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24 setembro 2009

Confiança

Palavra do gestor: Trauma impede que investidor desfrute recuperação
Paulo Sternick

Ibovespa em queda exagerada aos 29 mil pontos - com Petrobras a R$ 17 e Vale a R$ 21 correspondeu a um mundo que estava à beira do "colapso financeiro total", nas palavras do presidente dos EUA, Barack Obama. Este cenário ficou para trás, com a vantagem de ter deixado clarões de aprendizado, a experiência dos erros e a certeza de que poderemos sempre contar com a mão forte do Estado para evitar o desastre final. Mais do que isso: de agora em diante, a falácia do capitalismo neoliberal sem regulamentos, a crença na eficiência dos mercados e na racionalidade dos agentes econômicos não terão mais a absoluta confiança de um auditório iludido. A mão invisível do mercado, se não era de vidro e não se quebrou, certamente não poderá mais viver sem a mão amiga do Estado.

A percepção dos riscos tornou-se mais difundida do que antes e ganhou consistência. O mercado financeiro é como um grande e sólido navio a navegar ao mesmo tempo em mares previsíveis e em inesperadas correntes: quando estimulantes e promissoras, elas podem fazê-lo subir exageradamente, envolvendo-o numa bolha; se ela explode, o pânico faz todos correrem para o mesmo lado, e o navio pode virar. Estas situações são extremas e raras, mas não tão raras a ponto de evitar muitos prejuízos e a provocação de traumas. Há também traumas coletivos, capazes de ser transmitidos através de gerações. Por isso, o colapso de 1929 foi uma assombração que perpassou a crise que se agravou com a falência do Lehman Brothers, em setembro.

A psicanálise pensa o trauma como a experiência sofrida pelo indivíduo ou grupo diante de uma vivência de catástrofe. Uma de suas principais características - e o que ilumina seu efeito devastador sobre o equilíbrio mental - é o fato de produzir uma quantidade violenta e intensa de excitação, na forma de ameaça, angústia, sofrimento e dor, incapaz de ser suportada e digerida pelo sujeito. Exemplo mais conhecido e universal é o trauma do nascimento, que retira o bebê do aconchego do útero materno, lançando-o a um exílio que produz seus efeitos sob formas mais ou menos atenuadas ao longo da vida. O trauma de guerra é outra situação que fica registrada na mente, vivência que é reexperimentada subjetivamente de forma sofrida e repetitiva para além do cenário original que o causou.

Pois estas são as características de um acontecimento traumático: a impotência e o desamparo frente à situação original; a fixação emocional que insiste em se manter no psiquismo, infiltrando-se a cada vez que a situação original é evocada e reenviando o sujeito ao evento que o marcou. Portanto, a repetição das emoções provocadas pelo trauma não-elaborado e insuperado ocorre a cada situação que o relembre. Porque o sujeito não consegue transcender - simbolizando (pensando) e fazendo evoluir a situação catastrófica, portanto, contextualizando-a e diluindo-a. Ao contrário, há um automatismo nesta repetição, com a emergência do pânico que eclode de forma inadvertida e incontrolável a cada situação - geralmente inócua - que o relembre. Pois além do evento externo, o trauma tem seu registro na realidade psíquica.

A percepção da realidade atual, com suas novas configurações - o crédito voltando a fluir, os indicadores prenunciando a recuperação, as empresas resgatando até certo ponto os múltiplos de uma economia fora do perigo - fica eclipsada pela memória do trauma. O indivíduo presta culto ao acontecimento mítico que o assolou, fixando-se nele, como se não pudesse lhe ser infiel, numa incrível identificação com a situação agressiva. Fica incapaz de observar a eventualidade de uma recuperação que se desenrola como se fosse indiferente às vítimas da situação que a antecedeu.

Um dos estragos invisíveis e não computados da última crise financeira que agora anuncia sua estiagem são os investidores assolados por um trauma de perda. Há pouco, nas correções dos mercados em junho - que caíram após a forte alta de mais de 40% - muitos sentiram novamente o cheiro do ralo, isto é, o temor traumático de ver o patrimônio mais uma vez perder seu valor. Quem esquecerá facilmente os 29 mil pontos, depois de ter festejado 72 mil pontos? Agora que voltamos aos 55 mil, 56 mil pontos, a cada recuperação aumenta a vertigem do trauma, o pavor de reviver uma insensata e incontrolável queda, o terror e o pânico ante novo desabamento.

Valor - 21/8/2009

23 setembro 2009

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Teste #147

Segundo a empresa de consultoria Brand Finance, a empresa com maior valor de intangível no Brasil é:

Ambev
Bradesco
Itau Unibanco
Petrobrás

Resposta do Anterior: contador que prendeu Al Capone. Pascolini é uma invenção do blogueiro.

Leilão da Folha

Leilões de folha de servidores fracassam
Maria Christina Carvalho de São Paulo - Valor Econômico - 22/9/2009

Os leilões de folha de pagamento de funcionários públicos perderam muito do poder de atração do passado. Dos 212 leilões realizados até agora neste ano, 186 fracassaram porque não houve interessados - foram desertos, no jargão do mercado. O mercado calcula que governos, municípios, empresas e órgãos do setor público deixaram de arrecadar R$ 550 milhões, tomando como base o preço mínimo. A perda de atratividade começou no ano passado, quando foram desertos quase todos os 422 leilões realizados.

Segundo fontes de bancos privados que não quiseram ter seu nome identificado, o setor financeiro perdeu o interesse em comprar o direito de administrar as folhas de pagamentos de entidades públicas e privadas por causa da portabilidade de conta corrente [1] agora prevista em lei e pelas quebras de contratos de prefeituras e governos. Por isso, os bancos privados estão preferindo fechar acordos quando o pagamento é parcelado, ao longo do prazo do contrato. Neste ano, saíram 15 leilões parcelados, de um total de 26 que foram bem-sucedidos.

Os funcionários do setor privado podem, desde abril de 2007, escolher o banco em que querem ter o salário depositado, apesar de o empregador definir qual instituição vai administrar a folha. Já os funcionários do setor público poderão fazer essa escolha a partir de 1º de janeiro de 2012. [2]

A situação é bem diferente da registrada há apenas dois anos. Em maio de 2007, um dos maiores negócios de administração de folhas de salários foi realizado quando o governo do Rio acertou com o Banco Itaú o pagamento da folha de inativos e inativos por R$ 1,1 bilhão. Como o Itaú havia antecipado parte do pagamento ao governo anterior, a renovação do acordo ficou por R$ 750 milhões, ainda assim, um recorde. A folha compreendia 400 mil servidores e movimentava R$ 800 milhões por mês.

O negócio marcou o pico dos preços pagos em leilões de folha de pagamento, com a marca de R$ 2.750 por funcionário. Esse tipo de negócio começou a decolar em 2004, quando o Banco Real pagou R$ 240 milhões pela administração da folha de 100 mil funcionários públicos do governo de Pernambuco, ou R$ 2,4 mil por servidor. No ano seguinte, o Itaú consolidou o patamar ao pagar R$ 510 milhões pela folha de pagamentos de 210 funcionários ativos e inativos da Prefeitura de São Paulo por cinco anos, equivalente a R$ 2.430 por servidor. Nos leilões atuais, os preços despencaram. No Sudeste, onde se praticam os maiores valores, a média caiu para R$ 27 por funcionário. Na região Norte, a média é de R$ 12,50 por servidor.

O diretor de governo do Banco do Brasil (BB), Sérgio Nazaré, concorda que a portabilidade reduziu o interesse dos bancos. Mas acrescenta que os leilões também diminuíram porque muitos foram negociados na virada da segunda metade desta década. Pela lei de licitações, eles têm prazo de cinco anos (60 meses). "Com muitos dos contratos em vigência, não há muito mercado a disputar", disse. Lembrou ainda que a nova política de tarifas bancárias, estabelecida em 2008, também reduziu o interesse dos bancos ao limitar ganhos com serviços na conta.

Para algumas fontes, o pior problema é a quebra de contrato por parte de prefeituras e governos que ignoraram acordos acertados por governos anteriores e resolveram fazer novas licitações para melhorar a arrecadação. [3]

Os casos mais notórios ocorreram no Paraná e em Santa Catarina. No Paraná, o Itaú teve problemas. Em Santa Catarina, o Bradesco ganhou a licitação, mas o governo resolveu depois manter a folha no Besc, para valorizar o banco estadual que estava sendo vendido para o BB.

Para contornar essa dúvida, as regras mudaram e prefeituras e entidades públicas passaram a aceitar pagamentos parcelados, diluídos pelo prazo da operação. Dos leilões realizados neste ano, 15 tiveram o pagamento parcelado, em estados como a Bahia, Goiás e São Paulo. Após dois leilões desertos, o Ministério Público da Bahia conseguiu realizar a licitação com pagamento parcelado. O mesmo aconteceu na cidade de Presidente Prudente (SP).

Cesar Bertaiolli, prefeito de Mogi das Cruzes, que tentou três vezes sem sucesso leiloar a gestão de sua folha, tem outra opinião sobre a razão dos fracassos. Para ele, os bancos fazem acordo para não entrar nos leilões e forçar os preços para baixo. [4]


[1] A portabilidade realmente afeta o preço do leilão. Entretanto, o governo poderia criar algum mecanismo de "nudge" para compensar este efeito. (Nudge, título do livro de Thaler e Sunstein, que defendem a ideia do empurrão para a escolha certa)

[2] A tempestividade foi fundamental para a boa gestão do dinheiro público. O administrador público que fez o leilão antes da mudança do mercado conseguiu trazer para seu estado/município mais recursos.

[3] Esta questão poderia ser analisada sob a ótica da Teoria dos Jogos, onde o comportamento de um jogador - que não respeita os contratos - pode influenciar o preço estabelecido no leilão. A existência de uma punição severa para estes gestores pode reduzir o impacto do desrespeito dos contratos.

[4] Recomendo a leitura da dissertação de Alexandre Jatobá, sobre o assunto, de 2004.

Madoff e Auditoria

A unidade de Luxemburgo da Ernst & Young não entregará "contra sua vontade" um relatório interno que um grupo representando investidores sustenta que esclareceria os trabalhos da firma de auditoria com um fundo ligado a Bernard Madoff, segundo um tribunal foi informado na quinta-feira.

"A situação mudou radicalmente" desde que o tribunal de Luxemburgo ordenou a um fundo, que havia investido 95% dos ativos com Madoff, a divulgação de uma auditoria privada da Ernst & Young, afirmou Marc Kleyr, advogado da empresa de auditoria, a uma juíza, na quinta. "Desde então o fundo foi colocado em liquidação."

"Qualquer auditor respeitável como a Ernst & Young não pode aceitar que, de um dia para outro, documentos possam ser distribuídos livremente para qualquer lado", disse Kleyr.

Desde dezembro, cerca de 30 processos ligados a Madoff para recuperar fundos ou buscar documentos que possam estabelecer o passivo foram aceitos por tribunais de Luxemburgo. O país é o segundo maior mercado de fundos mútuos, atrás apenas dos Estados Unidos.

Em março, investidores, como o Meeschaert Asset Management e a unidade francesa da Fortis, ganharam nos tribunais ordens para que o fundo LuxAlpha Sicav-American Selection e seu banco custodiante, uma unidade do UBS AG, lhes apresentassem documentos com informações sobre os negócios com Madoff. O relatório da Ernst & Young "é importante porque mostrará como os auditores trataram a análise do funcionamento interno do LuxAlpha", observou Edouard Fremault, analista sênior da empresa de advocacia Deminor International, que representa os investidores. "Este caso diz respeito ao cumprimento de uma ordem que o juiz deu há seis meses", no caso do LuxAlpha.

Em 4 de março, a juíza Brigitte Konz ordenou ao LuxAlpha a entregar os documentos da Ernst & Young aos investidores. Os advogados do LuxAlpha haviam dito no tribunal que cumpririam a determinação. Menos de um mês depois, o fundo foi dissolvido e colocado em liquidação.

Alain Rukavina, um dos dois liquidantes encarregados do LuxAlpha desde sua dissolução em abril, disse à juíza não possuir os documentos originais e que esses ainda estão com a Ernst & Young. Solicitou, portanto, para a Ernst & Young apresentar seus argumentos ao tribunal, acrescentou.

Madoff, de 71 anos, está preso depois de se declarar culpado em março por fraudar investidores em até US$ 65 bilhões. Ele cumpre sentença de 150 anos por usar dinheiro de novos investidores para pagar os mais antigos, uma fraude mundial que se estendia desde, pelo menos, o início dos anos 80.

Um total em torno a US$ 12 bilhões foi sacado por clientes da firma de Madoff em 2008, incluindo cerca de US$ 6 bilhões nos 90 dias anteriores à quebra da firma de Madoff, segundo um síndico do caso.

Auditoria: Ernst & Young recusa-se a entregar documentos em disputa ligada a Madoff
Stephanie Bodoni, Bloomberg, de Luxemburgo - Valor Econômico - 22/9/2009

Grau de investimento para o Brasil

A Moody´s concedeu a nota de "grau de investimento" para o Brasil. Isto significa que o Brasil subiu de Ba1 para Baa3. Agora, as três grandes agências de ratings (as outras são a Standard & Poor's e a Fitch) concederam o investment grade para o país.

A Bovespa fechou em alta, mas acredita-se que o aumento não guarda relação com a notícia.

Mensuração na Contabilidade Ambiental

Os consumidores vão em breve poder comprar todo tipo de mercadoria, de carne a mocassins, com base num número que pretende informá-los sobre o impacto ambiental dos produtos.

Fabricantes e varejistas ao redor do mundo estão trabalhando para medir as pegadas de carbono de seus produtos por uma série de motivos, e todos os esforços têm uma coisa em comum: os resultados têm a aparência de precisão.

Mas todos os pontos decimais do mundo não são capazes de esconder o fato de que a medição das pegadas de carbono é inexata. É algo complicado por várias metodologias e definições — sem falar em achismos.

"Não há regras claras por enquanto", diz Klaus Radunsky, um dos presidentes de um grupo dentro da Organização Internacional para a Padronização (a ISO), de Genebra, que está produzindo uma diretriz para a medição dos impactos ambientais dos produtos. "Depende muito de como você faz os cálculos."

Poucos produtos demonstram mais a bagunça dessas iniciativas do que um simples pacote de leite. Vários estudos em vários países já procuraram medir o impacto do leite, de sua produção numa fazenda até a destruição da embalagem. Em meio a isso, os estudos tentam medir detalhes como a energia usada para se fabricar o fertilizante usado no cultivo da ração para as vacas, o combustível gasto nos caminhões que entregam o leite e a eletricidade usada nos refrigeradores que o preservam nas cozinhas.

Não surpreende que cada um desses estudos meça a pegada do leite diferentemente, em grande parte porque cada um difere na maneira de contar um ou outro desses fatores.

O leite é um dos primeiros produtos que o Wal-Mart Stores Inc. está tentando medir em seu esforço mais amplo para avaliar o impacto ambiental dos produtos que vende. A varejista americana pretende começar a incluir etiquetas para certos produtos com uma nota de "sustentabilidade" — um único número que levaria em conta não apenas as emissões de dióxido de carbono, mas também o uso de água e produção de lixo. Isso é duplamente complicado porque envolve ponderar a importância relativa de diferentes tipos de impacto ambiental. O que é pior: que um tomate use um monte de água ou um monte de pesticidas?

O Wal-Mart está trabalhando com acadêmicos e ambientalistas para decidir como definir essa nota e como apresentá-la. Pode ser um número de 1 a 10 e pode ser uma cor numa série de tonalidades, diz Matt Kistler, o diretor de sustentabilidade da rede. O desafio é elaborar algo que seja compreensível e preciso. "Dá pra conseguir isso de uma hora para outra? Não, porque muito da informação não existe ainda", diz. "Mas acho que podemos chegar lá."

Entre os motivos por trás dessas iniciativas de fabricantes e varejistas estão preocupações com o planeta, marketing, redução de emissões e, em alguns casos, uma tentativa de se evitar que elas sejam pegas desprevenidas por qualquer regulamentação relacionada à mudança climática que possa surgir.

A Tesco PLC, grande varejistra britânica, começou no mês passado a identificar o impacto do leite que vende com sua marca própria. Seus estudos concluíram que meio litro de leite integral gera uma quantidade de gases do efeito estufa equivalente a 900 gramas de dióxido de carbono. Ela inclui essa informação na etiqueta do leite.

Outro estudo de um laticínio americano calculou uma pegada preliminar cerca de 15% menor para uma embalagem comparável de leite.

O que pode responder por parte da diferença é outro conjunto de infinitas variáveis no cálculo do carbono. Algumas fazendas têm maquinário que consome menos energia. Algumas vacas comem menos milho, que normalmente é cultivado com fertilizantes à base de petróleo. E alguns tipos de ração fazem com que a vaca arrote mais metano, uma poderosa fonte de carbono. Os arrotos bovinos são considerados por muitos como a maior fonte de emissões de dióxido de carbono na produção do leite.

Mas algumas partes da equação são subjetivas. As vacas produzem muitos produtos vendáveis: o leite quando estão vivas e, depois de abatidas, carne, couro e ossos. Assim quanto das emissões de uma fazenda de gado deve ser atribuído ao leite, e quanto à produção de sapatos ou de um filé?

A Tesco tenta resolver essa questão dividindo as emissões de acordo com o valor econômico relativo do leite em relação à carcaça da vaca. Se, digamos, uma fazenda obtém 90% de sua receita com a venda de leite e 10% com a venda da vaca, então 90% de suas emissões serão atribuídas ao leite e 10% a outros produtos.

Essa é a rota recomendada como a mais prática pela Carbon Trust, uma empresa de Londres estabelecida pelo governo britânico para ajudar a reduzir as emissões de dióxido de carbono no Reino Unido. A metodologia é parte de um conjunto mais amplo de diretrizes de mensuração do carbono publicado no ano passado pela Carbon Trust, o governo britânico e uma organização definidora de padrões chamada Instituto Britânico de Padronização.

Euan Murray, que supervisiona os estudos de pegada de carbono da Carbon Trust, e que foi contratado pela Tesco para realizar seu estudo sobre o leite, diz que alocar emissões com base no valor econômico faz sentido intuitivo para a maioria das pessoas. Mas, acrescenta, "não há maneira absolutamente certa de fazer isso".

A indústria de laticínios dos Estados Unidos está atualizando seu próprio estudo, e a nova versão usa um cálculo mais complicado preferido pela ISO. O objetivo é essencialmente olhar dentro da vaca, separando a porção das funções biológicas do animal que vai para a produção de leite da porção que vai para a produção da própria vaca. Essas funções incluem alimentos, arrotos, flatulência e estrume.


Qual a pegada de carbono da vaca? Depende de quem calcula
Jeffrey Ball, The Wall Street Journal - 23/9/2009

Grifo do blog

IFRS nos EUA

Uma pesquisa realizada pela KPMG e a American Accounting Association (AAA) entre os docentes das universidades dos EUA mostrou que os professores acreditam que seus alunos estarão em desvantagem caso aquele país não adote a IFRS.

TCU

José Múcio Monteiro Filho é o novo ministro do Tribunal de Contas da União. Foi ministro de Estado e deputado licenciado pelo PTB de Pernambuco. É fidelíssimo ao atual governo (e aos anteriores, também). Sua escolha, confirmada ontem, muda uma escrita recente; três indicados pelo Executivo foram preteridos.

Foi líder do governo na Câmara. Ocupou mais recentemente um cargo crucial, encarregado das relações nem sempre fáceis entre o Congresso e o Planalto, e o fez com competência, aos olhos do Executivo. Merece um prêmio.

O TCU é um prêmio? É isso? Por que alguém é indicado ao TCU? Ilibada reputação conta? Conhecer contabilidade ajuda? Saber tudo sobre administração pública é essencial?

Até é, mas a chave para entender este tipo de processo é outra: ter integrantes "amigos" em organismos como este tribunal é importante para o governo, ainda mais governo em época pré-eleitoral.

O atual tribunal foi bastante crítico, por exemplo, em relação aos projetos apresentados pelo Executivo federal no âmbito do chamado PAC. Isso pode atrapalhar.

O TCU checa papéis. O papel aceita tudo? Não deveria, em se tratando de contas públicas. Há leis, decretos, portarias, regulamentações, regimentos, súmulas e uma imensa parafernália de artigos e artiguetes para impedir que a coisa pública sofra uma metamorfose e se transforme em riqueza privada.

De fato, o que acontece é que os governos -não só este- desde sempre cuidam de incluir nos quadros dos ditos tribunais de contas homens que lhe são fiéis. O descortino e o rigor no controle das contas não parecem ser essenciais nesta escolha, e não vai aqui juízo de valor sobre nenhum dos membros de nenhum tribunal desta espécie.

José Múcio é um homem fiel. Pode ajudar a controlar melhor o destino do dinheiro do Estado? Não se pode afirmar o contrário. Em uma República de aparências, onde juízes não necessitam de "curriculum" e senadores consideram direito natural usar os recursos públicos em causa privada, sua indicação parece a propósito.

Pede-se, afinal, que os amigos das raposas cuidem do galinheiro. Às vezes, esses guardiães até defendem as aves, mas que é estranho, isso é.

Tribunal é um prêmio a homens fiéis ao governo
Folha de São Paulo - 23/9/2009
MARCO CHIARETTI


Ou seja: quando teremos um TCU formado por técnicos?

IPO e Agregação de Valor

A criação de valor ao acionista, e a atenção ao custo do capital são assuntos que vem sendo muito discutidos em teoria das finanças. Partindo-se da premissa de que um dos principais objetivos da empresa é o de gerar riqueza aos seus proprietários de capital, este trabalho tem por objetivo correlacionar o efeito do IPO (Initial Public Offering) com a geração de valor aos acionistas. Para mensurar tais fatos, esta pesquisa utilizou os conceitos de uma medida de desempenho operacional baseada no lucro residual, conhecida por EVA® (Economic Value Added), e o MVA® (Market Value Added), que mede sobre a ótica do mercado, o potencial de geração de valor de uma empresa. O estudo foi realizado utilizando uma amostra que contempla todas as empresas que realizaram um IPO no ano de 2006. Através da análise dos dados publicados no ano anterior e subseqüente a abertura de capital, os resultados mostraram que devido ao aumento demasiado do custo médio e ponderado do capital, estas empresas destruíram valor no ano do IPO e no ano subsequente, porém, estes resultados podem sofrer reversões e no futuro confirmar as expectativas positivas do mercado demonstradas pelos MVAs® positivos.

LANÇAMENTO PRIMÁRIO DE AÇÕES: EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE CAPITAL VERSUS GERAÇÃO DE VALOR
- João Paulo de Negri Correa, Maria José de C. M. de Zen & José Francisco Calil - Universidade Metodista de Piracicaba

Links

Oferta e demanda entre os macacos

O Iasb propoe eliminar a exigencia do uso da taxa do titulo de governo. Em seu lugar, as entidades podem estimar a taxa de titulos de empresas de alta qualidade. A ideia pode entrar em vigor ja no final de 2009.

Demanda por jogador agressivo no Futebol inglês

22 setembro 2009

Rir é o melhor remédio


Na placa, "Seminário Eterno de Economia"
Fonte: aqui

Valor do Santander

Santander é avaliado em até R$ 96,6 bilhões
Valor - 21/9/2009

SÃO PAULO - O Santander Brasil deve estrear na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) com valor de mercado entre R$ 82,8 bilhões e R$ 96,6 bilhões, conforme os intervalos de preço e de papéis a serem vendidos na oferta pública primária de units, marcada para o início de outubro.

A estimativa coloca a filial brasileira do banco espanhol à frente do Banco do Brasil (BB), lado a lado com o Bradesco (na projeção mais otimista), mas ainda bem atrás do Itaú Unibanco.

De acordo com as cotações desta tarde, o valor de mercado do Itaú Unibanco é de R$ 138,5 bilhões, descontando as ações em tesouraria. Em segundo lugar aparece o Bradesco, que vale R$ 94,9 bilhões. O BB tem valor de mercado de R$ 76,09 bilhões.

Ao se observar um critério bastante usado pelo mercado, no entanto, que compara o valor de mercado com o patrimônio líquido, o Santander estaria bastante descontado em relação a seus pares.

O Itaú Unibanco é negociado a 2,93 vezes o patrimônio, ante índice de 2,55 vezes para o Bradesco e de 2,35 vezes para o Banco do Brasil.

No caso do Santander, o índice varia de 1,31 vez a 1,53 vez, a depender de quantas ações serão vendidas na oferta e levando em conta o patrimônio líquido de R$ 63,212 bilhões, estimado para depois do aumento de capital decorrente da oferta pública.

Na operação que ocorrerá no próximo mês, cerca de 15% do capital do Santander Brasil devem ser vendidos aos investidores minoritários. De acordo com as regras do Nível 2 da BM & FBovespa, o banco terá três anos, prorrogáveis por mais dois anos, para atingir um índice de 25% do capital em circulação.

(Fernando Torres | Valor)


Aqui texto do NY Times sobre a operação

Aumenta as ressalvas


O gráfico mostra a percentagem de balanços auditados nos EUA com ressalvas de "going concern" (continuidade). O número mais elevado no início do milênio é consequência dos escândalos contábeis. O número de empresas é significativamente elevado (mais de 15 mil).

Fonte: Aqui

Controle das Organizações

O objetivo deste estudo é avaliar as principais características da tipologia de controle adotado nas organizações. O controle é o meio pelo qual os gestores influenciam as pessoas na direção da realização dos objetivos organizacionais e pode ser classificado em quatro tipos, a partir do seu contexto de atuação e de sua dimensão, segundo Gomes e Salas (2001): Familiar, Burocrático, Ad Hoc e Por Resultados. (...) Foram identificadas 13 empresas com Controle Familiar, 3 com controle Ad Hoc, 20 com controle Burocrático e 12 com controle Por Resultados. Os resultados revelam vários pontos de concordância entre os sistemas de controle das empresas pesquisadas e a literatura, e algumas discordâncias. Entre as características mais citadas destacam-se: controles e decisões centralizadas e o uso de controles internos formais. Os resultados mostram que a tipologia pode ser usada para entender os sistemas de controle das organizações, oferecendo informações de valor para apoio à tomada de decisão.

CARACTERISTICAS DE CONTROLE ORGANIZACIONAL DE EMPRESAS DA REGIÃO SUL DO BRASIL
Carlos Alberto Diehl; Elisangela Santos da Silva Boose; e Ernani Ott (Unisinos)

Remuneração de Executivos

A Tootsie Roll Industries apresentou vendas de meio bilhão de dólares no último ano. Já as receitas da Kraft Foods foram de 42 bilhões de dólares. Ou seja, são empresas completamente diferentes. Mas os executivos da Tootsie não acham isto. Tanto é assim, que eles decidiram usar a Kraft como parâmetro na forma como remunerá-los.

O caso da Tootsie é só um exemplo de como algumas empresas fazem para definir a política de remuneração. Geralmente favorável aos executivos e contrários aos interesses dos acionistas.

Esta questão é tratada, teoricamente, na teoria da agência. Por esta teoria, existirá uma divergência entre os interesses dos acionistas – geralmente agregação de valor – e os interesses dos executivos – melhores salários.

Uma forma de melhorar os seus salários é usar como parâmetro empresas onde os salários são naturalmente maiores. Um estudo comparou um parâmetro esperado (baseado no setor de atuação, no desempenho e outros fatores) e os parâmetros escolhidos pelas empresas na definição salarial.

Veja mais em: Theory & Practice: Picking Big 'Peers' to Set Pay --- Executive Compensation Is Often Skewed by Comparisons, Cari Tuna, The Wall Street Journal, 17/8/2009, J, B7

Realização de prejuízos

Palavra do gestor: A relutância dos investidores em realizar seus prejuízos
Jan Karsten

No Quinto Congresso Anbid de Fundos de Investimento, tivemos o prazer de ouvir os ensinamentos do Prêmio Nobel de Economia doutor professor David Kahneman. Em virtude da excelente apresentação realizada por ele, me pareceu oportuno trazer um tema comentado pelo professor e tão atual: a relutância que os investidores têm em realizar prejuízos.

O primeiro estudo para testar o efeito disposição, ou seja, a tendência a realizar ganhos antes de perdas, foi realizado em 1999 por Terrance Odean, professor de finanças da Universidade da Califórnia ( Berkley), várias vezes mencionado pelo Dr. Kahneman.

Em 2005, resolvemos realizar o mesmo teste efetuado pelo professor Odean aqui no Brasil. Para tal investigamos o padrão de comportamento de 12 mil investidores entre pessoas físicas, pessoas jurídicas institucionais e não-institucionais que transacionaram na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Este trabalho foi possível graças à BM&F Bovespa, que nos forneceu gratuitamente uma amostra aleatória de investidores que realizaram mais de 600 mil transações entre 2001 e 2004.

O efeito disposição foi encontrado em todos os anos e para todos os investidores, com exceção dos investidores institucionais no ano de 2004. Para validar esse resultado isolamos alguns fatores como: vendas motivadas pela tributação e vendas motivadas pelo rebalanceamento do portfólio. Para quem não acompanhava o mercado financeiro naquela época, três ações apresentaram expressivas perdas entre 2001 e 2004: Embratel, Telesp Celular e Globo Cabo. Esta última, por exemplo, veio de R$ 16 para algo próximo a R$ 1.

A expectativa que tínhamos é que isolando as transações com tais ações a disposição em realizar mais perdas iria subir, afinal a tendência do investidor com papéis que sofreram expressivas perdas é mantê-los até que retornem ao nível de aquisição. O fato é que essas ações não eram as únicas que sofreram perdas neste período e pudemos assim comprovar que a aversão a realizar perdas cria uma inércia, ou seja, um desejo muito forte em manter o portfólio de investimentos intacto.

O desejo de evitar o sentimento de arrependimento gera essa inércia dos investidores. Eles têm a expectativa de que a ação com perdas retornará ao preço de aquisição e portanto, preferem realizar pequenos lucros com algumas ações a realizar um grande prejuízo com uma única ação. Mesmo que a ação que acumula prejuízo tenha perspectivas inferiores às demais ações do portfólio.

O professor Kahneman também citou que psicólogos e neurocientistas estão convergindo na descrição de como o nosso cérebro funciona. Essa descrição faz distinção entre dois tipos de pensamento, um que é intuitivo e automático e outro que é refletivo e racional. O primeiro é muito comum entre os investidores pessoas físicas, o segundo é consistente entre os investidores institucionais que conseguem alocar a sua atenção de forma mais eficiente. Na sua visão existem dois tipos de investidores pessoas físicas: os que procuram montar um portfólio mais de longo prazo e os que são operadores ativos, comprando e vendendo frequentemente. No trabalho de Odean, ficou evidente que os investidores mais ativos tomam decisões de investimentos equivocadas, pois, na média, as ações de empresas que eles vendiam subia 3,4% a mais do que as ações de empresas que eles compravam.

Apesar de o Ibovespa ter acumulado mais de 27% de rentabilidade acumulada no período de 2001 a 2004, os investidores individuais acumularam mais perdas do que ganhos. Também mantiveram em suas carteiras, na média, uma ação por 100 dias úteis versus investidores institucionais, que seguraram uma ação por 213 dias úteis. O estudo do efeito disposição mostra que os investidores não têm a disciplina de analisar as ações que acumulam perdas e reavaliar se é o momento de se desfazer dessas ações em detrimento de novas com perspectivas melhores para o futuro. Isso foi comprovado por esse estudo com as ações de Embratel, Globo Cabo e Telesp Celular e, mais recentemente, com as empresas que realizaram aberturas de capital.

Usando as palavras do professor Kahneman, os investidores individuais operam demais e na média tomam decisões de investimento equivocadas. O professor reforçou que os assessores profissionais têm uma responsabilidade muito importante no aconselhamento de investidores, como: impor uma disciplina para investir para o longo prazo; não ficar monitorando excessivamente a carteira de investimento e evitar que os investidores desenvolvam um excesso de confiança.

Jan Karsten ,diretor de investimentos do Citibank Brasil
Valor Econômico – 20/8/2009

Links

A percepcao feminina de que «todo homem bom já está comprometido é igual a noção de que é impossivel bater o mercado da Hipótese Eficiente de Mercado

O que é liquidez?

Contabilidade Governamental nos tempos passados

Economia de escala em viver junto

21 setembro 2009

Rir é o melhor remédio

Na seção de horror, entre livros como O Exorcista, o déficit do orçamento


Fonte: aqui

Uso de fontes na graduação

Dentre as fontes de referência bibliográficas tradicionalmente utilizadas e recomendadas para o desenvolvimento de pesquisas e trabalhos científicos estão os textos que, antes de sua publicação, tenham sido submetidos a uma avaliação prévia sob a forma de peer-review ou blind-review. Esses sistemas geralmente consistem na utilização de dois ou mais pareceristas especializados que avaliam aspectos diversos do texto (tais como bibliografia utilizada, metodologia adotada e interpretação dos resultados obtidos). Essas formas de avaliação, usualmente utilizadas pelas revistas científicas, têm como objetivo garantir a qualidade dos textos publicados, constituindo em importante subsídio aos autores e editores, face às recomendações e sugestões efetuadas. Em que pese essa recomendação, verifica-se um uso cada vez mais freqüente, por parte dos alunos, de fontes não convencionais. Este trabalho buscou caracterizar o uso dessas fontes pelos alunos dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Economia, tanto em relação ao nível de utilização (comparativamente à literatura científica), quanto a alguns atributos qualitativos. Para isso, investigou-se o uso da literatura cinzenta (tendo como base o conceito adotado pela Ciência da Informação) e textos jornalísticos especializados pelos alunos de graduação dos cursos mencionados, fornecendo elementos que possibilitem estabelecer um maior entendimento e compreensão sobre o tema. Desenvolvida sob a forma de um survey, com 145 alunos de graduação que opinaram sobre 12 fontes de informação classificadas como literatura cinzenta, utilizou um instrumento de coleta de dados composto de nove assertivas que foram respondidas utilizando uma escala Likert. A partir dos dados coletados, foram obtidos parâmetros estatísticos descritivos, reunidos em quatro grupos, os quais foram comparados ao uso da literatura branca pelos mesmos alunos.

ESTUDO SOBRE O USO DE DOCUMENTOS NÃO CONVENCIONAIS PELOS ALUNOS DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS, ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS E ECONOMIA - Pedro Luiz Côrtes - USP



O resumo, infelizmente, não expressa de forma adequada a qualidade do artigo (e os seus resultados). Mas o trabalho é muito interessante. O autor encontrou que os alunos de graduação preferem (em uso e qualidade percebida) os jornais e revistas aos artigos científicos publicados. São considerados de pior qualidade as informações oficiais e de provedores privados de notícias.