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22 fevereiro 2021

Será?


Eis um texto sobre o uso de Blockchain para registrar a emissão de carbono: 

Para otimizar a eficiência da plataforma, a Equinor a equipou com milhares de sensores que monitoram tudo, desde a quantidade de petróleo fluindo pelos oleodutos, passando pela rapidez com que novos poços estão sendo perfurados até a quantidade de óleo diesel que a instalação está consumindo. No futuro, eles também poderão ajudar a medir as emissões de carbono.

Ao todo, os dispositivos geram o equivalente a 15 fluxos de vídeo de alta definição, que são transmitidos continuamente para a startup Data Gumbo, sediada em Houston, nos Estados Unidos, que codifica os dados mais importantes em um blockchain imutável e proprietário chamado GumboNet.

"Usamos dados de campo para confirmar transações e armazenamos esses dados na rede. Os clientes gerenciam o livro-caixa distribuído”, explica Andrew Bruce, CEO da Data Gumbo. “Nenhuma parte pode alterar qualquer transação, o que fornece a confiança. Não existem duas versões da verdade.”

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Voltando para a iniciativa privada


No Brasil, quando um ocupante de um cargo público abandona seu emprego, parece não faltar convites na iniciativa privada. Talvez a experiência ou quem sabe o vínculo que estabeleceu durante seu período no governo sejam atrativos para a contratação. Isto também ocorre em outros países. 

Veja o caso de Jay Clayton. Durante um bom período, Clayton foi presidente da SEC, a entidade que fiscaliza o mercado de capitais nos Estados Unidos. Com a derrota dos republicanos, Clayton saiu da SEC. Além de voltar para seu cargo em uma empresa de advocacia (a Sullivan Cromwell), da qual era sócio, Clayton irá ministrar aula na universidade de direito da Pensilvânia. 

Como sobrou um tempo na sua agenda, Clayton será, a partir de março, "diretor independente" da Apollo. A Apollo é uma empresa de investimento, fundada em 1990. Com uma receita de quase 3 bilhões de dólares e ativos de 8,5 bilhões, a Apollo esteve recentemente envolvida em um caso muito estranho. Seu líder, o contador Leon Black, parece que era amigo próximo de Jeffrey Epstein, um conhecido pedófilo, que faleceu em um estranho suicídio na prisão. Mais ainda, Black pagou uma grande quantia para Epstein por consultoria, com dinheiro da Apollo. 

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Facebook versus Austrália


A Austrália impôs, recentemente, uma medida contra os sites que usam as notícias produzidas pelas agências de notícias sem efetuar nenhum pagamento. O Facebook reagiu, cortando qualquer link de notícia para os residentes na Austrália. Diante da reação da rede social, as autoridades estão querendo cortar vínculos, incluindo de publicidade.

Duas notícias recentes sobre o tema. Primeiro, o Canadá parece estar pensando em medida semelhante. A segunda é que há um princípio de negociação entre Austrália e Facebook.

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Rir é o melhor remédio

 

Meu coração quando alguém fala em imposto de renda 

21 fevereiro 2021

Marcas de Consumo

 Sempre que falamos em mensuração de valor de marca é preciso estar atento a subjetividade da medida, a constante mudança nos parâmetros e a metodologia empregada. O gráfico abaixo é resultado de uma pesquisa sobre marcas de consumo mais pesquisadas.


O Google domina, liderando em mais de 100 países. Depois Netflix (45 países, incluindo Brasil) e Amazon

Frase


Tudo na vida pode ser reduzido a débito e créditos

Fonte: aqui. Imagem: aqui

Carro Elétrico e Bitcoin

O carro elétrico tem sido vendido como uma solução ambiental ao consumo excessivo de petróleo. Já mostramos que isto talvez não seja verdade. A decisão da Tesla de fazer um investimento em Bitcoin tem um aspecto contraditório.

A Tesla tem uma grande reputação no mercado exatamente por ter um aspecto positivo em termos ambientais. Investir em Bitcoin é contrário a esta imagem, já que a mineração da moeda consome uma quantidade enorme de energia. Uma estimativa afirma que a mineração gasta a mesma quantidade consumida na Argentina. E isto só é possível mudar se o preço da moeda cair substancialmente no futuro. A reação de alguns investidores:

“Elon Musk jogou fora muito do bom trabalho da Tesla promovendo a transição energética”

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Carro Elétrico e Bitcoin - 2

Ainda sobre a questão do investimento da Tesla em Bitcoin, um aspecto contábil foi destacado por Bryant da Bloomberg 

A decisão de Elon Musk [foto] de investir US $ 1,5 bilhão do caixa da Tesla Inc. em bitcoin é a dinamite financeira que une duas bolhas especulativas. Há muitos que sugerem que a mudança é desaconselhável. Embora pequeno no contexto do valor de mercado de $ 830 bilhões da Tesla, esta ainda é uma parte material das reservas de caixa de $ 19,4 bilhões da Tesla para apostar em um ativo tão volátil [1]. 

A Tesla não seria a primeira montadora a operar quase como um fundo de hedge. Por um tempo, a Porsche fez toneladas de derivativos de negociação de dinheiro, quase falindo no processo. Possuir criptomoedas não combina com o ethos verde de Musk: alguns Bitcoins são extraídos com energia renovável, mas a indústria ainda deixa uma pegada de carbono considerável [2]. 

A compra de Musk aumentou o preço do Bitcoin em quase 20%, então em certo sentido ele já ganhou [3]. Infelizmente, sua aposta não vai melhorar os ganhos informados de Tesla nem aumentar o valor de suas reservas de caixa. Isso porque as criptomoedas - apesar do nome - não são classificadas como dinheiro ou equivalentes para fins contábeis.

Nem são considerados um investimento financeiro de acordo com as regras contábeis atuais. Em vez disso, são considerados um ativo intangível cujo valor é relatado a custo nas contas corporativas e deve ser baixado se o preço cair. O valor não pode ser aumentado até que sejam vendidos [4]. Esta é uma desvantagem significativa e pode desencorajar outros tesoureiros corporativos de seguir o exemplo de Musk.

Também não é totalmente justo, independentemente do que você pense sobre Musk jogar com o dinheiro de Tesla. Os padrões de contabilidade não deveriam ser atualizados para a era da criptografia? [5]

Em linguagem simples, se o preço do Bitcoin caísse de repente, digamos, um terço em comparação como custo do Tesla em adquiri-lo - bastante plausível no contexto da volatilidade histórica do Bitcoin - então os ganhos GAAP da montadora estariam abaixo de US $ 500 milhões durante aquele trimestre [6].

(...) A Tesla não registrará nenhum ganho correspondente se o preço [do Bitcoin] subir novamente. A volatilidade dos ganhos da Tesla pode aumentar ainda mais se os clientes começarem a pagar por seus carros em Bitcoin, como Musk permitirá em breve, e a empresa decidir não convertê-los imediatamente em dólares americanos.

(...) O tratamento contábil é estranho [7] porque, se você pode comprar um Tesla com Bitcoin, ele está claramente servindo como um meio de troca [8], embora seja um meio volátil que não seja apoiado pelo Estado. As moedas estrangeiras também podem ser voláteis - pergunte à Argentina. Há também um preço de mercado claramente observável para o Bitcoin conforme ele é negociado nas bolsas. Em vista dos esforços experimentais das companhias aéreas para aceitar criptomoedas como pagamento, o órgão da indústria IATA argumentou que esses tokens deveriam ser “tratados como dinheiro se funcionarem como dinheiro”.

Os analistas sem dúvida ajustarão os relatórios financeiros da Tesla para refletir o valor atual de suas participações em Bitcoin, mas é uma abordagem deselegante e menos transparente [9].

Infelizmente, os criadores de padrões não parecem ter pressa em abraçar a revolução da criptografia. O Conselho de Normas de Contabilidade Financeira, cujo trabalho é supervisionar os Princípios Contábeis Geralmente Aceitos (GAAP), votou unanimemente por não adicionar criptomoedas à sua agenda técnica em outubro.

Meus comentários

[1] Musk é um típico gestor propenso ao risco. Então sua decisão é um reflexo deste perfil e não deveria ser estranho para quem aposta na Tesla. Ademais, há muita controvérsia se o preço de mercado das suas ações reflete o valor presente dos fluxos de caixa futuros. Muitos acreditam que não. 

[2] Acredito que muitos investidores ainda não conseguiram associar o Bitcoin com consumo de energia. Isto é muito parecido com o cliente de um streaming, que não percebe sua ligação com a questão ambiental. 

[3] No sentido de sua aposta, sim. Mas seu ganho ainda não foi realizado. 

[4] Tipicamente conservador. Mas veja que nada impede do empresário vender suas moedas e realizar lucros. Mas enquanto estiver na empresa, não é admitido a mudança conforme variar o preço do mercado. Outro aspecto: como a Tesla é um negociante que terá peso no mercado (seja pelo valor das suas transações ou pelo simbolismo que representa), um anúncio de venda poderá fazer o preço cair. 

[5] É uma questão interessante, mas precisamos separar o uso de números para fazer avaliação do uso da contabilidade para registrar os eventos de uma empresa. 

[6] Continuando o raciocínio, se os preços aumentarem, o número registrado continua o mesmo. 

[7] Talvez seja estranho para quem não entende as normas. Ou não entende a finalidade da contabilidade. 

[8] Isto é controverso. Não creio que atualmente o Bitcoin seja realmente um meio de troca. Poderá ser [no futuro]. Veja que a simples existência de controvérsia - se o Bitcoin é meio de troca - já um sinal de que não é estranho o tratamento contábil. 

[9] Mas isto não é exclusividade do Bitcoin. Durante anos, uma parte do arrendamento não era incluído no balanço e os analistas deveriam ajustar os números. 

Rir é o melhor remédio


 Crítica ao serviço de alimentação do laboratório

20 fevereiro 2021

Luckin e a falência


A empresa chinesa Luckin Coffee pediu falência depois de um escândalo contábil. 

Vamos relembrar o caso. A Luckin nasceu na China com uma concorrente para a Starbucks. Sua expansão foi muito rápida, lançando novos produtos e aumentando o número de lojas, geralmente perto dos escritórios. Em um determinado momento, a Luckin foi ao mercado dos Estados Unidos e fez uma captação de recursos. 

Entretanto, os números contábeis de receita e despesas não estavam corretos. E isto despertou uma investigação, que levou a demissão de executivos da empresa. Agora a empresa entrou com um pedido de concordata em Nova York. Isto protege a empresa contra ações judiciais nos Estados Unidos. As lojas da empresa na China continuam funcionando. 

A empresa já foi multada pela SEC, em 180 milhões de dólares. Mesmo assim, a empresa não admitiu ou negou as denúncias. O problema da Luckin trouxe a discussão sobre a qualidade das auditorias das empresas chinesas. E a ameaça de expulsão de empresas chinesas do mercado de capitais dos Estados Unidos. 

Foto: aqui

Lavagem verde


Eis um termo interessante: lavagem verde. Eis o contexto

A mudança em direção a um [único] definidor de padrões de sustentabilidade globalmente reconhecido surge em meio à crescente demanda por relatórios ambientais, sociais e de governança de reguladores financeiros em todo o mundo, à medida que mais investidores favorecem os fundos ESG. No entanto, diferentes organizações de definição de padrões emitiram conjuntos de padrões, às vezes concorrentes, permitindo que as empresas escolham quais elas afirmam obedecer em seus relatórios de sustentabilidade e pratiquem uma forma de “lavagem verde” para parecerem ambientalmente sensíveis. Enquanto isso, as evidências da crescente crise climática continuam a crescer, com temperaturas recordes registradas no ano passado em diferentes partes do globo, levando o aumento da demanda da ONU e do público em geral para fazer algo sobre a crise.

Mas não é um termo novo. Há um verbete na Wikipedia 

O anglicismo greenwashing (do inglês green, verde, e whitewash, branquear ou encobrir) ou banho verde indica a injustificada apropriação de virtudes ambientalistas por parte de organizações (empresas, governos, etc.) ou pessoas, mediante o uso de técnicas de marketing e relações públicas. Tal prática tem como objetivo criar uma imagem positiva, diante a opinião pública, acerca do grau de responsabilidade ambiental dessas organizações ou pessoas (bem como de suas atividades e seus produtos), ocultando ou desviando a atenção de impactos ambientais negativos por elas gerados. 

O greenwashing é uma ação que empresas realizam para "maquiar" os seus produtos e tentar passar a ideia de que eles são ecoeficientes, ambientalmente corretos, provêm de processos sustentáveis, entre outros. Assim, termos e expressões como “eco”, “ecológico”, “menos poluente” e “sustentável” começam a aparecer nas embalagens e rótulos de diversos produtos, na tentativa de indicar que as empresas são ambientalmente responsáveis.

Essa demanda muitas vezes gera procedimentos incorretos, em que se incluem informações falsas, irrelevantes ou confusas, que fazem com que o consumidor tenha ceticismo para com os produtos "verdes" e se mostre confuso aquando da escolha ou avaliação entre produtos de empresas realmente "verdes" e outras que primam pelas ações do greenwashing. Logo, o greenwashing, além de não fornecer qualquer contributo positivo para o meio ambiente, ainda gera desconfiança nos consumidores, afastando-os dos produtos, de facto, ambientalmente corretos.

Poluição de plástico aumentou com a pandemia

 Enquanto o consumo de combustível reduziu, assim como algumas atividades fabris, a pandemia fez aumentar substancialmente o consumo de plástico. Se por um lado a pandemia reduziu a poluição do ar e dos rios, o consumo de plástico talvez seja o ponto negativo da doença. 


A figura mostra o aumento dos serviços de compras online, incluindo comida. Junto com esta compra, mais material plástico. Como é difícil ter uma estimativa deste aumento, a explosão destas compras pode ser uma aproximação deste novo mundo. Há outro dado: a produção de lixo por família aumentou 30% nos Estados Unidos durante a pandemia. 

Morre o artista do Touro de Wall Street

O artista que produziu a obra de arte mais famosa na área de finanças falaeceu na Sicília. Arturo Di Modica foi o escultor do touro, uma escultura de bronze, que está perto da bolsa de Nova Iorque. A escultura é chamada de Charging Bull. O interessante é que a obra foi financiada pelo artista e tinha inicialmente sido instalado ilegalmente, logo após a queda da bolsa de 1987. 

Mesmo sendo tão recente, a obra é uma das mais visitadas pelos turistas. E uma das mais fotografadas. Já existe uma lenda que pegar no nariz, chifres ou testículos traz boa sorte. 

Imagem e Informação aqui

Rir é o melhor remédio

 

Melhor norma: antiga

19 fevereiro 2021

Informator: uma parábola da era da informação


Quando Bob Fischer surgiu no mundo do xadrez, derrotando Donaldo Byrne, com 13 anos, naquela que é considerada a partida do século, o seu talento era inegável, mas enfrentava uma barreira: como melhorar seu nível. Nestes casos, as pessoas costumam estudar, mas a literatura de xadrez em língua inglesa, nos anos cinquenta do século XX, era restrita. Para contornar a situação, Fischer começou a estudar russo para conseguir entender os livros de xadrez publicados na antiga URSS. 

Na época da guerra fria, os principais jogadores de xadrez do mundo eram soviéticos ou dos países europeus sob a influência russa. Como eles jogavam bastante entre si, o desenvolvimento de um jogador de xadrez era obtido através de muito estudo e muita prática. Já os adversários ocidentais de Fischer estavam mais dispersos e não tinham a mesma qualidade. E Fischer não tinha acesso ao conhecimento soviético do xadrez e das partidas que eram jogadas do outro lado do muro de Berlim. 

A situação enfrentada por Fischer começa a mudar em 1966, quando foi publicado o primeiro número do Chess Informator. Uma criação de fortes jogadores iugoslavos, o Informator era publicado duas vezes ao ano e as principais partidas que foram jogadas nos últimos meses. Para criar o Informator, os criadores tiveram que superar duas barreiras. A primeira é a reunião das partidas que eram disputadas nos torneios; a segunda, estabelecer um processo de análise que fosse possível o entendimento em qualquer língua mundial. O primeiro problema era um típico problema de captação da informação; o segundo, de comunicação da informação.

Uma partida de xadrez tradicional é anotada por cada um dos jogadores. Ao final de cada partida, a anotação deve ser entregue para os organizadores dos jogos. Esta anotação era o documento de comprovação do resultado, sendo assinada pelos jogadores. Até o surgimento do Informator, muitas súmulas com os jogos se perdiam. É bem verdade que alguns jogadores possuem uma grande capacidade de lembrar os lances de cada partida, podendo reproduzir a partida posteriormente. Mas os demais praticantes não tinham, muitas vezes, acesso a estes jogos. 

O Informator começou a recolher as partidas disputadas e a divulgá-las mundialmente. Com o tempo, os jogadores também encaminhavam as planilhas com os lances para o editores do Informator. E também os organizadores dos torneios começaram a perceber como era interessante divulgar as partidas que aconteceram. Com persistência, o Informator resolveu o primeiro problema. 

O segundo é tornar a divulgação e a análise dos jogos acessíveis para todos. Quando um jogador move o peão do rei na quarta casa, nós anotamos P4R ou “Peão na casa 4 do Rei”. Assim, eu consigo anotar todos os lances de uma partida, indicando a peça que foi movimentada e a casa de destino. Dois problemas aqui, sendo um pequeno e outro enorme. O pequeno problema é que Rei em português é “R”, mas é K em inglês (de King) e assim por diante. O Informator resolveu este problema de língua substituindo a letra de rei pela figura do rei. Com isto estava resolvido a primeira parte. Mas outro problema era a análise. Quando analisamos um lance de xadrez, indicamos se o mesmo foi bom ou ruim, se existia uma alternativa melhor ou a razão de uma alternativa óbvia não ser boa o suficiente. Como “traduzir” isto para que todos os jogadores do mundo pudessem entender? O Informator “inventou” uma forma de comunicação genial para que a análise realizada fosse entendia por todos.

Se o lance era bom, o analista indicava uma exclamação como um sinal de qualidade do lance “!”; um lance melhor receberia duas exclamações e algo genial seria premiado por três exclamações. Um lance duvidoso receberia uma interrogação (?); lances onde há uma dúvida se seria bom ou não, mas era provável de ser um bom lance, teria uma anotação “!?”; sendo duvidoso, mas se o analista achasse que talvez não fosse bom, a anotação seria “?!” (atente para a inversão do sinal). E por aí vai. 

Com isto, a análise do jogo era fácil de acompanhar para quem fazia a tradução da linguagem de sinais do Informator. A publicação chamou a atenção do mundo. Era o grande manual do que acontecia no mundo do xadrez. Fischer, enquanto se preparava para vencer Spassky na Islândia, estudava as partidas do Informator. Se no início as partidas eram analisadas pelos editores do Informator, com o tempo, os maiores jogadores começaram a querer publicar sua análise. Pense em algum grande jogador de xadrez dos últimos 70 anos? Deve ter publicado uma análise no Informator: Fischer, Botvinnik, Karpov, Kasparov, Smyslov, Tal, Petrosian e Spassky, são alguns dos nomes. Petrosian, por exemplo, analisou 509 jogos para o Informator. Mais recentemente, Krmanik, Anand, Duda, Artemiev, entre tantos, contribuíram com sua análise.

Com o tempo, o Informator passou a selecionar os melhores jogos entre aqueles publicados, apresentar uma tabela com alguns finais, informar o resultado dos principais torneios, entre outras coisas. O número de partidas publicadas foi (ainda é) significativo. Somente Korchnoi teve 1709 partidas publicadas lá. A importância do Informator para o xadrez é tamanha que Kasparov declarou: Somos filhos do Informator. 

O Informator ainda existe. Seu site encontra-se aqui www.sahovski.com. Mas o Informator ficou ultrapassado pelas rápidas análises dos algoritmos. Pela base de dados enorme existente nos dias atuais na internet. Ultrapassado, talvez; mas nunca foi irrelevante. 

P.S. Comecei a escrever esta postagem inspirada em um texto do Chessbase. Terminei misturando algumas informações do texto com minhas lembranças pessoais. Cheguei a comprar alguns exemplares do Informator. Para quem algum dia sonhou em ser um bom jogador de xadrez, reproduzir as partidas do Informator era o máximo.

P.S.2 A ascensão e queda do Informator é muito parecida com outras situações, como os jornais, a televisão aberta e outras situações. 

Sobre a Fortuna de Britney Spears


A cantora Britney Spears voltou a ser assunto de comentários depois de que um documentário mostrou como sua fortuna estava sendo administrada pelo pai. Um movimento, o #FreeBritney, pedia que a cantora pudesse gerenciar sua fortuna. Segundo a Forbes, a fortuna de Britney, hoje, é de 60 milhões de dólares. Mas isto não é muito: 

Britney Spears estava no topo do mundo há vinte anos. Ela detinha uma temporada de quatro anos de álbuns de platina nº 1, um Grammy e uma série de turnês mundiais que lhe renderam dezenas de milhões de dólares. Em 2002, a Forbes a nomeou a celebridade mais poderosa do mundo, com uma receita estimada em US$ 40 milhões antes dos impostos e taxas.  

Em termos de ganhos e poder, ela estava à frente de suas contemporâneas Jessica Simpson e Jennifer Lopez. E ainda hoje é possível dizer que ela vendeu mais ingressos para shows e álbuns do que qualquer uma das duas. Mas quando se trata de patrimônio líquido, a ex-rainha do pop ficou para trás. Britney, que já foi uma força dominante e ascendente na cultura pop, tem um patrimônio líquido de US$ 60 milhões. Jessica e Jennifer construíram fortunas de mais de US$ 100 milhões cada uma, segundo estimativas da Forbes. Beyoncé, que começou sua carreira solo alguns anos depois de Britney deixar o Mickey Mouse Club, tem uma fortuna sete vezes mais valiosa, sem incluir nenhuma riqueza de seu marido bilionário Jay-Z. 

Então, o que deu errado? Depois de vários anos sofrendo com o abuso da mídia, Britney sofreu um colapso mental público e foi colocada sob tutela judicial em 2008. A juíza entregou o controle de sua carreira e finanças a seu pai, James, que agora é o vilão do movimento #FreeBritney, um ato que ocorre nas mídias sociais para “libertar” a cantora da tutela. 

Esse cenário não teve impactos positivos em sua carreira e em seu patrimônio. Nos últimos anos, Britney resistiu ao controle de seu pai, ao mesmo tempo em que pagava milhões de dólares em taxas legais vinculadas à tutela, que controla rigidamente seu estilo de vida e a obriga a pagar uma pensão alimentícia para seu ex-marido Kevin Federline. Documentos judiciais analisados ​​pela Forbes no ano passado revelaram que a maioria de seus ativos são mantidos em várias contas de corretagem, imóveis e dinheiro. A fortuna da estrela pop não por falta de esforço: em 2008, ela lançou cinco discos de sucesso e embarcou em seis grandes turnês. Na década seguinte, ela entregou outros quatro álbuns e quatro turnês mundiais, sendo uma delas em Las Vegas, que durou de 2013 a 2017 e arrecadou US$ 137,7 milhões, segundo a Caesars Entertainment. 

Mas as coisas começaram a ficar difíceis. Antes, a cantora era uma escolha popular para parceria com empresas como Pepsi, Skechers e Samsung, mas em 2015 ela parou de fazer comerciais de televisão. Britney não lança novas músicas desde 2016 e parou de fazer turnês em 2018. No ano seguinte, ela cancelou outra residência lucrativa em Las Vegas que a teria feito arrecadar pelo menos US$ 350 mil por noite. 

“Minha cliente me informou que tem medo do pai”, disse o advogado de Britney, Samuel D. Ingham III, no tribunal em novembro, segundo a Associated Press. “Ela não se apresentará novamente se seu pai estiver encarregado de sua carreira.” Na audiência, a cantora esperava destituir permanentemente o pai da posição de tutor. Vivian Lee Thoreen, advogada de Jamie Spears, defendeu sua administração e disse que Britney Spears estava em dívida antes da tutela: “Não acredito que existam evidências suficientes que apoiem a suspensão do meu cliente.” 

Na semana passada, um juiz concordou em manter Jamie Spears como tutor, mas atendeu ao pedido de Britney em nomear Bessemer Trust, uma fiduciária independente, como cotutora permanente. Thoreen e Spears não comentaram o ocorrido. 

Enquanto enfrentava dificuldades, vários de seus colegas astros prosperaram. Jennifer Lopez continuou a trabalhar regularmente, produzindo novas músicas, viajando pelo mundo e estrelando uma residência própria de dois anos em Las Vegas, enquanto embolsava muito dinheiro como apresentadora do “American Idol”. No ano passado, enquanto Britney seguia esquecida, J-Lo ganhou US$ 47,5 milhões ao estrelar “As Golpistas”, fazer turnês pelo mundo e ser patrocinada por marcas como L’Oreal, Kohl’s e Guess. Como artista, os ganhos de Jessica Simpson equivalem a uma pequena fração da fortuna de Jennifer e Britney, mas ela converteu sua popularidade em uma participação acionária em uma empresa de roupas e sapatos que leva o seu nome. Em 2015, ela vendeu sua participação de 62,5% no empreendimento para o Sequential Brand Group por cerca de US$ 120 milhões.  

Enquanto isso, surgia uma nova geração de ícones pop, incluindo Katy Perry, Lady Gaga, Rihanna e Taylor Swift. Taylor realizou cinco turnês mundiais desde seu álbum de estreia em 2006 – sete anos depois do lançamento de Britney Spears. Em 2018, ela embarcou no Reputation Stadium Tour 2018, que se tornou a turnê de maior bilheteria nos Estados Unidos acumulando US$ 266,1 milhões através de 2 milhões em vendas de ingressos. Suas casas, incluindo uma mansão em Rhode Island, duas em Beverly Hills e uma cobertura em Manhattan, valem mais do que toda a fortuna de Britney, sem contar seus dois jatos particulares Dassault. 

Rihanna mostrou como ganhar muito dinheiro fora dos palcos ao converter seu sucesso na música em uma mistura de empreendimentos empresariais. A Fenty Beauty, sua linha de maquiagem com a gigante francesa de luxo LVMH, acumulou mais de US$ 600 milhões em vendas em 2019. Segundo estimativas da Forbes, a participação de Rihanna na marca de cosméticos vale US$ 375 milhões. Sua participação na linha de lingerie Savage x Fenty, que na semana passada arrecadou US$ 115 milhões em sua segunda rodada de investimentos, vale mais de US$ 80 milhões. 

Ninguém sabe o que Britney teria feito se estivesse no controle de seu destino e fortuna. Mas é difícil dizer se ela teria tornado as coisas piores do que seu pai.

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Facebook versus Austrália: uma visão alternativa


Ontem a rede social Facebook bloqueou o acesso dos australianos as notícias. Era uma reação a uma medida do governo da Austrália sobre o pagamento de conteúdo na rede. Uma visão alternativa do problema aparece no The Conversation. Eis o argumento central:

Para qualquer economista, o objetivo da política de concorrência é estimular a concorrência. Nesse caso, mais opções de plataforma digital para os consumidores ou mais opções de conteúdo de notícias. 

Mas a legislação do governo parece ter sido concebida exclusivamente para cumprir nenhum dos dois. 

O código permite que as organizações de notícias negociem com grandes plataformas digitais sobre coisas como como seus algoritmos funcionam para priorizar o conteúdo e dinheiro. 

E o dinheiro é o que realmente importa. As organizações de notícias querem mais, as grandes plataformas digitais têm. É simples assim. 

O código capacita organizações de notícias a obter dinheiro de plataformas digitais por 

  • tornando-o ilegal para plataformas digitais que não pagam para fornecer links para notícias australianas, dando aos grandes meios de comunicação um poder de negociação de quase monopólio 
  • permitir que negócios sejam feitos sem a necessidade de autorização de regulador preocupado com o interesse público 
  •  fornecer um tapa-buraco regulatório caso isso não aconteça, cujo projeto é inclinado no interesse de uma das partes
Esta última etapa requer uma pequena explicação. 

Não é desconhecido, especialmente na Austrália, que a política de concorrência funcione permitindo primeiro que as partes negociem e, em seguida, impondo um acordo regulamentado apenas se elas falharem. 

E normalmente trata-se de capacitar o rapaz , na crença de que é isso que leva a resultados socialmente desejáveis. 

Saga da Wirecard continua


Um tribunal da Alemanha convocou dois auditores da empresa Ernst Young para testemunharem perante uma comissão do parlamento. O testemunho envolve o trabalho realizado na contabilidade da empresa Wirecard AG.

A empresa Wirecard entrou em colapso em 2020 e a história guarda alguns segredos ainda não revelados. Questiona-se sobre o papel de um "espião" entre os executivos da empresa, a incompetência da entidade responsável pela fiscalização do mercado de capitais do país e o lugar da contabilidade neste drama. O escandâlo só foi revelado depois de uma série de reportagens do Financial Times. Logo no início, o regulador tentou frear a investigação do jornal. Mas uma investigação realizada por outra empresa de auditoria revelou uma diferença na conta caixa da empresa de quase 2 bilhões de euros. 

A empresa EY era responsável pela auditoria da Wirecard e não viu a ausência de 2 bilhões.

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Rir é o melhor remédio


 Simplicidade em estatística

18 fevereiro 2021

Efeito do Covid nas normas contábeis

O International Accounting Standards Board (IASB), entidade que emite normas contábeis para diferentes países do mundo, inclusive o Brasil, está propondo uma alteração na norma de aluguel, a IFRS 16. Na verdade, a mudança é relativamente pequena, quando imaginamos o impacto da pandemia na empresa. 

Quando do início da pandemia, o IASB emitiu uma pequena alteração na IFRS 16. A pandemia fez com que muitos contratos de arrendamento tivessem seu pagamento alterado, uma vez que os locatários não tinham condições de arcar com os pagamentos. Em maio de 2020, o IASB propôs uma mudança na norma para adequar a situação existente. Entretanto, o problema de saúde persiste. E a medida emitida em maio partia da suposição que isto estaria "resolvido" em alguns meses. 

Mas os arrendadores continuam fazendo concessões aos arrendatários por conta do Covid. Diante da realidade que os efeitos do Covid persiste, o Iasb propõe prorrogar a emenda emitida em maio. A proposta está aberta para discussão até 25 de fevereiro de 2021 e até o final de março deve ser finalizada, devendo entrar em vigor no dia primeiro de abril. 

Provavelmente a norma deve ser aprovada no Brasil pelo CPC.  

Aqui o comunicado à imprensa. Foto aqui