe do Twitter Jack Dorsey, comprou dois lotes de Bitcoin  - US $ 50 milhões em outubro a um preço de cerca de US $ 10.600 por moeda e US $ 170 milhões em fevereiro a um preço de cerca de US $ 51.000. Foi necessário um impairment de US $ 20 milhões em suas participações no último trimestre. Não planeja mais comprar, disse seu chefe de finanças este mês.

Foto: aqui

FASB discute abrir a conta de CPV


Os membros do IAC (Comitê Consultivo para Investidores), vinculado ao FASB, estão discutindo a possibilidade de desagregar as informações da demonstração de resultado do exercício. Entre os itens, o custo dos produtos vendidos e as despesas de vendas, gerais e administrativas. 

Esta desagregação poderia ser qualitativa ou quantitativo. Reconhecendo que isto pode ser difícil em algumas empresas, os membros abriram a possibilidade de uso de notas explicativas. 

A proposta é interessante, mas será normatizada? As informações poderiam representar informações relevantes em certos setores, favorecendo as empresas de capital fechado. 

É importante lembrar que a proposta de alteração da Lei 6404, que resultou na mudança aprovada em 2007, tinha a previsão deste detalhamento, mas o assunto não prosperou. 

Foto: Jonanthan Borba

Desenvolvimento da numeração na pré-história


A Nature traz um artigo sobre a busca pela origem dos sistemas de numeração.  Parece que ainda existem lacunas que estão sendo investigadas. Mas eis um trecho importante:

Overmann analisou dados antropológicos relativos a 33 sociedades de caçadores-coletores contemporâneas em todo o mundo. Ela descobriu que aquelas com sistemas de número simples (um limite superior não muito superior a 'quatro') tinham frequentemente poucos bens materiais, tais como armas, ferramentas ou joias. Aqueles com sistemas elaborados (um limite superior de numeração muito superior a 'quatro') tinham sempre uma gama mais rica de posses. As evidências sugeriram a Overmann que as sociedades poderiam precisar de uma variedade de posses materiais se quisessem desenvolver tais sistemas de numeração.

Isto é relevante. Uma forma de tentar descobrir quando o homem (ou seus ancestrais) começou a contar, os pesquisadores estão buscando várias alternativas. Uma delas é a linguística, através do estudo da origem das palavras numéricas. 

O biólogo evolucionista Mark Pagel, da Universidade de Reading, Reino Unido, e seus colegas passaram muitos anos explorando a história das palavras em famílias de idiomas existentes, com a ajuda de ferramentas computacionais que eles desenvolveram inicialmente para estudar a evolução biológica. Essencialmente, as palavras são tratadas como entidades que permanecem estáveis ou são superadas e substituídas à medida que os idiomas se espalham e diversificam. Por exemplo, o inglês 'water' e o alemão 'wasser' estão claramente relacionados, tornando-os cognatos que derivam da mesma palavra antiga - um exemplo de estabilidade. Mas o "mão" em inglês é distinto do espanhol "mano" - evidência de substituição de palavras em algum momento no passado. Ao avaliar com que frequência esses eventos de substituição ocorrem por longos períodos, é possível estimar as taxas de mudança e inferir a idade das palavras. 

Usando essa abordagem, Pagel e Andrew Meade, da Reading, mostraram que palavras com números de baixo valor ('uma' a 'cinco') estão entre os recursos mais estáveis das línguas faladas. De fato, mudam tão pouco nas famílias linguísticas - como a família indo-europeia, que inclui muitas línguas modernas europeias e do sul da Ásia - que parecem ter estado estáveis entre 10.000 e 100.000 anos.

Ainda a renovação do PCAOB


O site Político divulga duas informações importantes sobre a substituição dos membros do PCAOB, entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. 

Para o site, trata-se de uma vitória política, liderada principalmente pela senadora Elizabeth Warren, que sinalizou que pressionaria por uma mudança ainda maior. O foco é que o PCAOB esteja junto na campanha para forçar as empresas a divulgarem a influência nas mudanças climáticas.

O segundo fato é que dirigir o PCAOB garantiu a Duhnke um dos empregos mais cobiçados em Washington. O motivo? Um salário de US$670 mil por ano. 

Foto: Paul Skorupskas

Rir é o melhor remédio

 Quando o melhor da fotografia está no pequeno detalhe no fundo:






Muito mais aqui

13 julho 2021

Legibilidade e Auditor


A questão da legibilidade das informações contábeis permite um grande número de pesquisas. Eis uma pesquisa recente, publicada no Journal of Accounting and Public Policy, onde a baixa legibilidade faz com que o auditor "perceba" um risco maior. Também aumenta o custo da auditoria, sugerindo que o número de horas trabalhadas também aumente. 

We show that increased audit effort is associated with lower annual report readability to compensate for a perceived increase in the risk of financial misstatement for United States (US) firms. In particular, we find that lower annual report readability is associated with longer audit delays and higher audit fees for Form 10-K for US auditors, suggesting that auditors spend more effort auditing clients when annual reports have lower readability. We also find that low readability increases the likelihood of auditors using more explanatory language in unqualified audit reports.

Foto: Kelly Sikkema

Lucro e Recessão

 

A figura mostra a linha evolutiva da margem de lucro das empresas dos Estados Unidos. Os trechos cinzas são os períodos de recessão. É possível perceber que as recessões derrubam as margens das empresas. Mas isto não está ocorrendo agora. Pelo contrário, a margem aumentou durante a pandemia. Qual seria a razão? 

A estrutura de contabilidade financeira permite que as empresas incluam nos lucros os itens não operacionais. Os itens não operacionais mais significativos incluem lucros e perdas de ganho de capital resultantes de atividades de negociação ou uma reavaliação de um ativo. O PIB exclui a receita de ganho de capital e as perdas de reavaliações de ativos (para mais ou para menos). 

Isto seria um sinal de que a contabilidade estaria menos informativa? Ou o problema seria do PIB? 

Auditores internos e ESG


Um relato do Institute of Internal Auditors (IIA) (via aqui) afirma, que já que as empresas estão sob pressão para lidar com as questões ambientais, sociais e de governança, os auditores internos estão dando maior ênfase nas questões relacionadas com tais assuntos.

A pressão dos grupos externos termina por influenciar o trabalho dos auditores internos. 

Links


Ambiente e como a bolsa de valores pode ajudar (com o descendente de Jacques Cousteau)

Um mapa da web com os sites mais populares

Uma crença de 60 anos que ajudou a aumentar as mortes pelo Covid (uma longa história sobre uma "verdade" científica e como foi difícil Linsey Marr convencer a OMS)

Brasil e o sistema político: necessidade de mudança (The Economist)

Escrever sobre probabilidade de forma que as pessoas entendam

Rir é o melhor remédio

Um homem em um automóvel percebeu que estava perdido. Sem um GPS ou mapa, ele não sabia o que fazer. Avistou uma mulher e resolveu pedir ajuda: 

- Com licença, você pode me ajudar? Eu não sei onde estou. 

 - Você está em um automóvel, entre 15,77 graus de latitude sul e 47,93 graus de longitude oeste. 

 - Você deve ser contadora, não? 

 - Sim, eu sou. Como você sabe? 

- Bem, tudo que você falou está correto, mas não tenho ideia do que fazer com sua informação. E ainda estou perdido. Não me ajudou muito, na verdade. 

- E você deve ser um administrador de empresas, afirmou a mulher 

- Eu sou. Como você sabia? 

- Bem, você não sabe onde está, nem para onde está indo. Você quer fazer algo, queria que eu resolvesse seu problema e quando eu dei a informação necessária, você não soube o que fazer com ela. Ou seja, continua no mesmo lugar que antes, com a informação necessária, mas sem saber o que fazer com ela, e parece que de alguma forma a culpa ainda é minha.

12 julho 2021

A Irlanda continuará se opondo a reforma tributária global?


A proposta recente de reforma tributária internacional, que poderá aumentar a arrecadação dos países que atualmente utilizam os paraísos fiscais para diminuir sua despesa, encontrou na Irlanda um grande obstáculo. Como as decisões da Comunidade Europeia devem ser por unanimidade, a oposição da Irlanda é um grande problema. 

Sendo um paraíso fiscal, a Irlanda teria muito a perder. Mas será que a posição da Irlanda é imutável? O New York Times, na newsletter de 8 de julho, apresenta um argumento de que a oposição da Irlanda pode ser vencida internamente. 

Na Irlanda, os críticos dizem que a maior parte dos ganhos do investimento das multinacionais apenas fluíram para essas empresas e os seus empregados e não para a economia como um todo.

Exemplos largamente relatados de evasão fiscal têm tornado o fato de ser um paraíso fiscal cada vez mais desconfortável. "Poder-se-ia legalizar o tráfico de armas, e isso ajudaria a sua economia, mas esse não é realmente um bom caminho para qualquer nação", disse Dean Baker do Centro de Investigação Económica e Política.

Foto: Tina Kuper

Beleza é riqueza


Muito interessante. No Financial Review:

This paper examines whether and how CEO attractiveness relates to firm value. We construct a Facial Attractiveness Index of 667 CEOs based on their facial geometry. More attractive CEOs are associated with better stock returns surrounding their job announcements and around earnings-announcement news with CEOs' images. Further, more attractive CEOs are related to higher acquirer returns following acquisition announcements and higher Tobin's Q. Finally, consistent with the existing literature documenting the beauty premium in pay, more attractive CEOs receive higher compensation.

Ou seja, a beleza do executivo pode afetar o valor da empresa. 

Foto: Shari Sirotnak

Discussão e rede social

 

O gráfico mostra a média que as pessoas passam nas mídias sociais (Youtube, Reddit e Wpp consomem mais tempo, na amostra pesquisada). Mas também mostra se os usuários já tiveram discussão. No Wpp e Facebook mais da metade já tiveram discussão. 

Parece que o desenho da mídia social afeta as divergências online. A amostra foi de 257 pessoas e os pesquisadores descobriram que as (algumas) pessoas evitam discutir questões polêmicas na rede com medo de prejudicar os relacionamentos. Mas evitar o Wpp e o Facebook parece ajudar. 

Rir é o melhor remédio

Uma lista de correlações espúrias pode ser encontrada aqui (dica Alex Laquis, grato). Uma amostra a seguir:





11 julho 2021

Uma nova era no Iasb - 2


Minha análise da gestão de Hoogervorst no Iasb foi reforçada pelo texto do Accounting Today (que só li agora)

Quando Hoogervorst iniciou seu mandato, o IASB e o FASB estavam no meio da convergência do IFRS com o USGAAP, mas o esforço de convergência acabou ficando aquém. 

"No decorrer de 2011 e 2012, o sonho de um único conjunto de padrões contábeis globais desapareceu gradualmente à medida que a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA se tornava cada vez mais hesitante em relação à adoção do IFRS" [1], disse ele [Hans Hoogervorst]. “Após a Grande Crise Financeira, as empresas estavam sob muita pressão em todos os lugares e a SEC achou que não poderia avançar com uma reforma que geraria um custo considerável no curto prazo. O ministro das Finanças do Japão também se tornou mais cauteloso após o terrível tsunami de 2011."

[1] Veja que Hoogervorst culpa a SEC pelo fracasso. É controverso. 

O caso do Japão mostra um pouco que a gestão do holandês na Fundação IFRS não foi o que se esperava. O próprio Hoogervorst reconhece que menos da metade do mercado acionário japonês adota a IFRS

Feedback do Novo Relatório de Auditoria

Quando lançado em 2015, o novo relatório de auditoria (e não mais parecer) trouxe uma certa estranheza para o usuário. Agora, a International Auditing and Assurance Standards Board (Iaasb) divulgou um curto relato sobre esta mudança. 

Com 148 respondentes (41 da Ásia, região do Pacífico; 35 da África; 28 da Europa; 11 da América do Sul; entre outras regiões), a maioria são auditores. E o resultado, na visão da entidade, encontrou "amplo apoio" das partes interessadas e atendeu os objetivos do Iaasb. A divulgação dos "key audit matters" (KAM) é um dos destaques, segundo a pesquisa. 

Links


Uma ponte em Auckland para bicicletas: cara demais para a redução de emissão gerada

Masterclass: aula com os melhores - quem sabe fazer, sabe ensinar? (entre os professores Serena Williams, Natalie Portman, Malcolm Gladwell...)

Quem ganha com o cartão de crédito por pontos

Ativismo social e político e o valor da empresa


Rir é o melhor remédio

 

dois tipos

10 julho 2021

Interferência no PCAOB


O PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board) foi criado com a lei Sarbox para supervisionar o trabalho dos auditores nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB teve três "escândalos". 

O primeiro ocorreu logo após a criação, quando o governo, através da SEC, nomeou William Webster para ser o primeiro Chairman. Como advogado, Webster tinha trabalhado para o FBI e a CIA. Mas sua nomeação causou constrangimento, seja pelo critério de escolha. Sua aprovação na SEC foi apertada, por 3 votos a 2, mas logo após surgiu a notícia que Webster tinha trabalhado em um comitê de auditoria de uma empresa que estava sendo investigada por irregularidades contábeis. Webster terminou renunciando.

O segundo problema ocorreu quando alguns funcionários da entidade foram contratados por uma empresa de auditoria. A questão é que os funcionários levaram informações sobre a fiscalização que a auditoria seria submetida. As informações poderiam ajudar a auditoria a "melhorar" a qualidade do trabalho que seria investigado pela PCAOB. O resultado foi a condenação desses funcionários. Como resultado do problema, a SEC optou por renovar todo PCAOB, nomeando William Duhnke III em janeiro de 2018. 

A questão é que Duhnke tinha sido funcionário de um político republicano. 

O terceiro escândalo ocorreu agora, no mês de junho de 2021. A SEC informou no início daquele mês que estava removendo Duhnke e que iria também remover os outros membros do conselho. A mudança pode ser vista como uma politização do PCAOB. O novo presidente da SEC, Gary Gensler, que assumiu o cargo em abril, entendeu que o PCAOB deveria ter uma postura mais rigorosa em assuntos como a auditoria de empresas chinesas. A pressão partiu dos senadores Elizabeth Warren e Bernie Sanders.