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16 março 2011

Custo da água na Líbia

Postado por Pedro Correia
Líbia é um dos países mais secos do mundo, com apenas a região costeira (menos de 5% do país), recebendo mais de 100 milímetros de chuva por ano. Em 1953,pesquisas de petróleo no deserto do sul da Líbia levaram à descoberta não apenas das reservas de petróleo significativas, mas também grandes quantidades de água doce em aquíferos sob o deserto da Líbia. O Sistema Aqüífero da Núbia, o maior do mundo, está localizada na parte oriental do deserto do Saara e atravessa as fronteiras da Líbia, Chade, Sudão e Egito. Abrange uma enorme área e contém uma estimativa 150.000 km cúbicos de água subterrânea.

Devido a problemas de contaminação na água dessalinizada na costa da Líbia, em 1983 um grande projeto de engenharia, conhecido como o Great Man-Made River Project, foi criado para o abastecimento de água por meio de aqüíferos do deserto para a região costeira da Líbia e para a expansão da agricultura através da irrigação. Veja a imagem abaixo:




O projeto, de cinco fases dos quais três já foram concluídas, destina-se a fornecer 6,5 milhões de metros cúbicos de água por dia através de 4.000 km de tubulações provenientes de 1.100 poços através de cinco reservatórios, com um custo estimado de 25 bilhões de dólares. O custo desta água não-renovável ​​é de cerca de um décimo do custo da água dessalinizada.

Esse projeto é uma das maiores obras de engenharia do planeta e é conhecido como
Grande Rio Artificial da Líbia.

Fonte: The Economist

Multiplus


Três textos sobre a empresa Multiplus foram publicados no Valor Econômico de 11 de março de 2011. Os textos comentam sobre a redução de capital da empresa no valor de R$600 milhões:

Raras empresas estariam dispostas a abrir mão de R$ 600 milhões, o equivalente a 87% do seu patrimônio líquido, decisão tomada pela Multiplus, empresa que opera programas de fidelidade, por meio de uma redução de capital. Ainda mais inusitado é o fato de a medida ter sido adotada um ano depois de a empresa ter feito um aumento de capital praticamente do mesmo valor, R$ 692 milhões. A explicação oficial é que o “capital social subscrito é atualmente considerado alto e sua redução oferecerá perspectivas de otimização da estrutura de capital em favor do acionista”.
Multiplus faz redução de capital de R$ 600 milhões – Fernando Torres – Valor Econômico – 11 de março de 2011

A explicação da otimização da estrutura de capital é controversa, já que a teoria de finanças afirma não existir uma estrutura ótima. Na realidade, ao diminuir o capital próprio a empresa estaria mais alavancada.

O texto tenta encontrar as razões para decisão da empresa. A principal delas parece ser tributária:

De início, a Multiplus não precisaria ter feito uma oferta primária de ações no ano passado, com conseqüente aumento de capital, quando a controladora TAM decidiu desmembrar a companhia e colocar as ações em bolsa. Isso porque o dinheiro arrecadado na oferta foi praticamente todo usado na compra de passagens de forma antecipada da própria TAM que ainda possui 73% do capital da empresa de fidelidade. Se o interesse era abrir o capital dessa divisão de negócios e ao mesmo tempo reforçar seu caixa, a companhia aérea poderia ter feito uma oferta secundária de ações da Multiplus, obtendo os mesmos R$600 milhões que recebeu via compra de passagens.
 Ao optar pela oferta primária, a TAM não precisou pagar imposto de renda sobre ganho de capital, que seria necessário caso tivesse decidido vender uma fatia da Multiplus na distribuição secundária. Como o patrimônio da empresa de fidelidade era quase zero, a conta seria salgada. (...)

A segunda razão seria o fato da empresa ter gerado muito caixa no exerício passado, sem um grande lucro líquido. A distribuição de dividendos estaria limitada pelo lucro, que foi reduzido; para compensar, a empresa fez a redução de capital. Ou seja, a operação seria uma distribuição de dividendos disfarçada:

A Multiplus teve geração de caixa de R$919 milhões no ano passado, enquanto o lucro líquido somou apenas R$118 millhões.
 Por ser uma empresa nova, sem lucros acumulados, a companhia não tinha como pagar nada além dos 118 milhões na forma de dividendos.
 A diferença entre a geração de caixa e o lucro se explica não só pela antecipação de compra de passagens prêmio da TAM, evitando desembolsos que ocorreriam normalmente, como também pelo sistema de reconhecimento da receita da companhia.Embora a Multiplus receba o caixa quando vende os pontos às parceiras, a receita e o correspondente custo só são registrados quandos os pontos são resgatados.Multiplus abre mão de caixa – Fernando Torres – Valor – D1

Finalmente o texto tenta explica a questão dos pontos não usados:

Os pontos esquecidos e perdidos pelos participantes do programa de fidelidade responderam por 23% do faturamento da Multiplus no ano passado. A companhia registrou receita de R$122 milhões em 2010 por conta do vencimento de pon tos não resgatados. E essa entrada não tem nenhum custo como contrapartida, explica o professor Ricardo Almeida, do Insper, o que significa que o efeito aparece diretamente no lucro. O nome usado para tratar desse despedício de pontos é taxa de “breakage”, que fechou o ano passado em 22,6%, considerando o período de 12 meses.
 (...) Apesar do bom resultado gerado atualmente, a própria Multiplus afirma, no relatório que fala dos números do quarto trimestre, que essa taxa “tende a apresentar uma tendência natural de queda no longo prazo (...)” (...) Os anlista do BTG Pactual projetam que essa taxa ficará em 19% no longo prazo.
Pontos sem resgate viram receita na Multiplus – Fernando Torres – Valor Econômico – 11 de março – p. D3

Isto não parece ser realmente um problema. 

Investidor

Após perder US$ 2 milhões (R$ 3,3 milhões) com a compra de ações no Brasil no fim dos anos 1990, o investidor Ned Smith Junior ingressou com recurso na Justiça na tentativa de obter os valores de volta junto às corretoras e bancos locais que fizeram as aplicações. Mas Ned não apenas perdeu a causa no Superior Tribunal de Justiça (STJ) - instância máxima para julgar esse tipo de questão no Judiciário - como seu processo marcou um entendimento importante do tribunal a respeito de quais investidores podem pedir ressarcimento por prejuízos em aplicações financeiras.
O STJ fez uma diferenciação entre dois tipos de investidores: os habituais e os esporádicos. Os primeiros são aqueles que atuam diariamente no mercado e operam com risco. Os segundos são os que possuem poucas aplicações que não contêm grandes riscos como CDBs e fundos DIs.
"O grande investidor ou investidor habitual conhece o negócio, acompanha o mercado, sabe os riscos que corre", afirmou ao Valor o ministro Sidnei Beneti, relator do caso. Esse investidor "profissional" teria menos chances de vencer ações na Justiça em caso de perdas no mercado financeiro pois é visto como alguém que monitora o mercado e faz aplicações quase diariamente com a percepção de possíveis prejuízos.
"Já o investidor episódico, que aplica em fundos DI e CDBs, é diferente", completou o ministro. Nessa visão, o investidor de CDBs não seria um profissional, mas apenas alguém que aplica seus recursos em intervalos de tempo maiores. Esse investidor teria mais chances de ser protegido pela Justiça, caso perca quantias por má administração de bancos e corretoras, pois é considerado mais vulnerável à atuação dos administradores. (...)
STJ rejeita reparação de perda na bolsa - Juliano Basile - Valor - 14 mar 2011

5 Grandes Livros de Finanças Comportamentais em Língua Portuguesa

O Mito dos Mercados Racionais – Justin Fox – conta a história do conceito de mercado racional. São 16 capítulos que tratam de finanças modernas.

Psicologia Econômica – Vera Ferreira – Uma tese que foi transformada em livro. É bastante completo no assunto. Para os leitores com maior rigor acadêmico

Finanças Comportamentais – Aquiles Mosca – Coletânea de artigos que foram publicados no Valor Econômico. Estilo acessível é um atrativo

Previsivelmente Irracional – Dan Ariely – Acho que este deveria ser a primeira leitura em Finanças Comportamentais. Apesar do autor evitar os conceitos, é um livro muito acessível e interessante. 

Positivamente Irracional – Dan Ariely – Segundo livro de Ariely, ainda uma boa leitura.

O Mito dos Mercados Racionais

Foi lançado o livro de Justin Fox em língua portuguesa. No início do ano fiz um comentário sobre o livro em inglês e a tradução é muito oportuna. Para quem leu O Desafio aos Deuses, de Peter Bernstein, o livro de Fox é um excelente complemento. Recomendo para quem gosta de Finanças Modernas, principalmente para aqueles que acompanham Finanças Comportamentais. Eis o texto sobre o livro:
O livro The Myth of Rational Market, de Justin Fox, conta a história do conceito de mercado racional. A obra está dividida em 16 capítulos, sendo que cada capítulo geralmente dedicado a uma pessoa de destaque. O capítulo 1 inicia-se com as pesquisas de Irving Fisher, um dos mais brilhantes economistas e talvez o primeiro teórico da área de finanças. O trabalho de Macaulay na década de 30 é tema do segundo capítulo. Os dois primeiros capítulos compõem o período inicial do tema. A seguir quatro capítulos que narram à ascensão do mercado racional, com os trabalhos de Markowitz, a teoria de random walk de Samuelson, a suposição de Modigliani e Miller e a proposição de Gene Fama. Em termos temporais, estes capítulos dizem respeito à década de 50 e 60, quando a teoria de finanças começa o período de consolidação. Três capítulos seguintes dizem respeito à conquista de Wall Street, quando os teóricos conseguem influenciar as decisões de investimento. Os capítulos são dedicados ao investidor Jack Bogle, ao falecido Fischer Black (da teoria de opções) e Michael Jensen. A década de 70 representa a possibilidade de colocar em prática as conquistas da teoria. Os quatro capítulos seguintes representam os problemas encontrados na prática. Os trabalhos de Dick Thaler (finanças comportamentais), Bob Shiller (exuberância irracional), Warren Buffett e Ed Thorp (o primeiro, o grande investidor; o segundo, investidor e estudioso de jogos de azar) e a Alan Greenspan, ex-presidente do FED. A última parte diz respeito “a queda” do mercado racional. São três capítulos, onde Fox mostra como a teoria tem sido cada vez mais questionada e alguns dos seus grandes proponentes, incluindo Gene Fama, passaram a ter ressalvas sobre a mesma. São destacados os trabalhos do russo-americano Andrei Shleifer , novamente Mike Jensen e novamente Gene Fama & Dick Thaler. Em poucas palavras, o livro é muito bom. Traça um grande perfil histórico das finanças modernas, muito parecido com o texto Desafio aos Deuses, outro texto excepcional. São mais de trezentas páginas agradáveis, com diversos casos e situações importantes. É um livro importante para quem deseja aprofundar o estudo de finanças. Tenho algumas pequenas ressalvas, como o fato de Fox repetir três vezes no texto a afirmação de Jensen sobre o mercado racional. Mas nada que prejudique sua avaliação global.
Parceiros do blog:


Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.

15 março 2011

Rir é o melhor remédio





Cachorro. Fonte: aqui

Teste 446

Conforme postagem sobre a questão da busca no Google, 34% do tráfego do Google vai para o primeiro resultado. Uma ferramenta do próprio Google estima que o número de buscas pela palavra “contabilidade” no Brasil é de um milhão por mês. Hoje de manhã, ao digitar esta palavra no meu computador apareceu, em primeiro lugar, um link para “Escritório Contabilidade” (Sempre Empresarial), localizado em São Paulo. Para saber quanto se pagaria, é necessário multiplicar o número de cliques diários estimados (nem todas pessoas que buscam “contabilidade” clicam num resultado) pelo valor unitário. O próprio Google estima em 223 o número de cliques diários. A este valor, o Google cobra um preço por clique (chamado de, olha a ironia, CPC). No caso do CPC para a palavra contabilidade, o valor seria de R$0,42. Considerando um mês de 30 dias, o custo mensal para uma empresa aparecer nos resultados da busca seria de quanto?

 Resposta: Drogas, pessoas e fauna. Fonte: aqui

Links

Ghosn, da Renault, pede desculpas sobre a acusação de espionagem

Mas a Renault brasileira censura um sítio sobre a qualidade do seu carro

A demissão do economista do Santander (depois do bate-boca com a Petrobrás)

O que está acontecendo com o Santander no Brasil

Os povos mais preocupados da Europa: os portugueses em primeiro

Um endereço com o tempo de várias cidades no mundo 

Os gestores de fundo hedge mais bem remunerados do mundo

Ontem (Março, dia 14 ou 3/14) foi o dia do Pi. aqui um bolo para ele, um fato sobre o número e uma piada

A paciência do Iasb está esgotando

Passagem de pedestre mais cheia do mundo (foto)

Como citar uma legislação

O Mito do Pequeno Crescimento da Economia Japonesa

Postado por Pedro Correia
O lento crescimento japonês não se deve a insuficiência de políticas macroeconômicas agressivas, mas ao pequeno crescimento demográfico. Daniel Gross Diretor, do Centro de Estudos de Política Europeia, vai direto ao ponto e mostra porque o Japão não está com a economia estagnada. Segundo ele a base da história de terror sobre o Japão é que o PIB cresceu na última década a uma taxa média anual de apenas 0,6% em comparação com 1,7% para os EUA. A diferença é realmente muito menor do que muitas vezes assumida, mas à primeira vista, uma taxa de crescimento de 0,6%, qualifica-se a economia japonesa como uma década perdida.
"Assim, de acordo com esse raciocínio, pode-se argumentar que boa parte da Europa também "perdeu" a última década,a Alemanha alcançou taxas de crescimento semelhantes ao Japão (0,6%) e Itália fez ainda pior (0,2%), a França e a Espanha foram um pouco melhor. Mas este quadro de estagnação em muitos países é enganoso, porque deixa de fora um fator importante:a demografia.

Como se deve comparar registros de crescimento entre um grupo de semelhantes, os países desenvolvidos? A melhor medida não é o crescimento do PIB global, mas o crescimento da renda per capita da população em idade ativa (ou seja, População Economicamente Ativa). Este último elemento é importante porque só a população em idade ativa representa o potencial produtivo da economia. Se dois países alcançarem o mesmo crescimento médio na renda per capita da PEA , deve-se concluir que ambos foram igualmente eficientes no uso do seu potencial, mesmo se suas taxas de crescimento do PIB global são diferentes.

Quando se olha para o PIB / PEA (definidos como população na faixa etária de 20-60), obtém-se um resultado surpreendente: o Japão tem feito realmente melhor do que os EUA ou a maioria dos países europeus ao longo da última década. A razão é simples: as taxas globais de crescimento do Japão foram bastante baixos, mas o crescimento foi conseguido apesar de uma queda na população economicamente ativa.

A diferença entre o Japão e os EUA é nítida aqui: em termos de crescimento do PIB global, tratava-se de um ponto percentual, mas é maior em termos de taxas de crescimento de acordo com a PEA - mais de 1,5 pontos percentuais, dado que os EUA população em idade ativa cresceu 0,8%, enquanto o Japão tem vindo a diminuir na mesma taxa.

Outra indicação de que o Japão tem utilizado plenamente o seu potencial é que a taxa de desemprego tem sido constante ao longo da última década. Em contrapartida, a taxa de desemprego nos EUA quase dobrou, já próximo dos 10%. Pode-se assim concluir que os EUA deveriam ter o Japão como um exemplo não de estagnação, mas de como conseguir um crescimento máximo de um potencial limitado. "

Por que o Brasil não utiliza as reservas internacionais para financiar investimentos públicos em infraestrutura?

Postado por Pedro Correia
O consultor legislativo do senado , Marcos Mendes, explica porque usar as reservas internacionais para financiar esses investimentos não é uma boa opção. Segundo ele, isso equivaleria, em última instância, a financiar os gastos por meio de endividamento público.
"Financiar investimentos com endividamento não é, a princípio, uma opção ruim. Mas fazê-lo por meio do uso das reservas internacionais geraria efeitos colaterais indesejáveis: no curto prazo, haveria valorização da moeda nacional em relação ao dólar. Isso geraria impacto negativo sobre as exportações e sobre a competitividade das indústrias nacionais em relação a produtos importados. Em ambos os casos haveria perda de empregos no país. No médio prazo haveria mais inflação.

Quando o governo se endivida para comprar dólares ele ao mesmo tempo aumenta o seu passivo (pelo aumento da dívida interna) e o seu ativo (pela compra de dólares). Isso significa que a dívida líquida (passivo menos ativo) não se altera.

Se o governo decidir vender as reservas (um ativo) para financiar uma despesa (o investimento em infraestrutura) a dívida líquida vai aumentar, pois o governo terá se desfeito de um ativo (as reservas) e o seu passivo (a dívida pública) terá ficado do mesmo tamanho.

Mas se os investimentos em infraestrutura representam, de fato, um ativo do Tesouro, porque eles não são deduzidos para fins de cálculo da dívida líquida? Se isso fosse feito, não haveria aumento na dívida. Ocorre que os investimentos em infraestrutura não têm a mesma liquidez que títulos do Tesouro ou dinheiro. Da mesma forma que se diz que um indivíduo se endividou para comprar um carro, diz-se que o governo se endividou para fazer obras. O indivíduo até pode argumentar que a sua situação patrimonial não mudou, pois o valor do carro compensa o valor da dívida. Mas sabe-se que o carro se deprecia ao longo do tempo (assim como os investimentos do governo) e que não tem liquidez imediata (se o indivíduo precisar vender o carro para pagar a dívida, terá dificuldade ou precisará aceitar um desconto no preço).

Aumentar a dívida para fazer investimentos não é necessariamente ruim. É um recurso legítimo. Assim como o carro presta um serviço ao indivíduo, o investimento em infraestrutura presta um serviço ao País (facilitando o crescimento econômico e gerando mais renda). Por isso, se o valor da nova renda que o investimento em infraestrutura trouxer para o País for maior do que os juros a serem pagos sobre a dívida, vale a pena fazer o investimento.

Mas o fato concreto que importa ressaltar é que o uso das reservas internacionais não é uma solução mágica para expandir os investimentos em infraestrutura. Em última instância, estará havendo um aumento do endividamento público para fazer tais investimentos. Logo, seria mais fácil financiar os investimentos diretamente via emissão de títulos, sem a complicação de se mexer com as reservas."
Texto de Marcos Mendes

Quem criou valor?




O gráfico abaixo mostra o processo de criação de valor para o acionista no mercado acionário dos Estados Unidos, no período compreendido entre 1991 a 2010.  

O valor criado para o acionista é dado pela seguinte expressão:

Valor de Mercado Inicial do Patrimônio Líquido x (retorno do acionista – Ke)

Sendo que o “Ke” é obtido pela soma do título sem risco do tesouro dos Estados Unidos, ou título sem risco, mais o prêmio pelo risco. Neste mercado, o título sem risco variou entre 8,1% a 2,3% ao ano. Já o prêmio pelo risco variou entre 5,8% a 3,8%. Ou seja, o Ke esteve entre 13,9%, em 1991, a 6,3% (em 2009). Já o retorno do acionista é dado pela divisão entre o valor adicionado para o acionista pelo valor do patrimônio líquido inicial, a preços de mercado.

Em outras palavras, para que uma empresa crie valor para seu acionista é necessário que o retorno seja superior ao custo do capital próprio. Pelo gráfico é possível perceber que isto ocorreu em alguns anos, principalmente no período entre 1995 a 1999, quando ocorreu a bolha da internet.  Depois deste período, o mercado sofreu duas grandes quedas, que comprometeram o valor criado para o acionista (vide aqui em Por que nem sempre quando uma ação se valoriza o acionista ganha?).

A análise foi realizada para as maiores empresas do mercado acionário dos Estados Unidos. E o resultado foi surpreendente. As empresas que mais criaram valor para seus acionistas, em US$ bilhões, foram:

1.      Apple = 212 bilhões
2.      Exxon Mobil = 86
3.      IBM = 78
4.      Altria Group = 70
5.      Chevron = 67
6.      Oracle = 52
7.      Occidental Petroleum = 51
8.      Amazon = 48
9.      Caterpillar = 37
10.  McDonald´s = 34

É interessante notar que nesta lista existem três petrolíferas e uma vendedora de fast-food, setores que não são vistos com bons olhos pelos investidores. Os maiores perdedores foram:
1.      
American Intl Group = - 217 bilhões
2.      Pfizer = -188 bilhões
3.      General Eletric = -183
4.      Bank of America = -170
5.      Citigroup = -169
6.      Time Warner = -130
7.      AT&T = -111
8.      Cisco = -105
9.      Microsoft = -72
10.  Intel = -72 bilhões

Observem que na lista dos grandes perdedores estão dois bancos, quatro empresas de tecnologia, incluindo a Microsoft, e a GE. Quanto a GE é importante notar que esta empresa caracterizou-se por ter uma gestão extremamente agressiva na época de Jack Welch. Seu foco era o acionista. O desempenho no período foi muito ruim.

Mas talvez a surpresa da lista seja a presença da Microsoft. O acionista da empresa perdeu 72 bilhões no período, uma quantia substancial. Esta empresa chegou a valer mais de 600 bilhões de dólares e hoje possui um valor de mercado de 240 bilhões.

Durante a crise financeira, algumas empresas sofreram pesadas perdas. No período de 2007 a 2008 as maiores perdas, em termos percentuais, foram:

1.      Lehman Brothers = - 98%
2.      Washington Mutu = -98%
3.      Dana = -95%
4.      Circuit City Store = -92%
5.      Delphi = -92%
6.      Freddie Mac = -89%
7.      Fannie Mae = -88%
8.      Delta Air Lines = -88%
9.      Ambac = -88%
10.  American Intl Group = -85%

Em termos de valores, as maiores perdas provocadas pela crise foram:

1.      Citigroup = -237 bilhões
2.      GE = -222
3.      AIG = -182
4.      BoFA = -169
5.      Altria = -149
6.      Microsfot = -121
7.      Wachovia = -78
8.      Cisco = -71
9.      Morgan Stanley = -68
10.  Pfizer = -67 bilhões

Busca

Um texto no jornal Estado de São Paulo (Jogos e Trapaças, Link, p. 2, 4 e 5, Traduzido do New York Times) mostra como alguns empresas tentam burlar o mecanismo de busca do Google [onde este blog está hospedado]. O motivo:
Um estudo publicado em maio de 2010 por Daniel Ruby, da Chikita, rede de publicidade on line formada por 100 mil sites, revelou que, em média, 34% do tráfego recebido pelo Google via para o primeiro resultado da lista. É o dobro da fatia absorvida pelo segundo colocado.
Assim, aparecer em primeiro na lista do Google pode ser vantajoso. A reportagem analisa o caso da J.C. Penney, que aparecia em muitos resultados em primeiro lugar. A empresa alega que não teve culpa. O Google afirma não consegue descobrir todos os casos. Mais adiante:
Outra hipótese, que vai agradar fãs das teorias da conspiração: em 2010, a Advertising Age obteve documentos do Google que listava alguns dos seus maiores anunciantes, entre eles AT&T, eBay e, claro, J.C. Penney. De acordo com o documento, a empresa gastava US$2,46 milhões mensais em anúncios pagos do Google – que vêem ao lado dos resultados orgânicos.

Por que nem sempre quando uma ação valoriza o acionista ganha?


Quando um investidor aloca parte dos seus recursos no mercado acionário, ele deseja que o seu dinheiro se valorize. Imagine que ele aplicou 100 reais em ações e ao final do ano possua R$108,70. Isto significa uma valorização de 8,70%. Ele fez uma boa aplicação, certo?

Depende do referencial. Tradicionalmente comparamos o retorno no mercado acionário com um parâmetro. O mais conhecido deles é dado pela soma do retorno de um título sem risco mais o prêmio pelo mercado. Se um título sem risco teve um retorno de 5,3% e o prêmio por investir no mercado acionário é de 4,3%, este parâmetro é aproximadamente de 9,6%. Observe que este valor é superior ao 8,7% que se obteve na aplicação. Ou seja, deveríamos ter obtido no mínimo 9,6%, mas o retorno foi somente de 8,7%. Esta diferença representa uma perda na criação do valor para o acionista.

Uma pesquisa feita por três professores do IESE da Espanha mostrou que durante um período longo de tempo, entre 1991 a 2010, o mercado acionário dos Estados Unidos, o principal mercado de ações do mundo, teve uma rentabilidade de 8,7% ao ano. Ou seja, o investidor neste período teve uma grande perda no período. Segundo os cálculos destes pesquisadores, durante o período os investidores perderam 4,5 trilhões de dólares. Mas este desempenho não foi uniforme ao longo do tempo. Num primeiro período, os investidores ganharam 5,1 trilhões. Mas com o estouro da bolha de internet e a crise financeiro de 2008, o período seguinte trouxe perdas de 9,6 trilhões.

Isto mostra que nem sempre quando o mercado valoriza estamos ganhando. É necessário comparar com o nosso referencial.

Para ler mais: FERNANDEZ, Pablo; AGUIRREAMALLOA, Javier; CORRES, Luis. Shareholder value creators in the S&P 500: 1991-2010. 

Contra o cigarroF

Fonte: aqui

Será que a arte abstrata têm valor?

Eis um experimento interessante sobre a arte abstrata:
Para descobrir, Hawley-Dolan pediu a 32 estudantes de arte e 40 estudantes de psicologia para comparar pares de quadros. Um pedaço de cada par foi o trabalho de um artista reconhecido, como Kline, Rothko, Cy Twombly, Gillian Ayre, e outros mais. O outro veio da obra de pintores menos conhecidos, incluindo pré-escolares, elefantes, chimpanzés, gorilas e macacos. As pinturas foram colocadas uma ao lado da outra de acordo com a cor, a qualidade da linha, a pincelada e os alunos tinham de dizer qual eles preferiam e qual era a melhor. Ambos os grupos de alunos preferiram as peças profissionais aos dos amadores, julgando-as superiores. Mesmo os estudantes de psicologia, que não tinha experiência em artes, sentiram a mesma coisa, embora, como você poderia esperar, a sua preferência por trabalhos profissionais fosse um pouco mais fraca.
Fonte: aqui

Ruas mais caras do mundo

Fonte: aqui

Aritmética

Reportagem da Folha afirma que :

"O Brasil precisará de R$ 3 trilhões até 2022 para construir as 23 milhões de moradias necessárias para suprir seu deficit habitacional, de acordo com o Deconcic (Departamento da Indústria da Construção) da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo)."

Aritmética simples:

R$ 3.000.000.000.000/23.000.000 = R$ 130,434 de custo por moradia.

Será?

Caixa Dois

A deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) disse, em nota divulgada hoje, que o dinheiro recebido de Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção no Distrito Federal (DF), é caixa dois de campanha eleitoral. "Durante a campanha eleitoral de 2006, estive algumas vezes no escritório do senhor Durval Barbosa, a pedido dele, para receber recursos financeiros para a campanha distrital, que não foram devidamente contabilizados na prestação de contas da campanha", afirmou a deputada.
Dinheiro recebido é caixa 2 de campanha, diz Jaqueline - Leandro Colon - Agência Estado - 14/3/2011 Ou seja, é preferível ser acusada de uso do "caixa dois" do que de corrupção.

Egito tornou-se menos urbanizado

Postado por Pedro Correia
Segundo David Leonhardt quando Hosni Mubarak assumiu o poder em 1981, o Egito era realmente mais urbano do que no resto do mundo. Cerca de 44 por cento de sua população vivia nas cidades. Na Ásia Oriental, em comparação, apenas 26 por cento da população vivia nas cidades.

Desde então, as cidades da Ásia cresceram rapidamente, atraindo milhões de camponeses à procura de uma vida melhor . Quase 50 por cento dos asiáticos agora vivem nas cidades. E o Egito? É o único grande país ter se tornado menos urbanas nos últimos 30 anos, de acordo com o Banco Mundial. Atualmente, cerca de 43 por cento dos egípcios são moradores da cidade.



Talvez o fator mais preocupante de todos, é o exército, que agora controla o país, e possui uma grande força econômica,devido o controle de empresas que produzem de tudo, desde azeite de oliva e extintores até notebooks.

Fonte:For Egypt, a Fresh Start, With Cities

Indicadores Antecedentes

Postado por Pedro Correia




Há alguns dias eu estava ‘passeando’ no site da OCDE e me deparei com a notícia de que os CLIs de dezembro tinham sido divulgados. Mas foi aí que surgiu a pergunta: “Que diabos são esses Leading Indicators? “. Foi então que eu resolvi pesquisar um pouco mais sobre esses indicadores. Os Leading Indicators conhecidos como ‘Indicadores Antecedentes’ em português, são basicamente índices que, geralmente, apontam, em antecedência (daí o nome), o curso da economia. Esses indicadores antecipam os pontos de viragem da economia, com alguns períodos de antecedência. Um bom exemplo disso é retorno das Bolsas de Valores, que geralmente, começa a cair antes que a economia como um todo caia. Em especial, os CLIs (Composite Leading Indicators), indicadores compostos antecedentes, são o resultado da agregação de diversas variáveis que manifestam ter um comportamento avançado face ao ciclo econômico. Ou melhor face ao ciclo da produção industrial, que é a Proxy usada pela OECD para avaliar a atividade econômica. O ciclo, usando a definição da OCDE , refere-se a desvios em relação a tendência de longo prazo.

Para os que querem mais informações sobre esses indicadores da OCDE, aqui tem a descrição completa dos índices e a metodologia utilizada para seu cálculo.


Fonte:CLI (COMPOSITE LEADING INDICATORS) in NEPOM