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02 outubro 2018

"Eu não sei"

Em muitos periódicos, uma das perguntas que o editor faz para o parecerista é se o título apresenta, de forma completa, a ideia do texto. Em outros, se o título é a menor expressão da pesquisa. Como participo do processo de ambos os lados (como autor e parecerista), alguns pareceristas fazem sugestões sobre o título, dando a sua versão do trabalho. Isto também acontece em bancas de trabalho de final de curso. O resultado deste processo são títulos amorfos, sem criatividade. Algo como: “Uma Contribuição ao estudo da Influência da Contabilidade nas Decisões gerenciais: um estudo com estudantes de contabilidade do Distrito Federal”. Por este motivo, um título deveria ser criativo, mesmo que não delimitasse a amostra ou estivesse vinculado a um objetivo.

Há um mês, dois pesquisadores dos Estados Unidos publicaram um artigo com o seguinte título: “I don´t Know”. Só isto. O título é suficiente para atrair a atenção. Do que se trata? Do fato de especialistas terem uma reputação a defender ao ter que admitir que eles não sabem. Muitas vezes, em diversas questões que são feitas para um especialista, ele deve reconhecer sua limitação. Isto também ocorre com uma professor, quando um aluno faz uma pergunta que ele não sabem (muitas vezes “testando” o professor).

O problema é que muitos pareceristas são "avessos" a esta inovação. Lembro que há alguns semestres fui convidado para uma comissão de avaliação; o trabalho tinha o título "Mais que mil palavras". Genial. Já gostei do trabalho antes de ler. Outro exemplo: a tese de doutorado da Mariana Bonfim com o título "Honest Individuals, (dis) honest Groups?".

A criatividade de um trabalho deveria começar da primeira linha. Ou seja, do título.

Um comentário:

  1. Concordo demais. Às vezes eu tento fazer títulos criativos... mas nem sempre dá certo.

    Sobre o eu não sei, isso ocorre com analistas também. ÀS vezes eles têm vergonha de dizer que não conhecem um caso mais profundamente.

    Geralmente recebo perguntas sobre uma determinada empresa. A maioria das minhas respostas é: não conheço o caso kkk

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