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16 julho 2012

Kama Sutra Macroeconômico

No artigo abaixo, o economista e professor Edmar Bacha reconta a trajetória econômica de décadas numa fábula erótica

Há tempos, vem a oferta (S) cruzando com a procura (D) nos compêndios de economia. No final do século XIX, o sábio AM lhes havia recomendado a posição da tesoura, com as hastes semiabertas, na busca de um equilíbrio natural entre a dor da verticalidade (P) e o prazer da horizontalidade (Q):

Nos anos 30, sofrendo de Grande Depressão, saíram a oferta e a procura em busca de posições mais estimulantes. Sugeriu-lhes, então, o doutor MK que a oferta se deitasse passivamente na horizontal, deixando à procura, revigorada por pílulas governamentais, assumir o papel ativo de estimular a atividade:

Por muitos anos viveram felizes assim, até que, nos anos 1970, padecendo com o Choque do Petróleo, a oferta se rebelou e assumiu a posição vertical. A prescrição de MK para obter maior Q-prazer através de estímulos da demanda tornou-se então fonte de pura P-dor:

Os doutores das águas salgadas seguidores de MK recomendaram então maiores controles do governo para diminuir a P-dor. Ressabiadas, a oferta e a procura saíram interior adentro, em busca de alternativas que mantivessem sua liberdade de movimentos.
Encontraram-se com o guru das águas doces, MF, que lhes deu uma receita diretamente oposta à de MK: devia a procura assumir uma posição horizontal passiva, mantendo assim a P-dor sob controle. A oferta ficaria na posição vertical, crescendo à taxa natural, sem amarras do governo:

Deu-se então a Grande Moderação, com a P-dor sob controle e o Q-prazer expandindo-se sob a égide dos cassinos financeiros desregulamentados.
Final feliz, entretanto, só nos contos de fadas. Desde o início do século XXI, a expansão da procura passou a depender cada vez mais do crédito facilitado pelos cassinos. Sobreveio a Crise Financeira em 2008. Sobrecarregada de dívidas, a procura encolheu-se, não mais conseguindo responder aos estímulos creditícios. Também endividados, os governos não conseguiram mais estimulá-la com suas pílulas. A procura verticalizou-se, encolhida como estava, deixando um vácuo entre sua posição e a da oferta:

Descasadas, a procura e a oferta padecem agora de uma Q-dor que não sentiam desde os anos 1930. Prazer com a queda de P também não têm, pois ela apenas aumenta o peso das dívidas acumuladas. Estão agora a lamentar não ter dado mais atenção a HM, o profeta esquecido, que há tempos lhes advertira sobre os perigos dos cassinos financeiros.

Como fazer para acasalar novamente procura e oferta? Velhos receituários retornam em tempos de crise. Ultra-Ks só desejam mais estímulos, acreditando que a oferta vai atrás da procura onde ela for. Ultra-Fs só querem saber de menos controles, pois acreditam, ao contrário, que a oferta gera sua própria procura.

Melhor deixar os ultras com suas manias de lado e retornar ao ponto de partida do sábio AM. Reconhecer as individualidades da oferta e da procura, sabendo que uma não vive sem a outra, e almejam cruzar-se harmonicamente como se hastes fossem de uma mesma tesoura. Posições extremas são excitantes de tempos em tempos, mas somente o Caminho do Meio unifica e transcende a dualidade.

Glossário para não iniciados

ÁGUAS DOCES: Região dos Grandes Lagos, onde estão as universidades dos EUA cujos economistas são próximos ao monetarismo.

ÁGUAS SALGADAS: Costas leste e oeste dos EUA, onde estão as universidades cujos economistas se aproximam do keynesianismo.

AM: Alfred Marshall, economista inglês, autor de “Principles of Economics” (1890), considerada a bíblia da economia até a Segunda Guerra Mundial.

D: Símbolo (de: demand) para a curva de procura por bens e serviços da economia. Ao longo da curva de demanda, quanto maior o preço (P), menor em geral a quantidade demandada (Q).

MK: John Maynard Keynes, economista inglês, autor de “Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda” (1936), considerado o pai da macroeconomia moderna.

HM: Hyman Minsky, economista americano, autor de “John Maynard Keynes” (1975), considerado o grande teórico das crises financeiras.

MF: Milton Friedman, economista americano, co-autor de “A Monetary History of the United States, 1867-1960” (1963), considerado o pai do monetarismo.

P: Nível dos preços (ou taxa de inflação) da economia. Medido no eixo vertical das figuras no texto.

Q: PIB (ou nível de emprego) da economia. Medido no eixo horizontal das figuras no texto.

S: Símbolo (de: supply) para a curva de oferta de bens e serviços da economia. Ao longo da curva de oferta, quanto maior o preço (P), maior em geral a quantidade ofertada (Q).

Ultra-Fs: Ultra-monetaristas (ou chamados “neoliberais”).

Ultra-Ks: Ultra-keynesianos (ou também chamados “desenvolvimentistas”).

15 julho 2012

Rir é o melhor remédio


Ele estava em coma e já fazia algum tempo.
Sua esposa nunca se afastou da cabeceira da cama; noite e dia ela passou fazendo-lhe companhia; até que o homem acordou um dia; ao ver a mulher, fez-lhe um sinal para se aproximar e sussurrou-lhe no ouvido:
- Durante todos esses anos você esteve ao meu lado.
- Quando me licenciei você ficou comigo.
- Quando a minha empresa faliu, você continuou ao meu lado e me apoiou.
- Quando perdemos a casa, você não me abandonou, ficou perto de mim.
- Quando perdemos o carro, você também estava comigo.
- Agora são meus problemas de saúde, e desde o início você nunca me abandonou.
- Sabe de uma coisa?
A mulher ouviu tudo calada, depois, emocionada e com os olhos rasos d’água, murmurou:
- Diz, amor...

- Acho que você me dá azar!!!

(Encaminhado por Matias, grato)

Barbeiragem

O texto a seguir mostra como o mal uso dos recursos do contribuintes:

A Petrobrás deve amargar prejuízo milionário com a venda da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Esse é um dos ativos que a estatal pretende ofertar ao mercado, no programa de desinvestimento que vai ajudar a financiar investimentos no pré-sal. Após anos de batalha judicial com sua sócia, uma trading belga, a petroleira brasileira fechou há duas semanas um acordo para aquisição de 100% da refinaria.

Ao todo, a Petrobrás pagou US$ 1,18 bilhão, em duas etapas, para comprar uma refinaria que, há sete anos, custou US$ 42,5 milhões à sua agora ex-sócia - quase 28 vezes menos.

Fontes que acompanharam a operação em diferentes estágios asseguram que o valor de mercado hoje da refinaria texana, de baixa complexidade, é muito menor do que o valor gasto pela Petrobrás para a obtenção do controle. Poderia chegar a um décimo do que foi pago. (...)

A empresa belga comprou 100% da refinaria em janeiro de 2005 por US$ 42,5 milhões, segundo relatório financeiro enviado à bolsa europeia. Onze meses depois, em 16 de novembro de 2005, foi fechado memorando de entendimento para vender metade da refinaria à Petrobrás por mais de US$ 300 milhões.

Em setembro de 2006 foi oficializada a aquisição por cerca de US$ 360 milhões, um negócio que o controlador belga descreveu em seu balanço como "um sucesso financeiro acima de qualquer expectativa razoável". O negócio foi aprovado em conselho de administração. Participaram da coletiva de imprensa nos EUA os ocupantes, na época, da presidência da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, da diretoria de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e da diretoria Internacional, Nestor Cerveró. O negócio foi fechado em um momento de pico das margens de refino no mercado, que depois caíram. Antes e depois do acordo a refinaria passou meses parada para manutenção ou por causa da passagem do furacão Rita. Em 29 de junho deste ano, a Petrobrás anunciou o pagamento de mais US$ 820,5 milhões para encerrar processos na Justiça e comprar os 50% restantes da refinaria.


Incompetência? Ou ...

Produtividade Agrícola

A produtividade da agricultura brasileira cresceu o dobro da média mundial na ultima década, ou cerca de 4% ao ano, segundo levantamento da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que ilustra a potência do setor no país. O rendimento de culturas como milho, arroz e trigo aumentou bem mais do que em países produtores tradicionais, como Estados Unidos, Canadá, Japão e Rússia.

Conforme a OCDE, o aumento da produtividade na agricultura tem convergido entre as principais regiões do mundo para cerca de 2% ao ano depois da Segunda Guerra mundial. No entanto, alguns grandes países como Brasil, China, Indonésia, Rússia e Ucrânia conseguiram taxas muito mais altas, entre 3% e 5% ao ano. O crescimento da produtividade brasileira passou de 0,9% ao ano, em média, entre 1961 e 1970, para 4,04% entre 2001 e 2009. Rússia e Ucrânia, que saíram de níveis baixíssimos, conseguiram altas de 4,29% e 5,35% ao ano, respectivamente, na última década.

No caso dos EUA, um dos maiores produtores mundiais, o ganho médio de produtividade aumentou de 1,21% para 2,26% ao ano na última década. Mas houve um declínio em vários membros da ODCE, como Austrália, Canadá, Coreia do Sul e México. Isso se explicaria pelas mudanças no clima e nas políticas agrícolas, aumento das exigências ambientais e falta de investimento em inovações. A Austrália, por exemplo, diminuiu gastos com pesquisas e desenvolvimento.

A produtividade do trabalho agrícola cresceu mais rapidamente do que a da terra em vários países da OCDE. Já na América Latina e na China, o crescimento foi forte em ambos os casos, com cerca de 4,5% ao ano na China entre 1990 e 2005, e 3% na América Latina. Os índices contrastam com o restante da Ásia e da Africa, que tiveram expansão de apenas 1% ao ano.
O rendimento das principais culturas dobrou ou triplicou no mundo entre 1961 e 2010. A produção por hectare continua aumentando, mas ela não se reflete em alguns cereais que, por sinal, tiveram médias mais baixas nas duas últimas décadas do que as registradas no pós-guerra. Desde 1980, o crescimento no rendimento do trigo e do milho recuou de 2,4% para 1%. O milho subiu ligeiramente para 2% ao ano, mas a soja caiu de 1,6% em 1970 para menos de 1% na década passada no mundo.

Em relação ao Brasil, a produção por hectare de arroz cresceu 3,7% ao ano entre 2000 e 2010. Na Rússia, a alta de 4,8%, nos EUA de 1,2% e no Japão e no México, de apenas 0,3%, no mesmo período. A produtividade do milho cresceu 3,3% ao ano no Brasil, pouco se comparado aos 6% da África do Sul, mas superior aos aumentos dos EUA (1,6%) e do México (2,7%). O trigo registrou aumento na produtividade de 3,2% por ano no Brasil, quase o dobro em relação à década anterior, e acima de Canadá (2,1%), EUA (1,8%) e Rússia (2,5%).

Nas últimas décadas, o uso de terra em agricultura cresceu nas nações em desenvolvimento, mas diminuiu nos países ricos; globalmente, a agricultura representa 70% do uso de água fresca. Nos países da OCDE, a taxa cai para 45%.

Poem Of Love Accounting


In the journal paper of my heart,
I have written a journal entry.
Debiting your love and your affection.

Darling you write the narration,
Your first love, I had already adjusted
On the ledger-folio column,
Any way our relations are true assets

On double-entry system In addition,
Our love is true real and tangible
You debit-what comes in,
I credit-what goes out.

Your beauty is the capital of business.
My eyes are stock in trade.
Let us enter into transaction,
You secretly give me a trade discount,
I openly give you a cash discount
And thus my partner, Our trading and
Profit-loss account will show super profit

My dear let us re-concile,
All our errors and total the
Trial balance of our affairs
Arithmetically without maintaining
Any suspense account.

In the balance sheet of our
Life Our children will be our
True assets and liabilities!

If they are boys, they will be our sundry debtors
If they are girls, they will be our sundry creditors

But if we have a boy and a girl,
Our balance sheet will tally automatically!

Fonte: Aqui

Boson de Higgs? Os resultados são preliminares

O mundo celebrou a descoberta do "Boson de Higgs". A discussão, agora, envolve comprovar a veracidade (ou não) dessa descoberta.

Anunciou-se que:
- Foram encontrados eventos nas colisões de partículas que apontam para dois tipos de decaimentos que o bóson de Higgs apresentaria;
- A análise estatística aponta que há 5 sigmas de certeza de que se trata de uma nova partícula, e não de ruído de fundo, e que esta pode ser o bóson de Higgs.

Notaram o “pode ser”? Pois é, está lá na página do CERN também. A confirmação do resultado só vai sair depois de uma extensa análise dos dados. A descoberta pode se tratar de outras partículas, mas, aparentemente, a que melhor encaixa nos dados ainda é o bóson de Higgs.

Cientistas estão quebrando a cabeça para ver se a busca pela partícula, que já leva trinta anos e custou cerca de US$ 9 bilhões (R$18 bilhões) chegou mesmo ao fim. De qualquer forma, descobrimos uma nova partícula, ela é um bóson e é o mais pesado já visto.

Artigo da Universidade Cornell:
Have We Observed the Higgs (Imposter)?
Ian Low, Joseph Lykken, Gabe Shaughnessy
We interpret the new particle at the Large Hadron Collider as a CP-even scalar and investigate its electroweak quantum number. Assuming an unbroken custodial invariance as suggested by precision electroweak measurements, only four possibilities are allowed if the scalar decays to pairs of gauge bosons, as exemplified by a dilaton/radion, a non-dilatonic electroweak singlet scalar, an electroweak doublet scalar, and electroweak triplet scalars. We show that current LHC data already strongly disfavor both the dilatonic and non-dilatonic singlet imposters. On the other hand, a generic Higgs doublet and a triplet imposter give equally good fits to the measured event rates of the newly observed scalar resonance, although a Standard Model Higgs boson gives a slightly better overall fit. The global fit indicates the enhancement in the diphoton channel could be attributed to an enhanced partial decay width, while the production rates are consistent with the Standard Model expectations. We emphasize that more precise measurements of the ratio of event rates in the WW over ZZ channels, as well as the event rates in bb and tau tau channels, are needed to distinguish the Higgs doublet from the triplet imposter.

14 julho 2012

Rir é o melhor remédio

Fato da Semana


Fato da Semana – Divulgação dos salários no setor público

Qual a importância disto? – Pela primeira vez é possível saber dos salários dos diferentes órgãos públicos. Tim Harford, em Adapt, lembra um caso ocorrido em Uganda. Neste país da África, uma pesquisa sobre o dinheiro repassado as escolas por parte do governo revelou que 80% dos valores eram desviados. O governo central decidiu publicar em jornal cada valor repassado para cada escola, em cada mês. Em seis anos, a percentagem de desvio caiu para 20%, principalmente naqueles locais onde os pais tinham acesso aos jornais. A evidenciação dos salários permitirá corrigir problemas, como um garagista recebendo o salário acima de 20 mil reais. Estes casos esdrúxulos serão objeto de indignação e a falta de controle com a folha de pagamento, um problema antigo na administração pública, será visível para o contribuinte.

Positivo ou negativo? – Para o contribuinte será positivo. Saberemos onde está indo 34% do dinheiro da economia, que é o valor arrecadado pelo governo sob a forma de diferentes tipos de tributos. O volume gasto com pessoal é excessivo; já se sabia que o setor público é um ótimo patrão, mas o que a medida está revelando é que existem algumas distorções. Obviamente que para quem recebe estes valores será negativo.

Desdobramentos – Haverá muita pressão para evitar esta divulgação. Argumentos como “risco de sequestro” serão usados para reverter a decisão. O contribuinte deve insistir para que a medida persista. 

Carmen Reinhart


Um pouco da história de Carmen Reinhart:

Born in Havana as Carmen Castellanos, she is quick-witted and favors bright, boldly printed blouses and blazers. As a girl, she memorized the lore of pirates and their trade routes, which she says was her first exposure to the idea that economic fortunes — and state revenue in particular — “can suddenly disappear without warning.”

She also lived with more personal financial and social instability. After her family fled Havana for the United States with just three suitcases when she was 10, her father traded a comfortable living as an accountant for long, less lucrative hours as a carpenter. Her mother, who had never worked outside the home before, became a seamstress.

“Most kids don’t grow up with that kind of real economic shock,” she says. “But I learned the value of scarcity, and even the sort of tensions between East and West. And at a very early age that had an imprint on me.”

With a passion for art and literature — even today, her academic papers pun on the writings of Gabriel García Márquez — she enrolled in a two-year college in Miami, intending to study fashion merchandising. Then, on a whim, she took an economics course and got hooked.

When she went to Florida International University to study economics, she met Peter Montiel, an M.I.T. graduate who was teaching there. Recognizing her talent, he helped her apply to a top-tier graduate program in economics, at Columbia University.

Desenvolvimento é bom pra todos?

Desenvolvimento econômico nem sempre é bom pra todos:

Development in most places in most of history has basically been a process of violence and coercion, either by your own elites or invading ones. When historical events are “good for growth” they are often very bad for the generation that experienced them, in Africa or elsewhere. So “good for growth” does not necessarily mean “good”.

13 julho 2012

Rir é o melhor remédio

Feliz Sexta-feira 13 atrasado: Onde está Jason?
Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui

Clicker no ensino da Contabilidade




Talvez o leitor já tenha visto nos programas dominicais o uso de clickers. São pequenos aparelhos que acionados como se fossem um controle remoto permite que a plateia dê sua nota para uma atração do programa. A nota é depois processada e o candidato com maior nota é declarado, pelo apresentador, o vencedor. A fotografia mostra o uso de clickers.

Estes aparelhos também possuem uma função mais nobre: podem ser usados em sala de aula. Neste caso o professor pode passar uma transparência e os alunos, com seus clickers, dão sua opinião sobre o assunto. A tecnologia dos aparelhos permite individualizar as escolhas de cada aluno.

Um uso interessante dos aparelhos é nos testes de verificação de aprendizagem. Neste caso, o professor passa uma questão num retroprojetor e cada aluno deve marcar a resposta que considera correta. Ao final da maratona de perguntas, é possível saber a nota de cada um dos estudantes.

Mais do que um modismo na área de educação, o uso de clickers parece que melhora o desempenho dos alunos. Pelo menos é a conclusão obtida por três docentes da Universidade de Montana. Usando os aparelhos, os alunos tiveram uma nota média de 458,93 num curso de contabilidade introdutória; sem os aparelhos, a nota média foi de 440,6, para um máximo de 600. A diferença parece pequena, mas pode ser considerada significativa em termos estatísticos. Em termos de notas, de 94 alunos que usaram clickers, 24 foram reprovados, com notas D e E. Já numa outra turma, também com 94 alunos, o número de reprovação foi maior: 29.

Além do desempenho, parece que os alunos gostaram da experiência. É o que foi dito numa pesquisa de opinião realizada após o curso. É natural que devemos considerar este resultado com cautela, já que se trata de um experimento limitado a uma disciplina numa universidade específica. Mas é sempre interessante saber que a tecnologia que permite que um auditório escolha uma atração no domingo também pode ser usado para algo mais útil.

Para ler Mais;
PREMUROSO, R; TONG, L; BEED, T.  Does using clickers in the classroom matter to student performance and satisfaction when taking the Introductory Financial Accounting course? Issues in Accounting Education. Vol 26, n. 4, 2011.

Esther Duflo


Nova York - A francesa Esther Duflo nunca se interessou por tecnologia além dos comandos básicos de um celular ou computador, não gosta de falar de negócios e passou toda a sua carreira na universidade.

Mesmo assim, ela encontrou mais afinidades do que diferenças em sua primeira conversa com o empresário Bill Gates, criador da Microsoft e o segundo homem mais rico do mundo, em 2009. Foi um breve encontro após uma palestra realizada por ela na Califórnia, sobre seu trabalho à frente do Poverty Lab, laboratório de estudos de combate à pobreza ligado ao Mas­sachusetts Institute of Technology (MIT).

Ela contou como criou do zero uma rede de dezenas de pesquisadores que vão a campo descobrir estatisticamente o que funciona quando o assunto é investimento social. É tudo o que Gates, que já dedicou mais de 20 bilhões de dólares a causas desse tipo, queria ouvir.

Por meio da Fundação Bill e Melinda Gates, o empresário se tornou um dos maiores investidores do que é hoje a maior rede global de pesquisa sobre o assunto, com 65 pesquisadores em 52 países.

Aos 39 anos, Duflo, por sua vez, virou uma conselheira cada vez mais requisitada não só por Gates, mas por dezenas de investidores e organizações pelo mundo. “O laboratório produz evidência científica que ajuda a tornar o esforço de combate à pobreza mais eficiente”, afirmou Gates recentemente em seu blog.

Por trás da evidência científica está uma abordagem nada convencional de pesquisa acadêmica — até pouco tempo atrás vista pela maioria dos economistas como custosa demais para ser adotada em larga escala. O método conhecido como randômico é a base do laboratório, criado em 2003 por Duflo e o indiano Abhijit Banerjee, também economista no MIT.

Com fundamentos emprestados dos testes clínicos da medicina, consiste basicamente em separar duas amostras da mesma população aleatoriamente. Uma delas é submetida a uma solução contra um problema específico, como um método para aumentar a taxa de vacinação entre crianças.

A outra parcela não recebe nada. O contraste entre as duas indica se o programa social teve o efeito desejado. “O método joga luz numa discussão em geral mais emocional e retórica do que prática”, disse Duflo a EXAME.

Após se formar em economia pela École Normale Supérieure, em Paris, em 1994, Duflo se mudou para os Estados Unidos para obter o título de Ph.D. pelo MIT. Nessa época, aproximou-se do indiano Banerjee.

Logo os dois amadureceram a ideia de iniciar uma empreitada, digamos, aventureira — deixar o campus, nas redondezas de Boston, para visitar cidades onde boa parte dos habitantes vive com menos de 1 dólar por dia. Eles não foram os primeiros.

Nos anos 90, o economista Michael Kremer, também egresso do MIT, realizou um teste no Quênia, no qual demonstrou que a distribuição gratuita de livros didáticos em escolas rurais não havia melhorado a nota dos alunos. “O mérito de Duflo foi ter multiplicado o método numa escala inédita”, diz Kremer, atualmente professor de economia na Universidade Harvard.

De lá para cá, o time coordenado por Duflo e Banerjee já analisou 335 projetos em todos os continentes e seu orçamento cresceu mais de 30 vezes, para 10 milhões de dólares atualmente. Em 2010, a pesquisadora recebeu sua distinção acadêmica mais expressiva — a medalha John Bates Clark, concedida a economistas promissores com menos de 40 anos e considerada um passo para o prêmio Nobel.

Para Duflo, é preciso conhecer de perto o comportamento das pessoas para chegar a políticas sociais eficientes. Na Índia, por exemplo, os pesquisadores descobriram que, mesmo com uma campanha gratuita, as mães não levavam seus filhos para vacinar. A frequência aumentou drasticamente com um incentivo simples — a oferta de um pacote de lentilha por criança vacinada.

O microcrédito, bandeira do indiano Muhammad Yunus, vencedor do Nobel da Paz em 2006, também foi alvo de estudos. Duflo — que interrompeu temporariamente a intensa rotina de viagens neste ano, com o nascimento de seu primeiro filho — constatou que a oferta de crédito para famílias muito pobres em geral só ajuda a endividá-las ainda mais e não necessariamente estimula o empreendedorismo.

Essas e outras histórias estão no livro Poor Economics (“A economia dos pobres”, sem versão para o português), escrito em parceria com Banerjee e eleito pelo jornal Financial Times a melhor obra de economia do ano.

Assim como Jeffrey Sachs, economista da Universidade Columbia, Duflo acredita que investimentos a fundo perdido de países ricos podem aliviar a pobreza mundial (críticos como William Esterly, professor da Universidade de Nova York, defendem o contrário).

Mas, segundo ela, a grande questão hoje não é investir mais, e sim investir melhor. “Não existe uma fórmula única”, diz. “Mas queremos desvendar esse caminho passo a passo.”


Spread Bancário e Retorno sobre Capital


(...)O Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do BC é também uma leitura aborrecida. Ao contrário do Relatório de Inflação que, longe de ser um thriller, ainda pode oferecer algumas emoções no que diz respeito à trajetória esperada da inflação e da taxa de juros, o REF lida com temas como testes de estresse, sistema de pagamentos e outros capazes de por para dormir os economistas mais disciplinados. Talvez por isso, da mesma forma que ocorre com o livro dos Números, quase ninguém lê o REF, o que é uma pena, pois há lá uma riqueza de informação, disponível no sítio do BC.

Dentre eles, o que mais me chamou a atenção é sua medida do spread bancário. Conhecia, como todos, as estimativas do spread bancário publicadas mensalmente na nota à imprensa referente à política monetária e operações de crédito, cuja edição mais recente indica que o spread teria caído a 24,7% em maio, enquanto em dezembro de 2011 estaria em 26,9%. São estes dados que alimentam a visão sobre os ganhos do sistema bancário.

O que raramente é dito, porém, é que tais estimativas são baseadas numa amostra relativamente reduzida tanto das operações de crédito como das fontes de financiamento dos bancos. Baseiam-se, ademais, nas novas concessões: se determinado banco concedeu um crédito de 2 anos para uma empresa e um valor equivalente em empréstimos de um mês para consumidores, o spread, naquele momento, será a média dos dois tipos de operações; no mês seguinte, apenas as operações de um mês serão contabilizadas, apesar dos recursos emprestados para a empresa continuarem gerando o mesmo fluxo de receitas.

Os dados do REF contornam estes problemas. Por um lado, englobam todo o universo de crédito bancário, incluindo, entre outros, o imobiliário e os repasses de recursos do BNDES. Da mesma forma, capturam todas as formas de financiamento do setor, de depósitos a linhas do BNDES, tomando o cuidado de excluir os principais efeitos da variação cambial sobre ativos e passivos do sistema.

Adicionalmente, ao invés de se limitar às concessões, o REF estima receitas sobre o estoque de créditos, assim como os custos de captação sobre o estoque de financiamento do setor.

Desta forma, tais dados mostram uma estimativa do spread bancário mais compatível com a rentabilidade efetiva das operações de crédito, assim como o custo real de captação dos bancos (notando, por exemplo, que recursos do BNDES ou do SFH custam tipicamente menos do que um depósito a prazo). Os resultados são mostrados no gráfico (“spread total”), revelando uma realidade bastante distinta daquela sugerida pelas estimativas da nota à imprensa (“spread parcial”).




Com efeito, segundo o REF, o spread total teria ficado ao redor de 10% em 2011 (o último dado disponível), enquanto o spread parcial (acumulado em 12 meses, para fins de comparação) no mesmo período atingiu pouco mais de 27%, uma diferença da ordem de 17%. Entre junho de 2002 e dezembro de 2011 a diferença média entre as duas medidas de spread bancário foi pouco inferior a 14% ao ano.

Além disto, se é difícil discernir uma tendência clara do spread parcial (há momentos de queda assim como de elevação), a tendência do spread total desde o final de 2002 é inequívoca: redução persistente de pouco mais de 18% em 2002 para o supracitado 10% em 2011. Já o retorno dos bancos, segundo o REF, foi da ordem de 16,5% no ano passado, em linha com o observado nos anos anteriores e inferior os níveis que prevaleciam antes da crise. É bom, mas nada excepcional nos termos do setor corporativo brasileiro, principalmente se levarmos em conta que a alavancagem bancária costuma ser maior.

A imagem que emerge dos números é, pois, bem distinta (e mais entediante) do que a sugerida pela mitologia. Os spreads bancários não são tão gordos, nem crescentes, e o retorno dos bancos não é muito distinto do que se observa no restante da economia.

(...)Se queremos entender o setor bancário, também temos que nos ater ao que os números dizem, mesmo que eles não digam aquilo que gostaríamos de ouvir.

STJ autoriza capitalização de juros


A 2ª Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) colocou um ponto final nos questionamentos sobre a cobrança dos juros compostos nos empréstimos bancários, no encerramento dos julgamentos do primeiro semestre. Depois de anos de discussão no Judiciário, os ministros decidiram que é legal a chamada capitalização mensal nos contratos inferiores a um ano a partir da autorização pela Medida Provisória nº 2.170, de 2000. "O Judiciário poderá, contudo, analisar se há ou não abusividade [das taxas] ", afirmou a ministra Isabel Galotti, que retomou na quarta-feira o julgamento interrompido em abril. Como o processo do Banco Sudameris contra um cliente gaúcho foi analisado como recurso repetitivo, a decisão servirá de orientação aos tribunais do país.

Segundo o julgamento, não será necessário que a capitalização esteja prevista em cláusula específica no contrato, os bancos poderão apenas estipular no documento os juros cobrados dos clientes. A informação de que a taxa de juro é superior a 12% ao ano seria suficiente, de acordo com entendimento da ministra Isabel Galotti. A forma de previsão, entretanto, levou a um intenso e longo debate com o ministro Luis Felipe Salomão - relator do caso. Assim como os ministros Paulo de Tarso Sanseverino e Nancy Andrigui, ele entendeu que o consumidor tem o direito de saber expressamente o que foi acordado. "O contrato tem que ser transparente, claro", afirmou.

Para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), "a flexibilização é completamente absurda". O consumidor leigo, segundo a entidade, não saberá reconhecer, dessa forma, a diferença entre juros simples e compostos. "É evidente a incompreensão da realidade brasileira", diz Maria Elisa Novais, gerente jurídica do Idec. "O nível de educação não pode ser item discriminatório do acesso ao serviço."

O Banco Central (BC) e a Federação Nacional de Bancos (Febraban), que participaram com o Idec como interessados no processo, divergem sobre o real impacto do reconhecimento do STJ sobre a legalidade dos juros sobre juros. "A decisão leva segurança jurídica às partes que fizeram negócio com base em uma norma, não em praxe bancária" afirma o procurador-geral do Banco Central (BC), Isaac Sidney Menezes Ferreira.

Sem ter cálculos exatos, o procurador afirma que uma decisão contrária do STJ causaria impacto "imensurável" ao sistema financeiro a partir da revisão de milhares de contratos celebrados durante o período do boom da concessão de crédito no Brasil. Segundo dados do BC, o crédito passou de 25% do PIB em 2001 para 49% em abril de 2012. Ferreira avalia ainda que haveria um "descasamento" entre as taxas práticas na concessão de empréstimos e da remuneração aos investidores. "Onde isso iria parar? No spread ou na inadimplência", afirma o procurador.

Para a Febraban, porém, o impacto do julgamento será pequeno, pois os empréstimos têm sido liberados a partir de cédulas de crédito bancário que, pela lei, permite a capitalização. "Os contratos de crédito são residuais", afirma o diretor jurídico da Febraban, Antonio de Toledo Negrão.

O uso das cédulas - regulamentada pela Lei nº 10.931, de 2004 - teria sido intensificado como uma forma de garantir segurança em meio a um entrave jurídico em relação à capitalização. Embora a medida provisória de 2000 a permitisse para contratos inferiores a um ano, o Código Civil de 2002 teria proibido a prática a partir do artigo nº 591, que prevê expressamente apenas a capitalização anual. Entretanto, para os ministros, uma norma específica (a medida provisória) não seria revogada por norma geral (o código).

Apesar da definição do STJ, o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda deverá analisar a questão. Já há recurso na Corte que questiona a constitucionalidade da medida provisória. A alegação é de que a cobrança de juros compostos não seria tema relevante e urgente para ser tratado em medida provisória.

O consumidor gaúcho que perdeu a causa no STJ contra o Banco Sudameris também vai recorrer ao Supremo com os mesmos argumentos. No caso, o cliente contratou empréstimos com juros de 3,16% ao mês e 45,25664% ao ano. "Entendemos que capitalização jamais será motivo de urgência", afirma o advogado do cliente, Daniel Demartini, que cuida de outros 1.200 processos sobre o mesmo tema. Procurada pelo Valor, a defesa do Banco Sudameris não deu retorno até o fechamento da edição.

Trilema Europeu

Euro Zone Nations Wrestle With a 'Trilemma'
By STEPHEN CASTLE
The New York Times, July 6, 2012


LONDON — So, let’s say you have mastered the euro zone concept of “financial contagion.” Maybe you even know a thing or two about the euro “doom loop,” in which sickly banks and indebted governments threaten to drag each other down a death spiral.
Time now to learn a new buzzword, one that captures the anxieties of those seeking long-term stability for the euro currency union: “trilemma.”

The term, coined a dozen years ago by a Harvard University economist writing about the global economy, has come to encapsulate the awkward political options confronting the 17 euro zone countries. To make the currency union work for the long haul, euro countries’ heads of state have generally concluded that they must more fully integrate their economies. But within their own countries, the political leaders have only shallow support for that idea, if not outright resistance, from voters.

According to the trilemma theory, drawn in part from studies of the economic crises of 1930s and 1940s, it is possible to have two of three things: deep economic integration, democratic politics and autonomous nation-states. But under the theory, it is not possible to have all three.
“To remain in the euro zone under current conditions, countries like Greece, Italy and Spain are increasingly being forced to give up decision-making authority to rules imposed by Germany,” said Dani Rodrik, the father of the trilemma theory.

“This is creating democratic stresses at home,” he said. “Ultimately, externally imposed austerity becomes incompatible with democracy at home.” Mr. Rodrik, professor of international political economy at the John F. Kennedy School of Government at Harvard, first wrote about the trilemma idea in 2000, well before the euro zone debt crisis began. But he said the euro problems presented a perfect illustration of his theory.

It is much more than an obscure academic debate. Almost everyone now accepts that much closer economic integration is needed to save the euro. But that raises the prospect of a reduced role for each nation-state within the currency bloc, and the creation of something closer to a federal structure for Europe, of the type that many of the original architects of the euro always expected to evolve.

...So how does Mr. Rodrik, the Harvard economist, propose that Europe resolve its trilemma?
A solution, in his view, might involve giving Greek, Spanish and Italian voters a greater say over euro zone decisions through a transnational system of democracy.
“This would be something like the U.S. federal system,” he wrote in an e-mail, “in which the federal government doesn’t bail out state governments but looks after residents of Florida, California, etc. directly because they are represented through their congressmen and senators.”
An alternative, Mr. Rodrik suggested, might be for those countries to leave the euro union, sacrificing greater economic and financial integration to regain sovereignty and democratic space.


“This is in essence the trilemma as it works out for the euro zone,” he wrote. “It says that economic union requires political union. The choice for Europe is either more political union, or less union — unless, that is, weaker countries are willing to give up on democracy.”
Another advocate of the theory, Nicholas Crafts, director of the Center for Competitive Advantage in the Global Economy at the University of Warwick, points to a historical parallel.
Under the 1944 Bretton Woods agreement, which proposed a system of convertible currencies and set up bodies including the International Monetary Fund, the side of the trilemma triangle that was sacrificed was economic integration, he said. Instead of merging economies, countries were permitted to limit the flow of capital across borders, giving them the freedom to pursue the economic paths they thought best.


The euro zone, Mr. Crafts said, is putting an unbalanced emphasis on fiscal union through tough rules on debts and deficits meant to prevent a repetition of the crisis. “But we also need some compensating rules on the pooling of risks,” he said. “This would be a fiscal union that people want to belong to it; that has something to do with the federal level helping a state and not just disciplining it with a harsh straitjacket.” But Mr. Crafts said the political realities of the euro zone might make such a federal helping hand difficult to create. “If you can’t deliver the federalism as well as the economic straitjacket,” he said, “you might see the euro zone breaking up.”

12 julho 2012

Rir é o melhor remédio

Política

Educação e Finanças Comportamentais

Desde que surgiu, na década de setenta, as finanças comportamentais tem sido usada em diversos campos. Uma pesquisa recente, realizada nas escolas da cidade de Chicago, mostrou que é possível aplicar os conceitos desta área na questão dos incentivos aos estudantes.

Recentemente, algumas tentativas têm sido realizadas no sentido de dar incentivos financeiros para os alunos aprenderem. Os alunos que conseguem mostrar que conhecem o conteúdo são premiados com dinheiro. A pesquisa realizada leva o que nós conhecemos na área comportamental para a escola. Os estudiosos fizeram uma série de experimentos para saber qual tipo de incentivo funciona.

Usando testes aplicados a alunos, com duração entre 15 a 60 minutos, procurou-se saber se o dinheiro dado para os estudantes pelo seu desempenho ou a recompensa não monetária (um troféu) funciona. Para fazer sua pesquisa, os alunos ficaram sabendo do incentivo imediatamente antes do teste que eles teriam que responder. Isto garante que os alunos não se preparariam para a avaliação somente com a finalidade de ganhar o prêmio.

Para garantir a qualidade dos resultados, os alunos eram sorteados quanto ao tipo de incentivo: baixo incentivo financeiro (dez dólares), alto incentivo (vinte dólares) e incentivo não monetário. Os resultados encontrados são interessantes. Os pesquisadores encontraram que os incentivos monetários funcionam, incluindo aqui o tamanho: quem ganhou mais (vinte dólares) teve um desempenho superior a quem ganhou menos (dez dólares).  Além disto, os incentivos são mais poderosos quando parece envolver “perdas”. É o conceito de aversão à perda em funcionamento: sob a ameaça de perder dinheiro, o esforço, e o resultado, é melhor.

Mas os resultados mostram que a questão do incentivo, e seu funcionamento, é complicado, variando conforme o gênero, a idade e outras características do estudante. Por exemplo, os incentivos não financeiros têm efeitos sobre o desempenho, principalmente entre os mais jovens. Já nos alunos mais velhos a recompensa financeira funcionou melhor.

Um aspecto curioso da pesquisa: quando a recompensa é dada um a dois meses após o resultado – e não logo após - o desempenho do teste não apresenta melhoria. Em termos financeiros isto confirma uma desconfiança antiga dos pesquisadores sobre os jovens: eles possuem uma elevada taxa de desconto. (Quando a taxa de desconto é muito alta, o valor atual do prêmio é muito menor, tendo pouco efeito sobre o comportamento do aluno)

Para ler mais:
LEVITT, S; LIST, J; NECKERMANN, S; SADOFF, S. The Behavioralist goes to School: Leveraging Behavioral Economics to Improve Educational Perfomance. NBER, 18165

Evidenciação

Tenho tido a oportunidade de participar de alguns artigos muito interessantes. Agora a RBGN - um excelente periódico, por sinal - acaba de publicar um artigo onde sou co-autor. Veja o resumo:

Os gestores conhecem mais sobre o desempenho da organização do que os investidores, o que torna a divulgação de informações uma possível estratégia de diferenciação competitiva, minimizando a seleção adversa. Este trabalho tem como principal objetivo analisar se o nível de divulgação de informações de uma entidade pode impactar a percepção de risco dos indivíduos e o processo de avaliação de suas ações. A pesquisa foi realizada em um estudo experimental por meio de um mercado de capitais simulado com 456 participantes, sendo 353 no experimento principal e 103 no experimento modificado. Investigou-se a precificação das ações de duas empresas com diferentes níveis de divulgação de informação em quatros momentos distintos. A cada momento, informações adicionais sobre o desempenho eram apresentadas aos participantes. A análise dos resultados evidenciou que, mantendo outras variáveis constantes, o nível de divulgação de informações de uma entidade pode impactar as expectativas dos indivíduos e o processo de avaliação de suas ações. Maior nível de divulgação apresentado por uma entidade impactou tanto o valor de sua ação quanto o da outra empresa.


O trabalho de pesquisa mostra que os usuários não somente premiam as empresas que evidenciam como também punem aquelas que não divulgam quando suas concorrentes o fazem. Ou seja, para não sofrer um efeito no preço da sua ação, uma empresa deve sempre divulgar.