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20 setembro 2025

Consensus na pesquisa científica contábil


O app Consensus é um instrumento de pesquisa acadêmica com inteligência artificial. Os artigos considerados são buscados em mais de 200 milhões de textos. Os estudos podem ser filtrados por país, por tipo de pesquisa, entre outros. 

Isso é um instrumento poderoso, mas é necessário ter o devido cuidado. Há viés de publicação, falta de pesquisas de certos locais e idiomas, os resumos usados podem deixar de lado aspectos específicos da pesquisa ou seus pressupostos e, naturalmente, a ferramenta pode cometer erros. 

A saída é bem didática, apontando uma escala de consenso (sim, possivelmente, inconcluso e não), as evidências e uma conclusão geral.  

Nas próximas postagens, vamos submeter o Consensus a algumas perguntas cruciais para a contabilidade.  

Confiança demais na predição


Nongqawuse (c. 1841-1898) (foto, direita) foi uma profetisa Xhosa que viveu na África do Sul. Quando tinha 15 anos, afirmou ter tido visões de ancestrais que pediam que sua comunidade Xhosa destruísse seus bens, matando o gado e destruindo as plantações. Como recompensa, os colonizadores europeus seriam expulsos e a vida iria melhorar.

As pessoas da comunidade obedeceram e mataram entre 300 mil e 400 mil cabeças de gado, somente em um clã, e pararam de cultivar. Como consequência, a fome matou muitas pessoas, e somente a população da colônia Cafraria Britânica caiu de 105 mil para 27 mil. Com a fome, os britânicos tomaram facilmente o território do povo Xhosa.

Um dos grandes riscos de acreditar, de forma acrítica, em predições é a criação de expectativas irreais que podem conduzir a decisões desastrosas. No campo contábil, algumas informações produzidas se apoia em estimativas, projeções e julgamentos sobre o futuro. Quando tratadas como verdades absolutas, tais predições podem iludir gestores e investidores, levando-os a acreditar em cenários que nunca se concretizarão. 

18 setembro 2025

Fim da busca do Google


A crescente popularidade de modelos de linguagem, como o ChatGPT, está mudando a forma como as pessoas pesquisam informações online, desafiando a supremacia do Google. Usuários relatam recorrer cada vez mais a essas ferramentas para tarefas cotidianas, de planejar viagens a escrever e-mails, devido à praticidade de respostas diretas em vez de múltiplos links. Segundo a Demandsage, o ChatGPT já atrai cerca de 800 milhões de usuários semanais, o dobro de fevereiro de 2025. Pesquisas da Datos mostram que quase 6% das buscas em desktops em julho foram feitas em LLMs, mais que o dobro do ano anterior. Embora o Google afirme que seu uso segue crescendo, admite ajustes, lançando funções como AI Mode e AI Overviews. Especialistas sugerem que o futuro será híbrido: LLMs para síntese e personalização, buscas tradicionais para transações e verificação.

Obituário e o espelho da sociedade

Uma pesquisa nos obituários expôs um retrato da nossa sociedade:


A forma como as sociedades lembram os mortos pode revelar o que as pessoas valorizam em vida. Analisamos 38 milhões de obituários dos Estados Unidos para examinar como os valores pessoais são codificados em legados individuais e coletivos. Usando a teoria dos valores humanos básicos de Schwartz, constatamos que tradição e benevolência dominaram as reflexões sobre legados, enquanto valores como poder e estimulação apareceram com menor frequência. Grandes eventos culturais — os ataques terroristas de 11 de setembro, a crise financeira de 2008 e a pandemia de COVID-19 — foram associados de forma sistemática a mudanças nas reflexões de legado sobre valores pessoais, com segurança diminuindo após o 11/9, realização caindo depois da crise financeira e benevolência declinando por anos após o início da COVID-19 e, até o momento, ainda não retornando ao patamar anterior. Gênero e idade dos falecidos também se ligaram a diferenças no legado: homens foram mais lembrados por realização, poder e conformidade, enquanto mulheres foram mais lembradas por benevolência e hedonismo. Pessoas mais velhas foram lembradas mais por tradição e conformidade do que as mais jovens. Esses padrões se deslocaram dinamicamente ao longo do ciclo de vida, com obituários de homens mostrando mais variação relacionada à idade do que legados de mulheres. Nossas descobertas revelam como os obituários servem como cápsulas do tempo psicológicas e culturais, preservando não apenas legados individuais, mas também indicando o que a sociedade norte-americana valoriza coletivamente em relação a uma vida bem vivida.

Fonte: aqui, via aqui 

Campeonato de lançamento de pedras


O World Stone Skimming Championships é um torneio anual realizado na ilha de Easdale, na Escócia. A competição já é tradicional e ocorre da seguinte maneira: cada pessoa deve lançar pedras planas sobre a superfície da água, fazendo-as quicar o maior número possível ou percorrer a maior distância no lago da antiga pedreira da ilha.  

As pedras devem ser da ilha, planas, com no máximo 7,62 centímetros de diâmetro. Antes do lançamento, a pedra deve passar por um anel de metal, que garante o tamanho máximo permitido. Das três tentativas de cada participante, apenas o melhor resultado é considerado. 

O evento ocorre desde 1983 e consegue atrair centenas de competidores. Mas no torneio de 2025 levantaram-se suspeitas que os competidores adulteraram as pedras, lixando-as, o que não é permitido. O vencedor conseguiu lançar sua pedra na distância de 177 metros. 

Foto: aqui 

Enquanto você dormia...

Um estudo recente (via aqui) investiga como desastres naturais influenciam o comportamento de membros do Congresso dos EUA. Os autores analisaram mais de 1.500 projetos de lei entre 2005 e 2017, observando que, nos dias logo após uma catástrofe, os congressistas são mais propensos a votar de acordo com os interesses de doadores especiais (lobbyistas) do que nos dias anteriores. 


Especificamente, a adesão às posições dos doadores sobe de cerca de 80 % para aproximadamente 86 % nos primeiros dois dias após o desastre, retornando ao normal após cerca de três dias. O estudo também usa análise de notícias por aprendizado de máquina para mostrar que a cobertura política cai nesse período, criando uma janela de menor escrutínio público. O trabalho sugere que momentos de crise podem ampliar a influência de interesses particulares sobre decisões legislativas.

Contabilidade afetando a sustentabilidade

Um novo estudo está desafiando suposições de longa data sobre o papel da contabilidade nos negócios, sugerindo que os registros financeiros podem ajudar a impulsionar o desenvolvimento sustentável, em vez de simplesmente relatar transações. A pesquisa, publicada no International Journal of Managerial and Financial Accounting, discute como os sistemas de informação contábil podem ser adaptados para ajudar as organizações a reduzir custos ao mesmo tempo em que avançam metas ambientais e sociais.

Desenvolvimento sustentável é a prática de atender às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas. Isso exige equilibrar três fatores: proteção ambiental, bem-estar social e, claro, economia. Este estudo argumenta que os sistemas contábeis podem ser alinhados a essas prioridades para ajudar as empresas a equilibrá-las, revelando ineficiências, orientando investimentos e oferecendo previsões confiáveis.

Os pesquisadores se basearam em dados de profissionais de contabilidade e auditoria de diversas organizações. Sua análise estatística mostra que, quando informações orientadas à sustentabilidade são integradas aos sistemas contábeis, as empresas ficam mais bem posicionadas para reduzir custos de produção, cortar desperdícios e diminuir suas emissões de gases de efeito estufa. Por exemplo, ao acompanhar não apenas os gastos financeiros, mas também impactos ambientais, como uso de energia ou descarte de resíduos, as empresas podem identificar


custos ocultos que a contabilidade tradicional pode negligenciar. Isso pode permitir um planejamento de recursos mais eficaz e aumentar a inovação no design de produtos ou nos processos de manufatura.

Os resultados também reforçam a importância de desenvolver normas contábeis que incorporem explicitamente a sustentabilidade. As práticas contábeis convencionais foram projetadas principalmente para investidores, credores e reguladores, portanto focaram em lucratividade e solvência. A contabilidade sustentável requer uma perspectiva mais ampla e exige a integração de medidas não financeiras — como emissões de carbono, uso de água e condições de trabalho — nos mesmos sistemas de reporte que acompanham vendas ou despesas. A evolução dos sistemas contábeis nessa direção ajudará empresas e formuladores de políticas a enxergar o quadro mais amplo dos custos e benefícios de suas atividades.

Fonte: aqui. Imagem aqui