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20 novembro 2008

Links

1. Raquel Welch aos 68 anos: bons gens ou bons médicos?

2. Raquel Welch na Wikipedia

3. Pegando a Lua – Fotografia Criativa


4. Um estudo de caso sobre o SFAS 141 e a confusão da contabilidade

Qual o objetivo de uma empresa?

Tradicionalmente ensinamos aos nossos alunos que o objetivo de uma empresa, sob a ótica financeira, é maximizar valor. A palavra Valor deve ser o foco de atenção de uma gestão. Na prática, no entanto, parece que isto nem sempre é verdade. Os gestores tendem o focar sua gestão em outro objetivo financeiro: maximizar receita.

Uma possível razão para que isto ocorra talvez esteja nas características comportamentais dos executivos, que consideram os negócios uma competição contra seus concorrentes onde ganha quem tiver a empresa com maior receita.

Na semana passada o mercado financeiro ficou sabendo da aquisição do Unibanco pelo Itaú. Com isto, a nova instituição financeira passou a ser a primeira em certos critérios, deixando o Banco do Brasil em segundo lugar. Qual a reação dos executivos do BB? Em lugar de observar a qualidade dos seus investimentos e preocupar-se com a agregação de valor, o foco passou a ser suplantar o novo líder.

Isto está muito claro na afirmação do presidente da república (lembre-se que o governo brasileiro ainda é o principal acionista do BB), que afirmou:

"O Banco do Brasil era o principal banco do Brasil. Com a fusão do Itaú e do Unibanco, o Banco do Brasil passou a ser o segundo banco e nós queremos que o Banco do Brasil seja muito maior do que qualquer outro banco no Brasil" (Empenhado em fazer BB voltar ao topo, Lula recebe governador de SP, Valor Econômico, 19/11/2008) [Um comentário próximo também saiu na Gazeta Mercantil, em Para Lula, Banco do Brasil tem de ser a maior instituição do País: "Queremos que o Banco do Brasil seja muito maior que qualquer outro banco do Brasil", 19/11/2008, Finanças & Mercados - Pág. 1, Ayr Aliski]


Os acionistas minoritários do BB perceberam que a busca pelo primeiro lugar no ranking pode não ser interessante sob o ponto de vista de valor da empresa (e valorização do preço da ação, por conseqüência):

A União Nacional dos Acionistas Minoritários do Banco do Brasil (Unamibb) considera que o governo está agindo por vaidade ao decidir a favor da compra do Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. "Com a fusão do Unibanco com o Itaú, Lula não quer que o BB caia do galho, mas crises não se resolvem assim. A crise financeira no mundo está associada à falha de regulamentação e não à falta de estatização", afirma a vice-presidente da Unamibb, Isa Musa.(Governo age por vaidade, diz associação de minoritários do BB , Estado de S. Paulo, 20/11/2008)

O futuro da Yahoo

Sobre o estilo de gerenciamento, um texto mostra como isto pode afetar o futuro de uma empresa:

Durante 17 meses, el cofundador y presidente ejecutivo Jerry Yang trató de enderezar a Yahoo con un simple mantra de gestión: conseguir que los altos ejecutivos dejaran de lado sus diferencias e hicieran lo que es mejor para la compañía. Pero fuentes dentro y fuera de la firma californiana dicen que la incapacidad de Yang para tomar decisiones difíciles en cualquier ámbito, desde temas de productos y acuerdos a cómo definir la compañía de Internet, puso en tela de juicio su competencia e impidió que Yahoo saliera de su oscuro túnel.

(...) La predilección de Yang por dejar que los empleados llegaran a un consenso en vez de tomar decisiones por sí mismo a veces lo perjudicó, creando debates improductivos entre el personal que no se traducían en resultados tangibles.

La junta también está buscando a un líder más involucrado en las discusiones, dicen personas cercanas. Mientras se negociaba con Time Warner Inc. la fusión con AOL, reinaba la percepción de que era reacio a apretar el gatillo, dicen fuentes. “Lo que Yahoo necesita es alguien que pueda tomar decisiones y al que no le incomode tomarlas rápidamente”, dice un ex ejecutivo.

El difícil futuro de Yahoo en la era post-Jerry Yang
Jessica E. Vascellaro y Joann S. Lublin
The Wall Street Journal Americas - 19/11/2008

Como mentir com Estatística

Este é o título de um conhecido livro que mostra como é possível engar o leitor com números e estatísticas. Na discussão sobre as montadoras, o governador de Michigan, Jennifer M Granholm, afirmou que o setor de automóveis nos EUA é responsável por 1 de cada 10 empregos naquele país. Ele completa afirmando que se esta indústria for a falência, existirá um severo efeito sobre a economia dos EUA. Temos aqui um exemplo simples de como mentir com a estatística, conforme destaca o NY Times (via J Perry, How Many Jobs Depend on the Big Three?)

Se as três grandes que estão em dificuldade possuem 48% do mercado, isto significa 1 de cada 22 empregos, não 1 de cada 10.

Quem defende e quem ataca a ajuda as montadoras

No universo dos economistas, alguns defendem a ajuda as montadoras e outros atacam. Em Big Three Bankruptcy: For and Against, R.M. Schneiderman faz a seguinte lista:

Pela Bancarrota:
- Mitt Romney
- Gary Becker
- David Brooks
- George Will
- Martin Feldstein
- Edward L. Glaeser
- Justin Fox
- Megan McArdle
- Andrew Ross Sorkin
- Steven Pearlstein

Contra
- Robert Samuelson
- Paul Krugman (search on ‘Motors’)
- Michael Gerson
- Jonathan Cohn
- Jeffrey Sachs

Sobre a crise nas montadoras


O texto a seguir traz um excelente resumo da situação das montadoras

Maior parque automotivo do mundo está falido
Valor Econômico – 19/11/08
O governo injetou crédito nos bancos das montadoras para evitar que sua falta derrube muito as vendas de carros. Em outubro, elas declinaram 11%, mas o mês foi atípico para a economia como um todo, com o agravamento da crise financeira internacional. A ajuda dos governos federal e estaduais, porém, não indica nem de longe que as montadoras estejam em apuros. Suas vendas serão recordes já com os resultados de apenas dez meses do ano: 2,44 milhões de carros. Com a desaceleração econômica, seu desempenho não será tão brilhante quanto os 30% de expansão anual dos últimos dois anos, mas ainda assim não serão desapontadores. Mercados emergentes, como o Brasil, Índia, China e Rússia, sustentaram as grandes montadoras mundiais em tempos difíceis. Algumas delas estão em franco declínio, especialmente na terra do automóvel, os Estados Unidos - General Motors, Ford e Chrysler não escaparão da bancarrota sem um auxílio do governo.

Desde o início de 2007, quando a DaimlerBenz desfez sua fracassada aliança com a Chrysler, a situação das montadoras americanas é pré-falimentar. De lá para cá elas sofreram pancadas que podem ser fatais. Até antes do agravamento da crise financeira, elas perderam receitas e posições de mercado por uma série de decisões erradas. Planos de aposentadoria ultragenerosos trouxeram uma conta demasiadamente pesada para a GM e a Ford em um momento em que a concorrência com os japoneses se acirrou. As "big three" de Detroit perderam fatias para os japoneses da Toyota em seu próprio mercado e sofreram cerrado ataque a suas posições nos demais mercados no mundo. Bem defendidas por um forte lobby em Washington, elas adiaram o quanto possível o desenvolvimento de novos modelos menos poluentes e, o pior de tudo, quando os altos preços do petróleo mostraram que haviam chegado para ficar, elas dependiam muito das receitas provenientes de veículos grandes e consumidores vorazes de combustível. Enquanto os agressivos concorrentes japoneses e europeus, como a Renault, buscavam carros econômicos e baratos, para atuar também nos mercados em ebulição dos países emergentes, as montadoras americanas continuavam enredadas com seu modelo caro de produzir carrões que os clientes passaram a rejeitar cada vez mais A crise financeira tornou insustentável uma situação financeira já crítica. GM, Ford e Chrysler foram abalroadas por um rápido declínio do mercado - queda de 15% nas vendas, que voltaram aos níveis dos anos 1980. Seus balanços não param de sangrar. No último trimestre, a GM perdeu US$ 4,2 bilhões e queimou US$ 6,9 bilhões de seu caixa para manter suas operações. O desempenho da Chrysler foi desesperador, com queda de 26% nas vendas. O Cerberus Capital Management, que a arrebatou da Daimler, procura vender a montadora e não encontra comprador. A negociação para fusão com a GM não prosperou por motivos óbvios - nenhuma delas tem mais recursos para investir e estão perdendo dinheiro como nunca. A GM já avisou a seus acionistas que só tem dinheiro para operar até o fim do ano. A ajuda governamental tornou-se necessária para evitar um drama inimaginável até então - a falência do tradicional parque automotivo americano, o maior do mundo. O presidente eleito, Barack Obama, quer ajudar as montadoras e algum pacote de auxílio - as necessidades imediatas das três beiram os US$ 50 bilhões - deve ser aprovado logo pelo Congresso. Muitos analistas da indústria consideram a concordata das empresas como uma falsa saída, já que haveria um abandono em massa dos consumidores para as montadoras concorrentes, diante de um futuro incerto. Outros estimam que a solução capitalista ideal, a quebra pura e simples, traria uma perda em impostos e empregos com um custo tão grande que os US$ 50 bilhões pareceriam nada. É bem possível que junto com o auxílio financeiro venha a demissão em massa dos executivos que contribuíram para que a indústria automobilística americana chegasse a um lamentável estado. O mapa da produção de carros continua mudando e o vácuo momentâneo aberto pelas companhias americanas abre chances antes impensáveis aos concorrentes.

19 novembro 2008

Rir é o melhor remédio



Fonte: Aqui

Links


1. 80 anos de Mickey Mouse

2. 100 maiores cantores do Pop: 1) Aretha Franklin, 2) Ray Charles, 3) Elvis Presley, 4) Sam Cooke, 5) John Lennon, 6) Marvin Gaye, ...

3. Novo símbolo da Anheuser-Busch agora Anheuser-Busch InBev [FIGURA]

4. O Boato voltou - A Microsoft pode comprar a Yahoo Microsoft & Yahoo: The Terrible M&A Strategy That Worked , Heidi N. Moore)

A fotos da Life


Para quem conheceu, a Life era o paraíso da fotografia. O seu arquivo, com mais de 10 milhões de fotos, está disponível no Google, através deste endereço (dica, via Lifehacker). A foto de Brasília e a Catedral.

Harmonização e Tributação

Mudanças contábeis: um divisor das águas tributárias no Brasil
Valor Econômico - 19/11/2008
Roberto Haddad (KPMG no Brasil)

Assunto dos mais quentes na área tributária hoje em dia, as mudanças seqüenciais e a toque de caixa que vêm sendo feitas na área contábil continuam sem respaldo na área tributária. Apesar disso, a cada nova orientação contábil aprovada em audiência pública, nota-se uma tendência real de harmonização dos princípios contábeis brasileiros às normas internacionais no curto prazo. E grande parte dessa harmonização já impacta os balanços do ano de 2008 a serem publicados no início do ano que vem. A grande questão é: isso vai aumentar a carga tributária das empresas?

Uma resposta simplista diria que não uma vez que a Lei nº 11.638, de 2007, que desencadeou esse processo de mudança das regras contábeis, e que alterou a Lei das Sociedades Anônimas de 1976, define que os lançamentos de ajuste efetuados exclusivamente para harmonização das normas contábeis não poderão ser base de incidência de impostos e contribuições nem ter quaisquer outros efeitos tributários.

O caso é que, na prática, através de uma análise mais profunda das mudanças que ocorrerão nos balanços, vemos que podemos estar diante de um aumento de carga tributária (indireta) dependendo, claro, da disposição e vontade dos legisladores e das autoridades fiscais. Isso porque, historicamente, a apuração dos impostos corporativos - notadamente imposto de renda e contribuição social sobre o lucro (CSLL) - segue a apuração do lucro líquido contábil, ainda que com alguns ajustes de adições e exclusões fiscais. Assim, a menos que haja ajustes específicos definidos na legislação tributária, qualquer mudança contábil gera uma mudança e impacto tributário.

Quando da edição da nova lei, muitos acreditavam que o Brasil estaria caminhando para a apuração dos impostos de uma forma parecida com o que ocorre em outros países como os Estados Unidos, ou seja, haveria dois balanços, um para a apuração contábil e outro para a apuração fiscal, com critérios e resultados diferentes. Enquanto o mercado especializado inteiro discutia esse assunto, a 10ª Região Fiscal da Receita Federal responde a uma consulta formal feita por um contribuinte tratando do efeito fiscal decorrente da mudança contábil trazida pela nova lei, no qual os incentivos fiscais reconhecidos pelas empresas beneficiadas deveriam ser contabilizados como receita - aumento do lucro - e não mais como reserva - conta patrimonial que não aumenta o lucro do período -, como era a prática contábil anterior. A conclusão do fisco foi que não há suporte legal para se excluir essa receita e, consequentemente, a mesma deveria ser tributada. Ora, mas e a disposição expressa que garante que não haverá impacto tributário em decorrência das mudanças contábeis para a harmonização internacional? Há outro caso de absoluta sensibilidade que se refere ao ágio pago por empresas que adquirem outras empresas por preço superior ao valor contábil. De acordo com a norma fiscal que vem sendo aplicada há anos, esse ágio, após um processo de incorporação, por exemplo, e dependendo do seu motivo econômico (expectativa de rentabilidade futura ou mais valia de ativos), pode ser amortizado e considerado dedutível na apuração fiscal. Essa possibilidade surgiu quando o país vivia o período das grandes privatizações, como um incentivo aos investidores que estavam adquirindo as empresas por valores muito superiores aos valores contábeis das empresas. E, não resta dúvida que a possibilidade dessa dedução continua sendo um dos grandes atrativos que o Brasil pode oferecer aos investidores nacionais e internacionais, especialmente em um país onde a elevada carga tributária, assim como sua enorme complexidade, não nos favorece quando comparamos as cargas e sistemas tributários de outros países.

A Deliberação nº 553 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprova o pronunciamento técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) nº 4, que trata de ativos intangíveis. De acordo com esse pronunciamento, o ágio derivado de expectativa de rentabilidade futura não pode ser amortizado por não poder ser identificável ou alocado aos ativos específicos da empresa adquirida. Caso não haja uma regra fiscal permitindo a utilização do referido ágio para dedução na apuração fiscal, acaba o benefício e o incentivo para os investidores, na maioria dos casos. Isso porque, em muitas aquisições, o ágio decorre dessa expectativa de lucros futuros da empresa adquirida, especialmente quando esta é uma empresa de serviços ou qualquer empresa cujo valor está na capacidade intelectual ou comercial das pessoas que lá trabalham e não nas cadeiras e portas do escritório.

Em termos práticos, na maioria dos casos, os preços das aquisições são baseados em cálculos financeiros direcionados para o que se chama de Ebitda ("earnings before income tax, depreciation and amortization") e para os lucros que aquele investimento vai gerar nos anos seguintes, avaliando-se em quanto tempo o valor investido poderá ser recuperado ("discounted cash flow"). Não precisamos entrar na discussão contábil sobre esse tema, mas devemos sim entrar na discussão fiscal, uma vez que, na essência, o negócio foi feito e o ágio foi pago com um sólido fundamento econômico o que, por sua vez, deveria permitir a dedução fiscal, considerando a regra fiscal atual - a Lei nº 9.532, de 1997 - e, independentemente da não-amortização para fins contábeis. O que preocupa mesmo é o fato que, mesmo tendo-se passado meses desde a edição da nova lei e, com tantas mudanças na área contábil, o fisco simplesmente não se manifesta, mantendo um incômodo silêncio que traz insegurança para todos os negócios e operações que estão sendo feitos nesse ano de 2008. A única manifestação, que ainda não pode ser considerada como sendo institucional por ter sido feita através de resposta a um contribuinte específico e por uma região fiscal específica, foi frontalmente contrário ao espírito da Lei nº 11.638, no que se refere aos impactos tributários das mudanças contábeis. Finalmente, aguarda-se com ansiedade e esperança um posicionamento formal do fisco brasileiro quanto aos reflexos fiscais de todas essas mudanças para a harmonização dos padrões contábeis brasileiros com os padrões contábeis internacionais. Também é esperado bom senso, na medida em que deve ser avaliado o momento de crise global que estamos presenciando. Nesse sentido, deveríamos aproveitar para fortalecer ainda mais o país como um participante relevante para onde os investidores devem ir. Poderia parecer incoerente termos um aumento de carga tributária indireta, decorrente do exposto neste artigo, em um momento onde os investimentos estão escassos e em que o Brasil deve se posicionar ativamente para aproveitar as oportunidades que possam surgir dessa crise.

Destruição de Capital

Segundo Will Wilkinson (Breathtaking Capital Destruction) na década de 1980 GM e Ford fizeram investimentos que destruiram em 465 bilhões o capital. Com este valor, GM e Ford poderiam fechar suas fábricas (deficitárias) e comprar as ações da Honda, Toyota, Nissan e Volks.

Em outra postagem (Making Sense on Detroit) Wilkinson lembra que um dólar investido em ações há 20 anos renderia três hoje; mas se investido na GM o seu valor seria 7 centavos.

Equador

Auditoria quer default da dívida externa do Equador
Valor Econômico – 18/11/2008

A comissão que auditou a dívida externa equatoriana disse que detectou irregularidades vinculadas a quase todas as emissões de bônus pelo país e que recomendará que o Equador declare default de sua dívida de US$ 10,3 bilhões. Após um ano de investigações, auditores descobriram "sinais de ilegalidade, abusos e ilegitimidade" nos contratos de empréstimos e processos de negociação, disse Hugo Arias, coordenador da Comissão Especial de Auditoria da Dívida Externa. Arias disse que a dívida tornou-se "um monstro gigante e impagável" e o não-pagamento dos compromissos relacionados com os bônus - em poder de governos estrangeiros, investidores privados e organizações multilaterais - será "um marco histórico para o país". No sábado, o Equador adiou o pagamento de US$ 30,6 milhões em juros relativos a bônus com vencimento em 2012, valendo-se de um período de carência de 30 dias para avaliar os resultados da auditoria que gerou um relatório de 30 mil páginas e deverá ser divulgado amanhã.

O anúncio fez despencar os bônus referenciais equatorianos e provavelmente congelará os já apertados fluxos de crédito e freará o interesse dos investidores nos setores petrolífero e minerador do país. Com a notícia, a Standard & Poor´s rebaixou em três níveis a classificação da dívida de longo prazo do Equador, para CCC. (...)


O texto é claramente favorável ao default da dívida. Mas Salmon (Ecuador Approaches Default, Felix Salmon, 18/11/2008) lembra que os títulos já estão por um preço baixo e que talvez o default não seja considerado em razão do elevado custo econômico (comércio multilateral, linha de crédito e problemas internacionais) para uma dívida relativamente pequena.

Mas o mercado está considerando isto fortemente pois o spread dos títulos do Equador (EMBI) é de 4.457 sobre o título do tesouro dos EUA (mais arriscado que o Paquistão - 2073 – ou Argentina, 1834). E agora o Equador não tem uma assessoria de advogados compatível com a dificuldade da discussão atual.

Olimpíadas

"Se soubéssemos o que sabemos hoje, teríamos nos candidatado?", indaga a ministra britânica Tessa Jowel , a propósito da realização dos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres. E responde: "Quase certamente que não". A ministra, encarregada de organizar os jogos, reflete o pensamento cada vez mais comum entre os inglesas de que, com a crise econômica, sediar as Olimpíadas pode não ser bom negócio.

Como informa a agência Lusa, o descontentamento dos ingleses começou a crescer quando o orçamento provisório da organização das Olimpíadas passou de £ 2,4 bilhões para £ 9,3 bilhões , quase quatro vezes mais. Os organizadores estão revendo o organograma de obras, e já admitem que o basquete ou as provas eqüestres possam não ocorrer nas infra-estruturas anunciadas.

Sete patrocinadores oficiais dos Jogos Olímpicos de Londres já assinaram contratos, mas ainda faltam £ 250 milhões. Na semana passada, o presidente da British Airways, Martin Broughton, disse que, se a crise tivesse sido antecipada, não teria assinado contrato.

Ingleses já vêem Olimpíada de 2012 como mau negócio
Gazeta Mercantil – 18/11/2008


E alguns políticos brasileiros insistem no Rio de Janeiro para 2016. De qualquer forma, é um assunto interessante para a contabilidade pública.

Estoques de Mercadorias e Crise

A crise trouxe algumas mudanças na gestão de estoque de algumas empresas. Como a cadeia de suprimento tornou-se mais global nos últimos anos, a crise terminou por atingir tanto pequenos quanto grande fornecedores. O Brasil como um país dependente das commodities para ter o seu equilíbrio financeiro, pode sentir os efeitos dos acontecimentos.

No jornal Financial Times de 17/11/2008 (Sum of the parts, Richard Milne, Asia Ed1, 12) este aspecto da crise mereceu uma análise detalhada e interessante. Uma frase de Aaron Davis, da Schneider Eletric, é interessante: “é fantástico como a conversação mudou nos últimos meses”.

As linhas de crédito nos bancos estão mais caras e a crise em grandes empresas pode impor corte no preço dos fornecedores e aumento de prazo para recebimento. Mas para evitar que a crise atinja a cadeia de suprimentos, algumas empresas estão pensando em criar linhas de crédito especiais para reduzir o risco dos fornecedores. Um exemplo ocorreu em 2002 com a Land Rover, quando o fornecedor de chassi faliu e a empresa parou a produção, a um custo de 12 milhões de libras.

Neste momento, as fraquezas do Just-in-time aparecem pois o problema com um elo da cadeia pode levar ao caos em todo sistema, afirma Milne. E os fabricantes ocidentais começam a analisar a substituição de empresas asiáticas distantes por produtores da Europa oriental e México. O efeito é o fechamento de mais de 67 mil indústrias na China no primeiro semestre do ano.

O texto afirma que a crise também pode induzir a redução nos níveis de estoque por dois motivos. Primeiro, é a expectativa de redução de preço dos insumos. Além disto, na crise, ter dinheiro em caixa é um sinal de saúde financeira; então, as empresas estão tentando aumentar caixa, sacrificando os estoques.

Valor Justo e o G-20

Segundo David Katz (G-20 Verdict on Fair Value: Innocent, CFO, 17/11/2008) “os demonstrativos financeiros marcados a mercado não foram citados em nenhuma parte como uma das principais causas do colapso das instituições financeiras.” Os defensores da contabilidade a valor justo estão mais tranqüilos.

A oposição forte estava ameaçando seriamente o FAS 157 do Fasb, uma regra controversa sobre a mensuração contábil. Mas para Patrick Finnegan, “existiu um grande consenso em torno do fato de que a crise não tinha relação com as demonstrações financeiras”.

Contabilidade e Investidor

(...) os contadores estão ali para contar o feijão e apresentar as informações, enquanto os investidores querem descobrir o que significam os feijões.

Em outras palavras, os investidores, mais o resto do mundo, querem saber imediatamente quão bem um negócio está indo. Logicamente, a melhor medida é quanto dinheiro tem sido obtido.


Two sides of the same coin affect accounts judgments, Jennifer Hughes
13 November 2008, Financial Times , Asia Ed1, 20

18 novembro 2008

Rir é o melhor remédio


Fonte: GraphJam

Links

1. As ações que compunham o SP 500 em 1957 (inclui 12 empresas de açúcar e 4 de cigarros)

2. Mais sobre o Plano de Adoção da IFRS proposto pela SEC nos Estados Unidos

3. Vamos deixar a GM Falir

4. Não vamos deixar a GM falir

5. GM vende suas ações na Suzuki para fazer caixa

6. A campanha para ajudar as empresas de automóveis

7. A proposta de adoção da IFRS pela SEC (Roadmap) coincidiu com a reunião do G20 em Washington


8. Pesquisa da The Economist sobre a democracia e o capitalismo na América Latina

Custo da IFRS: 32 milhões de dólares por empresa 2

Na opinião deste blog esta estimativa do custo do IFRS possui dois problemas. O primeiro, considera que os custos de implementação são totalmente variáveis, o que provavelmente não é verdadeiro. O segundo aspecto é que a estimativa diz respeito somente ao custo da empresa que está produzindo a informação, deixando de considerar o custo de treinamento do usuário. Neste custo de treinamento podemos incluir os professores das universidades e os analistas de investimento.

Ademais, nunca é bom esquecer que a fonte da estimativa tem um interesse genuíno na adoção das normas, o que leva a crer que o percentual esteja subestimado.
É difícil de acreditar numa estimativa de custo, inclusive em razão da dificuldade de se calcular este valor nas empresas.

Custo da IFRS: 32 milhões de dólares por empresa

Segundo Sarah Johnson e Marie Leone (SEC: Early IFRS Adoption Will Cost Firms $32M, CFO, 17/11/2008) a SEC estimou que as empresas irão gastar entre 0,125% a 0,13% da sua receita para fazer a transição do US GAAP para o IFRS no seu primeiro ano. No próximo ano, serão 110 empresas que usarão as normas internacionais, segundo o cronograma proposto pela SEC na sexta-feira.

Pela previsão da SEC, estes custos poderão cair nos anos seguintes. No custo previsto estão treinamento e mudança nos sistemas.

Já em IFRS Requires a Soft Touch (Marie Leone, CFO, 17 de novembro) possui um comentário de um especialista da PWC (empresa de auditoria e interessada na adoção da IFRS) de que a IFRS contem muitos conceitos usados no USGAAP e que é necessário aprender a aplicar o julgamento.