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04 junho 2010

Teste #289

O desastre ecológico da empresa BP no Golfo do México trouxe, na terça-feira, algumas estimatimas.

1) Qual a perda no valor de mercado das ações da empresa, desde 20 de abril, data do acidente?

A. 10%
B. 20%
C. Um terço
D. Metade

2) O valor da queda do valor de mercado é de:

A. 10 bilhões de dólares
B. 20 bilhões de dólares
C. 50 bilhões de dólares
D. 75 bilhões de dólares

3) A empresa informou que já gastou, até terça, o seguinte valor no esforço de limpeza:

A. 1 bilhão de dólar
B. 2 bilhões de dólares
C. 5 bilhões de dólares
D. 10 bilhões de dólares

4) A responsabilidade da empresa na limpeza, que aproxima-se da perda com turismo e com a pesca, pode chegar a:

A. A metade dos lucros trimestrais da empresa, ou 3 bilhões de dólares
B. A 100% dos lucros trimestrais, ou 6,2 bilhões de dólares
C. A pelo menos o dobro do lucro trimestal, ou 14 bilhões de dólares
D. A pelo menos o lucro anual da empresa, ou 24 bilhões de dólares

Resposta do Anterior: 1) C; 2) C; 3) D; 4) B; 5) A Fonte: CFO Magazine, 1/6/2010, Someone is Up to no Good

31 maio 2010

BP sabia do risco

Documentos internos da BP mostram que existiam problemas sérios na plataforma Deepwater Horizon, que explodiu, e que preocupações com segurança eram um tema constante.

Além disso, a agência federal responsável por fiscalizar a empresa permitiu que ela utilizasse materiais que não tinham sido testados como deveriam.

Em junho de 2009, por exemplo, os engenheiros da empresa se diziam preocupados com o material metálico utilizado para revestir a estrutura no fundo do mar. Ele precisa ser resistente pois a pressão do local é muito alta.

Um deles, Mark Hafle, dizia, em relatório interno, que o material poderia não aguentar e se partir. "Certamente esse seria um cenário pessimista", escreveu. "De qualquer forma, eu já vi isso acontecer antes."

A BP, porém, foi em frente com o material, apesar de ele violar as políticas de segurança e engenharia que a empresa segue. Os relatórios não explicam, porém, o motivo da exceção.

Além disso, em pelo menos três ocasiões, os registros mostram que o "blowout preventer", a válvula do poço que deveria ter impedido o vazamento após a explosão, não funcionava bem.

Após informar isso ao Serviço de Administração Mineral dos EUA, que serve de agência reguladora da exploração de petróleo no país, a empresa pediu para adiar os testes obrigatórios com a válvula, que o governo americano exige que se faça a cada dois meses. Eles achavam que ela não ser aprovada.

Primeiro, o pedido foi rejeitado. Mas a BP insistiu e então se permitiu que o "blowout preventer" fosse testado a uma pressão 35% menor do que a utilizada normalmente. Ela, então, passou nos testes.

BP sabia que plataforma tinha problemas, dizem relatórios
Folha de São Paulo - 31/5/2010 - DO "NEW YORK TIMES"

13 maio 2010

Al Gore

O ex-vice-presidente Al Gore comprou uma casa em Montecito, Califórnia, por 8,9 milhões de dólares. Montecito fica às margens do Pacífico, entre 15 a 55 metros acima do nível do mar.

Al Gore ficou mundialmente conhecido por um filme onde destacava o perigo do aquecimento global. Uma das conseqüências deste problema seria o aumento dos oceanos, em razão do derretimento do gelo dos pólos. As estimativas falam que os locais próximos ao nível do mar serão submersos. Algumas destas previsões citam 16 metros, mas as pessimistas falam em 282 metros acima do nível do mar.

Em outras palavras, Al Gore pagou por um imóvel que está na área de risco das previsões dos ambientalistas.

Na postagem Al Gore´s Revealed Beliefs duas hipóteses possíveis para o comportamento de Al Gore: ou ele é estúpido ou uma fraude.

03 maio 2010

Por que o vazamento do Petróleo no Golfo do México é importante para Contabilidade?

O vazamento de petróleo no Golfo do México faz voltar os olhos para a empresa BP, responsável pela plataforma. Esta notícia é relevante para contabilidade por duas razões.

Em primeiro lugar, existe a questão da mensuração dos efeitos do vazamento sobre a situação financeira da empresa. Isto inclui não somente os custos diretos, que inclui pagamento de indenizações e aqueles desembolsos vinculados as medidas emergenciais para conter o desastre. Existem também os custos indiretos, que pode inclui a reputação, aumento nas despesas de seguros, entre outros aspectos. Para o contador da empresa, o desastre poderá gerar a necessidade de uma provisão para cobrir estes desembolsos futuros.

O segundo aspecto é mais complicado e diz respeito a evidenciação das informações de natureza ambiental. Neste sentido, o histórico da empresa permite concluir que talvez a empresa tenha sido desleixada nas práticas ambientais. Segundo um comentário divulgado pelo Riskmetrics, em abril de 2009, a empresa já apresentava alguns sinais preocupantes nesta área. Anteriormente, acidentes na refinaria de Texas City da empresa, multas de segurança e corrosão em oleoduto indicava existência de sérios problemas ambientais, que custaram a empresa 10 bilhões de dólares, ou 40% do fluxo de caixa das operações. Além disto, a segurança ambiental da empresa estava abaixo da média do setor. Além disto, um relatório mostrou que a empresa sabia dos problemas de segurança da refinaria de Texas City antes do acidente.

20 abril 2010

Valor da árvore

Um aspecto inusitado do inédito censo arbóreo do Parque do Ibirapuera é que agora se pode atribuir valor a cada árvore, utilizando como base suas características físicas. Sabe-se, assim, que um autêntico cedro rosa de 18 metros de altura, bem fornido de copa, com caule sadio, folhas "abundantes" e estado geral "vigoroso" vale exatos (1) R$ 21.478,24. Trata-se da árvore mais valiosa, entre todas as 15.026 existentes no parque.

(...) Hoje, sabe-se que as árvores do parque, de 366 espécies diferentes, valem somadas R$ 310 milhões. "E isso porque não levamos em consideração a frequência das árvores (2), se não haveria espécies que ocorrem somente uma vez no parque, por exemplo, e que valeriam sozinhas mais de R$ 1 milhão (3)", contou o pesquisador. "Sem levar em conta essa frequência, o cálculo fica mais verossímil."

Árvores do Ibirapuera valem R$ 310 milhões - Vitor Hugo Brandalise - O Estado de S.Paulo


 

  1. O texto não informa como os valores foram obtidos. A incerteza neste tipo de avaliação leva-nos a duvidar da precisão dos centavos do valor atribuído ao cedro
  2. Também isto não está claro no texto
  3. Os valores são duvidosos em razão da incerteza metodológica deste tipo de avaliação

13 abril 2010

Propaganda estranha

A empresa dedicou a parte de trás da caixinha para falar de sustentabilidade. Mas a disposição dos elementos acabou passando uma mensagem totalmente confusa — para dizer o mínimo.

Reparem na imagem abaixo. Pelo sentido da leitura e hierarquia das fontes (ou letras), o "Desmatando florestas" vem logo em seguida ao "É divertido ajudar o planeta". Ou seja, a mensagem transmitida é oposta ao que se pretende. Nosso primeiro impulso é ler "É divertido ajudar o planeta desmatando florestas". Incompreensível e lamentável. 

    A Pepsi errou na nova embalagem de Toddynho? – Espirro Propaganda



Sim

09 abril 2010

Desmatamento


O Gráfico mostra uma triste realidade: o desmatamento entre as principais regiões do globo. Em primeiro lugar, a América do Sul, onde a quantidade desmatada é superior a das outras regiões do planeta. O gráfico mostra também a evolução: de cinza, entre 1990 a 2000; de laranja (?), mais recentemente. É possível perceber que não houve nenhuma evolução significativa no nosso continente nos últimos anos, ao contrário do que ocorreu na Ásia, por exemplo.

A fonte do gráfico é a revista The Economist (Wood through the trees, 25 de março de 2010)

16 fevereiro 2010

Conta de chegada

O jornal Estado de São Paulo traz uma interessante reportagem sobre o etanol brasileiro (A arma secreta do etanol brasileiro, Raquel Landim, 15/2/2010).

O texto mostra como um modelo matemático, Blum (Brazilian Land Use Model), ajudou os usineiros a comprovarem que o etanol não é responsábel pelo desmatamento da Amazônia. Eis um trecho interessante:


(...) Coube à turma de André Nassar, diretor executivo do Icone, criar o modelo matemático Blum, que provou que o efeito indireto da cana na Amazônia é muito menor do que os americanos achavam.

Em maio de 2009, o EPA apresentou o primeiro cálculo: o etanol de cana reduzia em 44% a emissão de CO2. O resultado foi uma decepção. Para ser avançado, o etanol deveria ter alcançado 50%. Para ser comparado ao celulósico, que ainda não foi desenvolvido comercialmente, acima de 60%.

O resultado do EPA estava aberto à consulta pública. Era a hora de apresentar os argumentos técnicos. Em agosto de 2009, o Itamaraty trouxe uma missão do órgão ao Brasil. Joel conta que ouviu, pela primeira vez, informalmente, qual seria o resultado no início de janeiro. “Um amigo me ligou e disse: Está sentado? Soube que o número do EPA deu 61%.”

05 fevereiro 2010

Custo de uma Hidrelétrica

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) finalmente concedeu a licença prévia para a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, fazendo exigências que elevarão substancialmente o custo da obra. Conforme os cálculos dos empresários privados, será um projeto caro, que gerará energia a custo superior ao de outras usinas situadas na Amazônia, como as de Santo Antônio e Jirau.

Com capacidade instalada de 11,4 mil MW, Belo Monte terá uma geração média de 4,6 mil MW, em decorrência das condições hidrológicas dos Rios Tapajós e Xingu, que fornecerão a água para seu reservatório. Belo Monte será a segunda maior usina do País e a terceira maior do mundo, depois de Itaipu e de Três Gargantas, na China.

O projeto da hidrelétrica começou a ser desenvolvido nos anos 80 e foi reformulado várias vezes. Em 2001 a Justiça Federal proibiu o Ibama de emitir o relatório de impacto ambiental da obra, frustrando a intenção do governo de licitar a usina em 2002. Ainda hoje o projeto enfrenta resistências de ambientalistas e do Ministério Público. No final do ano passado, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, chegou a baixar a Portaria 434 com as regras para a licitação, que o governo pretendia realizar ainda em 2009, mas teve de adiar o leilão para este ano.

Não há dúvidas quanto à resistência de representantes do Ministério Público Federal (MPF) à obra. O procurador da República Ubiratan Cazetta declarou que a licença prévia é só uma etapa e terá de ser analisada pelo MPF. “Todas as fases serão acompanhadas pelo MPF, que poderá ingressar com novas ações” contra a construção, afirmou outro procurador, Daniel César Avelino. A Advocacia-Geral da União (AGU), por sua vez, contra-atacou, anunciando que ajuizará ações de improbidade contra os promotores que exorbitarem de suas funções.

Com a reforma do projeto, Belo Monte terá um reservatório proporcionalmente pequeno – uma exigência ambiental –, de 516 km², menor que o de Tucuruí, que produz menos energia. Das 15 maiores usinas do Brasil, Belo Monte é a que terá o menor reservatório em área ocupada.

Os investidores que se articulam para disputar Belo Monte terão de atender a nada menos de 40 exigências socioambientais, de saneamento, habitação e segurança, cujo cumprimento é precondição para a concessão da licença de instalação, segunda etapa do processo e que, normalmente, demora meses para ser concedida.

Terão de ser construídas escolas e postos de saúde na região da usina e realizadas obras de saneamento básico em municípios próximos à barragem. Terá de ser mantida a navegabilidade do Rio Xingu durante a construção e a operação da usina. E os empreendedores precisarão elaborar um plano de conservação dos ecossistemas aquáticos e terrestres da região. Nenhum índio – prometeu o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc – será deslocado em decorrência da obra. “Se houvesse possibilidade de desastre ambiental, essa licença não seria dada, pelo menos na minha gestão”, declarou ele.

O custo das exigências ambientais é estimado em R$ 1,5 bilhão. Isto “não vai inviabilizar a obra”, afirmou o presidente do Ibama, Roberto Messias Franco. Mas há uma enorme diferença entre as estimativas do governo e do setor privado sobre o custo de Belo Monte.

O governo fala em valores entre R$ 16 bilhões e R$ 18 bilhões, enquanto empresários estimam o custo em não menos de R$ 26 bilhões – para a produção de 4,6 mil MW. Nas usinas do Madeira, estão sendo investidos R$ 18 bilhões para a produção de 3,6 mil MW de energia média. Aos R$ 26 bilhões de Belo Monte cabe acrescentar, ainda, o R$ 1,5 bilhão decorrente das novas exigências.

Graças aos sistemas nacionais de transmissão de eletricidade, a energia de Belo Monte tanto poderá servir para o abastecimento dos principais centros consumidores da Região Sudeste como para assegurar um aumento substancial da oferta na Região Norte, viabilizando a construção de novas fábricas eletrointensivas, como as de alumínio, aproveitando a matéria-prima abundante na área.


O custo de Belo Monte - 5/2/2010 - O Estado de São Paulo

Existe um custo adicional referente ao risco de mudanças no projeto em razão de novas exigências.

02 fevereiro 2010

Contabilidade e Ambiente

A relação entre a contabilidade e o ambiente tem sido marcada por muito juízo de valor e pouca pesquisa efetiva. Num texto recente para CFO (SEC Comes Clean on Climate Disclosures, 27 de janeiro de 2010) Sarah Johnson discute a nova exigência da SEC com respeito à evidenciação dos efeitos da mudança do clima nos negócios das empresas. A proposta da SEC é decorrente da sua nova gestão, que tem interesse maior no tema do que a administração anterior (ligada ao ex-presidente Bush).


 

Em 2009, somente 17% das empresas fizeram algum tipo de referência a mudança do clima ou a emissões nos relatórios anuais, segundo uma pesquisa com 400 empresas.


 

A exigência da SEC está relacionada aos efeitos que a questão ambiental pode trazer para os resultados financeiros das empresas, conforme destacou o CPA em SEC offers guidance on climate change disclosures). A questão ambiental pode trazer riscos ou oportunidades para as empresas e esta informação poderia ser relevante.


 

Gary A. Langenwalter, em Sustainability: A better brand of business?, lembra que o modelo de negócios atual está baseado em suposições que não são válidas, como o fato dos recursos serem baratos e amplamente disponíveis. Apesar da falta de evidenciação destas informações, isto não significa que as empresas estão paradas. Uma pesquisa da CFO (Optimism among CFOs on the rise) indicou que muitas empresas estão reduzindo o consumo de energia, reduzindo o desperdício e incentivando os clientes a serem mais "verdes". (A Folha de São Paulo de 1/2/2010, em Empresas mudam práticas energéticas antes da regulamentação, mostra alguns exemplos disto)

12 dezembro 2009

O custo do “Ambiente”

O aumento das exigências na construção de obras de infraestrutura tem o objetivo de evitar desastres ocorridos no passado, como é o caso da Hidrelétrica de Balbina, no Norte do País. A obra, apontada como a maior catástrofe ambiental do Brasil, alagou 2.360 km² de área na Amazônia para gerar apenas 250 megawatts (MW) - Belo Monte, de 11.200 MW alagará 516 km². “Por outro lado, o avanço dos custos encarece os empreendimentos, e quem paga a conta é o consumidor”, alerta o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim. (...)

Outra reclamação de Tolmasquim é a obrigatoriedade de os projetos assumirem o papel do Estado em alguns investimentos. “O consumidor acaba pagando mais caro por um serviço que os governos deveriam fazer e não têm nenhuma relação com os empreendimentos.” Entre os casos mais frequentes estão obras de saneamento básico em áreas que não são afetadas pela construção. A justificativa está na migração que o projeto pode provocar na região.
'Consumidor é quem paga a conta' - Renée Pereira - O Estado de São Paulo – 6/12/2009


Isto é que os economistas chamam de transferência de renda. Em outro texto as informações são mais concretas:

O rigor dos projetos socioambientais virou questão fundamental para que uma obra de infraestrutura se concretize no Brasil. Nos últimos anos, com a maior pressão sobre o País em relação ao desmatamento, o peso desses custos cresceu de forma significativa e alcançou níveis recordes. Há casos em que os gastos chegam a bater 30% do valor total do empreendimento. Na média, entre obras rodoviárias, hidrelétricas e portuárias, o custo fica em torno de 15%.

(...) Ele acabou de fazer um levantamento com usinas construídas (ou em construção) no País e verificou que os empreendedores gastaram entre 11,8% e 29,3% do orçamento da obra com projetos socioambientais.

O porcentual inclui a compensação ambiental, de 0,5% do valor do projeto, recuperação de áreas degradadas e devastadas, reassentamento das comunidades atingidas pelas barragens e outros projetos, como obras de saneamento, infraestrutura rodoviária e melhorias para a população local.

A campeã do estudo foi a Hidrelétrica de Machadinho, construída no sul do Brasil, cujos gastos socioambientais somaram quase 30% do valor da obra, de R$ 1,15 bilhão. Parte dos recursos foi gasta com a indenização de 1.272 propriedades afetadas pela usina. Outra parte foi aplicada na construção de hospitais, obras de saneamento, áreas de lazer, como um balneário de águas termais, e até uma igreja para a comunidade. Além disso, foi replantada 1,1 milhão de espécies nativas.

Para o diretor de meio ambiente da Odebrecht, Sérgio Leão, o aumento dos custos não representa problema quando todos os projetos estão identificados nos estudos socioambientais. O que não pode, diz ele, é a conta subir depois de iniciada a obra. Foi o que ocorreu na Hidrelétrica Foz do Chapecó, também no sul do País e que entrará em operação em 2010.

O diretor superintendente da empresa, Enio Schneider, explica que a expectativa inicial era gastar entre 18% e 19% do orçamento com projetos socioambientais. “Mas, com o andar da carruagem, esse número subiu para 23%. Se a gente considerar apenas o custo de construção da usina, sem seguros e custos de financiamento, esse número sobe para 33%.”

O executivo destaca que a previsão era recuperar 1.200 hectares de área degradada, antes usada pelos moradores para plantação. “Agora o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) está pedindo 3 mil hectares, sendo que a área de supressão vegetal é de 700 hectares.” Schneider, que já passou por outras construções, conta que no passado o custo socioambiental não passava de 15%. “Na Usina Campos Novos, o gasto representou 8%.”

O diretor de negócios e responsabilidade social da franco-belga GDF Suez (uma das sócias da Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira), Gil Maranhão, conta que esses custos proibitivos no sul do País pesaram bastante na mudança do perfil das futuras hidrelétricas, que não terão grandes reservatórios. Chamadas de usinas a fio d’água, elas alagam menos e reduzem o impacto ambiental e o custo de assentamento dos moradores. “Por outro lado, os projetos estão em áreas sensíveis, carentes de infraestrutura.”

Ele diz que, nas mega hidrelétricas, o porcentual do custo socioambiental no total de investimento é menor, mas o valor é muito maior. Na usina de Santo Antônio, no Rio Madeira, por exemplo, os gastos somam cerca de R$ 900 milhões - 78% do valor total gasto para construir a Hidrelétrica de Machadinho.

O setor de transportes (estradas e portos) também embarcou no aumento das compensações para tirar os projetos do papel. O trecho sul do Rodoanel de São Paulo por exemplo custou, pelo menos, 20% a mais por causa das exigências ambientais, diz o professor da USP, José Goldemberg, ex-secretário de Estado de Meio Ambiente, que liberou a licença da obra.

O gerente de gestão ambiental da Dersa, Marcelo Arreguy Barbosa, diz que o Estudo de Impacto Ambiental do trecho sul propôs uma série de compensações ambientais que foram ampliadas pela secretaria. “Prevíamos dois parques de 600 hectares para preservação. Isso foi ampliado para quatro áreas de 1.200 hectares. O custo, de R$ 30 milhões, subiu para R$ 100 milhões.” Também foi determinada a construção de duas sedes para a polícia ambiental, com a compra de 3 lanchas, 31 viaturas e 8 motos.

Custo de obras sobe até 30% por causa de exigências ambientais - Renée Pereira - O Estado de São Paulo – 6/12/2009

11 dezembro 2009

Ambiente e Contabilidade

A questão ambiental é uma discussão necessária. Mas isto não pode ser justificativa para que um posicionamento isento e correto seja adotado. Em Ebictda com "C", o efeito Copenhague, artigo de Eduardo Athayde, publicado no Valor Econômico de 4/12/2009, o autor chama atenção para a mensuração:

(...) Enquanto demonstrativos da contabilidade tradicional consideram MEIO AMBIENTE e mudanças climáticas como contingências remotas - externalidades - o IFRS determina que os ativos biológicos (tudo que nasce, cresce e morre), alterações climáticas e seus impactos positivos e negativos sobre o valor dos bens, sejam ajustados no balanço pelo "fair value" (valor de mercado), o que pode alterar significativamente os resultados e o nível de atratividade de mercado das empresas. As novas regras influem diretamente no Ebictda e precisam ser entendidas pela administração, afinal, além dos balanços, a reputação e a imagem das empresas também serão afetadas.


Existe um desejo natural que todo o ativo ambiental esteja dentro dos balanços das empresas. Mas isto deve ser possível desde que seja efetivamente ativo. Aqui o aspecto crucial da definição é o termo “controle” da riqueza que será gerada pelo ativo. Na realidade existe uma confusão entre o conceito de ativo aplicado para uma empresa e o conceito de ativo para contabilidade nacional do país.

A União Europeia adotou as normas IFRS em 2005. O Brasil, com o peso expressivo dos ativos biológicos será um "special case" para o International Accounting Standards Board (IASB), mentor das regras contábeis internacionais. Toda inteligência contida nos parâmetros do IFRS ainda é insuficiente para avaliar e demonstrar o "fair value" da maior biopotência do planeta na economia global.


Novamente a confusão entre o ativo da empresa e o ativo do país. O fato de ser a maior biopotência do planeta - será que somos? – não significa que as empresas possam ativar os recursos naturais. As regras do Iasb foram feitas para as empresas. O texto cita alguns exemplos de entidades que estão do lado ambiental:

O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em rota de descarbonização, não usa mais papel e é o primeiro tribunal nacional do mundo a só julgar processos digitalizados, um exemplo da alta corte brasileira.


Isto não é verdade. O STJ não usa mais papel somente num tipo específico de processo. Parece ser mais uma jogada de marketing do que uma medida que economize papel. Devemos lembrar que o aumento da informática trouxe uma perspectiva de que o mundo iria consumir menos papel. Entretanto, a estatística do consumo mostrou que as pessoas passaram a usar mais papel, e não menos.

30 novembro 2009

Ambiente e contabilidade

'É preciso pagar pelo capital natural'
O Estado de São Paulo - 30/11/2009

Com olhar de executivo, Álvaro de Souza, da WWF Brasil, adverte: o gasto da natureza tem de entrar nos custos das empresas

Depois de dizerem que não iriam fixar metas, tanto Obama como o líder chinês Hun Tao mudaram de ideia semana passada. Primeiro foi a Casa Branca que prometeu reduzir em 17% suas emissões de carbono até 2020, em comparação com o que emitiam em 2005. Um dia depois, a China bateu o martelo em uma redução entre 40% a e 45% “por unidade de PIB”. No Brasil, a meta fixada é dúbia. Significa um aumento real de emissão até 2020 - só que 38.9% menor que o projetado a partir do crescimento imaginado nas planilhas. É a mesma coisa que um gordo, imaginando que vá ganhar 20 quilos, se limite a engordar somente dez.

Para falar sobre o assunto, a coluna convidou Álvaro de Souza, ex-presidente do Citi no Brasil e ex-vice do Citi mundial, hoje à frente do World Wildlife Fund Brasil, braço autônomo da WWF. “Somos uma rede de conservação ambiental, não de preservação ambiental. Parece jogo de palavras mas não é”, explica o executivo. Preservação, esclarece, é deixar a natureza intocada. Conservação é o homem se educar para usar a natureza em seu benefício.

Da vida no sistema financeiro para o meio ambiente? “Quando larguei a rotina de executivo, decidi doar um pedaço do meu tempo à comunidade. Optei pela educação mas me frustrei porque não consegui realizar nada tangível. Vim então para o meio ambiente”. Como uniu as duas experiências? “Agrego valor dentro da teoria de que enquanto o consumo desbragado dos recursos naturais não estiver na contabilidade das empresas, essa batalha dificilmente será vencida.” Vão aqui trechos da conversa:

Estão dizendo que Copenhague, mesmo com o avanço das posições da China e de Obama, vai dar em nada. É isso mesmo? Não acho. Acredito que a situação mudou. Com estes dois países , os grandes poluidores, prometendo chegar com metas definidas, outros vão seguir o exemplo. Mas, que fique claro: só os EUA estão levando metas de redução. A China prometeu reduzir com base em cada ponto porcentual de crescimento. Isto é, não promete redução em relação a anos anteriores. O Brasil também não promete redução em relação ao passado, e sim sobre a futura emissão de gases.

E a reunião em Kioto em 2011? Copenhague é a preparação dela. Em Copenhague é que vão se definir os termos da revisão a ser feita no Tratado de Kioto.

De onde vem a maior poluição no Brasil? 62% da emissão brasileira se devem ao desmatamento. É queima de árvore. Por isso somos o quarto maior emissor. Não fossem as queimadas, seríamos o oitavo ou nono.

Quanto é a proporção de poluição da China e Estados Unidos no mundo? Juntos eles representam quase 40% da emissão mundial. Quando você pega por habitante, o índice dos EUA é quase 20 vezes maior que o do resto do mundo. E a emissão por habitante da China, com seus 2 bilhões de pessoas, é outro número.

Então, sem os EUA não se faz nada. É isso mesmo. Nada.

Obama tem condições de fazer cair a ficha do Congresso a respeito disso? Acredito que sim, em função de pressões da sociedade americana. Veja o (Arnold) Schwarzenegger. Ele é republicano, do partido mais resistente ao tema. E a ficha caiu por lá. E mais ou menos como está acontecendo aqui. Até a Marina Silva virar pré-candidata, a conservação era assunto do Ministério do Meio Ambiente. Agora, todo mundo fala do tema. Desde Serra, que nunca tinha falado nada, até a candidata Dilma.

Na sua percepção, os três candidatos, Dilma, Serra e Aécio, têm alguma sensibilidade para o meio-ambiente? O que posso dizer é que o que o Serra botou aqui em São Paulo tem muito mais conexão com a realidade do aquecimento global do que o que se discute no nível federal. Serra fez um documento usando números de 1995, fez uma coisa como manda o figurino. Do Aécio, não vi nada ainda não.

Como fazer o adulto se preocupar com 2050? Tem gente dizendo: eu nem vou estar mais aí... A batalha dos adultos de hoje, em termos de conscientização, está ganha. A tarefa de passar à ação é para a garotada que está vindo por aí. Por exemplo, o WWF se empenha mais em educar as mães do que os pais. Porque as mães é que educam os filhos.

Um processo irreversível, não? Mas que exige iniciativas práticas... Sim, é irreversível. E algumas coisas estão acontecendo. Veja o que ocorre no caso do comércio de madeira no Estado de São Paulo. A madeira ilegal, na ponta do consumidor, custa hoje só 9% mais que a legal. Já foi 35%. E por quê? Porque há controles, não tem mercado para o produto ilegal.

Mas por que a madeira legal custa esses 9% a mais? Porque ela tem a certificação, e esta tem um custo. Mas os preços tendem a se aproximar, por isso digo que o processo é irreversível. E a madeira ilegal tende a sumir. Veja o exemplo da Kimberly Clark, que vende lenços de papel nos EUA. Eles não foram cobrar da empresa que produz o papel. Foram na que produz o eucalipto que fará a celulose que vai fazer o papel.

Ou seja, a coisa se define quando há uma equação econômica viável, não? Tem uma teoria que não é nova, existe há uns 15 anos, que diz: o capital natural, consumido pelas indústrias, não está na contabilidade das empresas.

Explique. Você compra matéria-prima. Exemplo da celulose. A Aracruz produz, a Suzano compra, produz o papel. Tá na contabilidade. Mas pergunto: a água utilizada está na contabilidade? E o ar usado na White Martins, está? A solução é precificar os serviços naturais. Temos de encarar uma teoria de capital natural, que é tão real quanto capital humano, capital financeiro ou imobilizado.

Como isso vai ser levado à prática? Vai demorar uma geração, mas vai acontecer. No fundo, não estamos falando de salvar o planeta. Isso é uma bobagem, o planeta já sobreviveu à extinção de outras espécies dominantes. O que está sendo discutido é a sustentabilidade da nossa espécie. Hoje já estamos consumindo recursos naturais a um ritmo de 1,3 planeta - ou seja, 30% superior à sua capacidade de regeneração. É o chamado Living Planet Index, que mede a capacidade de restauração versus o que a gente consome.

Acha que a Terceira Guerra Mundial vai ser climática? Não acredito em Terceira Guerra Mundial. Se o maior poluidor, que são os EUA, saiu conscientemente -- ou não, sei lá - de um cara como o Bush para outro como o Obama... A direção é essa. Mas as tragédias naturais que a gente vê todo dia, tsunamis, inundação, seca, furacão... cada vez fica mais claro que estamos mudando. Quando Kioto começou a ser discutido, isso nem era visível. Agora está perto da gente.


Grifo do blog

25 novembro 2009

Setores e investimentos ambientais e sociais

Fundamentado na teoria da legitimação, este estudo objetiva averiguar se o volume de
investimentos sociais e ambientais efetuados pelas empresas difere de setor para setor, uma vez que se supõe que cada setor tem características distintas e, conseqüentemente, exigências diversificadas quanto à sua postura frente à sociedade. (...) A métrica utilizada na análise corresponde à parcela média dos últimos três anos da receita líquida destinada a tais investimentos, sendo as informações necessárias extraídas do banco de dados do Ibase. Quanto à classificação dos setores, recorreu-se aos critérios utilizados pela Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa. Fizeram parte da amostra 212 empresas, pertencentes a nove setores da economia, correspondendo a um total de 376 balanços sociais referentes ao período de 2005 a 2007. (...) verificou-se diferença nos investimentos sociais e ambientais entre os setores, ao nível de significância de 1%. Com base no mapa perceptual, foi possível observar algumas associações entre os setores e os investimentos sociais e ambientais.

A RELAÇÃO ENTRE SETOR ECONÔMICO E INVESTIMENTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS - Márcia Reis Machado (UFPB), Márcio André Veras Machado (UFPB) e Ariovaldo dos Santos (USP)

24 novembro 2009

Verde

McDonald's muda logo na Europa
Associated Press, BERLIM
O Estado de São Paulo - 24/11/2009

Verde substitui o vermelho atrás dos arcos

A rede de lanchonetes americana McDonald’s está se tornando verde - trocando o tradicional vermelho de seu logotipo por um verde escuro - para buscar uma imagem mais “ambientalmente amigável” na Europa. Cerca de 100 lanchonetes da rede na Alemanha vão fazer essa mudança até o final do ano, de acordo com a companhia. Algumas franquias na França e na Grã-Bretanha também já começaram a usar a nova cor no logotipo. “Essa não é uma iniciativa alemã, mas de toda a Europa”, disse Martin Nowicki, porta-voz da rede na Alemanha.

A rede, sediada em Oak Brook, no Estado de Illinois, nos EUA, conta com mais de 32 mil lanchonetes em 118 países, e vem sendo há um bom tempo alvo de ativistas ambientais, acusada de “inimiga” do meio ambiente. Por causa disso, a companhia vem tentando adotar práticas mais “verdes”, o que inclui a conversão do óleo usado nos restaurantes em biodiesel.

“Com essa nova aparência, nós queremos deixar clara nossa responsabilidade na preservação dos recursos naturais. No futuro, colocaremos um foco ainda maior nisso”, disse, em comunicado, Hoger Beek, vice-presidente do conselho de administração da companhia na Alemanha.

Mas os ativistas ambientais não ficaram muito convencidos com a mudança de cor no logotipo. Clare Oxborrow, do grupo Friends of the Earth (Amigos da Terra), disse que a empresa continua usando carne de animais criados em florestas devastadas. A empresa disse, porém, que toma cuidados para que isso não aconteça.

09 novembro 2009

Ambiente e Petrobrás

A divulgação de informações ligadas aos danos ambientais nos relatórios contábeis vem
sendo objeto de muitas pesquisas. Estudos que verificam a qualidade destas informações são importantes, pois podem possibilitar uma melhor visão da empresa por parte do investidor. Esse trabalho faz uma análise de conteúdo das informações de caráter ambiental divulgadas pela Petrobras, através da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e as compara às notícias e publicações em sites de jornais e revistas nacionais, a respeito de acidentes ambientais que envolvam a empresa nos anos de 1997 a 2007. As conclusões do estudo são: (1) as informações ambientais divulgadas pela empresa nos Relatórios da Administração, Notas Explicativas e Informações Anuais são praticamente descritivas, pouco tratando de valores de
ativos e passivos ambientais; (2) foram localizados 53 acidentes noticiados pela imprensa, quantidade bem superior às informações divulgadas pela Petrobras (15); (3) verifica-se ainda que, para os dez anos pesquisados, a empresa trás informações de caráter ambiental nos relatórios contábeis apenas dos anos 2000 a 2004, sendo que nos demais anos nada foi mencionado.


ANÁLISE DO DISCLOSURE AMBIENTAL DA EMPRESA PETROBRAS NO PERÍODO 1997 A 2007 - Fernanda Fernandes Rodrigues; Ricardo Brito dos Santos; Maria Celeste Baptista de Mello - Universidade de Brasília

A diferença entre o marketing e a realidade dos relatórios contábeis.

23 setembro 2009

Mensuração na Contabilidade Ambiental

Os consumidores vão em breve poder comprar todo tipo de mercadoria, de carne a mocassins, com base num número que pretende informá-los sobre o impacto ambiental dos produtos.

Fabricantes e varejistas ao redor do mundo estão trabalhando para medir as pegadas de carbono de seus produtos por uma série de motivos, e todos os esforços têm uma coisa em comum: os resultados têm a aparência de precisão.

Mas todos os pontos decimais do mundo não são capazes de esconder o fato de que a medição das pegadas de carbono é inexata. É algo complicado por várias metodologias e definições — sem falar em achismos.

"Não há regras claras por enquanto", diz Klaus Radunsky, um dos presidentes de um grupo dentro da Organização Internacional para a Padronização (a ISO), de Genebra, que está produzindo uma diretriz para a medição dos impactos ambientais dos produtos. "Depende muito de como você faz os cálculos."

Poucos produtos demonstram mais a bagunça dessas iniciativas do que um simples pacote de leite. Vários estudos em vários países já procuraram medir o impacto do leite, de sua produção numa fazenda até a destruição da embalagem. Em meio a isso, os estudos tentam medir detalhes como a energia usada para se fabricar o fertilizante usado no cultivo da ração para as vacas, o combustível gasto nos caminhões que entregam o leite e a eletricidade usada nos refrigeradores que o preservam nas cozinhas.

Não surpreende que cada um desses estudos meça a pegada do leite diferentemente, em grande parte porque cada um difere na maneira de contar um ou outro desses fatores.

O leite é um dos primeiros produtos que o Wal-Mart Stores Inc. está tentando medir em seu esforço mais amplo para avaliar o impacto ambiental dos produtos que vende. A varejista americana pretende começar a incluir etiquetas para certos produtos com uma nota de "sustentabilidade" — um único número que levaria em conta não apenas as emissões de dióxido de carbono, mas também o uso de água e produção de lixo. Isso é duplamente complicado porque envolve ponderar a importância relativa de diferentes tipos de impacto ambiental. O que é pior: que um tomate use um monte de água ou um monte de pesticidas?

O Wal-Mart está trabalhando com acadêmicos e ambientalistas para decidir como definir essa nota e como apresentá-la. Pode ser um número de 1 a 10 e pode ser uma cor numa série de tonalidades, diz Matt Kistler, o diretor de sustentabilidade da rede. O desafio é elaborar algo que seja compreensível e preciso. "Dá pra conseguir isso de uma hora para outra? Não, porque muito da informação não existe ainda", diz. "Mas acho que podemos chegar lá."

Entre os motivos por trás dessas iniciativas de fabricantes e varejistas estão preocupações com o planeta, marketing, redução de emissões e, em alguns casos, uma tentativa de se evitar que elas sejam pegas desprevenidas por qualquer regulamentação relacionada à mudança climática que possa surgir.

A Tesco PLC, grande varejistra britânica, começou no mês passado a identificar o impacto do leite que vende com sua marca própria. Seus estudos concluíram que meio litro de leite integral gera uma quantidade de gases do efeito estufa equivalente a 900 gramas de dióxido de carbono. Ela inclui essa informação na etiqueta do leite.

Outro estudo de um laticínio americano calculou uma pegada preliminar cerca de 15% menor para uma embalagem comparável de leite.

O que pode responder por parte da diferença é outro conjunto de infinitas variáveis no cálculo do carbono. Algumas fazendas têm maquinário que consome menos energia. Algumas vacas comem menos milho, que normalmente é cultivado com fertilizantes à base de petróleo. E alguns tipos de ração fazem com que a vaca arrote mais metano, uma poderosa fonte de carbono. Os arrotos bovinos são considerados por muitos como a maior fonte de emissões de dióxido de carbono na produção do leite.

Mas algumas partes da equação são subjetivas. As vacas produzem muitos produtos vendáveis: o leite quando estão vivas e, depois de abatidas, carne, couro e ossos. Assim quanto das emissões de uma fazenda de gado deve ser atribuído ao leite, e quanto à produção de sapatos ou de um filé?

A Tesco tenta resolver essa questão dividindo as emissões de acordo com o valor econômico relativo do leite em relação à carcaça da vaca. Se, digamos, uma fazenda obtém 90% de sua receita com a venda de leite e 10% com a venda da vaca, então 90% de suas emissões serão atribuídas ao leite e 10% a outros produtos.

Essa é a rota recomendada como a mais prática pela Carbon Trust, uma empresa de Londres estabelecida pelo governo britânico para ajudar a reduzir as emissões de dióxido de carbono no Reino Unido. A metodologia é parte de um conjunto mais amplo de diretrizes de mensuração do carbono publicado no ano passado pela Carbon Trust, o governo britânico e uma organização definidora de padrões chamada Instituto Britânico de Padronização.

Euan Murray, que supervisiona os estudos de pegada de carbono da Carbon Trust, e que foi contratado pela Tesco para realizar seu estudo sobre o leite, diz que alocar emissões com base no valor econômico faz sentido intuitivo para a maioria das pessoas. Mas, acrescenta, "não há maneira absolutamente certa de fazer isso".

A indústria de laticínios dos Estados Unidos está atualizando seu próprio estudo, e a nova versão usa um cálculo mais complicado preferido pela ISO. O objetivo é essencialmente olhar dentro da vaca, separando a porção das funções biológicas do animal que vai para a produção de leite da porção que vai para a produção da própria vaca. Essas funções incluem alimentos, arrotos, flatulência e estrume.


Qual a pegada de carbono da vaca? Depende de quem calcula
Jeffrey Ball, The Wall Street Journal - 23/9/2009

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