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25 abril 2011

Efeito Spielberg

Por Pedro Correia

O diploma de graduação de uma universidade de excelência faz diferença? Talvez não. O efeito Spielberg explica o por quê:

But the good news is, as painful as rejection is, in terms of long-term success, getting into a prestigious college doesn't matter much. A study released in March by Alan Krueger of Princeton University and Stacy Dale of Mathematica Policy Research shows students who are rejected by highly selective schools go on to bank the same average earnings as Ivy League graduates. Krueger tells TIME his study shows too much attention is paid to the schools and not enough to the students. "Students can get a good education at many places," he says. "What matters most is what students put into their education — how seriously they take their studies and how much work they put in." It's what he calls the "Spielberg effect." (Steven Spielberg, one of the most famous directors of all time, was famously rejected twice from the University of Southern California's film school. He went on to attend California State University at Long Beach, a less selective school.) "Even if students don't get in, the fact that they are confident enough to apply indicates they are ambitious and hardworking, which are qualities that will help them regardless of where they go to school," Krueger says.

Read more: http://www.time.com/time/nation/article/0,8599,2063935,00.html

14 março 2011

Ética nas universidades brasileiras

Postado por Pedro Correia
A discussão de Glaeser diz respeito à American Economic Association que, argumenta-se, deveria impor limites éticos à profissão. No entanto, ele conclui - a meu ver corretamente - que:

Universities have the resources to develop ethical guidelines and the power to enforce them. They are the employers of academic economists, and ethical lapses damage them, too. They are the natural institutional guardians of their employees’ professional behavior.

A conclusão aplica-se também às universidades brasileiras. Elas pecam, em sua grande maioria, por não estabelecer diretrizes claras quanto ao comportamento esperado dos alunos no que diz respeito a plágio, cola e comportamento admissível de forma geral. Da mesma forma, poucas têm um código de ética para seus docentes e pesquisadores. É certo que códigos de ética representam apenas um incentivo soft para limitar o comportamento, porém são importantes à medida que sinalizam o que não é apropriado e podem ser complementados por medidas disciplinares.

Texto de Ronald Hilbrecht

21 janeiro 2011

Universidades



O gráfico mostra a distribuição dos prêmios Nobeis em ciências pelos países. Os Estados Unidos ganharam 209 prêmios, bem acima da Alemanha (com menos de 80) e Inglaterra. Mas observe que o quarto colocado é a Universidade de Harvard, que possui mais prêmios que a França. Cambridge, com mais de vinte prêmios, tem está na frente da Rússia. A explicação deste desempenho está na segunda figura, que mostra que Harvard possui um orçamento de 25 bilhões de dólares.

Para se ter uma idéia, somente o orçamento de Harvard corresponde a 60% do orçamento total do Ministério da Educação e Cultura.

19 janeiro 2011

Patentes na Universidade

(...) a maior participação das universidades [no registro de patentes] indica uma nova postura das instituições de ensino. "As universidades perceberam que poderiam ganhar dinheiro com as patentes, que antes eram registradas individualmente pelos próprios pesquisadores", diz [Ricardo Camargo Mendes, sócio da Prospectiva Consultoria].

Por outro lado, a perda de participação da iniciativa privada reflete retração da cultura inovadora no país. "A aversão a risco leva ao baixo número de patentes. Há poucas empresas que apostam no modelo de negócios baseado na inovação pura" afirma Mendes.

Universidades superam empresas em patentes - Paulo Justus – Brasil Econômico – 18 jan 2011-01-18

Observe que o número de patentes registradas no Brasil é, proporcionalmente ao tamanho da nossa economia, reduzido. Assim, um aumento, mesmo que reduzido, tende a gerar um efeito expressivo no valor total. Mas acrescento o texto outra justificativa em decorrência do período de tempo analisado (1992 a 2000 versus 2001 a 2009): o crescimento de entidades vinculadas as instituições de ensino, como as fundações de apoio, que trouxe uma visão mais empresarial para universidade (apesar do mau humor dos órgãos de controle e do judiciário.

10 dezembro 2010

As melhores universidades em Contabilidade

Antes de ler o texto a seguir, responda: qual a melhor universidade em contabilidade do mundo?

Como determinar qual a melhor instituição de ensino? Esta é uma questão amplamente debatida na área de educação. Alguns pesquisadores defendem que se deva avaliar o aluno que foi formado em cada escola. Outros acham que o ideal é verificar quanto o estudante aprendeu durante os anos na instituição. Neste caso, a comparação entre o conhecimento na entrada versus na saída seria a forma mais adequada de avaliar.

Diante da dificuldade de mensurar o aluno, algumas medidas procuram medir os produtos da educação. Num curso de graduação, poderia ser o salário dos alunos formados em cada faculdade, por exemplo.

Nos cursos de pós-graduação também existe uma grande busca por medidas que reflitam a qualidade de cada curso de mestrado e doutorado. Apesar da grande quantidade de trabalhos e indicadores, ainda existem controvérsias sobre as melhores universidades do mundo. Mas existe certa tendência em acreditar que a produção científica dos professores e alunos de cada instituição de ensino seja uma medida razoável da qualidade de cada escola.

No Brasil, se considerarmos a avaliação da Capes, o melhor curso de pós-graduação é o da Universidade de São Paulo. Mas e nos outros países?

Uma pesquisa realizada nos principais periódicos internacionais da área contábil (AOS, Auditing, BRIA, CAR, JAE, JAR, JATA, JIS, JMAR, RAST e TAR) tentou classificar as principais universidades em contabilidade. A idéia é simples: quanto mais uma universidade publica nos principais periódicos, melhor a sua qualidade. Os autores também dividiram os artigos em áreas temáticas: sistemas, auditoria, financeira, gerencial, impostos e outras.

Usando os últimos seis anos, e considerando a produção das escolas nos periódicos, temos que a melhor universidade em contabilidade é ... Stanford. Em segundo lugar temos, empatadas, a universidade de Austin, Texas, e Chicago. O quarto lugar ficou com Washington.

Mas o texto enfatiza que a classificação geral não é adequada, pois deixa de olhar as especializações. Por exemplo, em sistemas, Stanford não aparece na listagem das melhores universidades, que é dominada por Rutgers e Florida State (empate). Em auditoria, o primeiro lugar ficou com a Florida, seguido por Illinois e Northeastern. Já na área financeira, Chicago ficou em primeiro, seguido por Washington e Stanford. Em gerencial Stanford foi melhor que Michigan e London School. Em impostos, Arizona, Dartmouth e Chicago (juntamente com Iowa) tiveram maior produção.

Um aspecto interessante é a quantidade de docentes que respondeu pela produção de cada universidade. Por exemplo, a produção na área tributária de Arizona deveu-se a três docentes, a mesma quantidade de Chicago. No computo geral, o primeiro lugar de Stanford deveu-se a 13 docentes somente. Já em Austin o número de docentes foi de 16, um pouco abaixo dos 19 professores de Chicago.

Aqui no Brasil temos a Capes exigindo que os programas de doutorado tenham um mínimo de docentes para ser aprovado. A pesquisa mostra que uma universidade de ponta não precisa de dezenas de docentes. Bastam alguns poucos (treze, em Stanford), mas com muita produção, para produzir com qualidade.

COYNE, Joshua; SUMMERS, Scott; WILLIAMS, Brady; WOOD, David. Accounting Program Research Rankings by Topical Area and Methodology. Issues in Accounting Education. Vol. 25, n. 4, 2010, p. 631-654

23 março 2010

Capital humano em Contabilidade

O presente estudo objetiva analisar as percepções dos egressos em Ciências Contábeis da UNOESC quanto à influência do bacharelado no desenvolvimento profissional e da sociedade sob o enfoque da teoria do capital humano. Caracteriza-se como uma pesquisa descritiva utilizando-se dos procedimentos da pesquisa de levantamento de dados com abordagem quantitativa e qualitativa. A amostra consistiu de 144 egressos do curso de ciências contábeis da UNOESC – Campus de São Miguel do Oeste-SC e Pinhalzinho-SC. O instrumento de coleta de dados utilizado foi o questionário estruturado com perguntas fechadas. A coleta de dados ocorreu nos meses de julho a setembro de 2008. Os resultados da pesquisa indicam que a maioria dos egressos exerce atividade remunerada ligada a área contábil e são empregados no setor privado. Observou-se ainda que, para maioria, a contribuição da universidade foi fundamental para o aperfeiçoamento do capital humano e melhoria da qualidade da vida em sociedade. Com relação às alterações na vida pessoal e profissional com o título de Contador, um dos aspectos mais evidenciados foi o amadurecimento pessoal. Conclui-se de uma forma geral, que os egressos obtiveram melhoria de capital humano por meio da titulação, melhorando nível de renda, oportunidades de trabalho, competitividade profissional e influenciando positivamente a vida em sociedade, contribuindo para que se tornassem pessoas mais responsáveis e confiantes para lidar com situações do dia-a-dia. Os resultados corroboram a relação entre o capital humano adquirido por meio do curso universitário, na ampliação dos conhecimentos e das técnicas profissionais obtidas pelos profissionais egressos do curso de ciências contábeis da UNOESC.


EGRESSOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS: ANALISE DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL SOB O ENFOQUE DA TEORIA DO CAPITAL HUMANO - Ieda Margarete Oro; Juliana Jacintha Lazarotto Naue; Adelaide Lenir Sturmer; e Antonio Maria da Silva Carpes – Universidade do Oeste de Santa Catarina

01 dezembro 2009

Ociosidade no Ensino

Segundo notícia do Estado de São Paulo (Número de vagas ociosas em universidades federais cresce 117% , Lígia Formenti, Renata Cafardo e Simone Iwasso , 28/11/2009) existem mais de 7 mil vagas em universidades federais que não foram preenchidas, conforme o Censo da Educação Superior

Entretanto, mesmo com a ociosidade, o governo federal investe 2 bilhões de reais na ampliação das universidades.

Esta diferença entre o número de oferta de vagas e a demanda representa, segundo a reportagem,

um direcionamento equivocado do governo, são mais uma demonstração da saturação do mercado do ensino superior brasileiro. Este foi o primeiro ano, desde 1998, que o número de universidades, faculdades e centros universitários diminuiu. Desde o fim dos anos 90, com a facilitação de concessões para abertura de universidades privadas, o sistema cresceu mais de 100%.

As vagas ociosas representam 4,3% do total de vagas ofertadas em 2008. Maria Paula Dallari da Sesu - Secretária de Educação Superior - do MEC

acredita que muitos estudantes não saibam ainda dos novos cursos, instalados em cidades pequenas, e defende campanhas sobre o programa. (...) Segundo estimativas, cada vaga em uma universidade federal custa R$ 12 mil/ano. O País tem hoje 57 federais, com 643 mil alunos.

“Criaram cursos com viés ideológico”, afirma o consultor de ensino superior Ryon Braga. “Isso é dinheiro público jogado fora e o problema se torna ainda mais preocupante se contar as vagas que ficam ociosas por causa da evasão”, completou o especialista em educação superior Oscar Hipólito. “Foram criados novos cursos em regiões onde o nível do ingressante muitas vezes é tão baixo que ele não consegue passar no vestibular.”

25 agosto 2009

Universidades e Experiências Financeiras

Nos EUA, universidade deixa as experiências financeiras
Por Craig Karmin, The Wall Street Journal

(...) Durante décadas, a maioria das fundações universitárias preferia ações e títulos de renda fixa. David Swensen, que Yale contratou em 1985 como diretor de investimentos, argumentou que as fundações - investidores de longo prazo não preocupados com retiradas ou com as flutuações do mercado a curto prazo - eram candidatas ideais para investimentos como imóveis, aquisições alavancadas e créditos de recebimento duvidoso. O desempenho de Yale superou o dos mercados em geral por uma ampla margem.

Mas a queda das bolsas desde outubro de 2007 revelou o que alguns consideram como falhas no modelo. "O modelo de financiamento continha um colossal erro de raciocínio, o de que os investidores de longo prazo não precisam de liquidez a curto prazo", diz Robert Jaeger, da BNY Mellon Asset Management, divisão do Bank of New York Mellon Corp. que dá consultoria a fundações sobre estruturação de carteiras.
Algumas fundações insistem que, apesar de grandes perdas, não vão mudar de orientação. "Isso exigiria abandonar os investimentos orientados para o mercado acionário que vêm servindo bem às instituições com horizontes de longo prazo", disse Swensen, de Yale, em uma entrevista ao Wall Street Journal este ano.

Em 2005, a Universidade de Chicago contratou Stein, que trabalhava na fundação de Princeton, onde tinha sido protegido de Swensen. Em junho de 2008, a fundação da universidade tinha 77% de seus recursos em "investimentos semelhantes a ações", ou seja, ações de empresas americanas e estrangeiras, fundos de hedge e private equity, segundo o relatório anual de 2008.

Naquele setembro, por volta da época em que o banco Lehman Brothers quebrou e os mercados de crédito se retraíram, membros do comitê de investimentos decidiram examinar objetivamente sua carteira de aplicações.

"Nós havíamos subestimado o valor da liquidez, e superestimado nosso grau de diversificação", disse Andrew Alper, presidente do conselho diretor da universidade e membro do comitê. Segundo Alper, o comitê esperava mudar a exposição da carteira ao risco e à volatilidade de longo prazo, e teria preferido aplicar em firmas de private equity. Mas como o mercado desses ativos ilíquidos estava basicamente congelado e os resgates dos fundos hedge eram muito lentos, eles começaram a falar em vender ações.

Valor Economico - 21/8/2009

02 dezembro 2008

Educação

Seu argumento [de Charles Murray, em "Real Education: Four Simple Truths for Bringing America's Schools Back to Reality"] se baseia nos dados das avaliações educacionais, que demonstram que 80% dos jovens estão abaixo da média de competência cognitiva necessária para lidar com o rigor do ensino universitário, que, por definição, obriga a refletir sobre questões intelectualmente complexas. "Vamos ser realistas", diz Murray. "O diploma normalmente comprova que a pessoa teve uma educação liberal clássica. Significa que tem condições de ler e entender textos difíceis. Mas centenas de jovens nunca conseguirão ler e entender, por exemplo, 'A Ética' de Aristóteles. O resultado é que temos faculdades que oferecem cursos fracos, aumentam as notas e fingem que os seus alunos estão fazendo atividades de nível universitário quando, de fato, não estão. (...)

"Exceto no caso de algumas profissões específicas, como engenharia ou medicina, o diploma não dá garantia nenhuma de competência profissional. Representa apenas um pré-requisito sem custo [para o empregador] de perseverança e certo grau de inteligência. Mas trata-se de um requisito muito pobre em termos de informação. Melhor seria substituí-lo por testes vocacionais específicos."

Qualificação por baixo - Valor Econômico – 28/11/2008

13 março 2008

A Pesquisa Contábil no Brasil


Podemos dizer que a pesquisa contábil no Brasil nasce com a criação do primeiro doutorado de contabilidade, na Universidade de São Paulo. Influenciados pelas pesquisas de Edwards e Bell e pelo ambiente inflacionário existente entre as décadas de 1960 a 1980, a pesquisa foi conduzida no estudo dos efeitos da variação nos preços dos produtos sobre a riqueza da empresa.

Nesta fase é preciso destacar os trabalhos sobre a correção monetária de balanços, a correção integral e os estudos mais avançados sobre a variação de preços específicos. Os nomes de Sérgio de Iudícibus e Eliseu Martins formaram a base dos diversos trabalhos elaborados na Universidade de São Paulo. Influenciado por esta escola, fiz minha dissertação de mestrado na UnB tratando da questão da subestimação do indexador e os efeitos sobre as sociedades de economia mista, sob a orientação do professor Alexandre Assaf Neto.

A redução da inflação em níveis adequados com o Plano Real e a abertura da economia brasileira, iniciada no governo Collor, permitiu o crescimento da segunda vertente de pesquisa: a contabilidade de custos. Nesta época começam a aparecer no país os trabalhos norte-americanos de Kaplan, sobre o custeamento por atividades, trazido por diversos pesquisadores, entre os quais destaco o professor Massayuki Nakagawa. Mas estes estudos foram colocados em segundo plano diante da força da escola Gecon, sob o comando do professor Catelli. Observamos aqui, pela primeira vez no Brasil, a existência de correntes opostas – custeamento por atividades versus Gecon – onde a escolha de um lado significava necessariamente a oposição do outro lado. Neste momento, aprendemos que existe na academia divergências que podem ser profundas e interferir, decisivamente, na discussão e debate mais científico.

No início do século surge de forma atrasada no nosso País a pesquisa em contabilidade positiva. Este ramo da pesquisa iniciou-se com trabalhos pioneiros de diversos pesquisadores no final da década de sessenta nos Estados Unidos. Entretanto, uma vez que a preocupação no nosso país era com a influência da inflação, num primeiro momento, e a contabilidade de custos, num segundo instante, a pesquisa positiva ficou relegado no segundo plano no nosso país.

Acredito que a participação do professor Corrar, na cadeira de métodos quantitativos no doutorado da USP, além dos estudos que o professor Iudícibus promovia em contabilometria, foi decisiva para que um grupo de doutorandos/doutores tivesse interesse pela contabilidade positiva. Além disto, a necessidade de um corpo docente com o título de doutor fez com que muitos programas de pós-graduação buscassem socorro em doutores de áreas correlatas, vários deles em economia e ciências com grande embasamento teórico, o que provocou um maior destaque nesta área. Pouco a pouco os textos com grandes discussões teóricas, citações de bibliografias, em especial livros, e exemplos hipotéticos foram substituídos por testes estatísticos, hipóteses e ferramentas quantitativas. Esta é a fase que estamos hoje no Brasil.
É possível observar o papel relevante que o doutorado da Universidade de São Paulo teve na pesquisa contábil brasileira. Além disto, a USP foi uma grande escola, que ajudou a formar diversos doutores

22 janeiro 2008

O ensino público no Brasil

Um dado interessante da Universidade de Brasília, uma universidade custeada com o dinheiro dos contribuintes: no período de 2001 a 2005, dos 26.180 alunos de graduação que deixaram a universidade, somente 58% se formaram. 24% abandonaram a UnB, 16% foram desligados e 2% transferidos. O número de 40% de abandonos e desligamentos é elevado. (O número de abandonos e desligamentos do curso de contabilidade está próximo da média)

Coordenei a equipe da UnB que calcula o custo por aluno. Em média este custo está em torno de R$6.500 por ano. Um cálculo simples mostra o tamanho deste desperdício:

(26.180 x 40% / 5) x 6.500 = 13,6 milhões por ano

Quando se compara com a pós-graduação, onde o índice de abandono é inferior a 20%, talvez pudéssemos inferir que o problema está no processo seletivo. Na graduação, a seleção é feita quando o candidato ainda não sabe sua real escolha e é imaturo. Além disto, a processo seletivo da graduação é por atacado, sem vislumbrar as características que podem interferir no abandono. Já na pós-graduação, como os cursos são avaliados pelo baixo índice de abandono, a seleção visa verificar qual aluno tem condições de concluir o curso. A ótica é diferente (na graduação, o aluno que possui o melhor conhecimento ex-ante; na pós-graduação, o aluno com melhor condição ex-post.).

Uma forma de resolver este problema é através de incentivos para que as universidades federais reduzam o número de abandonos.

10 outubro 2007

Reuni e Efeito Baumol

O Efeito Baumol é um fenomeno descrito por William Baumol e William Bowen, na década de 1960. Estes autores perceberam, ao estudar o setor de artes, que são necessários o mesmo número de músicos para tocar uma sinfonia de Beethoven hoje, assim como no século XIX. Ou seja, a produtividade não afetou a produtividade, ao contrário do que ocorre no setor industrial ou de serviços. Ou seja, em alguns setores intensivos de mão-de-obra, como é o caso da educação ou uma orquestra sinfônica. Recentemente o governo federal propôs as universidades verbas adicionais desde que fizessem um esforço no sentido de aumentar o número de vagas e aumentar a relação aluno/professor para mais de 18. E o efeito Baumol?

15 agosto 2007

Ensino universitário

O Ensino universitário que não temos
10/08/2007 - 08:49

Um olhar detalhado e crítico sobre a vida universitária no Brasil leva-me à triste conclusão de que, salvo honrosas exceções em termos de cursos, docentes e alunos, as universidades que temos aqui não conseguiram construir uma mentalidade acadêmica producente, como a que existe e vigora na Europa, e nos Estados Unidos.

Percebo que a falta de uma vida acadêmica nos moldes mais tradicionais, algo próximo daquilo que vemos na França, Inglaterra, Estados Unidos ou na Alemanha - para citar alguns exemplos -, não permite aos nossos estudantes da graduação uma real imersão no espírito de pesquisa, formação, estudos acadêmicos e aperfeiçoamento profissional, humano e técnico que as universidades deveriam lhes proporcionar.

E o que quero dizer com vida acadêmica? Refiro-me à vivência acadêmica traduzida num compromisso que leve o aluno a estudar com vigor, a freqüentar a biblioteca da instituição, a fazer pesquisas de campo, a participar de aulas práticas com regularidade, a ter aulas que lhes cobrem o máximo de aprofundamento e dedicação (é isso mesmo, acho que temos que ser mais rigorosos com nossos educadores), e a envolver-se com os eventos culturais e científicos promovidos nos campi. Como não temos essa realidade dominando o cenário nacional, as perspectivas de um futuro melhor para as universidades continuam pouco promissoras.

É verdade que nossas universidades federais e algumas particulares perseguem a aura de instituições reconhecidas pela qualidade de seus cursos e produtividade científica. Não há como negar que a USP, a Unicamp, a UFRJ (Federal do Rio de Janeiro), a UFMG (Federal de Minas), o Ita (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) - apenas para mencionar alguns reconhecidos casos de qualidade - , ou ainda as PUCs (Pontifícias Universidades Católicas, apesar da grave crise que atormenta a PUC de São Paulo), a FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), a FGV (Fundação Getúlio Vargas), que representam o que há de melhor em termos de universidades privadas -, têm como propósito consolidar a qualidade no ensino superior brasileiro.

Ainda assim, falta no Brasil a cultura universitária que existe em muitos países e que permite a formação integral de profissionais capacitados a ingressar no mercado. Nessas instituições, os estudos são prioritários, os professores são valorizados e instados a pesquisar, há uma integração com o mercado, avalia-se com rigor o desenvolvimento dos estudantes.

Os rumos da Educação demandam comprometimento por parte das autoridades públicas. No Brasil, sabemos que os investimentos em Educação não são prioridade, apenas fazem parte de um discurso eleitoreiro. Creio, sinceramente, que a via prioritária para que qualquer país se emancipe econômica, social, política e culturalmente passa pela educação de qualidade em todos os níveis.

Nesse sentido, é preciso destacar que as novas instituições privadas de ensino surgidas nos últimos 10 ou 15 anos no país também devem repensar suas estruturas. Essas universidades ou faculdades estão focadas em oferecer uma infra-estrutura bastante qualificada - com instalações novas, quadras, boas bibliotecas, laboratórios de informática conectados à rede mundial de computadores -, mas carecem de uma maior preocupação com a qualificação do corpo docente.

A porta de entrada para o ensino superior de qualidade também passa pela incorporação das tecnologias, mas é essencial que o trabalho dos educadores seja prestigiado e que o corpo docente seja formado por mestres e doutores. Reina entre elas, infelizmente, uma mentalidade mercantilista em relação ao ensino. Por esse motivo se preocupam em oferecer um belo cartão de visitas e procuram economizar na contratação dos docentes.

Não podemos também esquecer que aos estudantes compete encarar com seriedade os estudos na Universidade, o que não ocorre em muitos casos. A avaliação dos estudantes, realizada no ensino superior, tem que ser mais rigorosa, tendo por base a leitura, a participação do aluno em sala de aula, em pesquisas e o seu grau de comprometimento com o saber. E os alunos têm que também partilhar, com maturidade, dessas exigências.

Se a formação universitária for deficiente e os graduandos forem aprovados, o custo maior será pago por esses estudantes quando tentarem ingressar no mercado de trabalho, onde acabarão sendo irremediavelmente reprovados.

Por: João Luís Almeida Machado, editor do portal Planeta Educação (www.planetaeducação.com.br), mestre em Educação, Arte e História da Cultura, professor universitário e pesquisador


Enviado por Ricardo Viana

14 agosto 2007

As melhores universidades

Segundo a Agência Lusa (China: Lisboa e Porto entre as 500 melhores universidades do mundo - ranking da Jiaotong, 13/08/2007) uma lista da Universidade Jiaotong, de Xangai, atribui o título de melhor universidade do mundo a Harvard.

As duas universidades portuguesas estão na lista: Lisboa e Porto.

No Brasil, a USP lidera a listagem, inclusive da América Latina (entre 102.º e 150.º) e entre as instituições de ensino em língua portuguesa. Além disto aparecem na lista Universidade Estadual de Campinas (203.º - 304.º), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (305.º - 401.º), e a Universidade Estadual Paulista e a Federal de Minas Gerais (402.º - 508.º).

"A lista baseia-se em critérios como o número de prémios Nobel e outros reconhecimentos académicos, o número de artigos publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, o número de alunos e a qualidade de ensino e ainda o número de vezes que revistas de prestígio académico citam investigadores da instituição. "

13 agosto 2007

O Papel dos Hospitais Universitários

Uma entrevista interessante sobre os hospitais universitários, que possuem problemas de financiamento, gestão e dificuldade de sobrevivência.

“Precisamos de um orçamento que hoje não existe”
12 August 2007
Gazeta do Povo

As comemorações dos 46 anos do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), durante a semana, foram marcadas por reivindicações do diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, que pede melhorias para que a administração consiga vencer a crise econômica que vem enfrentando.

(...)
O senhor diz que o hospital tem seu lado positivo e negativo. Qual é a parte negativa?

Não temos orçamento determinado para um planejamento estratégico objetivo. Nós sabemos o que trabalhamos, o que produzimos e o quanto valeria nosso trabalho, mas não sabemos o que vamos receber, quando e como. Na questão de recursos humanos (RH) é a mesma coisa. Não temos no RH um processo de substituição para os funcionários aposentados ou afastados. Deveríamos ter uma auditoria correta e clara para fazer este dimensionamento.

Quais mudanças seriam necessárias para acabar com a crise do HC?

A primeira coisa é que o estado brasileiro (governo federal) deveria dizer o que ele espera dos hospitais universitários (HUs) de ensino, vinculados às universidades federais. Deveria ser uma regra bem clara: qual seria a nossa missão? Em função disso, eles deveriam dimensionar recursos humanos necessários para nós desempenharmos tal missão. Assim como recursos financeiros para que permanentemente pudéssemos acompanhar as mudanças tecnológicas e recebêssemos uma manutenção efetiva no hospital. Feito este pacto, ele deveria ser revisto periodicamente para sua sustentabilidade. Precisamos, por exemplo, de um orçamento mensal que hoje não existe. Atualmente sobrevivemos dos recursos da previdência (onde 50% são gastos em folha de pagamento), de projetos individualizados, emendas parlamentares, doações da comunidade, das várias associações que colaboram com o hospital, das secretarias municipal e estadual de saúde. São coisas pontuais e não um projeto com recursos determinados para que possamos manter nosso parque tecnológico atualizado.

O que motivou esta crise?

Foi a mudança na legislação e no tratamento dado aos hospitais universitários. Na fase inicial, os HUs, especialmente o nosso, eram vinculados à antiga Faculdade de Medicina. Corresponderia ao que chamaríamos de laboratório de aulas práticas dos alunos de Medicina. Não existia o SUS (Sistema Único de Saúde). Quando o hospital foi criado, a nossa clientela era os indigentes. Hoje o perfil do nosso paciente mudou. Se antigamente ele vinha com a idéia do agradecimento pelo tratamento que recebeu, atualmente ele é um cidadão que vem em busca de um direito. Tudo isto também está ligado à questão financeira. O hospital antigamente era subvencionado pelo Ministério da Educação (MEC). Nessa época, o hospital tinha uma idéia com o que contava para o ano inteiro. Independia da sua produção. Hoje tudo isto está invertido. Não temos mais o financiamento do MEC. Isto aconteceu quando o hospital passou a atender a previdência: primeiro foi o Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), depois o Suds (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde) e hoje o SUS. O MEC deixou de subsidiar o HC assim que apareceram os recursos provenientes da prestação de serviços à previdência. O problema é que estes recursos não cobrem a folha de pagamento dos fucionários atuais. (...)