Translate

03 março 2019

História da Contabilidade: Aumento no relatório da Administração

O Balanço Semestral do Banco de Pernambuco, de 31 de dezembro de 1855, foi realizado pelo guarda-livros Ignacio Nunes Corrêa. Além do balanço, a Demonstração da Conta de Ganhos e Perdas do semestre e uma espécie de relatório da administração. Um aspecto curioso é que neste relatório apresenta o seguinte texto

(Publicado em Diário do Maranhão, 25 de fevereiro de 1855, ano 1, n. 129, p. 3)

História da contabilidade: Ucharia Régia

O jornal A Imprensa traz uma história relacionada com a imperatriz Maria Tereza (provavelmente Maria Tereza da Austria). A rainha, analisando as contas do palácio, verificou com uma conta de velas de sebo e o valor de sete mil rublos. Achou estranho, já que existia no palácio somente velas de cera e de azeite. Mandou investigar e descobriu que por este valor se tinha comprado uma vela de sebo. A explicação seria a seguinte:

Uma noite voltara de uma caçada o grão-duque Constantino, com o rosto cortado e os lábios rachados pelo frio. Que remédio se aplicaria? (...) um pouco de sebo derretido à luz de uma vela. (...) Por todo palácio se procurou uma vela de sebo e não houve meio de achá-la. 
- Pois compre-se, bradou impaciente o grão-duque.
Quantas, senhor?
- As que forem precisas.  

Assim foi feito e a vela foi comprada e usada para o tratamento do grão-duque. O criado que comprou a vela tinha que apresentar a conta de uma vela, mas o valor era irrisório: um libra. Assim, colocou na conta vinte libras. O fiscal, que recebeu a conta, resolveu usar a compra para desviar recursos da contabilidade do palácio e acrescentou mais um zero: 200 libras. O subintendente acrescentou mais um zero: duas mil libras. Finalmente a conta chegou para o intendente que determinou o pagamento da vela de sebo usada pelo herdeiro da coroa, no valor de vinte mil libras.

A história acima ilustra como não existia controle contábil na monarquia no passado (não quer dizer que existe nos dias de hoje). Isto está bem descrito em The Reckoning de Jacob Soll.

(A Imprensa, 11 de agosto de 1858, ano II, n. 64, p. 3. Ucharias regias)
Ucharia = despensa, local onde guardam os mantimentos

História da Contabilidade: Imposto de Renda, Computador e Análise de balanços

A luta entre a receita federal e os fraudadores do imposto de renda é mais antiga que pensamos. Nota fria, notas falsas e meia nota já eram usadas há tempos no Brasil. E esforços na tentativa de ter um instrumento que pudesse pegar os fraudadores ...

Em 1968, a receita federal começa a usar dois meios importantes para tentar reduzir as fraudes fiscais. O primeiro é um computador, instalado na sede do Ministério da Fazenda. Este computador foi chamado de pantera cor de rosa pois as unidades do equipamento, importado dos Estados Unidos, estavam pintadas de rosa. Para aqueles que não se lembram ou não viram, “pink panter” era um personagem de desenho animado e nome de um diamante que originou filmes estreados por Peter Sellers. (Vale a pena ver)

O segundo meio para reduzir fraudes foi a associação entre “novos” formulários e a análise de balanço. Veja o que disse Cleto Henrique Meyer (foto), diretor do Imposto de Renda, em 1968:

Novos formulários para declaração de rendas estão sendo ultimados. Por êsses novos modelos teremos os índices de rentabilidade das emprêsas ou dos contribuintes em geral; os índices de giro de investimento, os índices de estoques, os índices de retôrno, a relação entre as compras e as contas a pagar, etc. Com êsses elementos poderemos dar as regras do jôgo [itálico no original] ao computador, e êle denunciará as emprêsas cujos índices não apresentarem o equilíbrio necessário entre lucro, receita, despesas, estoques, etc. Perfurados os cartões com base nesses dados, o cérebro eletrônico, por um lado, fará o cálculo do impôsto, emitirá as notificações e recibos. Ao mesmo tempo, em outra operação simultânea, selecionará os contribuintes cuja confrontação de índices for suspeira [itálico no original], em desacôrdo com os padrões normais de contabilidade. Com isso esperamos fechar o cêrco em tôrno dos sonegadores. 

(O Cruzeiro, 6 de janeiro de 1968, ed 1, p. 14. Entrevista a Arlindo Silva, foto Indalécio Wanderley) (Grafia da época)

Rir é o melhor remédio


02 março 2019

Leveza e Sensibilidade

Talvez esteja sendo rigoroso demais. Mas particularmente fiquei incomodado com a divulgação do XII Encontro Nacional da Mulher Contabilista (vide aqui). O evento será realizado em Porto de Galinhas, Pernambuco:

Tradicional por tratar com leveza e profissionalismo temas do universo feminino, a 12ª edição traz o lema “Empreendedorismo, Inovação e Sensibilidade: conduzindo revoluções”. (grifo meu)

Qual a razão do termo "leveza"? Pareceu que o termo está associado não ao que é leve, mas ao sentido figurado, de "singelo" e "delicado". Pelo fato de ser um encontro da mulher? 

Além disto, empreendedorismo e inovação são temas que não estão restritos ao universo feminino. Será que "sensibilidade" daria esta restrição?

Última observação: quando da redação desta postagem, o link para programação para o Congresso não estava funcionando.

KPMG e PCAOB

  • A KPMG contratou funcionários do regulador de empresas de auditoria nos Estados Unidos
  • Com isto, a empresa teve acesso a lista de fiscalização
  • Em 2017, Diana Kunz delatou o esquema. Três funcionários envolvidos já se declararam culpados.
  • O julgamento de dois deles está ocorrendo agora nos EUA

No passado, a empresa KPMG contratou funcionários da PCAOB, entidade responsável por supervisionar as empresas de auditoria nos Estados Unidos. O julgamento de David Middendorf está ocorrendo neste momento. No final de fevereiro o julgamento começou e deve continuar na quarta de cinzas.

Em fevereiro de 2017, Jeffrey Wada, funcionário do PCAOB que queria um emprego na KPMG, leu para Cynthia Holder, diretora executiva da KPMG e sua ex-colega no PCAOB, a lista de empresas que seriam inspecionadas pelo regulador. Holder repassou a informação para seu chefe, Brian Sweet, sócio da KPMG, que compartilhou com seu chefe, Thomas Whittle, partner e responsável pela inspeção, que, finalmente, repassou para Middendorf.

O esquema começou a desmoronar quando a lista passou a ser compartilhada com mais pessoas. Uma destas pessoas, Diana Kunz, partner em Chicago, que foi quem delatou a atividade ilícita na empresa de auditoria.

Holder, Sweet e Whittle já se declararam culpados.Britt, outro acusado, deve ser julgado em outubro. Agora estão sendo julgados Middendorf e Wada.

Fonte: Aqui

Novo Banco tem prejuízo de mais de 1,4 bi

  • Novo Banco, de Portugal, foi criado após a falência do Banco Espírito Santo
  • Em 2018 teve um prejuízo de 1,4 bi, derivado do banco "mau"

O Novo Banco foi criado em 2014 depois da crise do falido Banco Espírito Santo. O banco foi capitalizado com recursos públicos de Portugal. Em 2017, o fundo Lone Star passou a ter 75% do capital social.

Agora, o Novo Banco apresentou seus resultados de 2018: 1,412 bilhão de euros ou 1,412 mil milhões, como se diz em Portugal. E já anunciou que irá solicitar recurso do Fundo de Resolução. Quando da criação do Novo Banco, foi criado um banco “bom” ou “Novo Banco Recorrente” e o “Novo Banco Legacy”. No resultado apresentado agora, o NB Recorrente teve um lucro de 2,2 milhões, melhorando seu desempenho. Já o Legacy teve prejuízo de 1,515 bilhão.

No ano de 2018, o Novo Banco vendeu ativos e passivos da sucursal da Venezuela e de outras localidades. 

O seu gestor disse que continuará focado na redução das dívidas incobráveis, ou “credito malparado” em Portugal.

Gastando dinheiro com sabedora


  • Se você quiser gastar dinheiro com sabedoria, considere pagar alguém para fazer sua lavanderia ou compras de supermercado .
  • Eliminar as coisas estressantes da sua lista de tarefas libera tempo para atividades mais significativas, como passar tempo com a família ou amigos, o que pode levar a mais felicidade.
  • Isso está de acordo com um professor da Harvard Business School, que diz que muitos de nós ignoram essa maneira simples de ser mais feliz porque gastar o dinheiro nos faz sentir culpados.

Todos nós queremos mais tempo para gastar fazendo coisas que gostamos.

Mas, de acordo com a professora da Harvard Business School, Ashley Whillans, não estamos fazendo a única coisa que pode nos dar mais tempo: Gastar dinheiro para eliminar nossas tarefas diárias ou semanais mais estressantes.

(...) Whillans diz que trocar dinheiro por mais tempo livre pode nos deixar mais felizes. Especificamente, "usando dinheiro para comprar não ter experiências negativas", como lavar e dobrar roupa ou limpar a casa.

Para Whillans, uma opção é por um apartamento mais caro, perto do trabalho, onde tudo está a uma curta distância e não se tem um transporte tedioso, diz ela. A pesquisa de Whillans mostra que "comprar tempo" dessa maneira leva a uma maior felicidade e menor estresse. Mas muitas vezes, há algo que está nos impedindo.

"Eu achei nos meus estudos que as pessoas se sentem realmente culpadas por terceirizar(...), disse Whillans.

Pagar alguém para entregar refeições, lavar e dobrar nossa roupa ou cortar a grama nos faz sentir como um fardo, ela diz. Nós também sentimos que mostramos aos outros que não somos capazes de fazer nossas próprias tarefas.

A melhor maneira de neutralizar esses sentimentos de culpa, disse Whillans, é focar no valor que você está ganhando. (...)

Fonte: Aqui

Este conceito pode ser encontrado no livro Dinheiro Feliz. Por sinal, vale a pena ler.

Rir é o melhor remédio


01 março 2019

Justiça e Emoji

O Emoji é uma nova forma de comunicação. Um problema é que o emoji pode conduzir a diferentes interpretações. Um texto publicado na The Verge mostra um lado diferente desta questão: cada vez mais o judiciário deve lidar com os emoji e ele não está preparado.

O texto relata casos interessantes:
= Um tribunal está tentando provar que um homem é culpado de cafetinagem; uma das provas eram mensagens enviadas a uma mulher com “saltos altos” e “dinheiro” juntamente com a frase sobre o trabalho em equipe
= um casal de Israel enviou uma mensagem para um dono de um apartamento, com garrafa de champanhe, cometa e outros símbolos, juntamente com a confirmação que queriam alugar o imóvel. Depois, o casal parou de responder e alugaram um apartamento diferente. O dono entrou na justiça, cobrando um indenização, já que ocorreu uma sinalização de alugar o imóvel.

Para complicar, o emoji pode ter variações culturais e pode sofrer variações de formato conforme o sistema operacional do telefone.

Mesmo assim, os símbolos estão aparecendo cada vez mais nos tribunais (gráfico).

Até agora, os emojis e emoticons raramente foram importantes o suficiente para influenciar a direção de um caso, mas à medida que se tornam mais comuns, a ambiguidade em como os emoji são exibidos e o que interpretamos emoji pode se tornar uma questão maior para os tribunais

Era da Grandes Universidades


Assim como ocorreu no varejo, no ensino de graduação há a presença cada vez maior das grandes universidades. O ensino a distância impulsiona uma transformação atual. Eis uma análise do que está ocorrendo nos Estados Unidos:

Much as Amazon and Walmart now stand as the templates for the retail business, mega-universities in many ways reflect a shift in what Americans seek in a college degree: something practical, convenient, and inexpensive. Traditional institutions can certainly learn from these disruptors. And the more they do, for better or worse, the more these mega-universities may change the shape and purpose of higher education.

Como diz um gestor de uma destas universidades, "é uma resposta racional do mercado".

Universidade da Califórnia e Elsevier

  • A Universidade da Califórnia anunciou um boicote à Elsevier
  • A Elsevier cobra quando um cientista submete um artigo e quando ele acessa a base de dados
  • Trata-se da maior universidade a adotar uma medida deste tipo
A Universidade da Califórnia, um dos maiores clientes da Elsevier, anunciou um boicote à editora. Trata-se da melhor universidade do mundo que adotou uma medida parecida.

A Elsevier foi fundada em 1880 sendo a maior editora científica, técnica e médica do mundo, publicando 430 mil artigos anualmente em 2.500 periódicos. Nos seus arquivos constam 13 milhões de documentos e 30 mil e-books. Mesmo atuando na área de divulgação científica, a Elsevier possui uma margem de lucro elevada, de 37% em 2017.

O domínio do mercado da empresa tem permitido que a editora cobrasse dos pesquisadores, quando decidem publicar em dos seus periódicos, e das universidades, quando alguém acessa o seu arquivo de textos.

Durante oito meses a Universidade da Califórnia tentou estabeleceu uma negociação nos contratos de assinatura; a universidade deseja um preço único para a assinatura e para a submissão de artigos. A Elsevier defendia a cobrança dupla: na submissão e no acesso aos periódicos.

O movimento ocorre em meio a uma revolta global sobre o modelo de publicação de acesso fechado, que a New Scientist chamou de "mais lucrativo do que petróleo" e "indefensável". Os maiores financiadores científicos da Europa anunciaram que só apoiarão pesquisas que tenham a liberdade de ler no momento da publicação.

Emprego na área Contábil em Janeiro

Os dados de janeiro do emprego formal no Brasil demoraram a sair. Provavelmente em razão da extinção do Ministério do Trabalho. Ontem os números foram divulgados e mostraram, para a economia como um todo, um saldo ligeiramente positivo, a criação de 34 mil novos postos de trabalho.

Para o setor contábil os números também foram positivos. Segundo os dados do mercado formal de emprego, foram contratados 11.961 novos empregados, um número bastante expressivo, no patamar anterior a recessão econômica de 2015/2016; e foram demitidos 9.574, o que indica a criação de 2.387 novos postos de trabalho. Em termos acumulados, entre fevereiro de 2018 a janeiro de 2019, praticamente não se criou novos postos de trabalhos; neste período foram admitidos 113.923 e demitidos 113.926.

Desde 2014, o número de demitidos foi de 585 mil, indicando um redução de vagas no setor contábil de 40,6 mil postos. O gráfico mostra um comparativo entre o setor contábil e a economia como um todo. É possível notar que há um descolamento entre a economia (linha vermelha) e o setor contábil (azul) a partir da metade do gráfico, indicando que enquanto parecia existir uma leve recuperação no número de postos na economia, a crise continuava na área contábil.

O mês de janeiro foi particularmente bom para as mulheres (1548 novos postos), quem tem curso superior (mais 1489 postos) e escriturários (2050 novos postos). É importante salientar que janeiro tradicionalmente é um mês de contratações. Desde 2014, somente no ano de 2016 o indicador de emprego foi negativo.

Rir é o melhor remédio


28 fevereiro 2019

CAPM e WACC: confusões, erros e inconsistências

Resumo:

Regulators of many countries try to find the “true” WACC of Electricity, Gas, Water… activities. All their documents have in common a main confusion: they do not differentiate among expected, required, historical, and regulator allowed returns, which are 4 very different concepts. Most of the documents have several conceptual errors (they apply wrongly the CAPM and the WACC), several inconsistencies estimating parameters and multiply the WACC by the depreciated book value of assets.

Another two common peculiarities of many regulators are a) their penchant for calculating averages and averages of averages, and b) their argument of doing strange calculations “because many other regulators do so.”

We show how a European Regulator arrives to a “WACC before taxes of the electricity regulated activities” of 5,58%. We also show that using the same data and the same method, but criteria of other regulators for the calculation of the parameters you may justify any “WACC before taxes” in the interval 2,4% - 7,4%.

After reading the mentioned documents of the regulators a question arises: Are they fiction or science fiction?

We show some confusions, errors, inconsistencies and useless arguments of the documents of Regulators and propose solutions. Regulator reports (such as the one in Section 1) are very helpful to discover conceptual mistakes, valuation errors… and to think about the meaning of several concepts widely used in Corporate Finance and Financial Markets.

Fernandez, Pablo, WACC and CAPM according to Utilities Regulators: Confusions, Errors and Inconsistencies (February 1, 2019).
 
Imagem relacionada 

Volatilidade no Crescimento

  • A volatilidade do crescimento econômico dos países do mundo foi medida pelo desvio-padrão entre 2001 a 2017
  • Os países afetados pela guerra ou instabilidade política ou dependentes dos preços do petróleo foram aqueles que mais sofreram no período
  • Entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil foi o mais volátil

Usando dados do Banco Mundial, Dan Kopf calculou a volatilidade do crescimento da economia dos países do mundo entre 2001 a 2017. Quanto maior o desvio-padrão do crescimento anual do PIB real, mais volátil é o país.

Os países com menor volatilidade são:

Indonésia = 0,7%
Vietnam
Austrália
Laos
Tanzânia

A Austrália, por exemplo, não tem nenhuma recessão desde 1991.

Os países mais voláteis

Líbia = 33,8%
Guiné Equatorial
Iraque
Macau
Azerbaijão

Conforme nota o autor, alguns países são dependentes de petróleo, experimentam uma guerra civil ou outro tipo de conflito. Entre os países voláteis em termos de crescimento, a surpresa é a Irlanda.

A instabilidade do crescimento econômico brasileiro é decorrente de uma combinação de instabilidade política, preços dos commodities e a crise de 2015 e 2016. Entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil é que possui o crescimento mais volátil.

Lista de livros sobre falcatruas


  • Se você gosta de leitura sobre escândalos, abaixo uma seleção
  • Aparece indicado quando alguma obra tem a versão em português ou espanhol

Uma seleção de livros sobre escândalos contábeis. Alguns deles com versão em português e/ou espanhol:

"Bad Blood: Secrets and Lies in a Silicon Valley Startup" by John Carreyou - Bad Blood: Fraude Bilionária no Vale do Silício, em português

"The Wizard of Lies" by Diana B. Henriques - Em português O mago das mentiras: Bernard Madoff e a história da maior fraude financeira de todos os tempos

"Smartest Guys in the Room: The Amazing Rise and Scandalous Fall of Enron" by Bethany McLean and Peter Elkind

"The Spider Network" by David Enrich

"Red Card: How the U.S. Blew the Whistle on the World's Biggest Sports Scandal" by Ken Besinger - Tarjeta Roja em espanhol

"Billion Dollar Whale: The Man Who Fooled Wall Street, Hollywood, and the World" by Tom Wright and Bradley Hope - El fraude del siglo em espanhol

"The Big Short: Inside the Doomsday Machine" by Michael Lewis - O jogo da mentira em português

"American Kingpin: The Epic Hunt for the Criminal Mastermind Behind the Silk Road" by Nick Bilton

"Black Edge" by Sheelah Kolhatkar

"Barbarians at the Gate: The Fall of RJR Nabisco" by Bryan Burrough and John Helyar

"The Big Lie: Spying, Scandal, and Ethical Collapse at Hewlett Packard" by Anthony Bianco

"Too Big to Fail" by Andrew Ross Sorkin

"Healthsouth: The Wagon to Disaster" by Aaron Beam and Chris Warner

"Faster, Higher, Farther: The Volkswagen Scandal" by Jack Ewing - El escándalo de Volkswagen: Cómo, cuándo y por qué Volkswagen manipuló las emisiones de sus vehículos, em espanhol

"Taking Down the Lion: The Triumphant Rise and Tragic Fall of Tyco's Dennis Kozlowski" by Catherine S. Neal

"Extraordinary Circumstances: The Journey of a Corporate Whistleblower" by Cynthia Cooper

Melhores universidades 2

Há dias postamos uma relação das melhores universidades dos Estados Unidos baseado no Study.com (via GoingConcern). A lista era bastante questionável e o próprio GoingConcern resolveu usar outro site para fazer um lista das melhores. Esta nova relação é a seguinte:

Universidade Bentley
Universidade de Illinois em Urbana-Champaign
Universidade de Notre Dame
Universidade de Bryant
CUNY Bernard M. Baruch College
Boston College
Loyola University-Maryland
Universidade de Binghamton
Universidade de Fairfield
Universidade de Villanova



Custos perdidos

Para um jogador de pôquer, seria o mesmo que tentar recuperar as perdas de rodadas anteriores. O que os economistas chamam de falácia dos custos irrecuperáveis (sunk cost, em inglês). E é um comportamento generalizado. 

Todos nós fazemos isso. Quem nunca foi ao cinema e ficou até o fim de um filme que percebeu que era ruim nos primeiros 10 minutos? Essa é a mesma lógica de quem diz "já gastei muito dinheiro com meu carro. Não posso simplesmente me desfazer dele agora. Melhor substituir a caixa de câmbio que está com problema".

Há também aqueles que permanecem em relacionamentos fracassados por anos a fio porque não querem que o tempo que passaram juntos tenha sido "em vão". 

O que conecta esses exemplos é o fenômeno de continuar lançando mão de recursos (tempo ou dinheiro) depois que algo negativo acontece, esperando que a situação melhore, quando não há bons motivos para acreditar nisso. 

Em outras palavras, as pessoas são relutantes em aceitar perdas. É muito mais provável que a gente continue a desperdiçar tempo ou dinheiro em um projeto que não está dando certo, na esperança de que prospere, do que reconhecer a derrota e desistir. O que impulsiona isso é o otimismo - de que, contra todas as probabilidades, a situação vai melhorar - e a aversão ao fracasso. 

Até os animais podem ser influenciados pelos custos irrecuperáveis. Um estudo recente da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, revelou que ratos e camundongos se comportam da mesma forma que os seres humanos. 

 Em ambos os casos, o estudo mostrou que quanto mais tempo eles investem à espera de uma recompensa (para os roedores, ração aromatizada, para os humanos, vídeos engraçados), menor a probabilidade de desistirem da busca antes do fim da espera.

Segundo alguns pesquisadores, esse padrão pode sugerir uma razão evolutiva para essa tendência economicamente irracional. 


'Trunfo nas mãos' 

No trabalho, as consequências de se agarrar desesperadamente a custos irrecuperáveis podem ser catastróficas. Para empresas pequenas, pode significar, por exemplo, adiar a demissão de um funcionário que você passou meses treinando, embora estivesse claro desde o início que ele nunca atenderia às expectativas. 

 Mas esse mesmo espírito leva companhias a fazerem investimentos de grande porte totalmente ilógicos. Pensar apenas em termos de possíveis ganhos futuros significa deixar de levar em conta os recursos irrecuperáveis já gastos. É fácil de entender por quê. 

Após investir US$10 milhões em um projeto, que não decolou, a decisão de aportar mais US$5 milhões é mais justificada se você considerar o retorno apenas sobre os US$5 milhões - em vez dos US$15 milhões (valor total). Mas a verdade é que você também não quer parecer idiota abandonando o projeto. 

No livro Rápido e Devagar - Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel, sugere que o pensamento do "custo irrecuperável" explica com frequência por que as empresas recorrem a uma nova gestão ou contratam consultores na fase de declínio de um projeto. 

Segundo ele, não é necessariamente porque eles são mais competentes do que os gerentes originais - mas porque os recém-chegados não carregam nenhuma bagagem política (e a relutância associada a aceitar derrotas e seguir em frente). 

Como um apostador que tenta "recuperar suas perdas" em uma mesa de pôquer, as pessoas presas na armadilha do custo irrecuperável vão fingir que têm um trunfo nas mãos. 

O britânico Nick Leeson, que levou à quebra do Barings Bank em 1995, seguiu um raciocínio semelhante ao tentar recuperar sua posição após uma série de operações financeiras desastrosas. 

Gasto público 

Tomar decisões tolas continuamente, impulsionadas por análises de custos irrecuperáveis, pode acabar levando empresas a perder capital ou participação de mercado e, consequentemente, a fechar as portas. 

Por outro lado, há menos mecanismos de controle em torno das tomadas de decisão políticas. Certamente não ajuda o fato de que, no mundo todo, o ato de voltar atrás em resoluções seja visto como sinal de fraqueza - incentivando ainda mais os políticos a insistirem em projetos onerosos. 

Muitos exemplos confirmam essa tendência em nível global. Obras públicas de infraestrutura são conhecidas por ultrapassar orçamentos, como é o caso do projeto "High Speed Rail 2", proposto pelo Reino Unido. 

O Japão também tem o hábito de gastar demais com infraestrutura. Isso é parte do motivo pelo qual o país apresenta a maior dívida pública do mundo. Muitos projetos oferecem muito pouco incentivo fiscal, sem contar as inúmeras "pontes para lugar nenhum" - literalmente e metaforicamente falando. 

Nos EUA, a política de "guerra às drogas" aumentou exponencialmente a população carcerária. Mas, apesar da riqueza de evidências de que a política não conseguiu controlar o consumo de drogas (e causou uma série de efeitos colaterais terríveis), os legisladores têm dificuldade de se desvencilhar dela. 

A armadilha dos custos irrecuperáveis leva a escolhas erradas da ordem de bilhões e trilhões, mas também impacta as finanças pessoais - há quem desperdice dinheiro usando as economias desnecessariamente, por exemplo, em obras para consertar um imóvel que não vai valorizar. 

Lutando contra a falácia 

A falácia do custo irrecuperável tem, portanto, um enorme significado do ponto de vista micro e macroeconômico - para decisões pessoais e políticas em todo o mundo. 

No entanto, uma maior conscientização desse processo de pensamento ilógico pode nos ajudar a não cair nessas armadilhas - e a pressionar para que líderes empresariais e políticos prestem contas de suas ações. 

Mas como podemos evitar essa cilada? 

"Todos nós somos suscetíveis a essa tendência", diz Jim Everett, psicólogo social e pesquisador da Universidade de Leiden, na Holanda. "Mas, muitas vezes, conseguimos atenuá-la parcialmente dando um passo atrás e pensando nas alternativas." 

Ao ponderar se deve dar continuidade a uma ação em andamento, sempre se pergunte: "O que eu ganho ou perco se mantiver essa decisão, e o que eu ganho ou perco se mudar de ideia?" 

Em caso de dúvida, Everett recomenda refletir sobre todo o processo decisório que levou você até onde está, e a considerar o contrafactual - em outras palavras, o que é mera especulação hipotética e o que é realmente fato, para cair na real. 

"Se eu pudesse fazer a mesma escolha novamente, tomaria a mesma decisão? Se não - por que não?" 

Ou seja, é um conceito simples, com ramificações globais. E, finalmente, voltamos à primeira lição do jogo de pôquer. Todo jogador que se preze sabe a hora de parar.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Cesta