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04 maio 2017

Faleceu Baumol

O blog Marginal Revolution anunciou que o economista Baumol faleceu. Durante anos este blog postou diversos textos sobre um dos grandes economistas.

Por diversas vezes Baumol esteve entre os fortes candidatos a receber o Nobel de Economia. Infelizmente isto não ocorreu. A falta da premiação não diminui os méritos do economista. A primeira vez que deparei com o nome de Baumol foi ao estudar capital de giro. Baumol aproveitou a ideia do lote econômico de compra e aplicou para a gestão do caixa. O modelo parece hoje bastante simples, mas ajuda a explicar o fato de que grandes empresas fazem muitas transações de investimento com os recursos financeiros, enquanto pequenas empresas não se incomodam com deixar o dinheiro parado no banco: o custo da transação e a rentabilidade explicam esta diferença de comportamento. Também ajuda a explicar a razão pela qual as pessoas, em ambiente inflacionário, buscavam diariamente aplicar seus recursos. Quem viveu na época anterior ao Plano Real sabe o que isto significa.

A partir do modelo do Baumol de gestão de caixa outros modelos foram construídos. Mas a ideia de ter dois ativos - caixa e investimento - com custo de transação e rentabilidade foi de Baumol.

Infelizmente Baumol é pouco conhecido na área contábil. Pergunte a um especialista de custo ou do setor público se já ouviu o nome do economista. Um trabalho seu da década de sessenta é fundamental para estas duas áreas: a doença do custo. Estudando a evolução dos custos em diversos setores, Baumol, em conjunto com Bowen, propôs a ideia de que a redução dos custos proporcionada pela automoção da economia não representava um ganho para todos os setores. Usando o exemplo de uma orquestra sinfônica é possível perceber que criar máquinas não irá reduzir o custo de tocar a Sinfonia número 9 de Beethoven. O número de músicos e cantores é o mesmo que era exigido no século XIX, XX ou XXI. Outro setor onde não ocorreram grandes ganhos de produtividade é a educação. Para ensinar as partidas dobradas é necessário um professor para trinta ou quarenta alunos. A existência de computadores não afeta esta relação (o ensino a distância foi discutido aqui). Isto ajuda a explicar os custos exponenciais da educação. A saúde é outra área onde existe a doença dos custos.

Como no Brasil a constituinte obriga que o governo cumpra seu papel na saúde e educação da população, a doença do custo ajuda a explicar a dificuldade de reduzir as despesas públicas. E o cenário futuro é pouco animador, já que os custos nestas duas áreas são crescentes em relação a outros setores.

Duas ideias brilhantes oriundas de um dos maiores economistas do século XX: Baumol.

17 janeiro 2014

Plano de Saúde, Inflação e Baumol

Na década de 60 o economista Baumol apresentou um artigo que ajuda a entender alguns aspectos da vida moderna. Segundo Baumol, a revolução tecnológica poderia ajudar a reduzir os custos de um grande número de produtos, como os automóveis. Assim, a introdução de automação na linha de montagem irá refletir no custo unitário do automóvel. No longo prazo, o preço dos automóveis tenderia a ter um aumento menor que a inflação da economia, refletindo estes ganhos de produtividade.

Entretanto, esta mesma mudança não permitira a redução dos custos de setores como saúde e educação. Um exemplo lembrado é da orquestra sinfônica. Na década de sessenta era necessária uma orquestra com cordas, madeiras, metais, percussão e teclados para tocar uma sinfonia de Bethoven. No ano de 2014, para executar a mesma sinfonia, as exigências em termos de orquestra continua a mesma. Ou seja, a quantidade de músicos manteve-se constante, não tendo sido afetada pela presença de computadores, robôs e outras máquinas, que ajudam a reduzir a produtividade de outros setores, mas não da orquestra. Assim, no longo prazo, o custo para manter uma orquestra tenderia a aumentar mais que um índice geral de preços.

O leitor pode verificar isto na prática quando compara o preço de mandar para o conserto um objeto do lar. Antigamente, era bastante interessante encaminhar para um técnico especializado um liquidificador estragado; nos dias atuais, em muitas situações, é muito mais vantajoso jogar o produto antigo fora e comprar um novo. Isto é um reflexo da observação feita por Baumol há cinquenta anos: o custo de comprar um produto novo aumentou muito menos que o custo do reparo do liquidificador ao longo do tempo.
Infelizmente os contadores, os jornalistas, os advogados ou os economistas não leram Baumol. Apesar de o trabalho original ter sido escrito há mais de quarenta anos, a mensagem continua válida. Recentemente, Baumol e outros autores lançaram um livro denominado The Cost Disease, onde no subtítulo perguntam Why Computers Get Cheaper and Heath Care Doesn´t onde mostram, com dados mais atuais, que os setores de serviços estagnados possuem um aumento nos seus custos acima da inflação: os computadores estão mais baratos, mas a saúde não.

A Folha de S Paulo resolveu analisar a evolução dos preços dos planos de saúde e concluiu que seus preços estão sendo reajustados acima da inflação (Planos de saúde são reajustados acima da inflação desde 2004, Mariana Sallowicz e Pedro Soares, 16/01/2014). O texto é uma pérola para quem já leu Baumol. Veja alguns trechos a seguir:

Desde 2004, os planos de saúde são reajustados sempre acima da inflação, segundo o IBGE. No Plano Real, o aumento supera em mais de 200 pontos percentuais a alta do IPCA, índice oficial do país.

Seria estranho se isto não ocorresse. Considerando que os planos devem recuperar seus custos para sua viabilidade, os reajustes devem ser acima da inflação. E isto deverá continuar no futuro. Além disto, o ano de 2004 foi escolhido talvez por ser o início da gestão do PT no governo federal, mas este fato é apartidário.

Um dos motivos para essa distorção e reajustes tão salgados nos últimos anos, dizem especialistas, é a metodologia de cálculo adotada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Paciência, é preciso muita paciência. A ANS não tem culpa e o valor deve ser reflexo das leis da economia. Mas a reportagem decidiu, dentro da falácia do jornalista, escutar um “especialista”:

"Esses planos não sofrem nenhuma interferência da ANS e não raramente têm reajustes com percentuais superiores a 30%. Trata-se, portanto, de uma grande incoerência", diz Julius Conforti, advogado especializado no tema.

Talvez o pobre do advogado não conheça a obra de Baumol. Se conhecesse não falava em incoerência. Em tempo, a falácia do jornalista é comum em textos publicados em jornais, onde o jornalista escuta um ou duas pessoas e começa a fazer inferência. Existe também aqui a tentativa de usar o argumento de autoridade, um macete que usamos em textos científicos, citando “autoridades” no assunto para embasar nossos argumentos. Mas convenhamos, talvez alguém que já tenha lido Baumol seria uma autoridade maior que o “especialista” no tema, que acha uma incoerência.

Um dos argumentos da agência é que as empresas que contratam as operadoras para atender seus funcionários têm maior poder de barganha. Assim, podem obter descontos e conter aumentos em seus contratos.

Parece também que a ANS não conhece Baumol. Ou pelo menos o porta-voz.

Os dados mostram que o custo dos planos sobe, em geral, num ritmo superior ao dos serviços médicos, dentários, hospitalares, laboratoriais e dos artigos farmacêuticos –outros itens que integram o grupo saúde do IPCA, cuja variação é 233 pontos percentuais menor do que a dos planos no Real.

Parecia que o texto iria falar de custos, mas o destaque é o comparativo entre o custo dos planos e dos serviços médicos.

A ANS diz que só monitora as negociações e tenta coibir eventuais abusos, mas os contratos são negociados entre os clientes (empresas) e as operadoras –sejam elas seguradoras ou empresas de plano de saúde. A agência evitar comparar com índices gerais de preços.
"O índice de reajuste divulgado pela ANS não é um índice de preços. Ele é composto pela variação da frequência de utilização de serviços, da incorporação de novas tecnologias e pela variação dos custos de saúde, caracterizando-se como um índice de valor", informa a agência.

A resposta da agência não mereceu o devido destaque do texto, que está mais preocupado com outros aspectos.

Três outros fatores, dizem especialistas, também podem impulsionar o custo do planos de saúde: a escassez de médicos e outros profissionais de saúde; o aumento da renda da população e a deficiência do serviço público de saúde –que fez crescer a demanda por consultas e planos privados.

A principal explicação dada por Baumol é que os serviços estagnados, como é o caso da saúde, não conseguem usufruir do progresso tecnológico. Uma consulta média continua necessitando de um médico e o tempo não diminui com o passar dos anos.

Pelos dados do IBGE, os serviços médicos e dentários subiram 10,65% até novembro de 2013, pouco menos do que o dobro dos 5,91% do IPCA, num sinal de maior demanda por consultas ou falta de profissionais.

"Nos últimos 10 anos, os planos sobem sistematicamente mais do que a inflação e não há uma explicação clara para isso. É uma diferença muito grande. O argumento das empresas é que novos procedimentos encarecem os serviços", diz Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Parece que Eulina também não leu Baumol. Paciência. Paciência.

12 fevereiro 2014

Resenha: The Cost Disease

Este livro de William Baumol é uma boa oportunidade para aqueles que não conhecem o teorema de Baumol-Bowen. Na década de sessenta estes dois pesquisadores constataram um aspecto importante ao analisar o desempenho nas artes: não era possível perceber a contribuição dos ganhos de produtividade neste setor. Usando um exemplo simples, no século dezoito era necessário um número de músicos para executar uma obra de Mozart. Mais de duzentos anos depois, a obra de Mozart continua demandando a mesma quantidade de músicos.

Baumol e Bowen notaram que em alguns setores a introdução das máquinas não estava influenciando a forma como a tarefa era executada. Nos dias de hoje, a popularização dos computadores pode aumentar a produtividade da indústria e de algumas prestações de serviços, mas não afetam estes setores. Uma consequência imediata deste ponto é que os preços destes setores imunes às máquinas tendem a aumentar acima da inflação. Já os setores onde ocorrem ganhos de produtividades, os preços historicamente aumentam abaixo da inflação.

Neste livro, escrito quase cinquenta anos após o teorema de Baumol-Bowen, o assunto é novamente discutido. Como o próprio título afirma, o foco é no aumento do custo da saúde. Baumol procura explicar a razão pela qual os computadores estão cada vez mais baratos, enquanto o custo da saúde é cada vez maior. A explicação encontra-se no teorema de décadas atrás. E os dados apresentados mostram que a previsão de Baumol e Bowen estava correta, não importa o país ou o período de tempo.

Um aspecto interessante para pensar no futuro das finanças públicas do Brasil: dentre os setores citados onde não ocorrem ganhos de produtividade, Baumol destaca saúde e educação. Justamente dois setores que mais recebem atenção dos governos brasileiros. Continuando a tendência anunciada por Baumol, isto significa que estes setores irão demandar gastar crescentes do Estado. Fica aqui um questionamento se os estudos de Baumol seriam uma boa justificativa para um comportamento já constatado há décadas nas finanças públicas: a participação crescente dos gastos públicos na economia. Ou lei de Wagner.

O livro é composto de 12 capítulos, distribuídos em cerca de 180 páginas e quase 70 de notas, citações e índice. É um livro pequeno, fácil de ler. Entretanto, um pouco repetitivo na sua mensagem. Para quem não conhece ou não tem acesso ao livro original, trata-se de uma referência importante no estudo de custos do setor de saúde. Nesta área, assim como na área de educação, é uma obra fundamental.

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Vale a pena? Somente para aqueles que estudam custos no setor de saúde e educação.

04 outubro 2016

Nobel de Economia

Começou a temporada de premiação da mais importante distinção científica do mundo: o Nobel. Pela proximidade das áreas, o interesse volta-se para o prêmio de economia. As especulações são várias, que inclui Blanchard, Lazear e Melitz, segundo a Thomson Reuters.

O Marginal Revolution aposta em Baumol (fotografia) e um prêmio conjunto para economia ambiental (Nordhaus, Dasgupta e Martin Weitzman, por exemplo). Mas existe a possibilidade de Barro, Romer, Duflo, Diamond, Bernanke, entre outros.

Minha simpatia – e isto não conta nada para o comitê que escolhe o prêmio – é para Baumol. Com 94 anos de idade, Baumol tem um grande trabalho em diversas áreas, mas o seu enfoque sobre os custos merece mais atenção da contabilidade. Na década de sessenta, Baumol, juntamente com Bowen, notou que em alguns setores os custos aumentavam mais do que a inflação, de maneira persistente. Ele citava saúde e educação como exemplos. Baumol mostrava que nestes setores os ganhos com produtividade eram difíceis de serem incorporados ao processo econômico. Já comentamos diversas vezes sobre isto neste blog.

P.S. Não descarto uma premiação para as pesquisas sobre economia e rede social

10 outubro 2007

Reuni e Efeito Baumol

O Efeito Baumol é um fenomeno descrito por William Baumol e William Bowen, na década de 1960. Estes autores perceberam, ao estudar o setor de artes, que são necessários o mesmo número de músicos para tocar uma sinfonia de Beethoven hoje, assim como no século XIX. Ou seja, a produtividade não afetou a produtividade, ao contrário do que ocorre no setor industrial ou de serviços. Ou seja, em alguns setores intensivos de mão-de-obra, como é o caso da educação ou uma orquestra sinfônica. Recentemente o governo federal propôs as universidades verbas adicionais desde que fizessem um esforço no sentido de aumentar o número de vagas e aumentar a relação aluno/professor para mais de 18. E o efeito Baumol?

13 outubro 2014

Previsões para o Nobel de Economia 2014



On Monday, the Royal Swedish Academy of Sciences will name its choice for the Nobel Prize in economics. In the run-up to that announcement, analysts and economists are engaged in some forecasting of their own about who might win.

The prize—officially the Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel—was established in 1968 and is worth around $1.1 million. The shortlist seems to grow a little longer every year.

News and data firm Thomson Reuters publishes predictions every year of Nobel laureates based on the number of research citations those academics receive. This year, their frontrunners for the prize include Philippe Aghion of Harvard University and Peter Howitt of Brown University for their work advancing the growth theory of creative destruction.

William Baumol and Israel Kirzner, both of New York University, are also atop the Thomson Reuters slate for their research on entrepreneurship.

Tyler Cowen of George Mason University is also predicting Mr. Baumol—and possibly William Bowen, the former president of Princeton University—for their work on cost disease, or the phenomenon in which labor costs rise without a corresponding increase in output.

Mr. Baumol’s name comes up in a 1990 study by Eugene Garfield handicapping potential Nobel laureates-to-be. Garfield lists 50 of the most-cited economists between 1966 and 1985, of which 15 had already won the prize. Thomson Reuters notes that Mr. Baumol is 10th on that list, and that only one other economist—Martin Feldstein of Harvard University—is still living and has not won the prize.

Other perennial favorites for the study of economic growth include Paul Romer of NYU and Robert Barro of Harvard. Mr. Barro currently ranks No. 2 in research citations on a database maintained by the Federal Reserve Bank of St. Louis, behind his Harvard colleague Andrei Shleifer.

If the Nobel committee looks to award work on finance and regulation, Jean Tirole at theToulouse School of Economics is often mentioned.

Income inequality has been a hot topic this year, and Oxford’s Sir Tony Atkinson andAngus Deaton of Princeton have in the past been seen as frontrunners in this strand of the economics field.

Thomson Reuters also tabs a sociologist—Mark Granovetter of Stanford University—on its list for his study that the role of social relationships and networks play “a larger role in transactions than admitted in idealized narratives of rational choice with perfect information.”

Since 2002, the Thomson Reuters exercise has identified 36 eventual Nobel laureates in economics, chemistry, physics and medicine. This year, one of the awardees for the Nobel in physics—Shuji Nakamura—had been tabbed by the Thomson Reuters analysis in 2002 as a potential winner.

The WSJ’s Jon Hilsenrath mused earlier this month about whether former Fed Chairman Ben Bernanke might win for his work with NYU professors Mark Gertler andSimon Gilchrist, which looked at the damage done to the broader economy by convulsions in credit markets.

Last year, the prize went to a trio of American scholars—Eugene Fama and Lars Peter Hansen of the University of Chicago and Robert Shiller of Yale University—for their complementary but independent work on asset-price analysis.

Fonte: aqui

05 outubro 2016

William Baumol ganha o Nobel de Economia 2016

O prêmio Nobel de Economia será divulgado no dia 10 de outubro. Mas, consta uma notícia no site da NYU dizendo que Baumol ganhou o Nobel deste ano. Parece ser apenas uma nota que foi preperada antecipadamente. Mas achei estranho estar no site....

In awarding Baumol the Nobel Prize, the committee cited…[Aqui só falta as palavras do comitê do Nobel]

“Will Baumol is a profound and prolific scholar, whose contributions of nearly 70 years fundamentally shaped the way we think about entrepreneurship, economic growth and the history of economic thought,” said Peter Henry, dean of the NYU Stern School of Business. “The Nobel prize is the perfect capstone to such a long and productive career."

Fonte: aqui

21 janeiro 2010

O deficit da Previdência



O problema da previdência parecer ser uma constante dos governos modernos. Parece que nenhuma medida é suficiente, muito embora irresponsabilidades dos políticos sejam sempre um agravante. Já existe, em termos teóricos, há anos, uma explicação simples para isto. William Baumol, um economista estadunidense que possui quase 88 anos, e William Bowen explicaram em 1966 que os custos de alguns produtos, entre eles um sistema de saúde, sempre devem aumentar acima da inflação geral. Estes produtos não se beneficiam do aumento da eficiência da economia.

O exemplo clássico é um quinteto de Mozart composto no século XVIII. Quando se faz uma análise temporal, o número de músicos necessários para tocá-lo não mudou ao longo do tempo. Assim, o avanço tecnológico ao longo do tempo não chegou, neste exemplo, a música erudita.

Além da música, a constatação se aplica ao sistema de saúde, a educação, ao trabalho da políca, entre outros. São setores onde os avanços como a produção em massa e o taylorismo não foram afetados.

Outro exemplo de como a constatação de Baumol e Bowen funciona foi apresentado por David Herszenhorn numa reportagem para o New York Times (For Ailing Health System, a Diagnosis but No Cure, 17 de janeiro de 2010). Um robô permite que se construam inúmeros automóveis sem a ajuda do ser humano. Entretanto, ainda não é possível usar robôs em larga escala numa sala de cirurgia sem a presença de um médico para supervisionar.
Como não é possível aumentar a oferta destes serviços, e a demanda é crescente, o aumento nos preços é uma conseqüência natural da lei da oferta e procura. A menos que a produtividade chegue nestes setores.
A previdência social lida com estes setores, o que significa que o volume de gastos tende a aumentar muito acima do valor da inflação. Baumol e Bowen.

Mais sobre Baumol, aqui e aqui

15 junho 2019

Baumol ainda vive


Esta figura foi publicada aqui (original em Marginal Revolution). Acompanhando os preços desde 1950, alguns setores aumentaram em muito seus preços (educação, saúde, manutenção de automóvel) e outros reduziram seus preços (telecomunicações, roupas, automóveis novos). Qual a razão disto? Segundo Alex Tabarrok: regulamentação, burocracia, monopólio e Efeito Baumol).

O efeito Baumol já foi comentado várias vezes no blog (aqui, aqui ou aqui). Refere-se ao aumento nos custos em algumas atividades que não conseguem usufruir dos ganhos de produtividade. O exemplo clássico é o número de músicos que toca a nona sinfonia de Beethoven.

08 janeiro 2008

Ensino a distância

O ensino a distância possui características peculiares que podem ajudar na eliminação do Dilema de Baumol. (Relembrando, Baumol é um economista norte-americano, ainda vivo, que propôs que em certos setores, inclusive educação, não é possível ter uma redução do custo em virtude do aumento da produtividade). Algumas instituições de ensino, como a University of Phoenix, nos Estados Unidos, e algumas universidades no Brasil, possuem uma estrutura produtiva diferente do ensino tradicional.

Os cursos ofertados possuem estruturas para reduzir custos, incluindo a redução de infra-estrutura no campus (prédios, bibliotecas etc), economia de escala (centralização dos cursos e padronização dos conteúdos) e redução no atendimento on-line com redução na interação entre aluno e professor. Além disto, este modelo reduz a possibilidade de inovações e alterações substanciais de conteúdo.

Os modelos mais tradicionais de ensino à distância, como o praticado pela Universidade Aberta do Brasil, não consegue obter esta estrutura de produção. Usam uma relação tutores/aluno baixa, um material produzido por especialistas da área, promovem encontros presenciais, entre outros aspectos. Por um lado, isto serve para melhorar a qualidade deste ensino. Mas por outro, não se consegue obter uma economia de escala tão elevada.

Clique aqui para ler mais

08 outubro 2006

Previsão do Nobel de Economia

Segunda deve ser divulgado o(s) vencedor(es) do Nobel de Economia. Este prêmio tem um interesse especial pois alguns dos pesquisadores já premiados desenvolveram trabalhos em áreas afins da contabilidade.

Além disto, a premiação pode chamar a atenção para algumas linhas de pesquisas, como já ocorreu anteriormente com finanças comportamentais.

Diversos palpites estão sendo considerados:

1) Uma reportagem do Wall Street Journal, citada no sítio de Greg Mankiw, apresenta as seguintes sugestões:

a) Oliver Hart, pelo trabalho sobre contratos
b) Robert Wilson e Paul Milgrom em auction theory
c) Jagdish Bhagwati, que estudou teoria do comércio
d) Eugene Fama, da área de finanças.

A reportagem lembra o prêmio da Thomson Scientific, já citada anteriormente no "Contabilidade Financeira" que produz três possíveis combinações:

a) Mr. Bhagwati, Avinash Dixit e Paul Krugman;
b) Mr. Jorgenson
c) Mr. Hart, Bengt Holmstrom e Oliver Williamson

2) O prestigiado sítio Marginal Revolution traz também uma discussão sobre este assunto. Tyler Cowen considera as chances dos potenciais candidados de acordo com a possibilidade da Academia promover uma discussão mais politizada ou não. O sítio cita como candidatos Paul Krugman, Gordon Tullock, Oliver Hart, Wilson e Milgrom, Paul Romer, Fama e Thaler. Cowen aposta nestes dois últimos. Cita também Oliver Williamson e Bhagwati.

3) O blog Division of Labour faz a previsão para Bhagwati, Dixit e Krugman, pelos trabalhos em teoria internacional do comércio. Mas a preferência do blog é para

a) Tullock e Krueger
b) Baumol e Kirzner para empreendedorismo
c) Hanushek e ? para economia da educação
d) Richard Muth, Edwin Mills e Jan Brueckner, para modelagem em urbanismo

4) Este mesmo endereço traz a previsão para William Baumol

18 janeiro 2014

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia no nosso blog.

1 – Esta entidade resolveu baixar uma norma sobre a conta corrente dos partidos políticos, para as eleições de 2014:

Banco Central
Controladoria Geral da União
Supremo Tribunal Federal
Tribunal Superior Eleitoral

2 – Uma pesquisa do Gallup revelou que os países mais emocionais são do seguinte continente:

África
Américas
Ásia
Europa

3 – Um grande lote de ações Six foram vendidas esta semana por este polêmico empresário:

Abílio Diniz
Edson Arantes do Nascimento
Eike Batista
Luciano Huck

4 – Hong Kong, Cingapura, Austrália e Suíça lideraram um ranking muito importante divulgado esta semana:

Liberdade econômica
Notas dos alunos em educação
Número de patentes por habitantes
Participação das mulheres na direção das empresas

5 – No ranking da questão anterior a posição do Brasil é

Acima do 100º. Lugar
Entre 51º. e 99º. Lugar
Entre os 10 primeiros
Entre os 50 primeiros, mas não entre os 10 primeiros

6 – Em outro ranking, o Brasil aparece como o país com maior número de

ATMs
Importação de supérfluos
Jogadores de futebol
Turistas no exterior

7 – Uma estatística mostrou que está mudando o perfil dos usuários do Facebook com

Aumento nos usuários mais jovens
Aumento nos usuários nos países desenvolvidos
Aumentos nas usuárias
Aumentos nos usuários mais velhos

8 – Os custos de saúde tendem a aumentar mais do que os índices gerais de preços. Esta lei da economia, ignorada esta semana por um jornal de grande circulação, foi proposta por:

Baumol
Coase
Keynes
Tirole

Resultados: (1) TSE; (2) Américas; (3) Eike Batista; (4) Liberdade econômica; (5) Acima do 100º. ; (6) ATMs; (7) Aumentos nos usuários mais velhos; (8) Baumol. Cartoon aqui

18 julho 2010

Modelos de determinação da quantidade de caixa

A literatura apresenta três modelos para determinar a quantidade de caixa que uma empresa deve manter:

1) Caixa Minimo Operacional

Caixa Mínimo Operacional=360/(Ciclo de Caixa)

Vantagens: Modelo simples; Chama a atenção para o fato de que o valor do caixa depende do ciclo operacional.

Desvantagens: Pode resultar num número negativo; Não considera outras variáveis relevantes

Recomendação: Usar como um parâmetro inicial somente

2) Modelo de Baumol

Parte do suposto que a empresa possui recebimentos periódicos e desembolsos constantes e diários. Existem dois ativos, caixa e aplicação financeira (A), onde é possível alocar os recursos num ou em outro. Existe um custo para fazer a transação de aplicação e resgate (denominado b) e a aplicação possui uma rentabilidade igual a i.

A gerência poderá escolher a melhor estratégia em termos de rentabilidade, onde:

Max (A i – N b)

Sendo conhecidos i e b, determina-se o número de transações, N. Sabendo o valor do recebimento periódico, R, o valor da aplicação será facilmente determinado. Para conhecer o número de resgates da aplicação financeira, N, é necessário calcular:

N = Raiz [(0,5 R i /b)]

O valor de cada resgate é dado por

Resgate = R/N

Como os desembolsos diários são constantes e conhecidos, o saldo médio de caixa é dado por

Saldo Médio de Caixa = raiz [(R b/ 0,5i)]

Vantagens: Leva em consideração o custo da aplicação (e o custo de oportunidade de deixar dinheiro parado no caixa); Considera a existência de aplicação financeira

Desvantagens: As suposições de recebimentos periódicos e pagamentos diários constantes é muito restritiva; Em situações onde o custo de transação é reduzido, a estratégia ótima para o período mensal é dada por N=30.

Recomendação: É um modelo interessante que pode ser útil para explicar certas situações práticas. Entretanto, provavelmente possui pouca validade

3) Modelo Miller e Orr

Parte da suposição da existência de dois ativos, caixa e aplicação financeira, do modelo anterior, onde existe um custo de transação, b, e uma rentabilidade na aplicação, i. Mas o fluxo de caixa é incerto. O modelo estabelece três pontos para o gerenciamento do caixa: o caixa mínimo, o ponto de retorno e o ponto máximo.

O caixa mínimo, m, é determinado pela administração da empresa, baseado na aversão ou propensão ao risco. Em situação de propensão ao risco,

m = 0

O ponto de retorno é o valor após cada resgate ou após cada aplicação:
z* = m + RAIZ CÚBICA[(0,75 b VARIANCIA)/i]

sendo VARIANCIA = variância do fluxo de caixa. Esta variância é calculada a partir da série histórica da empresa.

Finalmente, o ponto de máximo, h*, é dado por:

h* = m + 3z*

Vantagens: Leva em consideração a dispersão do fluxo de caixa; Possui uma regra clara de valor máximo no caixa e valor mínimo;

Desvantagens: Dificuldade de determinar o valor mínimo; Deixa de levar em consideração fatores como sazonalidade; Não considera o fluxo de caixa projetado futuro no resgate e na aplicação

Recomendação: O modelo é muito interessante para ser utilizado em consultoria, pelo suporte acadêmico e por apresentar solução fácil de ser seguida pelo empresário: “quanto o caixa tiver neste nível, resgate/aplique”.

18 novembro 2015

Lote Econômico de Compra e o Setor Público

Há exatos cem anos, Harris desenvolveu um modelo para determinar a quantidade de estoque que uma empresa deveria adquirir. O Lote Econômico de Compra (LEC) é um modelo útil, elaborado a partir da quantidade vendida de um produto num período de tempo e de um conjunto de suposições sobre a realidade. Para usar o modelo é necessário determinar o custo que a empresa possui na estocagem do produto, incluindo espaço físico e mão de obra, e o custo de se fazer um pedido ou custo de estocagem e custo do pedido, na ordem.

Durante anos o LEC era o parâmetro usado pelas melhores organizações mundiais na sua gestão de estoques. Mas na década de setenta as empresas japonesas começaram a dominar diversos setores industriais com uma visão aparentemente divergente do LEC. Estas empresas buscavam eliminar o estoque, trabalhando com poucos fornecedores, reduzindo as perdas no processo produtivo e a movimentação dos estoques durante a produção. Os analistas começaram a estudar o fenômeno e descobriram que o LEC estava sendo utilizado de maneira inadequada. De um lado, o custo de estocagem era subestimado ao ser inserido na fórmula; por outro lado, com a redução do número de fornecedores, o custo do pedido poderia ser reduzido. A combinação do aumento do custo de estocagem e a redução do custo do pedido fizeram com que a quantidade apurada no lote econômico de compra fosse bem menor que no passado. Assim, ao contrário de existir uma incompatibilidade entre o LEC e os métodos de produção consolidados no Japão, o tempo mostrou que o modelo continuava válido. (1)

A persistência do LEC na gestão dos estoques tem uma grande razão de ser. Durante anos, os estudiosos mostraram que o LEC poderia ser adaptado a diferentes situações reais. Existe inflação? É possível considerar a variação de preços dos estoques no modelo, levando em consideração os ganhos e perdas de estocagem. O custo de suprir uma empresa com todos os modelos de um produto é elevado? Desenvolveu-se um LEC onde o custo da falta pode ser inserido no modelo. O fornecedor oferece desconto para compras em grande quantidade? Basta ajustar o modelo a estas situações. Até em situações fora do contexto o LEC já foi usado. Baumol tomou a ideia central do modelo para construir uma explicação para a demanda de moeda e gestão de caixa numa empresa.

O lote econômico de compra também ajuda a explicar as situações reais. É o caso do setor público, onde o processo de aquisição de uma mercadoria passa por uma série de trâmites, que inclui a licitação, o pagamento e o recebimento do estoque. Para uma compra não basta encaminhar uma mensagem ao fornecedor para ser atendido. É necessário aprovar dentro da entidade uma solicitação de aquisição, dar publicidade ao ato, fazer a seleção e receber os itens, num processo que leva meses para ser concluído. O resultado disto é que o custo do pedido é muito mais alto que numa empresa privada. Afinal, as normas (e os órgãos de controle), em nome da defesa do bem público, impuseram uma série de procedimentos ao gestor.

Se o custo do pedido é elevado, isto significa que a quantidade adquirida em cada lote de compra deve ser maior. Ou seja, se faz menos compras, com quantidades maiores. O problema é que ao contrário do LEC, que busca o menor custo na gestão dos estoques, o foco no custo do pedido não significa “economicidade”, uma palavra muito usada na área pública. Pelo contrário. Como o custo de estocagem não é observado nos controles compra-se muito, sem o controle dos locais de armazenagem, com grandes perdas de recursos do contribuinte.

Talvez a primeira medida para tentar resolver esta distorção seja estudar este fenômeno. (2) Afinal, só podemos gerenciar aquilo que conseguimos medir. A seguir, procurar simplificar o processo de compras no setor público. Isto inclui a mudança nas normas e a mudança na filosofia dos controles impostos à gestão pública.

Um caminho longo, sem dúvida.

(1) Esta discussão está no livro Administração do Capital de Giro, de Assaf Neto e Silva, Editora Atlas.
(2) Isto é uma provocação aqueles que pesquisam ou pretendem pesquisar na área.

26 setembro 2014

Candidatos ao Nobel

A Thomas Reuters já escolheu os favoritos ao Nobel. Para a área de Economia são citados os possíveis vencedores:

1) Philippe Aghion e Peter Howitt - trabalho sobre destruição criativa;
2) William Baumol e Israel Kirzner - estudos sobre empreendedorismo
3) Mark Granovetter (foto) - sobre as iterações econômicas, redes sociais e relações sociais

06 maio 2017

Fato da Semana: A falência do governo

Fato: Quando um Estado está em falência

Data: 3 de maio de 2017

Contextualização - Durante a semana, o blog postou um provocação: O Brasil vai Falir. Efetivamente, os dados que temos e as projeções não são boas para o País. O crescimento das despesas públicas e a falta de reformas estruturais levam a esta projeção.

Também na semana tivemos a notícia de que o estado livre associado de Porto Rico estava com sérios problemas financeiros. Uma solicitação de reestruturação da sua dívida foi arquivada. Trata-se do maior default - em termos nominais - dos Estados Unidos. Porto Rico não possui representação no legislativo, mas vota para presidente, geralmente nos democratas. A dívida corresponderia, segundo o El Mundo, a um título municipal.

Relevância - A dívida por habitante de Porto Rico é de 12 mil dólares. A economia está em crise há anos e não existe muita perspectiva a curto e médio prazo.

Pelo status de Porto Rico - não é uma nação, nem um estado - os problemas jurídicos são grandes. Pelo tamanho da dívida, o problema não é preocupante. Mas pode ser um alerta para uma nação que se recusa a se reinventar.

Notícia boa para contabilidade? Não. Problema de finanças públicas. Qual a razão para a informação contábil não apresentar de forma fiel a realidade de um país?

Desdobramentos - Para Porto Rico, tudo parece indicar que existe agora mais possibilidade de um acordo com os devedores. Mas a contabilidade não irá discutir, desta vez, como fazer com que a situação financeira do governo seja exposta de forma clara e fiel.

Mas a semana só teve isto? Os problemas da Roll-Royce e a perda de Baumol foram outros dois fatos de destaque da semana.

02 julho 2020

Custos médicos reduziram?

Eis uma pesquisa interessante sobre os custos médicos nos Estados Unidos: quando a pandemia começou existia uma previsão de que os custos aumentariam substancialmente. A razão é que os pacientes do Covid teriam hospitalizações mais longas e caras. Entretanto, parece que isto não está ocorrendo; pelo contrário, os custos estão caindo. A razão, segundo uma pesquisa, seria a redução dos custos com outras doenças, que caíram substancialmente. Muitos pacientes foram atendidos somente em casos de doenças após longa triagem. Isto é um fator mais surpreendente quando se sabe que os gastos com saúde possuem uma tendência exponencial crescente (Lei de Baumol)

Parte da assistência médica não prestada nos dias atuais pode ser postergada; mas talvez uma grande parte não. Outra explicação, triste é verdade, é que muitos pacientes morrem antes de consumirem cuidados médicos. Nos Estados Unidos isto significou a eliminação de 42 mil empregos no setor de saúde. Finalmente, o setor de saúde pode ter uma mudança drástica na forma de prestação dos serviços, nos modelos de pagamento e no atendimento médico para diversas populações. Alguém já foi atendido de forma não presencial por um médico?

Na nossa realidade, isto seria válido? Boa parte do atendimento médico no Brasil é feito através da rede pública. Isto significa que não apresenta custo direto para o usuário, mas indica um custo para sociedade. Uma boa discussão e pesquisa futura.

14 fevereiro 2017

Doença do Custo

A doença do custo (cost disease) indica que os gastos com educação e saúde tenderão a crescer de maneira exponencial. Para Baumol este problema se deve a questão da produtividade. Numa postagem recente Scott Alexander tenta entender a questão sem ter uma resposta precisa. Olhando a questão da saúde, Alexander lembra que muitos serviços são executados de forma muito mais “produtiva” - leia-se com menor custo - que no passado: as enfermeiras são imigrantes mal pagas, muitos trabalhos são realizados em locais com baixo custo, o equipamento médico é produzido numa fábrica chinesa, entre outros aspectos. Mesmo existindo um ganho de qualidade na saúde, isto não justifica o aumento elevado no custo. A educação é pior: as notas médias dos alunos não melhoraram ao longo do tempo, apesar do aumento no preço dos livros, das mensalidades, do material exigido em alguns cursos, etc.

Cochrane aponta dois fatores que não foram considerados por Alexander e que poderia justificar a doença do custo. O primeiro é que a proporção dos trabalhadores administrativos aumentou substancialmente. Talvez isto possa explicar também o aumento do custo da educação no Brasil. Na minha universidade temos hoje mais funcionários administrativos do que professores. E no número de administrativos não está incluso os terceirizados e aqueles contratados por demanda. Como a despesa de pessoal deve representar quase 80% do orçamento da minha universidade, o peso deste pessoal é substancial.

A segunda explicação de Cochrane é o fato de que não existe uma concorrência nestes setores. Apesar de não serem monopólios naturais, a regulamentação reduz a possibilidade de incorporar ganhos de produtividade. Isto termina por espalhar a doença do custo.

01 outubro 2016

Fato da Semana: Contas do setor público

Fato: Contas do Setor Público

Data: 30 setembro de 2016

Descrição do Fato
O déficit primário de agosto foi de 22 bilhões. Em doze meses o déficit é de 169 bilhões, fortemente influenciado pelo resultado de dezembro.

Explicações para o Déficit
Existem diversas causas para o déficit do setor público. Podemos citar entre elas:

A redução da receita do governo, em razão da recessão e da concessão de uma série de benefícios para empresas e setores, da frustração na venda de ativos e da redução dos dividendos das empresas estatais.
Durante os últimos anos os salários do pessoal do setor público cresceu bem acima da inflação e do setor privado. Além disto, aumentaram o número de pessoas contratadas. Na realidade, o setor público não consegue obter ganhos de produtividade.
A sociedade brasileira fez uma opção de participação do estado em setores cujo crescimento dos gastos é tradicionalmente superior aos outros setores. Vide os ensinamentos de Baumol sobre este assunto.
As empresas estatais são ineficientes e a participação do setor público na economia é desastroso, incentivando ineficiências e gastos questionáveis. (Isto inclui a nossa previdência)

Notícia boa para contabilidade? Não
A contabilidade pública parece não ajudar a sociedade a controlar o tamanho do estado, impedindo crises como esta. Pelo contrário, a nossa contabilidade pública é obscura, atrasada, legalista, pouco informativa, baseada numa teoria ultrapassada e com pouca perspectiva de mudança deste perfil.

Desdobramentos
Com respeito ao déficit, levaremos anos para corrigir os erros grosseiros cometidos nos últimos anos. Não consigo ver algo positivo sendo apresentado nos próximos anos.

Mas a semana só teve isto?
A crise do banco alemão Deustche, que não começou agora, mas está se agravando, talvez traga consequências serias para a economia mundial.