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16 janeiro 2015

O que gostaríamos de saber...

Um texto do Valor Econômico (O que a Petrobras diz, e o que ela precisa dizer) traça um paralelo entre o que os investidores gostariam de saber e o que seus comunicados para a imprensa divulgam:

Os investidores queriam saber o tamanho do rombo causado pelos desvios de corrupção na Petrobras, se eles serão registrados retroativamente ou não e como isso afetará o lucro da companhia de 2014 e consequentemente o pagamento de dividendos dos acionistas ordinaristas. Mas ela preferiu divulgar que vai fazer reflorestamento em áreas desérticas do Rio Grande do Norte.

Os  investidores queriam saber se, além dos ajustes da corrupção, a companhia fará outras baixas no balanço por perda de valor recuperável de ativos, diante da queda do petróleo para um nível que tira a rentabilidade do pré-sal, e como isso afetará os planos futuros da companhia. Mas a estatal preferiu informar que aumentou o reúso de água em suas refinarias para 3 bilhões de litros.

Os investidores adorariam saber qual o tamanho do corte dos investimentos que a companhia terá que fazer neste ano, para conseguir passar o exercício sem precisar tomar empréstimos, conforme prometido. Mas a petrolífera preferiu dizer que o uso de uma nova tecnologia aumentou a segurança nos dutos da Transpetro (a mesma do presidente licenciado por ter sido citada como integrnte do esquema de corrupção).

Os investidores precisam saber o que falta para a companhia conseguir publicar um balanço auditado, e se o demonstrativo anual sairá dentro do prazo, sem risco de sanções por parte da Securities and Exchange Comission (SEC). Mas a companhia preferiu anunciar que o programa de fidelidade "Premmia" já tem 6,7 milhões de participantes.

Os investidores ficariam felizes de saber que alguém vai pagar a a conta das perdas bilionárias que serão registradas, e que a Petrobras vai processar seus executivos corruptos ou ineptos por falta de diligência. Mas a estatal preferiu revelar, em primeira mão, que o uso do biocombustível aumentou em 30% a produtividade da safra de mamona. 

 O setor de imprensa da empresa não pode fazer milagres...

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