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16 dezembro 2024

Citação e raça

 Eis o resumo em português:

Este artigo investiga a existência de disparidades raciais na disseminação de ideias, utilizando a rede de citações de artigos em economia. Com base em um conjunto de dados abrangente de mais de 330.000 publicações entre 1950 e 2021, combinado com dados coletados manualmente dos currículos de milhares de economistas, documentamos que artigos de autores não brancos (negros, hispânicos ou asiáticos) recebem de 5,1% a 9,6% menos citações do que aqueles de autores brancos.  A diferença nas citações persiste, ou até aumenta, com o avanço na senioridade do autor e nos indicadores convencionais de qualidade, sendo especialmente pronunciada para autores negros. Além disso, artigos de autores não brancos têm menor probabilidade de atuar como pontes de citação e são menos frequentemente citados por artigos altamente citados, conforme medido pelos índices de centralidade, o que limita tanto sua influência direta quanto indireta.  Nossa análise indica que essa disparidade não pode ser atribuída a diferenças na qualidade da pesquisa, habilidade do autor ou visibilidade. Em vez disso, ela é amplamente impulsionada pela homofilia nos padrões de citação e por clusters raciais nas redes, onde estudiosos tendem a citar autores do seu próprio grupo racial.  Esses resultados podem ser explicados por um modelo teórico simples, no qual os custos de citação e as preferências no processo de revisão por pares influenciam o comportamento de citação. Em seguida, apresentamos evidências sugestivas de que a redução de fricções informacionais — diminuindo, assim, o custo de citação — poderia reduzir a lacuna racial nas citações em até 50%.  Finalmente, usando processamento de linguagem natural, destacamos a complementaridade entre grupos raciais na pesquisa e discutimos as potenciais perdas causadas pelas barreiras raciais na difusão de ideias.

Eis um trecho da Tabela 1:



Ao contar, mudamos o que conta


Eis o resumo, via tradução GPT:

As pessoas frequentemente se baseiam em métricas numéricas para tomar decisões e formar julgamentos. Embora números possam ser difíceis de processar, levando à sua subutilização, eles são particularmente adequados para comparações. Será que as pessoas decidem de forma diferente quando algumas dimensões de uma escolha são quantificadas e outras não? Exploramos essa questão em 21 experimentos pré-registrados (8 no texto principal, N = 9.303; 13 no suplemento, N = 13.936) envolvendo decisões gerenciais, de políticas públicas e de consumo. Os participantes enfrentam escolhas que envolvem trade-offs (por exemplo, escolher entre funcionários, um dos quais tem maior probabilidade de promoção, mas menor probabilidade de retenção), e randomizamos quais dimensões de cada trade-off são apresentadas numericamente e quais são apresentadas qualitativamente (usando estimativas verbais, visualizações discretas ou visualizações contínuas). Demonstramos que as pessoas sistematicamente mudam suas preferências em direção às opções que se destacam em dimensões de trade-off apresentadas numericamente — um padrão que chamamos de "fixação na quantificação". Além disso, mostramos que essa fixação tem consequências financeiras — ela surge em tarefas de contratação com incentivos reais e em decisões de doação para caridade. Identificamos um mecanismo-chave que sustenta a fixação na quantificação e modera sua intensidade: ao fazer julgamentos comparativos, essenciais para decisões envolvendo trade-offs, informações numéricas são mais fluídas do que informações não numéricas. Nossos achados sugerem que, ao contar, mudamos o que conta.

Rir é o melhor remédio

Pior é que isso é verdade. 
 

15 dezembro 2024

Energia nuclear e a emissão de carbono


As grandes empresas de tecnologia são grandes consumidoras de energia, através dos seus centros de dados. Isso tem impacto não somente no custo, mas também nos objetivos ambientais. Uma possível solução é a energia nuclear, que possui uma baixa geração de carbono. 

A Meta, controladora do Facebook e Instagram, fez um pedido de propostas para desenvolvedores que possam implementar reatores nucleares até o início da década de 2030, visando fornecer entre um a quatro gigawatts de energia. 

Outras gigantes da tecnologia, como Microsoft, Amazon e Google, também estão considerando a energia nuclear como uma opção para atender às crescentes demandas energéticas de suas operações.

Física e estatística, Brasil e Chile

De Gellman (Physics is like Brazil, Statistics is like Chile)


Se você quer fazer pesquisa em física, precisa fazer várias aulas de matemática, várias aulas de física e depois estudar ainda mais na pós-graduação... A fronteira da pesquisa está longe, e leva muito tempo para chegar até lá. É como o Brasil: você chega na praia, atravessa a cidade e as fazendas, e leva um bom tempo até alcançar um território inexplorado.

Em contraste, em estatística, os problemas abertos são muito mais acessíveis, e é possível fazer pesquisa imediatamente. Estatística é como o Chile: você está na praia e, com apenas alguns passos, chega às montanhas.

Caso haja alguma dúvida, isso é uma metáfora: eu nunca estive na América do Sul e estou apenas usando uma perspectiva do mapa-múndi sobre esses países, não uma avaliação realista do que é estar lá! O ponto é que, sim, em estatística você se depara com problemas de pesquisa ativos o tempo todo (como aqui), até mesmo em trabalhos aplicados que podem parecer rotineiros. É só importante estar aberto à possibilidade. Lembre-se de quando falei sobre a importância da “capacidade de se incomodar, de reconhecer anomalias pelo que elas são”? Historicamente, isso também tem sido verdade na física, assim como na estatística. Mas os problemas difíceis na física são tão complexos e tão profundos na área que é necessário muito mais esforço para esperar fazer progresso neles.

Estatística é um campo menos maduro; além disso, é tanto engenharia quanto ciência, e nunca estamos muito longe da fronteira da pesquisa.

Humildade do cientista e confiança na ciência

Eis a tradução do resumo (feita pelo GPT):

A confiança pública nos cientistas é crucial para a nossa capacidade de enfrentar ameaças à sociedade. Aqui, em cinco estudos pré-registrados (N = 2.034), avaliamos se as percepções sobre a humildade intelectual dos cientistas afetam a confiabilidade percebida dos cientistas e de suas pesquisas. No estudo 1, descobrimos que considerar os cientistas como mais humildes intelectualmente estava associado a uma maior percepção de confiabilidade nos cientistas e a um maior apoio a crenças baseadas na ciência. Em seguida, demonstramos que descrever um cientista como tendo alta (versus baixa) humildade intelectual aumentava a percepção de confiabilidade do cientista (estudos 2–4), a crença em suas pesquisas (estudos 2–4), as intenções de seguir suas recomendações baseadas em pesquisa (estudo 3) e o comportamento de busca por informações (estudo 4). Também demonstramos que esses efeitos não foram moderados pelo gênero (estudo 3) ou pela raça/etnia do cientista (estudo 4). No estudo 5, testamos experimentalmente abordagens de comunicação que os cientistas podem usar para transmitir humildade intelectual. Esses estudos revelam os benefícios de se perceber os cientistas como intelectualmente humildes em tópicos de ciência médica, psicológica e climática.

14 dezembro 2024

Em defesa das revisões sistemáticas

Na área de contabilidade, há uma excessiva valorização de "novas" pesquisas, enquanto revisões sistemáticas são frequentemente deixadas de lado ou subvalorizadas. Periódicos e congressos aceitam facilmente "novas" pesquisas sobre temas já conhecidos, mas com mudanças sutis na amostra ou nos modelos estatísticos. Em contrapartida, as revisões sistemáticas tendem a ser recusadas, com argumentos como "falta de profundidade", "falta de criatividade" e "pouca contribuição". Talvez isso realmente ocorra com alguns estudos.


No entanto, a revisão sistemática na contabilidade é muito mais útil do que se acredita. Veja um exemplo: um regulador deseja alterar uma norma contábil. Um resumo crítico que reúna todas as pesquisas relevantes realizadas pode destacar os principais problemas que precisam ser considerados na norma. Essa abordagem é tão evidente que alguns reguladores já adotaram a prática de realizar revisões sistemáticas antes de começar a discutir uma nova norma.

Essa ideia tem sua origem em Archie Cochrane, epidemiologista e médico britânico (1909-1988), que defendia a saúde baseada em evidências, com o uso de ensaios clínicos randomizados para determinar a eficácia de tratamentos médicos. Seu trabalho inspirou a criação da Cochrane Collaboration, em 1993, cuja finalidade é realizar revisões sistemáticas na área de saúde. Uma das consequências das revisões é que pesquisas individuais inconclusivas podem ser sintetizadas, resultando em conclusões definitivas. No entanto, esse processo não é simples.

A Cochrane Library contém mais de 9.000 revisões sistemáticas na área de medicina. Muitas dessas revisões derrubam mitos ou ajudam a construir verdades. Em contraste, áreas como a educação recebem menos atenção nesse sentido, conforme destaca Tim Harford. A Campbell Collaboration, uma organização similar na área de educação, conta com apenas 231 revisões sistemáticas.

Na contabilidade, a situação parece ser ainda mais desafiadora. As revisões sistemáticas existentes não estão reunidas em um único lugar e, frequentemente, resultam de esforços individuais. Considere uma questão relativamente simples: há benefícios na adoção de normas internacionais por parte de um país? Existem revisões sistemáticas que abordam esse tema, mas a ausência de uma organização como a Cochrane Collaboration na área contábil impede que uma pergunta tão relevante tenha uma resposta abrangente e de alta qualidade.