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31 agosto 2018

Falência e adoção da IFRS

Um estudo com empresas brasileiras que ficaram insolventes nos últimos anos construiu dois modelos de predição: um antes da adoção das normas internacionais de contabilidade e outro após as normas. Os autores usaram dados de 2004 a 2013 e a análise discriminante para fazer a análise. Para cada empresa em dificuldade, os pesquisadores encontraram outra empresa, com perfil semelhante, para fazer a comparação. Todas empresas eram de capital aberto e diversos testes foram aplicados. Apesar dos autores não terem separado a amostra em amostra de construção do modelo e amostra de teste, o resultado é bastante interessante:

houve uma melhoria considerável na previsão de insolvência após a adoção das normas internacionais de contabilidade, pois a média de acerto aumentou de 73,5% para 82,1%.

Analysis of the impact of adopting international accounting standards in predicting the insolvency of businesses listed on the BM&FBovespa brazilian stock exchange. Diego Rafael Stupp, Leonardo Flach, Luísa Karam de Mattos. RACE, n. 2, 2018

5%

Uma questão apareceu no Quora: qual a razão de usar 5% para rejeitar a hipótese nula?

A Resposta escolhida foi a seguinte:

Por que Ronald Fisher disse. Sim, é realmente isto. Mas é pior. Fisher escolheu 0,05 arbitrariamente e reconheceu isso.

TST e Petrobras

Em junho deste ano, o Tribunal Superior do Trabalho tomou uma decisão que poderia significar uma saída de caixa de 15 bilhões de reais para a Petrobras. A decisão era por retirar do cálculo da base salarial os adicionais noturno e de periculosidade. Os cálculos indicavam um aumento de 35% para 59 mil funcionários. A votação foi muito acirrada, 13 a 12, e a decisão saiu pelo voto de minerva do presidente do TST. E, em nenhum momento, o tribunal analisou o impacto da votação sobre a saúde da empresa.

Alguns dias depois, o Supremo decidiu suspender a condenação. A alegação era o risco de dano irrecuperável à estatal, com efeitos econômicos sobre a empresa. A decisão de suspensão tornou-se mais forte com o voto do relator.

A questão ainda não foi decidida. Para a Petrobras, o tempo conta agora a favor. Aos trabalhadores da Petrobras, quanto maior a demora, pior será. Na época da decisão do TST a Petrobras divulgou a seguinte nota:

As informações dos processos classificados com perda provável e possível estão apresentadas nas demonstrações financeiras (ITR) do 1º trimestre de 2018, através da nota explicativa 28.1 - Processos judiciais provisionados e 28.3 - Processos judiciais não provisionados, respectivamente, sendo que essas classificações não sofrerão alteração em razão dessa decisão.

Dessa maneira, não há impactos financeiros e econômicos imediatos para a companhia, que aguardará a publicação proferida hoje para avaliar seu inteiro teor e tomar as medidas judiciais cabíveis em prol dos seus interesses e de seus investidores.


Dois tribunais superiores, com duas visões divergentes. Ou políticas diferentes. A questão contábil é quando a empresa deve reconhecer o passivo. Dado o histórico dos nossos tribunais, o não reconhecimento agora não seria uma atitude questionável.

30 agosto 2018

Rir é o melhor remédio

O filho adolescente falou para mãe que ficou envergonhado com seu pai usava quando despediu dele na porta de casa. O pai escutou e decidiu, durante os próximos 170 dias de escola do filho fazer um ritual diferente a cada dia. Gastando pouco e contando com ajuda dos vizinhos, eis o resultado:




Mais aqui.

29 agosto 2018

Profissão perigo

Um estudo do Instituto Sapiens revelou que cinco profissões correm risco de extinção. (...) Mais de dois milhões de pessoas “têm uma forte probabilidade de ver seus empregos desaparecem nos próximos anos”, diz o estudo. Profissionais da área de contabilidade, caixas de lojas e supermercados, funcionários de bancos e seguradoras, secretárias e agentes de manutenção verão de perto as transformações ligadas à robotização e à inteligência artificial.


Fonte:Aqui

12 Fatos Importantes da História da Contabilidade Pública Brasileira

Doze grandes fatos da história da Contabilidade Pública

1808 - Chegada da família real ao Brasil. Dom João VI cria o Erário Régio e a Escola de Commércio. (A adoção das partidas dobradas é uma bobagem, já que não saiu do papel)

1831 - Uma lei organiza o tesouro. É a primeira importante normatização da área do Brasil independente. Também "adotava" as partidas dobradas, mas não saiu do papel.

1892 - Decreto 1.166, que organiza o ministério da Fazenda e que também trata da escrituração e normas orçamentárias

1906 - A província do Paraná começa a adotar as partidas dobradas. Logo após, São Paulo segue neste caminho e em 1914, o governo federal.

1922 - Decreto 15.783 institui o Código de Contabilidade Pública, que somente seria revogado em 1991. Com mais de 140 páginas, 925 artigos, o código trata desde a organização do serviço de contabilidade pública até normas sobre empenho da despesa.

Década de 30 - Encontro de técnicos e secretários estaduais de fazenda no Rio de Janeiro discutem assuntos técnicos, com implicações práticas. Um deles: redução de mais de 2 mil rubricas de receitas para 57.

Lei 4.320/64 - Ainda em vigor e ainda a base da contabilidade pública brasileira.

1987 - Siafi é criado e agiliza, melhora e torna mais transparente a gestão pública. Uma revolução.

2000 - Lei de Responsabilidade Fiscal, que é um esforço para criar uma melhoria nos gastos públicos. Fixa algumas regras.

2008 - Adoção das normas internacionais. Acredito que seus efeitos ainda irão aparecer nos próximos anos.

2009 - Lei da transparência, que determina que as informações estejam em tempo real na internet.

2011 - Lei de Acesso à Informação, que possibilita o acesso de qualquer pessoa a uma informação. Hoje temos condições de saber quanto um ministro do Supremo recebe por mês (embora não saibamos os salários indiretos).

Rir é o melhor remédio

O fotografo Gilmar Silva consegue fazer milagres. Parece o pessoal do RI. A seguir, o cenário original e como ficou o resultado com o fotografo.






Risco Moral e Advogados

Nos Estados Unidos, quando um suspeito é acusado de um crime, tem direito a um advogado. Se não tiver dinheiro, o governo paga por este advogado. Em geral isto não significa uma boa defesa; pelo contrário, já que em muitos casos os suspeitos cumprem uma pena acima do seu crime ou são considerados culpados, quando são na verdade inocentes. Uma possível alternativa é o governo escolher o advogado.

Existem várias maneiras de o governo fornecer conselhos para os réus pobres. Uma delas envolve firmas ou advogados particulares oferecendo um leilão por um contrato de um ano, o que explicita os termos de uma taxa fixa por acusado ou taxa horária com limite máximo.

Isto já foi tentado em algumas regiões dos Estados Unidos e o resultado foi pior.

Um exemplo infame envolve um advogado da Geórgia chamado Bill Wheeler , que ganhou um contrato para representar todos os réus pobres no condado de McDuffie (...) Wheeler se recusou a discutir seus casos com eles [os clientes] e conheceu a maioria deles pela primeira vez no tribunal. Ele também freqüentemente encorajava seus clientes a se declararem culpados sem fazer qualquer investigação factual ou legal. (...) Se o objetivo é fornecer a todos assessoria jurídica efetiva, então o melhor sistema é aquele em que os advogados são aleatoriamente designados para os réus usando um sistema de loteria

Isto corresponde ao que chamamos de risco moral. Lembrou duas situações na contabilidade. A primeira é a designação de peritos judiciais feita por um juiz. Nada garante que o perito selecionado irá se dedicar aos processos mais complicados, com reduzidas chances de sucesso. O segundo caso é a proposta de mudar o sistema de auditoria. Atualmente as empresas contratam seu auditor; há uma ideia que isto deveria ser feito pela CVM, o que poderia garantir maior independência. Entretanto, uma empresa de auditoria poderia correr o risco de deixar passar um problema, quando o custo de investigação é elevado. O auditor não teria incentivo para fazer a investigação, exceto o risco reputacional. Talvez isto não seja suficiente.

28 agosto 2018

Educação financeira na inserção dos investidores no mercado de capitais

Resumo: A educação financeira e o entendimento do mercado de capitais abrem as portas de interação entre os agentes econômicos. Autores afirmam que o funcionamento do mercado de capitais no Brasil é conhecido por poucos, contudo, ressaltam que apesar desses aspectos, parece existir uma preocupação recente em atrair os investidores com credibilidade e sustentabilidade. Nesse sentido, no presente estudo investigou-se o nível de educação financeira de discentes da área de negócios de uma universidade pública e a sua relação com a participação no mercado de capitais. Para tal fim, definiu-se a hipótese de que a educação financeira dos investidores influencia positivamente a probabilidade de participação no mercado de capitais brasileiro. Para a elaboração do indicador de educação financeira, coletaram-se os dados necessários baseados nos quesitos utilizados por Atkinson e Messy (2012), publicados na Organization for Economic Cooperation and Development (OECD). O método utilizado foi a regressão logística múltipla, cujo principal escopo foi investigar a possibilidade de ocorrência de um determinado evento. Os resultados encontrados demonstraram, a partir do efeito marginal, uma probabilidade de inserção no mercado de capitais de 6% para a amostra utilizada. Para tanto, verificou-se que o aumento de pontuações adquiridas nas questões de conhecimento financeiro refletiram em uma maior probabilidade de inserção nesse mercado. Com base nos resultados apresentados, a hipótese do estudo não é rejeitada, entretanto, destaca-se que os investimentos em educação financeira no País precisam ser aprimorados, visto que os conhecimentos financeiros dos brasileiros se apresentaram em 1,2% abaixo da média internacional, de acordo com o relatório da Organization for Economic Cooperation and Development (2016).

A influência da educação financeira na inserção dos investidores no mercado de capitais brasileiro: um estudo com discentes da área de negócios
Klerton Andrade Freitas de Amorim, Greicy Kelly Farias Lucena, Luiz Felipe de Araújo Pontes Girão, Dimas Barrêto de Queiroz

Fonte: Aqui

Musk

Na história toda sobre Elon Musk (aqui e aqui) e a Tesla, cogitou-se a saída do executivo da empresa. Entretanto, isto seria inviável já que...

“Você investiria em Tesla sem Elon Musk? Não faz sentido.

Se Musk se for, os investidores + torcedores abandonariam as ações. Eles estão investindo em um sonho e em um semideus, e não em uma empresa real com modelo de negócio sustentável. Desse ponto de vista, não faz sentido demitir Musk, não importa o que aconteça. Se a realidade fosse autorizada a assumir o controle da empresa, as ações da Tesla entrariam em colapso sem cerimônia, e a empresa iria à falência (...)


Em linguagem contábil, o principal ativo da empresa é Musk.

Rir é o melhor remédio


27 agosto 2018

Aramco: temendo a evidenciação

Na novela que se tornou a oferta pública de ações da empresa estatal de petróleo da Arábia Saudita, a Aramco, um fato curioso. Segundo a Reuters, não haverá a oferta por um motivo simples. O rei, pai do príncipe, saiu da sua quase aposentadoria para dizer não. O motivo:

Os interlocutores do rei disseram-lhe que o IPO, longe de ajudar o reino, o enfraqueceria. Sua principal preocupação era que um IPO traria divulgação pública completa dos detalhes financeiros da Aramco, disseram as fontes.

Evidenciação é para os fortes.