Translate

10 novembro 2017

Itália multa Big Four

Segundo a agência Reuters, a autoridade antitruste da Itália informou que multou as quatro maiores empresas contábeis. A multa tem um valor total de 23 milhões de euros e o motivo foi conspirar para divisão de grandes contratos de consultoria. As empresas Deloitte, KPMG, EY e PwC acertaram um contrato de 66 milhões de euros, "neutralizando a concorrência fora do cartel".

O resultado da Equifax

A empresa Equifax sofreu recentemente um ataque da hackers. O fato só foi divulgado no início de setembro e foi muito grave em razão das implicações. Agora a empresa divulgou suas demonstrações periódicas, a primeira divulgação após o anúncio de setembro.

O ponto importante nesta divulgação é a não informação. A empresa afirmou que não sabe se as causas do ataque foram resolvidas e se existe chance de um novo ataque. Mais ainda, a empresa afirma não ser possível estimar os efeitos do ataque.

Eis um bom caso para discutir sobre a definição de provisão e de contingência.

Sobre nova norma de seguros

A 18 de maio de 2017, o International Accounting Standards Board (IASB) publicou a IFRS 17 – Contratos de Seguros, a nova Norma de Relato Financeiro Internacional, com data efetiva de aplicação a partir de 1 de janeiro de 2021, que substituirá a IFRS 4 e que cobre o reconhecimento, a mensuração, a apresentação e a divulgação das responsabilidades com contratos de seguro.

A nova norma pretende trazer aos investidores e outros stakeholders uma maior transparência e comparabilidade das demonstrações financeiras das empresas de seguros.

Conforme referido na publicação da EY “IFRS 17: what to do now – Implications for european insurers”, a IFRS 17 irá resultar numa profunda mudança na contabilização das demonstrações financeiras das empresas de seguros, a qual terá um impacto significativo nos dados, sistemas e processos utilizados para produzir o reporte financeiro, bem como nas pessoas que os produzem.

Em particular, a IFRS 17 trará alterações significativas na mensuração dos contratos de seguro, principalmente para os contratos de longo prazo.

Os requisitos são significativamente diferentes dos atuais em diferentes aspetos críticos. A IFRS 17 combina uma mensuração atual das responsabilidades dos contratos de seguro constantes no balanço com o reconhecimento do lucro durante o período em que os serviços são prestados. É provável que o novo requisito tenha um impacto significativo no lucro e no capital total de algumas empresas de seguros e grupos.

Não obstante as diferenças existentes nos dois regimes, alguns dos processos, cálculos e sistemas utilizados para o Solvência II poderão ser alavancados para a IFRS 17. Ainda assim, o reconhecimento do lucro decorrente de um contrato de seguro terá de ser distribuído ao longo do período de cobertura. Este processo é efetuado através da inclusão de uma contratual service margin que não existe em Solvência II.

A data efetiva de 1 de janeiro de 2021 proporciona às entidades um período de implementação de cerca de três anos e meio. Embora este período seja relativamente longo em comparação com outras normas, a complexidade da IFRS 17 é tal que as empresas não podem esperar. É crucial começar a preparar as diversas etapas do processo de implementação, de modo a identificar a extensão do esforço necessário para alcançar a conformidade, e entender e explicar os impactos financeiros.

Em particular, espera-se que a exigência de um balanço de abertura na data de implementação, como se a norma tivesse sempre existido para o negócio em carteira, constitua um esforço bastante significativo.

Dada a escala desta mudança, e independentemente da data da sua entrada em vigor, os investidores e outros stakeholders irão querer antecipar os impactos prováveis desta alteração, pelo que se espera que a análise deste tema assuma um carácter prioritário.


Doral Leal, da EY. Fonte: Aqui

Valor e Desempenho Contábil

Veja os seguintes números do desempenho de uma empresa:

A empresa, com receitas de US$208 milhões e despesas acima de US$650 milhões, teve um prejuízo de 462 milhões. Bem ruim. Mas o valor de mercado é de 18 bilhões. Quando a IPO chegou perto dos 30 bilhões.

O que garante esta diferença entre o desempenho contábil e o valor de mercado é que o primeiro está baseado no passado, enquanto o segundo olha a capacidade potencial de gerar caixa no futuro. A empresa em questão é a Snap, bastante conhecida do público tecnológico. Mas será que ela vale 18 bilhões de dólares?

O gráfico abaixo mostra potenciais cenários para a empresa:

Na melhor das hipóteses, a receita poderá chegar a mais de 7 bilhões de dólares em 2020. Na pior situação seria 1,4 bilhão. O cenário otimista parece estar sendo considerado de forma mais persistente pelos investidores. Ou então, o receio de perder o próximo Facebook ou Google.

A empresa possui mais de 2 bilhões de caixa e queimou 200 milhões no trimestre. Em dez trimestres, neste ritmo, o caixa será zerado.

Armando Catelli (1935-2017)

Faleceu o professor Armando Catelli. Técnico em contabilidade, graduado na área e doutor também em contabilidade pela USP, Catelli era uma grande referência na pesquisa contábil brasileira. Propôs na década de oitenta e noventa a Gestão Econômica, mais conhecida como GECON. Em razão disto, teve muitos discípulos na área de custos, notadamente os professores Reinaldo Guerreiro e Paulo Lustosa. Durante os anos noventa ocorreu no Brasil um grande "duelo" entre os defensores do Gecon e aqueles que seguiam o custeio por atividades.  (Foto do Facebook de J. R. Kassai)

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

09 novembro 2017

Links

El País: Odebrecht, Andorra e a corrupçãoOdebrecht e o suborno na Argentina; ... e um ex-ministro do Equador

Weinstein contratou espiões para encobrir seus crimes

Chega de banir os sacos plásticos na África. O problema é gestão.

Efeito propriedade





A repórter tenta comprar os bilhetes de loteria das pessoas na rua. Oferece até o dobro do que elas pagaram. E elas não querem vender. É um interessante exemplo do efeito propriedade.

Valor da Dor

Um estudo (aqui e aqui) tentou mensurar o valor da dor. Usando mais de 64 mil observações, entre 2008 a 2014, os três pesquisadores, sendo dois da Islândia e um dos Estados Unidos, concluíram que o valor para evitar a dor estaria entre 56 a 145 dólares por dia.

Uma forma de chegar a este valor seria fazer a pergunta: quanto você pagaria para evitar a dor? Mas a pergunta é tão bizarra que os resultados seriam ruins. Em lugar disto, eles usaram o seguinte método: compararam uma classificação de “satisfação de vida”, mensurada de 1 a 5, com o relato de dor crônica e a renda. O valor da dor aumenta com a renda da pessoa e com o nível de dor. Parece óbvio, mas não é.

IFRS 9 e a crise

As novas regras contábeis da IFRS 9 exigem que os bancos melhorem suas reservas e índices de cobertura antes do pico de empréstimos problemáticos, e os analistas da Moody's acreditam que as regras irão tornar os bancos melhor preparados para lidar com perdas de crédito durante uma recessão. (...)

Depois de analisar os impactos das novas regras contábeis sobre as métricas de capital e de solvência dos bancos, Rodriguez-Valez e equipe sublinharam que, em oposição ao modelo atual de perda incorrida, um dos objetivos da IFRS 9 é tornar os bancos mais robustos quando ocorrem recessões. Os analistas da Moody's simularam o impacto de uma recessão e recuperaram lentamente as métricas de solvência ao longo de um período de 10 anos. (...)


Continue lendo aqui

Valor presente de Neymar

Quando foi anunciado a transferência do jogador Neymar para o PSG, por um valor de 222 milhões de euros, mais comissão do agente, Eran Yashiv escreveu texto interessante mostrando que isto poderia configurar uma bolha e uma falha do livre mercado.

Yashiv, da Tel Aviv University, partiu do seguinte raciocínio: o pagamento de 222 milhões deveria gerar um fluxo de caixa adicional para o novo clube, o PSG, necessário para cobrir os impostos e não gerar um valor presente líquido negativo. Para fazer seus cálculos ele considerou: um pagamento de 222 milhões de euros para o jogador, uma taxa de desconto de 1% ao ano e uma alíquota de 30% de impostos. Assim, para o clube, a equação é a seguinte:

-222 + FC /1,01 + FC / 1,0201 + FC / 1,0303 + FC / 1,0406 + FC / 1,051

O valor encontrado é após impostos e corresponde, aproximadamente, a 76 milhões de euros por ano. Isto representa o que o clube deve gerar em cinco anos de contrato com o jogador após impostos. Antes de impostos o valor é de 108 milhões de euros ou 76/0,7. Em 2016 a receita do clube foi de 521 milhões de euros. Assim, o valor a ser gerado pelo clube deveria aumentar em 21% para compensar o novo contrato.

Dois aspectos citados por Yashiv com respeito aos seus cálculos: ele está considerando um risco de lesão igual a zero e não estão sendo considerados nos cálculos a comissão do agente. A inclusão destes valores poderia aumentar a receita necessária para 150 milhões de euros. Isto faz sentido, assim como o fato da taxa de desconto, de 1% real, talvez esteja muito baixa.

Mas existem outros pontos a considerar. Em primeiro lugar, uma relação entre receita e marca mostra um múltiplo de 3,9. Entretanto, este múltiplo tem no PSG, justamente o clube que adquiriu Neymar, uma relação abaixo de 2: um valor da marca estimado em 840 para uma receita de 578 milhões. Assim, este contrato pode ajudar a melhorar o valor da marca, aumentando as receitas do clube.

O segundo aspecto corresponde a necessidade de comparar o valor do contrato com as projeções de receita. Um aumento de 21% para compensar o novo contrato talvez não seja difícil de alcançar com a presença do chamariz Neymar. Mas, por outro lado, um novo contrato pode implicar em aumento de custos nas renovações dos contratos dos atuais jogadores.

Terceiro, parece que a contratação de Neymar obedeceu também uma lógica política. Os proprietários do clube são vinculados ao governo do Catar, que tem interesse em reduzir a pressão para que a Copa do Mundo, que até o momento está programada para ser no país, mude de lugar. Mas isto não está no fluxo de caixa calculado e certamente é difícil de mensurar.

Finalmente, cabe discordar da conclusão do Yahiv, que critica uma enorme desigualdade nos salários, as armadilhas do mercado livre, a falta de barreiras de entrada e a necessidade que estes recursos sejam alocados em projetos socialmente valiosos.

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

08 novembro 2017

Eleição no CFC


Política, IPO e Arábia Saudita

A recente prisão de dirigentes na Arábia Saudita abriu algumas questões interessantes quanto ao IPO da Aramco. Por um lado, as questões podem ter reflexos no preço do petróleo. Mas as cotações de ontem mostraram uma redução nos preços, o que inibe uma oferta melhor pelas ações da empresa. O outro lado é mais relevante: a incerteza de fazer negócios aumentou. O reflexo disto foi o preço do CDS, o seguro para fazer negócios com o país, que aumentou. Maior CDS é sinal de aumento no risco país, que reduz o preço das ações da empresa.

Os últimos acontecimentos no país prejudicaram a possibilidade da oferta pública de ações da Aramco atingir o objetivo fixado pelo homem forte do país: 2 trilhões de dólares de valor. Se antes este já era um valor difícil de atingir, agora ficou pior. Além disto, o país parece querer brigar com alguns vizinhos, pretende construir empreendimentos questionáveis no futuro, garantir o futuro do reino num mundo sem petróleo, entre outras ambições.

Uma análise interessante foi feita pela Bloomberg:

Houve sugestões de que investidores estratégicos chineses pudessem comprar uma participação na Aramco sem a necessidade de uma listagem pública. Mas isso colocaria os chineses em uma posição forte; eles não pagariam excessivamente, a menos que fossem compensados ​​nos bastidores, digamos nas vendas de petróleo com desconto.

Ainda assim, uma venda privada não alcançaria nenhum dos principais objetivos do IPO de aumentar a transparência e a eficiência. Seria politicamente mais arriscado - em vez de um grupo disperso de acionistas minoritários, a Arábia Saudita teria que enfrentar uma superpotência com fome de energia possuindo uma participação significativa em seu principal bem nacional.

Links

Paradise Papers: Apple muda para Jersey, procurando pagar menos impostos

Paradise Papers: Shakira tem domicilio nas Bahamas

O mistério do preço da pipoca no cinema

Sobre a relevância da KPMG na África do Sul

Risco da dependência de exportação

Lista

Uma postagem no instagram pode ter um custo de meio milhão de euros. É o que cobra Selena Gomez, que possui 122 milhões de seguidores. Eis a relação e o custo de cada postagem:

1. Selena Gomez - 122 milhões de seguidores, 485 mil euros por post (foto)
2. Kim Kardashian - 100 milhões e 440 mil
3. Cristiano Ronaldo - 104 milhões e 353 mil euros
4. Kylie Jenner - 95 milhões e 353 mil
5. Kendall Jenner - 82 milhões e 327 mil
6. Khloe Kardashian - 68 milhões e 221 mil
7. Kourtney Kardashian - 58 milhões e 221 mil
8. Cara Delevingne - 40 milhões e 132 mil
9. Gigi Hadid - 35 milhões e 106 mil
10. Lebron James - 31 milhões e 106 mil

É interessante que são 8 mulheres, sendo cinco da mesma família. Os dois homens são esportistas e Cara e Gigi são modelos.

Rir é o melhor remédio








Mais aqui

07 novembro 2017

Cadeia da Arábia

Nas últimas horas, a Arábia Saudita surpreendeu o mundo com a prisão de diversos príncipes e autoridades por corrupção. Agora, outra surpresa: o local onde estas pessoas estão confinadas. Trata-se do Ritz-Carlton hotel, em Riad, capital do país. Uma acomodação cinco estrelas, com uma grande piscina e um bom spa:

Refis e JBS

A notícia que a JBS aderiu ao Refis pode servir, quem sabe, de reflexão para a mudança nos programas de perdão de dívidas. No caso da JBS, dívidas de 4,2 bilhões serão transformadas em pagamentos de 1,1 bilhão até dezembro. Uma bela aliviada no caixa.

O problema dos programas de parcelamentos é que trazem exemplo inadequado para os bons pagadores.

Informações não financeiras em Portugal

Um nova norma em Portugal melhora a divulgação de informações não financeiras:

As empresas nacionais com estatuto de Entidade de Interesse Público, com mais de 500 trabalhadores, estão assim obrigadas, já no exercício fiscal de 2017, a ter que publicar uma demonstração não financeira, de forma integrada ou autónoma relativamente ao seu relatório de gestão, contendo no mínimo informações relativas a questões ambientais, sociais e aos trabalhadores, à igualdade entre homens e mulheres, à não discriminação, ao respeito dos direitos humanos, ao combate à corrupção e às tentativas de suborno.