Translate

30 setembro 2018

Acordo: Tesla

Neste sábado, a SEC, supervisora do maior mercado de capitais do mundo, anunciou um acordo com o empresário Musk, da Tesla. O acordo inclui a nomeação de um presidente independente (e a saída de Musk do cargo, embora ele continue como CEO), uma multa de 20 milhões de dólares, e nomeação de dois membros independentes.

A punição do empresário decorreu do uso do Twitter para divulgar informações importantes sobre a empresa, incluindo projeções financeiras, sem que estas informações tenham sido divulgadas nos arquivos da Tesla, conforme a legislação dos Estados Unidos. Além disto, Musk não admitirá nem negará as alegações.

Uma parte dos analistas consideraram o acordo bom para a empresa e para os acionistas. Afinal, a Tesla está muito associada ao empresário e o mercado considera que a saída de Musk poderia abalar a viabilidade da empresa. Musk conseguiu fazer uma empresa minúscula, que produz carros elétricos, painéis solares e baterias, na maior empresa dos EUA em valor de mercado.

Além disto, o acordo significa a resolução de um potencial litígio de longo prazo, que prejudicaria a empresa.

A Reuters destacou que o acordo é fruto de uma mudança de de filosofia da SEC, que busca agora penalizar mais das pessoas e menos as entidades. Esta mudança é fruto da crise de 2008, quando executivos mantiveram seus salários e postos, da pressão política dos dois principais partidos dos Estados Unidos, que apoiam esta conduta, e da visão do presidente da SEC nomeado em 2017 por Trump, Jay Clayton.

O problema é que

perseguir indivíduos continua sendo uma estratégia legal arriscada para a SEC. Com mais a perder, incluindo grandes dispêndios, multas e proibições ao longo da vida, os executivos são mais propensos a lutar no tribunal, sugando os recursos da SEC.

A Bloomberg assumiu uma postura mais cínica: Musk venceu, a SEC ficou cega e a Tesla perdeu. Segundo a Bloomberg, diante da força da denúncia - afinal Musk produziu provas digitais contra si - o acordo é uma grande vitória do empresário. Ele vai pagar uma multa que é muito pequena diante da sua fortuna, vai continuar mandando na empresa e evitou maiores penalidades.

29 setembro 2018

Tammy Lally; Sejamos honestos quanto ao nosso problema com dinheiro

Lutar pelo orçamento e gerenciar as finanças é comum, mas falar honestamente e abertamente sobre isso não. Por que escondemos nossos problemas quando o assunto é dinheiro? Nessa palestra refletida e pessoal, a autora Tammy Lally nos encoraja a nos libertarmos da "vergonha do dinheiro" e nos mostra como parar de comparar nossas contas bancárias com nossa autoestima.

Rir é o melhor remédio


28 setembro 2018

SEC quer punir Musk

No mês de agosto, o empresário Musk causou reboliço na bolsa de valores ao anunciar que iria fechar o capital da sua empresa de automóveis elétricos, a Tesla. O anúncio foi feito através de uma postagem no Twitter onde o empresário anunciou até o valor de compra da ação: 420 dólares.

Depois disto, alguns executivos sairam da empresa e Musk até anunciou que não iria mais fechar o capital da empresa. Uma possível razão: o preço excessivo da ação.

Agora a SEC acusa o executivo de fraude por conta dos tweets “falsos e enganosos”. Ele não teria discutido com ninguém a possibilidade de fechar o capital Afinal, tweetar alguma coisa na rede não significa que você não tenha que respeitar as regras gerais de anúncio de uma informação (evidenciação) de uma empresa. Isto inclui falar a verdade. A SEC acha que Musk mentiu e deve responder por isto. Além de uma possível punição financeira, a SEC pode forçar a saída de Musk da empresa, mesmo que a Tesla seja Musk

Números divergentes

Em junho de 2018 a International Meal Company Alimentação (IMC), proprietária das redes Frango Assado e Viena, fez um acordo de cooperação e fusão com a empresa Sapore, de refeições coletivas. O acordo previa que na nova empresa, a Sapore ficaria com 41,79% das ações.

No mês seguinte, o acordo foi aprovado no Cade, o conselho que regula grandes operações de aquisições e fusões no Brasil. A nova empresa teria uma receita acima de R$3,1 bilhões e mais de 24 mil funcionários.

Depois disto, começou o processo de due dilligence. Em meados de setembro, a IMC anunciou que estava rescindindo o acordo de fusão. Neste processo, ocorreram divergências entre o trabalho realizado de ambos os lados, que não foram conciliadas. Segundo divulgado, as divergências estavam no balanço que seria a base para a negociação. A partir dos números encontrados pela KPMG e pela EY, a Sapore deveria ter entre 41% a 42,5% do novo negócio - na ótica desta, ou no máximo 25% da nova empresa, segundo a IMC.

Do lado da IMC, a maior divergência estaria no Ebitda recorrente. De um lado, este valor seria 120,6 milhões de reais; de outro, R$87,2 milhões. Havia divergência sobre créditos tributários e contingências trabalhistas, que deveriam ser provisionados ou não. Na análise da Sapore havia dúvidas sobre o valor da dívida líquida: 201,3 milhões (posição de dezembro) ou 102 milhões (constante do acordo).

A impressão que ficou é que os números foram usados para romper um acordo entre duas empresas com culturas diferentes. A IMC é uma empresa com ações na bolsa e comando mais descentralizado, o oposto da Sapore, que era comandada por um administrador centralizador, que gostaria de ser o chefão da nova empresa. 

Rir é o melhor remédio





27 setembro 2018

Minas paga a GM

Anteriormente, em uma postagem sobre como o governo gasta seu dinheiro, destacamos o caso do governo de Minas, que comprou automóveis da GM e não quitou. Para evitar que a dívida fosse para precatório, a GM solicitou a devolução dos veículos.

Uma notícia recente diz que o governo mineiro efetuou o pagamento da dívida com a empresa, evitando a devolução dos automóveis. Para a empresa, a medida foi boa, já que receberia os automóveis usados, com um valor a menor.

Petrobras finaliza acordo com autoridades dos EUA

A empresa Petrobras anunciou hoje que assinou um acordo com as autoridades dos Estados Unidos. Foram três anos de negociação e com isto a empresa não terá mais nenhum litígio decorrente dos problemas descobertos pela Operação Lava-Jato. A empresa deverá pagar 853 milhões de dólares, sendo 20% para o departamento de Justiça dos Estados Unidos e a SEC, o regulador do mercado dos EUA. Anteriormente a empresa já tinha fechado um acordo com os acionistas. Além disto, a empresa deve comprovar, no longo prazo, que mudou sua maneira de gestão. Um acordo que parece bem melhor do que aquele firmado pela Odebrecht e a Braskem.

O mercado entendeu que o acordo foi bom para a empresa, tanto que o preço das suas ações aumentaram no dia de hoje. A empresa, no comunicado ao mercado, fez questão de declarar que não cometeu irregularidades:

Pelo acordo, o DOJ também reconhece a situação de vítima da Petrobras deste esquema de corrupção e a SEC reconhece a atuação da companhia como assistente de acusação em mais de 50 ações penais no Brasil.

Entretanto, esta parece não ser a posição do procurador-geral dos EUA, Benczkowski, que afirmou:

“Executivos nos níveis mais altos da Petrobras - incluindo membros de sua diretoria executiva e conselho de administração - facilitaram o pagamento de centenas de milhões de dólares em propinas a políticos e partidos políticos brasileiros e depois prepararam os livros para ocultar os pagamentos de suborno dos investidores e reguladores ”. 

Mais ainda:

No processo que deverá ser extinto, a estatal brasileira é acusada de violar as leis norte-americanas alterando registos de contabilidade para facilitar o pagamento de subornos em esquemas de corrupção no Brasil.

É interessante notar que a imprensa estrangeira foi menos “chapa-branca” na descrição do acordo. Segundo o El País:

El regulador del mercado de valores en Estados Unidos (SEC, en sus siglas en inglés) ha sancionado a la compañía estatal brasileña Petrobras con 1.786 millones de dólares, por engañar a los inversores manipulando sus libros contables para ocultar la trama fraudulenta que le permitió pagar sobornos. 

Mas isto não encerra a novela Lava-Jato na empresa, já que ainda existem processos correndo contra a Petrobras na Holanda e Argentina.

Contabilmente, a empresa não tinha feito provisão para o valor a ser pago. Algumas análises consideram que isto não irá prejudicar o resultado (como não?).

Do valor a ser pago, 80% deverá ficar no Brasil e  “será destinado a um fundo criado para financiar programas sociais, medidas de combate e ressarcir investidores brasileiros que tiveram prejuízo com a desvalorização das ações da empresa.”

Efeito da Tradução na nossa vida

A popularização dos programas que permitem a tradução de um texto, como o Translate, tem alterado substancialmente a nossa vida. Recentemente fiz um curso de línguas onde a professora lutava contra os alunos que usavam o celular em sala para obter as traduções. A professora argumentava que o aluno deveria aprender a usar o cérebro para pensar na outra língua.

Durante a Copa do Mundo, o uso do Translate aumentou pois os fãs queriam iniciar conversas com os anfitriões ou com outros fás do mundo. Havia uma demanda elevada pelas palavras “estádio” e “cerveja”.

Apesar da melhoria substancial dos aplicativos, seus resultados podem ainda deixar a desejar. Dois problemas podem ocorrer. As palavras estão dentro de um contexto e o software pode entender errado. Um texto do Journal of Accountancy traduziu o nome do presidente do Fasb, Russell Golden, de tal forma que o título “2 new members appointed to FASB as Golden remains chairman” ficou como “2 novos membros nomeados para o FASB como presidente dos restos mortais de ouro”. Outro ponto é que uma palavra pode ter mais de um significado, e a tradução adequada vai depender do contexto. A música Blue, de LeAnn Rimes, começa com “Blue, Oh, so lonesome for you. Why can´t you be blue over me?”. No translate ficou: “Azul, oh, tão solitário por você. Por que você não pode ser azul por cima de mim?”. O Translate traduziu “blue” como azul, mas a palavra também pode ser “triste”. (Tudo bem, a tradução de músicas e poesias é bem mais difícil).

Nós temos a sorte de estarmos entre as línguas mais faladas do mundo. Em geral, os softwares de tradução são melhores para as línguas com maior número de pessoas, já que alguns deles dependem do feedback de tradução.

Um teste simples é solicitar uma tradução e retornar o texto para a língua original. Por exemplo, coloquei a primeira frase desta postagem no Translate e solicitei a tradução para o inglês. Depois, colei o resultado e solicitei uma nova tradução para o português. O resultado foi:  A popularização de programas que permitem a tradução de um texto, como o Tradutor, mudou substancialmente nossas vidas. Compare o resultado com a primeira frase e veja como o Translate traduziu o seu nome e mudou “tem alterado” para “mudou”, o que é um pouco diferente.

Mesmo assim, é inegável reconhecer o impacto do Translate. Uma pesquisa muito interessante mostrou isto. Dois pesquisadores usaram dados do eBay para mostrar isto. Quando a empresa colocou uma MT (machine translation inglês-espanhol, o número de transações dos Estados Unidos e América Latina aumentou substancialmente.

Mais interessante, identificamos os seguintes efeitos heterogêneos de tratamento: o aumento nas exportações é mais pronunciado para (1) produtos com mais palavras em títulos de listagem, (2) produtos diferenciados, (3) produtos baratos e (4) compradores menos experientes.

(O texto acima foi traduzido no Translate). O gráfico abaixo mostra as exportações no Ebay para América Latina e para outros países. A linha que corta o gráfico é o momento da entrada da tradução.

Pesquisa online é representativa

Nos dias atuais é muito comum as pesquisas acadêmicas serem realizadas pela internet. A grande vantagem é a facilidade de aplicação dos instrumentos de pesquisa e o baixo custo. O grande problema é saber se os resultados podem ser inferidos para a população. Em especial, existe um universo de pessoas que não estão online e que não são alcançadas por estas pesquisas. Um pesquisa aponta que este problema é real:

A general concern with the representativeness of online surveys is that they exclude the “offline” population that does not use the internet. We run a large-scale opinion survey with (1) onliners in web mode, (2) offliners in face-to-face mode, and (3) onliners in faceto-face mode. We find marked response differences between onliners and offliners in the mixed-mode setting (1 vs. 2). Response differences between onliners and offliners in the same face-to-face mode (2 vs. 3) disappear when controlling for background characteristics, indicating mode effects rather than unobserved population differences. Differences in background characteristics of onliners in the two modes (1 vs. 3) indicate that mode effects partly reflect sampling differences. In our setting, re-weighting online-survey observations appears a pragmatic solution when aiming at representativeness for the entire population.

Observe que os pesquisadores apresentaram uma possível sugestão para resolver este problema de representatividade, através de uma ponderação.

GREWENIG, Elisabeth et al. Can Online Surveys Represent the Entire Population?, Set, 2018. Iza Papers

Pesquisando dados

Para quem faz pesquisa, o acesso a uma base de dados pode ser fundamental. Muitas pesquisas são construídas a partir de uma base de dados existentes. Na área contábil, esta base de dados deve incluir não somente os balanços e outras demonstrações, mas também preço das ações, fatos relevantes, entre outras informações. Para o pesquisador é fundamental o acesso a uma base de dados e muitas instituições de ensino assinam estas bases, como a Reuters ou Economática.

Um problema é que as bases de dados não são completas. Uma informação eu posso buscar no site do Banco Central, mas outra talvez seja mais fácil obter no Ipeadata.

Recentemente o Google lançou um projeto de ligar as bases de dados existentes na internet. O projeto procura facilitar a vida do cientista (do jornalista ou do curioso) em encontrar os dados necessários para sua pesquisa. Neste sentido, o facilitador de base de dados lembra o Google Acadêmico, que centraliza as publicações mais relevantes de pesquisa. O Dataset search pode realmente ser um facilitador.

O que o Google ganha com isto? Acesso a um grande conjunto de informações, sendo referência quando o interesse é coletar dados. Ao contrário do Wolfram, que pretende dar uma resposta a uma pergunta como qual o ativo da Petrobras, o Google indica base de dados onde é possível encontrar os dados.

Atualmente, o número de base de dados é pequena. Isto é um problema. Digitei a palavra "accounting" e apareceu onze respostas. Praticamente nenhuma das respostas seria de interesse de um pesquisador na nossa área. Em várias, os dados estão desatualizados. Por enquanto, o produto do Google é muito mais uma promessa que uma realidade. Mas quem sabe você encontra alguma coisa de seu interesse...

Rir é o melhor remédio

Tatuagem: