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31 maio 2025

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Babbage

Babbage, Charles (1792–1871) - O matemático e cientista inglês Charles Babbage demonstrou a primeira calculadora mecânica prática do mundo, sua “máquina diferencial”, em 1822. Seu computador, ou “máquina analítica”, nunca foi construído durante sua vida, mas foi posteriormente montado e provado funcional. A máquina possuía todos os componentes essenciais de um computador moderno, incluindo um sistema de entrada por cartões perfurados, um sistema de cálculo binário e memória externa para armazenamento.

Assim como Adam Smith, Babbage era fascinado pelas economias que podiam ser alcançadas por meio da divisão do trabalho, e considerava que todas as civilizações avançadas haviam progredido ao racionalizar a produção dessa forma. Sua obra On the Economy of Machinery and Manufactures (1832) foi provavelmente o primeiro trabalho em inglês sobre a gestão científica de fábricas. Utilizando como exemplo a fabricação de alfinetes, Babbage dividiu a produção em sete etapas básicas, para cada uma das quais calculou o tempo e o custo de produção de uma libra de alfinetes, o custo de mão de obra por dia e “o preço de fabricar cada parte de um único alfinete, em milionésimos de penny”.

Embora não estivesse diretamente preocupado com a contabilidade de custos, Babbage enfatizava a necessidade de análise e controle de custos. Ele compreendia que o custo unitário de fabricação de um produto varia conforme o número de itens produzidos, e demonstrava o efeito dessas variações no custo total das máquinas. Babbage considerava o desgaste das máquinas um custo legítimo de produção e propôs que a depreciação fosse calculada e registrada.




Michael Chatfield - The History of Accounting

Confesso que não imaginei que Babbage poderia fazer parte da lista, mas ao ler o verbete fica claro que ele tinha um bom entendimento da contabilidade de custos.

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Barbarigo


 

Barbarigo, Andrea (†1449) - Andrea Barbarigo foi um comerciante veneziano de importação. Seus livros contábeis (1431–1449) fornecem o exemplo veneziano mais antigo conhecido de uma contabilidade de empreendimentos já madura. O tratado "Particularis de Computis et Scripturis" (1494), de Luca Pacioli, descreve um sistema contábil essencialmente igual ao de Barbarigo.

O diário e o razão são integrados. As contas do razão são referenciadas entre si, e ao lado de cada lançamento no diário há referências às páginas do razão onde esses lançamentos foram registrados. Os débitos e créditos são identificados pelas palavras "per" (para débito) e "a" (para crédito), respectivamente. Os valores monetários são colocados em uma coluna rudimentar à direita.

Barbarigo registrava em uma mesma conta de algodão todos os embarques feitos por um determinado agente, mesmo que estivessem distribuídos ao longo de vários anos. Para importações mais frequentes, como tecidos ingleses, ele abria uma nova conta para cada lote recebido e a mantinha aberta até que todo o lote fosse vendido.

Como seu negócio não era contínuo no sentido moderno — e diferentes viagens apresentavam diferentes chances de sucesso — ele determinava os lucros separadamente para cada empreitada, raramente tendo motivo para encerrar ou equilibrar seus livros. Preparou balancetes em 1431, 1435 e 1440, e depois deixou as contas em aberto até sua morte em 1449. Seu filho Nicolo manteve um livro razão de 1456 a 1482, mas fechou o balanço apenas uma vez, em 1482, quando o livro estava cheio.

Michael Chatfield - The History of Accounting

O retrato está em um Museu da Virginia. Há um estudo de 1944 sobre Barbarigo publicado pela John Hopkins Press e aqui uma critica. Uma extensa descrição de sua vida pode ser encontrada aqui, que crava 1399 como ano de nascimento. Há outro artigo aqui, com muitos detalhes contábeis.

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Dumarchey


Jean Dumarchey (1874-1946) foi um teórico francês da contabilidade, conhecido por sua abordagem científica e econômica da área. Ele defendia que a contabilidade era uma ciência social, que utilizava a matemática como instrumento e estava relacionada com outras ciências, como filosofia, economia e sociologia. Dumarchey argumentava que a contabilidade deve ser organizada cientificamente, considerando seu objetivo fundamental: o controle do valor econômico da empresa. Em 1913 lança o livro Teoria Positiva da Contabilidade, um dos três livros que foram traduzidos para o português. Ele fazia parte da escola Neocontista, segundo Lopes de Sá. Segundo Dumarchey, conta é toda classe de unidade valor, sendo o valor a pedra angular da contabilidade.
Ele entendia as partidas dobradas através da seguinte regra: quem recebe é debitado e quem entrega é creditado. Durante sua vida publicou artigos na Revista de Contabilidade e Comércio de Portugal, indicando que teve uma grande influência sobre a contabilidade portuguesa. No Brasil sua influência se dá através do Lopes de Sá. 

Não há uma fonte única que explore de forma adequada a vida e obra de Dumarchey. Para elaboração dessa postagem, consultei aqui, aqui e aqui

30 maio 2025

Tecnologia e a captura de carbono

Uma nova inovação em captura de carbono é uma boa notícia para o planeta — e para as Big Techs


Engenheiros do MIT anunciaram, na terça-feira, que desenvolveram membranas de nanofiltração para ajudar a resolver o gargalo que limita os métodos atuais de captura de carbono. Simplificando, os sistemas de captura e armazenamento de carbono (CCS) dependem de duas reações: uma que remove o CO2 diluído do ar e outra que libera o CO2 puro do sistema para ser armazenado. Quando os íons que alimentam essas reações se misturam, eles produzem água, o que torna o processo menos eficiente.

De acordo com o artigo, as novas membranas de filtração, que funcionariam separando esses íons, poderiam tornar os sistemas CCS seis vezes mais eficientes e reduzir os custos em até 30%. Embora a redução do CO2 atmosférico seja uma grande vantagem para o meio ambiente, ela também, paradoxalmente, beneficia as indústrias poluidoras que compram créditos de carbono para cumprir metas de sustentabilidade.

A captura de carbono está se tornando um grande negócio. Algumas das maiores (e mais poluentes) empresas do mundo passaram a depender de créditos de carbono para atingir suas metas de emissão líquida zero. Atualmente, essas compensações são, em sua maioria, soluções naturais, como projetos de reflorestamento, mas houve um aumento significativo no uso de sistemas de captura e armazenamento de carbono (CCS) recentemente.

No mês passado, a Agência Internacional de Energia (IEA) informou que, embora o primeiro trimestre de 2025 tenha registrado mais de 50 milhões de toneladas métricas de capacidade de captura e armazenamento de CO₂ em operação, a projeção é de um forte crescimento, alcançando cerca de 430 milhões de toneladas métricas até 2030.

Uma das principais forças por trás do crescimento acelerado dos projetos de CCS é a impressionante expansão das Big Techs. Segundo uma análise da Carbon Brief, empresas de tecnologia como Microsoft e Apple geralmente utilizam uma proporção maior de créditos de remoção de carbono em comparação com outros setores, como petróleo ou aviação, e a demanda só tem aumentado à medida que esses gigantes investem pesado em data centers de alto consumo energético para sustentar a inteligência artificial.

No seu relatório de perspectivas para os mercados globais de carbono em 2025, a Bloomberg destacou que o volume de contratos de créditos de remoção de carbono aumentou 74% no ano passado, previu que esse volume dobrará este ano e detalhou que, sozinha, a Microsoft comprou quase dois terços dos novos contratos no ano passado, o equivalente a cerca de 5,1 milhões de créditos de remoção de carbono.

Fonte: aqui

Mas será que o desenvolvimento tecnológico não inibirá as iniciativas ambientais que estão planejadas? 

Revisão automatizada faz sentido

Da newsletter da Zeppelini Publishers:


Frequentemente descrita como a “espinha dorsal” da ciência moderna, a revisão por pares tem como objetivo validar os achados científicos antes de sua publicação. No entanto, o crescimento exponencial da produção científica nas últimas décadas colocou esse modelo sob forte pressão. (...)

Diante desse cenário, ganha força o debate sobre o uso da inteligência artificial como alternativa para acelerar e qualificar o processo de revisão por pares. Mas até que ponto essa automação é possível, ética e eficaz? Qual é o potencial transformador da IA na revisão científica?

A promessa mais imediata da IA é a redução drástica do tempo necessário para triagens e revisões técnicas. Sistemas como o eLife’s SIFT, por exemplo, utilizam IA para verificar conformidade com critérios editoriais, destacando inconsistências e lacunas. Com isso, realizam uma pré-avaliação em menos de dez minutos, um processo que levaria horas para um editor humano.

Outro caso relevante é o da Frontiers Media, que utiliza algoritmos para detectar duplicações, erros estatísticos, citações inadequadas e conflitos de interesse. Em 2021, a empresa reportou que essa abordagem reduziu em até 40% o tempo médio entre submissão e publicação.

Ferramentas antiplágio como Turnitin, iThenticate já são amplamente utilizadas para identificar similaridades textuais, paráfrases indevidas e possíveis plágios. Além disso, sistemas como o StatReviewer avaliam automaticamente a correção de métodos estatísticos usados, apontando erros comuns em testes de hipóteses, regressões e amostragens.

A IA também pode contribuir para identificar fabricação de dados, uma prática difícil de detectar manualmente. O algoritmo ImageTwin, por exemplo, foi desenvolvido para identificar reutilização de imagens em artigos científicos, como figuras de microscopia ou Western blots, aumentando a confiabilidade de pesquisas visuais. (...)

Sistemas de IA são tão imparciais quanto os dados que os alimentam. Se os datasets usados para treinar algoritmos privilegiam publicações em inglês, de revistas ocidentais e de autores consagrados, há risco de perpetuar desigualdades regionais, linguísticas e institucionais. Uma pesquisa da Nature (2022) apontou que algoritmos de ranqueamento automático favoreceram 20% mais artigos de autores dos Estados Unidos e da Europa Ocidental em relação a autores de países em desenvolvimento.

Apesar dos avanços de modelos como o GPT-4 e o Claude, a IA ainda não compreende significado da mesma forma que humanos. Ela pode identificar erros formais, mas não avaliar originalidade, relevância teórica ou impacto social de uma pesquisa. Isso é especialmente crítico em ciências humanas, onde a subjetividade e o contexto são essenciais.

Decisões tomadas por IA devem ser explicáveis e auditáveis. No entanto, muitos sistemas operam como “caixas-pretas”, com critérios complexos e pouco transparentes. Isso levanta as seguintes perguntas: se um algoritmo rejeita um artigo com base em critérios automatizados, quem responde pelo erro? Como o autor pode apelar ou questionar essa decisão?

A ausência de regulamentação clara agrava o problema. Atualmente, não há consenso internacional sobre o papel permitido da IA na avaliação científica, embora iniciativas estejam surgindo, como as diretrizes do Committee on Publication Ethics (COPE). (...)

Dado o cenário, é prudente defender uma automação parcial e supervisionada da revisão por pares, focada nas tarefas mais repetitivas e suscetíveis a erros humanos. Isso inclui triagem técnica inicial (estrutura, metadados, formatos, referências); verificação estatística e de plágio; sugestão de revisores com base em aprendizado de máquina; e resumo automático do conteúdo para editores humanos.

Com isso, os revisores humanos podem se concentrar na análise crítica, teórica e ética do artigo, garantindo um equilíbrio entre agilidade e qualidade. Essa abordagem colaborativa já está sendo adotada em revistas como a PLOS One e IEEE Access, com resultados promissores. (...)

O futuro da revisão por pares deve ser tecnologicamente assistido, mas essencialmente humano. Inteligência artificial pode ser nossa aliada, desde que guiada por inteligência ética e científica. Afinal, a ciência não avança apenas com precisão: ela precisa também de discernimento. 

Parece que é inevitável a IA no processo e as questões levantadas são pertinentes. Imagem aqui

Ranking do nível de educação no mundo


Este gráfico, via Niccolo Conte da Visual Capitalist (via aqui), mostra os países com as populações mais educadas, medidos pelo número e por parte de adultos com idades entre 25 e 64 anos que têm um diploma de bacharel ou superior. Os dados são provenientes da CBRE Research, utilizando os últimos números disponíveis a partir de 2023.

Se observar bem, o Brasil aparece lá embaixo, com 21,5%, acima da Itália, Índia e China, mas bem abaixo dos 52,4% da Irlanda, o pais mais educado do mundo

Nome

Seja um bebê, uma empresa, um papa ou um produto, dar nomes às coisas é difícil.

Quando Mark Zuckerberg quis mudar o nome do Facebook para refletir melhor suas aspirações no metaverso, provavelmente uma equipe de marketing foi contratada por uma montanha de dinheiro para chegar a… Meta. A Aberdeen Asset Management, que administra mais de 670 bilhões de dólares, retirou as vogais de seu nome em 2021, tornando-se abrdn, por razões que só ela entende, antes de devolver as letras este ano. A Netflix foi duramente criticada por tentar usar Qwikster como nome do seu serviço de DVDs, a Radio Shack achou que se chamar The Shack traria de volta seus dias de glória, e a Pizza Hut já brincou com alguns nomes — todos odiados pelo público.

Algumas empresas simplesmente desistem e começam a usar nomes próprios comuns para suas marcas e produtos. Tem a Dave, uma empresa de seguros; Jasper, que ajuda a escrever textos de marketing; Claude, um chatbot de IA; e Alexa, a assistente robótica da Amazon — um produto que fez a popularidade do nome despencar após seu lançamento em 2015.




Então, depois que você finalmente tem um nome reconhecido por bilhões de pessoas ao redor do mundo, mudar isso da noite para o dia parece ser um experimento de altíssimo risco. Ainda assim, foi exatamente isso que Elon Musk fez em um domingo de julho de 2023, quando anunciou que faria um rebranding completo do Twitter — após ter gasto 44 bilhões de dólares na plataforma menos de um ano antes — para X.

Se os dados do Google servirem de referência, só agora as pessoas estão começando a lembrar do novo nome com mais frequência, já que nas últimas semanas as buscas por “x login” finalmente superaram as por “twitter login”.

Com base, então, nessa análise nada científica, parece que de 18 a 24 meses é, aproximadamente, o tempo necessário para reformular o nome de um produto na mente do público em geral. Mas, claro, esses são apenas os usuários que estão tentando acessar a plataforma via Google — para muitos outros, provavelmente, sempre será o Twitter... ou, pelo menos, “X, anteriormente conhecido como Twitter.”
 

Fonte: aqui