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16 setembro 2019

PCAOB

Continua a saga KPMG + PCAOB (leia um resumo aqui). David Middendorf, ex-sócio da KPMG, foi condenado a um ano e um dia de prisão. Se tiver bom comportamento, ele deverá ficar 10 meses na prisão. A promotoria pedia 3 anos de prisão. O juiz disse que o crime dele era de alguém que não tinha benefício para si, mas para seu empregador. Ele era responsável pela qualidade das auditorias da KPMG.


São cinco os executivos da KPMG envolvidos. Cynthia Holder, ex-líder de inspeções do PCAOB e que depois foi trabalhar na KPMG, recebeu uma pena de oito meses de prisão e deve começar a cumprir a pena em 15 de outubro. Além dos dois, Thomas Whittle, Brian Sweet e David Britt (será julgado em 21 de outubro). Os dois primeiros testemunharam contra Middendorf.

No PCAOB, Jeffery Wada, foi condenado. A KPMG deverá pagar uma multa de 50 milhões de dólares.

07 fevereiro 2014

Estados Unidos desistem do rodízio

O rodízio das empresas de auditoria é um dos temas mais polêmicos da contabilidade. Existem diversos argumentos favoráveis e contrários; bom argumentos, por sinal. Existem pesquisas. E dinheiro para o lobby das empresas.

A Europa recentemente optou por adotar o rodízio e deverá finalizar o processo em abril. Nos Estados Unidos, o Public Accounting Oversight Board tentou passar uma medida favorável ao rodízio no passado, mas encontrou resistência no legislativo.

Segundo a CFO parece que o PCAOB desistiu da ideia depois de três anos de luta. Numa reunião de orçamento com os membros da SEC, o presidente do PCAOB admitiu que o rodízio não deve acontecer naquele país, pelo menos por enquanto.

No passado o PCAOB tentou estabelecer um vínculo entre a qualidade da auditoria e a falta do rodízio. Entretanto, a resistência das empresas auditadas e das big four foi muito grande. Mais de 500 correspondências foram endereçadas ao PCAOB para desistir do conceito. E quase um quarto delas eram de executivos financeiros(CFOs).

25 abril 2012

O Lobby das Big Four

Um texto muito importante da Reuters (Insight: Big 4 auditors spend more than ever on U.S. lobbying, David Ingram e Dena Aubin, 13 Mar 2012) mostra a intensa atividade das grandes empresas de auditoria em defender seus interesses.

Segundo a Reuters, as empresas Deloitte, Ernst & Young, KPMG e Price gastaram no último ano 9,4 milhões de dólares em lobby. Este valor é o maior montante desde 2002, quando o setor esteve pressionado pelo problema da Enron.

A evolução dos gastos inclui também o aumento no número de lobistas registrados pelas empresas de auditoria. (Nos Estados Unidos a atividade é regulada)

Qual a finalidade dos gastos? Segundo a Reuters, o alvo é o PCAOB, entidade criada recentemente que pretende implantar o rodízio de auditoria nos Estados Unidos. O gráfico mostra o volume de gastos com atividade de lobby por empresa de auditoria.

Além da atividade de lobby, as empresas também fazem contribuições políticas. O mais beneficiado com as contribuições do setor foi o senador Spencer Bachus, que recebeu 370 mil dólares. O senador Bachus preside um comitê da Câmara legislativa dos EUA que supervisiona o PCAOB. Em retribuição, Bachus tem ameaçado o PCAOB na luta pelo rodízio, ameaçando retirar os poderes do PCAOB.

23 fevereiro 2019

Julgamento do caso KPMG e PCAOB

O PCAOB é a entidade que acompanha a qualidade do trabalho de auditoria nos Estados Unidos. É uma decorrência do escândalo da Enron. Todo ano, a entidade faz um relatório de inspeção das empresas. Em 2013, o relatório referente a KPMG foi muito ruim, com deficiências em 46% das auditorias da empresa de auditoria; no ano seguinte, o percentual foi um pouco maior, de 54%.

Para tentar resolver este problema de qualidade, alguns executivos da empresa nos Estados Unidos decidiram “contratar” alguns funcionários da entidade de fiscalização. E estes funcionários levaram algumas informações para a KPMG.

O caso foi descoberto e está em julgamento nos Estados Unidos. O fato é que a KPMG (ou melhor, alguns funcionários da KPMG) está sendo acusada de roubar informações secretas. Um agora ex-sócio, David Middendorf, está sendo acusado disto e de pressionar os funcionários contratados a mostrar as informações confidenciais. Isto inclui a cópia de documentos do computador do PCAOB para um disco rígido, manuais internos, formulários de comentários e alvos de inspeção do PCAOB em 2015. Uma das empresas que seria objeto de inspeção seria a Wells Fargo.

Middendorf chegou a lembrar aos funcionários contratados de onde vinha o salário e da necessidade de ser leal à KPMG. Mesmo com depoimentos contrários, Middendorf declara-se inocente da acusação de conspiração e fraude eletrônica. O processo pode conduzir a prisões, de mais de 20 anos, e multas.

10 dezembro 2016

Fato da Semana: Deloitte do Brasil é multada

Fato: Deloitte do Brasil é punida pelo PCAOB

Data: 5 dezembro de 2016

Histórico

2011 = A Deloitte faz auditoria do balanço da Gol. A empresa tinha encontrado alguns problemas, mas mesmo assim deu um parecer limpo.
2012 = O PCAOB faz uma fiscalização de rotina, analisando o trabalho dos auditores. Funcionários da Deloitte do Brasil começam a alterar muitos documentos para ocultar os problemas encontrados. Um deles, que buscava uma progressão dentro da empresa, tinha interesse em não deixar transparecer os problemas.
2016 = PCAOB divulga o resultado, incluindo uma multa pesada para a Deloitte do Brasil, recorde da história da entidade de fiscalização. Consta também a proibição de tomar novos clientes.

Relevância: Trata-se da maior multa já aplicada pelo PCAOB por problemas com um trabalho de auditoria. A punição ocorreu após diversos funcionários terem prestado juramento falso, com alteração de documentos sobre um trabalho realizado no passado e tentativa de obstrução de investigação. A empresa foi condenada não somente pelo que não fez (parecer limpo, quando deveria ser com ressalva), como pelo que fez. O recorde é algo bem triste e mostra como a notícia é relevante.

Notícia boa para contabilidade? São contadores brasileiros, com registros nos conselhos de classe e que ainda estão no mercado.

Desdobramentos - A empresa pagou para encerrar o caso. Reconheceu o mérito da questão. Mas os profissionais serão punidos? Neste tópico tentamos imaginar o que irá ocorrer e não existem razões para acreditar que registros serão cassados, demissões ocorreram e investigações serão conduzidas.

Mas a semana só teve isto? Sim.

14 julho 2021

Ainda a renovação do PCAOB


O site Político divulga duas informações importantes sobre a substituição dos membros do PCAOB, entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. 

Para o site, trata-se de uma vitória política, liderada principalmente pela senadora Elizabeth Warren, que sinalizou que pressionaria por uma mudança ainda maior. O foco é que o PCAOB esteja junto na campanha para forçar as empresas a divulgarem a influência nas mudanças climáticas.

O segundo fato é que dirigir o PCAOB garantiu a Duhnke um dos empregos mais cobiçados em Washington. O motivo? Um salário de US$670 mil por ano. 

Foto: Paul Skorupskas

02 março 2019

KPMG e PCAOB

  • A KPMG contratou funcionários do regulador de empresas de auditoria nos Estados Unidos
  • Com isto, a empresa teve acesso a lista de fiscalização
  • Em 2017, Diana Kunz delatou o esquema. Três funcionários envolvidos já se declararam culpados.
  • O julgamento de dois deles está ocorrendo agora nos EUA

No passado, a empresa KPMG contratou funcionários da PCAOB, entidade responsável por supervisionar as empresas de auditoria nos Estados Unidos. O julgamento de David Middendorf está ocorrendo neste momento. No final de fevereiro o julgamento começou e deve continuar na quarta de cinzas.

Em fevereiro de 2017, Jeffrey Wada, funcionário do PCAOB que queria um emprego na KPMG, leu para Cynthia Holder, diretora executiva da KPMG e sua ex-colega no PCAOB, a lista de empresas que seriam inspecionadas pelo regulador. Holder repassou a informação para seu chefe, Brian Sweet, sócio da KPMG, que compartilhou com seu chefe, Thomas Whittle, partner e responsável pela inspeção, que, finalmente, repassou para Middendorf.

O esquema começou a desmoronar quando a lista passou a ser compartilhada com mais pessoas. Uma destas pessoas, Diana Kunz, partner em Chicago, que foi quem delatou a atividade ilícita na empresa de auditoria.

Holder, Sweet e Whittle já se declararam culpados.Britt, outro acusado, deve ser julgado em outubro. Agora estão sendo julgados Middendorf e Wada.

Fonte: Aqui

05 janeiro 2014

Resistência na mudança do Relatório de Auditoria

O PCAOB é uma entidade criada após o escândalo da Enron para melhorar a qualidade da indústria da auditoria nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB faz um trabalho de fiscalização e normatização. Recentemente a entidade tentou discutir, sem sucesso, a questão do rodízio das empresas de auditoria.

O PCAOB propôs também uma discussão sobre os relatórios de auditoria, a primeira mudança substancial desde a década de 40. A filosofia é aumentar o número de informações existentes nestes relatórios. A proposta da entidade enfrenta oposição dos comitês de auditoria, das empresas de auditoria e, surpreendente, dos preparadores das demonstrações contábeis.

Segundo o Journal of Accountancy, os preparadores das demonstrações contábeis estão considerando a proposta do PCAOB uma ameaça à sua responsabilidade. O parecer da auditoria deve ser sucinto e informações adicionais deveriam ser produzidas e divulgadas pelos preparadores. A opinião destes preparadores conta, em muitos casos, com o respaldo da própria empresa. O receito é que os auditores sejam a fonte original de informação sobre a empresa, que possa existir sobreposição de informação e inconsistência dos relatórios entre as empresas, dificultando a análise comparativa.

07 julho 2011

Ernst & Young

A atuação da Ernst & Young Terco Auditores Independentes no Brasil passou isenta de ressalvas na última inspeção concluída pelo Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas (PCAOB, na sigla em inglês), regulador americano de contabilidade.
Esse é o primeiro resultado divulgado da segunda rodada de fiscalização do órgão no país e se refere a uma investigação realizada entre abril e maio de 2009.
Na primeira rodada, cujos relatórios foram divulgados no ano passado, o PCAOB apontou problemas na atuação brasileira de todas as quatro grandes de contabilidade – Deloitte, PricewaterhouseCoopers, KPMG e Ernst & Young -, além da BDO.
Os primeiros resultados foram referentes a investigações realizadas pelo regulador nas auditorias no final de 2006.
Na ocasião, o órgão americano encontrou, no caso da E&Y, falhas em dois de três trabalhos examinados. Sem revelar o nome das empresas, a PCAOB concluiu que os auditores da empresa “não obtiveram comprovação suficiente para dar base às suas opiniões sobre as demonstrações financeiras” dos clientes.
Fonte: Marina Falcão- Valor Econômico

09 agosto 2020

Contabilidade de empresas chinesas

O governo Donald Trump emitiu ontem suas recomendações para impedir que as companhias chinesas que não se enquadrarem nas normas contábeis dos EUA sejam listadas nas bolsas americanas. (...) 

As medidas forçarão a remoção das bolsas americanas das ações das companhias chinesas auditadas por firmas cujos trabalhos não podem ser analisados pelo Conselho de Supervisão de Assuntos Contábeis das Companhias Abertas dos EUA (PCAOB), por causa das restrições do governo chinês. 

Há anos o PCAOB não consegue analisar as auditorias das companhias chinesas que possuem ações listadas em bolsas americanas. Pequim proíbe a autoridade reguladora americana de inspecionar as firmas de auditoria no país e também o compartilhamento de documentos de auditorias internos. (...)

Fonte: aqui. (Cartoon: aqui)

Há anos esta reclamação - sobre a qualidade das demonstrações contábeis das empresas Chinesas - existe. O caso da Luckin (aqui e aqui) mostrou a dimensão do problema. Existe uma possível solução:

As recomendações do governo Trump preveem uma alternativa às chinesas, a contratação de um auditor adjunto fora da China, possivelmente uma instituição baseada nos EUA e de dentro do mesmo grupo auditor, possibilitando assim ao PCAOB outros meios para analisar as auditorias. A proposta recomenda a retirada das ações de empresas que não se enquadrarem na exigência até 1º de janeiro de 2022, e a proibição de novas listagens sem o cumprimento dessa regra, o que passaria a valer imediatamente.

14 novembro 2020

Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas


Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos. 

Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.  

Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.  

Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias. 

O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.  

Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum

Cartoon via aqui

11 novembro 2022

Auditorias de empresas chinesas com ações negociadas na bolsa

Segunda a Bloomberg (via aqui), as autoridades na área de auditoria nos Estados Unidos concluíram a primeira fase da inspeção de empresas chinesas com ações negociadas no mercado acionário americano. Funcionários do PCAOB estiveram em Hong Kong, cumprindo um cronograma previsto entre os dois países. Mas ainda não é possível afirmar se existe ou não aprovação da contabilidade das empresas, já que este é um estágio inicial do trabalho do PCAOB.

O trabalho começou em setembro e logo no início as autoridades chinesas solicitaram a ocultação de nomes, endereços e salários, informou a Bloomberg. Mas os funcionários que estavam fazendo a inspeção de auditoria tiveram acesso aos documentos.

O trabalho do PCAOB é previsto na legislação dos EUA desde 2002, mas a China e Hong Kong negavam o acesso às informações. Uma nova lei, de 2020, forçou um compromisso das autoridades chinesas, já que existia o risco de deslistagem das empresas asiáticas da bolsa.

18 janeiro 2020

Efeito colateral da inspeção de auditoria

 A presença e a possibilidade de inspeção, por parte do PCAOB, faz com que a empresa de auditoria concentre seus esforços nos clientes de maior risco, deixando de lado os clientes de menor risco.

Veja que é algo como acontece com um professor que orienta dois alunos: aquele com maior risco de ser reprovado talvez tenha mais atenção do professor. Mas nem sempre é isto que ocorre: sabendo disto, o professor pode focar no melhor aluno e deixar abandonado o "caso perdido". O que ocorre mais?

No caso do auditor, há um risco reputacional. Isto pode fazer com que a conclusão da pesquisa pareça meio óbvia, mas é algo novo sobre a forma como o auditor trabalha.


I provide theory-based causal evidence on the effects of risk-based regulatory inspections, modeled after the PCAOB's, on auditor behavior in a multi-client setting where clients with relatively higher misstatement risk ("higher-risk" clients) have a higher risk of being inspected than clients with relatively lower misstatement risk ("lower-risk" clients). I predict and find inspections increase auditor effort, but only for higher-risk clients. Inspections impair auditors' decision performance for lower-risk clients relative to a regime without inspections and relative to higher-risk clients within an inspections regime, ceteris paribus. Theory-based process model results show inspections increase auditors' perceived inspection risks, which increase auditor effort for higher-risk clients, but also increase auditors' task-related anxiety resulting in decreased decision performance for lower-risk clients. Notwithstanding the previously-identified benefits, this study identifies potential unintended consequences of risk-based regulatory inspections.

Lori Shefchik Bhaskar (2019) How do Risk-Based Inspections Impact Auditor Behavior? Experimental Evidence on the PCAOB's Process. The Accounting Review In-Press.  

11 setembro 2019

Cão ou Cãozinho

O PCAOB é uma entidade criada para fiscalizar as empresas de auditoria. Entretanto, apesar do grande número de "falhas" que foram constatadas na fiscalização (gráfico), raramente as empresas são punidas.



Um relatório divulgado pelo Project on Government Oversight (POGO) mostra este histórico. Em 16 anos, o PCAOB apresentou somente 18 processos contra as maiores empresas. O valor das multas foi de 6,5 milhões de dólares. O POGO calculou que se o PCAOB cobrasse as multas máximas o valor seria de 1,6 bilhão.

Dos 31,1% casos com problemas, somente 6,6% renderam alguma punição. A KPMG, líder em erro, não foi multada uma única vez. Em 2017, esta empresa tinha um índice de baixa qualidade de 50%. Ou seja, para cada 2 clientes, em um o trabalho foi inadequado.

"Temos um cão de guarda que se parece cada vez mais com um cãozinho.", diz John Coffee, da Columbia Law School

Leia mais aqui

01 novembro 2011

PCAOB x Big Four

Felix Salmon questiona o papel do PCAOB diante das grandes empresas de auditoria. Um dos problemas é justamente o fato das empresas serem reduzidas: uma investigação mais pesada pode reduzir este número para três grandes empresas. Isto torna o grupo dos quatro grandes impunes, incentivando os erros e a falta de profissionalismo. Além disto, existem problemas de conflito de interesses, já que parte dos membros do PCAOB já foram empregados das empresas de auditoria. Isto faz com que este órgão demore 41 meses para divulgar a avaliação da Deloitte.

15 agosto 2013

Relatório do Auditor

Diante dos diferentes casos onde as empresas de auditoria falharam em indicar problemas com as empresas auditadas, os reguladores voltaram sua atenção para o relatório de auditoria (ou parecer de auditoria, como queiram). Há anos o texto não sofre grandes alterações, mas isto poderá mudar.

O PCAOB, entidade que regula a auditoria nos Estados Unidos, depois de vários relatórios apontando deficiências nos trabalhos realizados pelas auditorias, resolveu tentar melhorar a qualidade deste texto. Segundo Michael Rapoport, do Wall Street Journal (New Rules Expected for Annual Audit Reports, 12 de agosto de 2013) ainda não está claro o que o PCAOB pretende. E está esperando que os próprios auditores digam o que podem fazer para melhorar o relatório. Uma das possibilidades é que o texto indique se a contabilidade da empresa é agressiva ou não.

Entretanto o WSJ indica que o problema pode estar no modelo de negócios: as empresas contratam e pagam seus auditores, o que faz com que exista certo ceticismo sobre a relação entre empregador e empregado.

Apesar da iniciativa do PCAOB é possível perceber que a mudança ainda levará certo tempo: existirá um período para comentários públicos e mais discussão.

(Fonte do Cartoon aqui)

29 outubro 2010

Auditoria

Um texto sobre auditoria. No final, minhas observações:

Passada quase uma década do estouro dos primeiros escândalos financeiro-contábeis em importantes empresas norte-americanas, que culminou com a edição da Lei Sarbanes-Oxley (SOX) em 2002, muito se avançou no controle e na regulação das atividades dos diretores executivos e gerentes financeiros das companhias e, por conseguinte, da atuação das firmas de auditoria.

Nos Estados Unidos, além da "per review" [1] (revisão pelos pares), ou seja, aquela em que as auditorias examinam umas às outras, existe uma outra revisão realizada pelo Conselho de Supervisão de Contabilidade de Companhias Abertas (PCAOB), que analisa todas as firmas de auditoria cujos clientes tenham papéis negociados no mercado daquele país.

Aqui no Brasil, a revisão pelos pares é feita desde 1º de janeiro de 2002 (Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 910, de 2001) e, de lá para cá, vem se tornando cada vez mais rigorosa. Se apenas 19 empresas foram revisadas sem ressalvas e recomendações, naquele primeiro ano, em 2008, nenhuma ficou isenta de pontos de recomendação. [2]

A atividade de auditoria ainda não alcançou o índice de excelência almejado
É um dado bastante sintomático, que evidencia a adoção de maior rigor nas empresas revisadas. Muito embora essa revisão seja extremamente proveitosa para a melhoria da qualidade de auditoria, alguns setores a vêem com ceticismo. Do ponto de vista conceitual, tem-se razão, pois uma das regras básicas de um bom sistema de controle interno é a que estabelece que "quem executa não pode conferir", algo completamente justificável, até pelo temor do corporativismo.

Ainda comparando os dois extremos do levantamento, enquanto em 2002 foram emitidos 186 pareceres sem ressalva com recomendações, que equivalem a 71% da amostra, em 2008 apenas 56% das empresas revisadas tiveram um parecer emitido sem ressalvas, mas com recomendações.

Esse alto índice de pareceres revela que os usuários externos não precisam, em princípio, ter receio de corporativismo na revisão pelos pares, face ao elevado índice de pareceres com ressalvas e adversos no ano de 2008, (42% e 2%, respectivamente) [3]. Isso, no entanto, demonstra que a profissão de auditoria ainda deve trilhar um longo caminho para alcançar a excelência pretendida.

Recentemente, a imprensa divulgou que três das maiores empresas de auditoria tiveram seus trabalhos ressalvados após a revisão de seus papéis de trabalho pelo PCAOB, evidenciando que a melhoria não deve ocorrer apenas nas empresas de menor porte.

Argumentou-se que as demonstrações contábeis, no final das contas, estavam adequadamente representadas. Ora, tal afirmação não é uma justificativa aceitável, pois os procedimentos de auditoria não foram suficientes, e se as demonstrações contábeis não estivessem dentro do padrão, o auditor não teria sido capaz de detectar o erro.

Dessa forma, quando o auditor é contratado ele deve estar ciente que os honorários exíguos [4] não podem ser limitadores na aplicação dos procedimentos de auditoria para dar a segurança necessária ao profissional.

A atividade de auditoria em nosso país, de uma forma geral, ainda não alcançou o índice de excelência almejado e isso ocorre por diversos motivos: contratação de profissionais que estão no início da universidade, prejudicando a educação formal e o seu crescimento profissional, e os treinamentos insuficientes após a conclusão da universidade. Neste item, o programa de educação continuada para os auditores tem propiciado grande melhoria na formação dos profissionais. [5]

Além disso, é possível dizer que a extrema concorrência e a inexistência de cartelização [6] propiciam honorários incompatíveis [4] com o exercício profissional do auditor. Honorários insuficientes trazem como consequência falta de retenção de talentos e sobrecarga de trabalho, na qual os auditores disputam com orgulho quem foi o auditor que debitou mais horas no mês. Isso prejudica o desenvolvimento profissional e pessoal, ainda mais em uma atividade que requer grande dose de atenção, desenvolvimento intelectual e relacionamento interpessoal.

A implantação das normas contábeis e de auditoria sem prazo suficiente para sua assimilação [7] é outro forte motivo a se enfatizar, paralelamente à falta de fiscalização por órgão semelhante ao PCAOB por parte da Comissão de Valores Mobiliário (CVM) e à falta de professores com dedicação exclusiva [8]. Ainda hoje grande parte dos profissionais que lecionam em universidades possui a atividade de professor como uma segunda função.

Sobre cada um dos motivos expostos é possível descrever suas causas e desenhar algumas soluções, como a contratação de graduandos em ciências contábeis apenas quando estes estiverem no último ano e em regime de estágio, além do fortalecimento do programa de educação continuada não só para os auditores, mas também para os contadores. A criação de um órgão privado para fiscalização do trabalho de auditoria e a fiscalização com base em métricas dos honorários contratados são também boas demandas.

A partir desse complexo diagnóstico crítico sobre a auditoria no Brasil, certamente a qualidade do trabalho do auditor melhorará paulatinamente, trazendo a clientes e investidores mais confiança no profissional que analisa todas as informações contábeis e financeiras da empresa. É um longo caminho a se trilhar, não tenham dúvida.


Regulação mais rígida para as auditorias - Outubro 27,2010 - Valor Econômico - Marco Antonio Papini

[1] peer review. Ver mais aqui
[2] Há uma confusão no argumento: o aumento no número não significa maior rigor. Em geral é verdade, mas nada garante que ocorreu neste caso.
[3] É verdade. Mas uma explicação alternativa é o receio de processo.
[4] O setor de auditoria é um mercado como outro qualquer. Não é válida esta lamentação.
[5] É uma afirmação sem comprovação. Veja esta postagem que mostra uma pesquisa onde não se encontrou esta relação.
[6] Falar que não existe "cartel" em auditoria é questionável. O nome "big four" diz muito sobre isto.
[7] Isto é verdadeiro. Parece claro que o processo de implantação foi tumultuado.
[8] É interessante esta posição. Em geral as pessoas nas universidades acreditam que para ser um professor de auditoria é necessário ser também profissional.

22 janeiro 2018

PCAOB e KPMG

No primeiro semestre de 2017 postamos que um funcionário da entidade sem fins lucrativos PCAOB, responsável por fiscalizar as empresas de auditorias, repassou informações sobre a fiscalização que estava ocorrendo na KPMG.

Hoje a Reuters informou que foram três funcionários da PCAOB. Dois deles se transferiram para a KPMG e levaram informações confidenciais com eles. Outro tentou deixar a entidade e não conseguiu. Um deles se declarou culpado. Com a informação repassada, a KPMG reforçava os aspectos que estavam sendo investigados. Assim, faz parte da acusação a empresa de auditoria através de três funcionários. Eles se declararam inocentes. No ano passado a própria KPMG demitiu funcionários em razão do escândalo.

02 agosto 2012

Comité de Auditoria

Estamos comemorando dez anos da Sarbox, lei aprovada em 2002, nos Estados Unidos, após os escândalos contábeis da Enron e WorldCom.

Uma das novidades da Sarbox foi a criação de uma entidade de supervisão de empresas de auditoria - o PCAOB.

Agora o PCAOB enfatizou o papel do Comitê de Auditoria no processo de controle das empresas. A entidade apresentou na sua página um modelo de perguntas do comitê de auditoria para os auditores. Outro aspecto é que o PCAOB está incentivando que este comitê tenha acesso aos resultados de inspeção desta entidade, onde são apresentadas as críticas aos trabalhos dos auditores.

12 maio 2017

Lobby para minar a SOX

As quadro grandes empresas de auditoria - Deloitte, EY, KPMG e Price - e a AICPA estão usando o momento político dos Estados Unidos para tentar mudar a Lei Sarbanes-Oxley, segundo afirma Francine McKenna. Esta lei, também conhecida como Sarbox ou SOX, foi aprovada em 2002 e alterou a forma de trabalho das empresas de auditoria.

Com a vitória de Trump abriu-se a oportunidade de reverter algumas reformas implementadas nos últimos anos. O atual presidente dos Estados Unidos é claramente favorável a redução de regras que “impedem” os negócios. Para a área de auditoria, a SOX é um obstáculo. Este conjunto de regras surgiu após os problemas com a empresa Enron e o trabalho incompetente da empresa de auditoria Arthur Andersen. Ambas entidades não existem mais, mas os efeitos dos problemas da Enron e da Andersen foram sérios, a ponto de levar a criação da SOX.

Segundo McKenna, as empresas de auditoria e a AICPA desejam voltar no tempo onde não existia uma entidade que regulasse as suas atividades. Segundo dados apresentados por McKenna, somente a Deloitte gastou 560 mil dólares no primeiro trimestre de 2017 na atividade de lobby. As outras empresas também estão fazendo “investimentos” pela alteração das normas, o que poderia, eventualmente, incluir a extinção do PCAOB.

Outro problema é a pressão exercida no passado para separar a auditoria da consultoria. Duas das grandes empresas de auditoria desfizeram da área de consultoria em razão da pressão ocorrida logo após a falência da Enron. Afinal, a atenção que a Andersen deu a consultoria pode ter provocado as falhas cometidas na Enron. Mas a área de consultoria é vantajosa e tem um crescimento bastante interessante. Por isto, as restrições de fazer auditoria e prestar serviço de consultoria representam um obstáculo para o crescimento das Big Four. O que se observa mais recentemente é a retomada dos serviços de consultoria.

No final de 2015, a Reuters revelou que as Big Four fizeram lobby para minar o presidente do PCAOB. Recentemente, sócios das empresas em diversos países, inclusive no Brasil, foram punidos pelo PCAOB. E um funcionário desta entidade repassou informações sobre fiscalização para a KPMG. Os problemas da Big Four com os reguladores não param e isto pode ser um indutor para o lobby das empresas de auditoria.