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01 julho 2025

Em discussão a Estrutura Conceitual do Setor Público

O CFC colocou em audiência pública as minutas das novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP). Entre elas a NBC que trata da Estrutura Conceitual, na sua primeira revisão. O objetivo é promover o alinhamento com as normas internacionais.


Parece que existiu uma preocupação com esse alinhamento, o que pode ser interessante. Fazendo uma rápida leitura, percebi uma evolução enorme. Eis um trecho importante:

A estrutura conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a elaboração e a divulgação dos Relatórios Contábeis de Propósito Geral das Entidades do Setor Público (RCPGs), os quais devem ser elaborados com base no regime de competência.

(Fica a pergunta sobre a legalidade dessa redação, dentro da existência da Lei 6404). Outro trecho interessante: 

A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. 

Esse trecho também está presente na EC da contabilidade financeira. O regulador fez uma grande ginástica para manter o termo prudência na estrutura, sem deixar de "apoiar" a neutralidade. 

O CFC quer receber comentários até o final de julho. Ou seja, deu 30 dias de prazo para que as pessoas possam ler e refletir sobre o assunto. (Foto: aqui)

Ganho de produtividade com IA

 

Tendo por base uma pesquisa com mais de quatro mil pessoas, o ganho de tempo com o uso de IA não pode ser desconsiderado. A pesquisa foi realizada com tarefas típicas do trabalho. A escrita, por exemplo, que o contador precisa fazer para produzir um relatório, ganhou um tempo substancial: de 80 minutos em média para 25 minutos. 

Dinheiro público para radio (e televisão) faz sentido?


A partir de uma reflexão de Bryan Caplan sobre o financiamento público da radiodifusão pelo governo, podemos também pensar no uso de verbas públicas no Brasil para empresas de rádio e televisão. Caplan parte de algo óbvio: o número de alternativas disponíveis para uma pessoa, em termos de conteúdo audiovisual, aumentou significativamente nas últimas décadas. Qual seria, então, a razão para o contribuinte financiar conteúdo que a maioria das pessoas jamais irá consumir?

Outro ponto é a captura ideológica. No entanto, há argumentos favoráveis à manutenção desses gastos. Um deles é que o valor destinado é reduzido. Mas é importante lembrar que a eliminação de gastos inadequados pode resultar na redução de outras coisas igualmente "desagradáveis", como os impostos.

O exemplo de Caplan também ilustra a inflexibilidade das despesas públicas, uma vez que certos gastos, como o financiamento de emissoras de rádio e televisão, tendem a se perpetuar independentemente da mudança nas condições tecnológicas, na demanda da população ou na existência de alternativas mais eficientes. Mesmo diante disso, o Estado continua destinando recursos a um modelo de comunicação que já não atende à maioria dos contribuintes. Essa rigidez orçamentária dificulta o redirecionamento de verbas para áreas mais prioritárias e reforça a ideia de que, uma vez estabelecido, um gasto público é difícil de eliminar — ainda que seu benefício marginal seja cada vez menor.

Foto: aqui

30 junho 2025

Fortuna no lixo


Em 2013, James Howells, um britânico de Newport, País de Gales, descartou acidentalmente um disco rígido contendo cerca de 8.000 bitcoins — hoje avaliados em aproximadamente 742 milhões de dólares. Desde então, ele travou uma longa batalha com as autoridades locais para obter permissão para escavar o aterro sanitário municipal onde acredita que o disco foi parar. Após anos de tentativas, planos elaborados e até propostas milionárias para financiar a busca, o conselho municipal negou definitivamente a autorização. Com isso, a busca foi oficialmente encerrada, e a fortuna perdida permanece irrecuperável.

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Sentimento e Economia através das pinturas ao longo do tempo


O resumo é promissor: 

Este artigo analisa 630.000 pinturas produzidas a partir do ano 1400 para investigar como a arte visual reflete seu contexto socioeconômico. Os autores desenvolvem um algoritmo de aprendizado para prever nove emoções básicas expressas em cada obra e isolam um “efeito de contexto” — ou seja, o sinal emocional compartilhado entre obras criadas no mesmo local e ano — controlando por influências do artista, gênero e época. As distribuições dessas emoções codificam informações sutis, porém significativas, sobre os padrões de vida, a incerteza ou a desigualdade do contexto em que as obras foram produzidas. Os autores propõem essa medida baseada em emoções, derivada de obras de arte históricas, como uma nova forma de examinar como as sociedades vivenciaram grandes transformações socioeconômicas, incluindo variabilidade climática, dinâmicas comerciais, mudanças tecnológicas, transformações na produção de conhecimento e transições políticas.

A arte tem muito para dizer sobre uma época. E traduz os sentimentos, como na figura abaixo, retirada do artigo. Há emoção no quadro. 


A seguir, a identificação dessa emoção através do "calor" do software, onde a raiva (figura f) está nítido na expressão em torno dos olhos. 


Quando analisaram por país e ao longo do tempo, a arte reproduz esses sentimentos. Veja o caso do medo: 


O texto completo está aqui. Lembrou do livro de Jacob Soll, onde ele usa pinturas, ao longo do tempo, para contar um pouco sobre a história da contabilidade. 

Fórmula especial


O filme F1: The Movie, uma superprodução financiada pela Apple, estreou com grande repercussão global. Com um orçamento estimado entre US\$ 200 milhões e US\$ 300 milhões. A Apple financiou a produção e manteve os direitos de streaming para sua plataforma Apple TV+

Além disso, a detentora dos direitos da corrida está apostando que o filme possa reverter um recuo na popularidade da F1 no maior mercado de esportes do mundo, os Estados Unidos. A falta de competição em um campeonato recente reduziu o interesse. 

Mas o desempenho da Fórmula ainda é tímido em comparação a outros esportes: a NFL trouxe quase 7x mais receita do que a Fórmula 1 no ano passado, mesmo o automobilismo tendo 825 milhões de fãs em todo o mundo. 



Derrotando Barbie, Transformers e Hello Kitty


A Pop Mart, empresa chinesa de brinquedos colecionáveis, superou em valor de mercado gigantes como Mattel (Barbie), Hasbro (Transformers) e Sanrio (Hello Kitty), alcançando cerca de US\$ 34 a 46 bilhões. Seu sucesso se deve ao modelo de vendas “blind-box” — caixas surpresa com bonecos de design exclusivo — e à popularidade de personagens como o elfo Labubu, descrito como “feio, mas fofo”. Celebridades como Rihanna e Dua Lipa ajudaram a impulsionar a fama da marca globalmente, gerando filas e frenesi em lojas de cidades como Londres, Los Angeles e Seul. Em 2024, a Pop Mart dobrou suas vendas para US\$ 1,8 bilhão e triplicou seus lucros, sendo negociada a 33 vezes o lucro esperado, o que indica forte confiança do mercado. Apesar disso, analistas apontam que a sustentabilidade do crescimento depende de inovação constante e da expansão internacional, que hoje representa 39% das vendas.