Translate

20 janeiro 2014

Desemprego no Brasil

Esta reportagem explica a mudança na metodologia de cálculo da taxa de desemprego:

61 milhões estão fora da força de trabalho
38,5% da população em idade para trabalhar não tem ocupação nem procura emprego, de acordo com o IBGE
2/3 dos que estão fora das estatísticas de desemprego são mulheres; 55% não têm fundamental completo


GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA/FSP

Um contingente de 61,3 milhões de brasileiros de 14 anos ou mais não trabalha nem procura ocupação --e, portanto, não entra nas estatísticas do desemprego.
Trata-se de 38,5% da população considerada em idade de trabalhar pelo IBGE, ou o equivalente à soma do total de habitantes dos Estados de São Paulo e do Rio.
Nos EUA, ainda se recuperando da crise, a taxa é similar, 37,4% --as metodologias, porém, não são as mesmas.

Referente ao segundo trimestre de 2013, o dado brasileiro ajuda a ilustrar como, apesar das taxas historicamente baixas de desemprego, o mercado de trabalho mostra sinais de precariedade.
Mesmo tirando da conta os menores de 18 e os maiores de 60 anos, são 29,8 milhões de pessoas fora da força de trabalho, seja porque desistiram de procurar emprego, seja porque nem tentaram, seja porque são amparados por benefícios sociais.

Esse número supera o quádruplo dos 7,3 milhões de brasileiros oficialmente tidos como desempregados nas tabelas do IBGE --o que dá uma ideia de quanto o desemprego poderia crescer se mais pessoas decidissem ingressar no mercado e disputar vagas.
Os dados sugerem que grande parte dos que estão fora da força de trabalho é dona de casa: 40,9 milhões são mulheres. Entre os desempregados, a proporção de mulheres é bem menor, de pouco mais da metade.

O grau de instrução da maioria dos que não trabalham nem procuram emprego, previsivelmente, é baixo: 55,4% não chegaram a concluir o ensino fundamental.
Mas uma parcela considerável, de quase um quarto do total, inclui os que contam com ensino médio completo ou mais escolaridade.

Considerando toda a população em idade de trabalhar, de 159,1 milhões, as proporções dos grupos menos e mais escolarizados são semelhantes, na casa dos 40%.


MELHORA

A nova pesquisa ainda não permite análise da evolução dos dados nos últimos anos, mas outros trabalhos apontam melhoras na participação feminina e na escolaridade do mercado de trabalho.
Estudo de 2012 do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontou que mais da metade das mulheres participa atualmente da força de trabalho, ante menos de um terço no início da década de 1980.

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse que a pasta ainda está avaliando os resultados da nova pesquisa. Ele ressaltou que não é possível dizer que houve alta do desemprego, já que se trata de nova metodologia.


GLOSSÁRIO DA NOVA PESQUISA
Conceitos que mudam com a Pnad contínua:
> PEA (População Econo-micamente Ativa): Passa a se chamar Força de Trabalho (soma das pessoas ocupadas ou à procura de trabalho)
> PIA (Pessoas em Idade Ativa):* Passa a se chamar Pessoas em Idade de Trabalhar
> Recorte de idade: Antes, a idade mínima era 10 anos. Agora, é 14 anos
==============================================================

Desemprego passa a ser medido em 3.500 cidades
DO RIO
DE SÃO PAULO

A principal diferença entre a nova pesquisa, a Pnad contínua, e a antiga, a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), é a abrangência geográfica, que foi ampliada para obter informações sobre o mercado de trabalho com mais precisão em todo o país.
A PME é restrita às seis maiores regiões metropolitanas. Já a Pnad contínua vai a 3.500 municípios em todos os Estados. Outra diferença é o período de coleta e divulgação dos dados. A PME é feita mensalmente, a Pnad contínua, trimestralmente.

Até o fim do ano, a nova pesquisa vai incorporar dados que havia no levantamento antigo e que não foram divulgados ontem, como a ocupação por setores da economia e o rendimento.
As primeiras informações deste ano (relativas ao primeiro trimestre) serão divulgadas em 27 de maio.

A PME vai continuar sendo feita até o fim deste ano e depois será encerrada. Como são pesquisas distintas, a série de dados sobre o mercado de trabalho brasileiro será novamente descontinuada (a última vez que isso ocorreu foi em 2002).

Existe uma demanda de economistas e até de outras áreas de dentro do instituto para que parte das informações da nova pesquisa seja produzida mensalmente. O cálculo da inflação, feito pelo IBGE, usa dados mensais de rendimento extraídos da PME.

Segundo Cimar Azeredo, coordenador de trabalho e emprego do IBGE, os técnicos estudam como fornecer a cada mês a taxa de desemprego, o rendimento e o número de trabalhadores com carteira assinada. A expectativa é concluir esse trabalho até o fim deste ano.
Além da maior abrangência, houve mudanças no conceito de desocupação e na população considerada apta para trabalhar. A idade mínima subiu de 10 para 14 anos (idade que a legislação permite o trabalho como aprendiz).

Na nova pesquisa, se uma pessoa procurar emprego nos últimos 30 dias, mesmo tendo feito um "bico" no período, será considerada desempregada. Antes, ela não poderia ter tido nenhum trabalho no período.

Outra mudança é considerar desempregada uma pessoa que não procurou emprego, mas estava disposta a trabalhar. Até agora, ela estava fora da força de trabalho.
Especialistas afirmam que as mudanças contribuíram para aumentar o patamar da taxa de desemprego do país, que subiu cerca de 1,5 ponto percentual.
Segundo o IBGE, as alterações seguiram orientações da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
(MARIANA CARNEIRO E PEDRO SOARES)
DIFERENÇAS NO DESEMPREGO
7,4%
é a taxa da Pnad contínua
no 2º trimestre de 2013

5,9%
é a taxa da PME
no 2º trimestre de 2013



Aqui um texto da Miriam Leitão

Custo da alta dos juros

O combate à inflação por meio da elevação da taxa básica de juros, a Selic, vai custar pelo menos R$ 14,2 bilhões a mais aos cofres públicos neste ano. É o que mostra cálculo do economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria. Segundo ele, as despesas com juros devem crescer de R$ 56,5 bilhões no ano passado para R$ 70,7 bilhões neste ano, efeito do ciclo de aumento da Selic, que estava em 7,25% em abril de 2013 e chegou a 10,5% nesta quarta-feira.
Salto diz que sua estimativa é conservadora, pois considera apenas as operações compromissadas – instrumento do Banco Central (BC) para enxugar excesso de liquidez na economia pela venda de títulos públicos. Não está incluso o impacto dos juros sobre os títulos pós-fixados vendidos pelo Tesouro.
- Esses R$ 70 bilhões já representam três orçamentos do Bolsa Família. E o governo não vai conseguir mudar isso por decreto. É preciso mudar a base desta política fiscal expansionista, o que abriria espaço para uma política monetária mais decente – diz.
Pelos cálculos de José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o aumento de gastos com o ciclo da Selic é um pouco maior, de R$ 15,3 bilhões. O número, também considerado conservador, tem como base a estimativa informada na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) da União. Segundo o texto, o aumento de um ponto percentual da Selic provoca despesa extra com pagamento de juros de 0,09% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de produtos e serviços produzidos no país).
- A taxa de juros é o instrumento predominante de política monetária também em outros países, mas parece que existe monopólio disso aqui no Brasil – disse Afonso, lembrando que o governo também tem adotado outros caminhos para conter preços. – O governo está intervindo diretamente nos preços dos combustíveis, da energia elétrica. Os chamados preços administrados estão sendo mais administrados do que nunca.

[...]

Fonte: O Globo

Listas: Os jogadores mais valiosos do Mundo

Fonte: Aqui

Muito Caixa

O assunto não é novo: o excesso de liquidez das empresas. Existem diversas explicações e o texto apresenta algumas delas.

As grandes empresas dos Estados Unidos nunca tiveram tanto dinheiro em caixa. A estimativa da Moody’s é que as corporações não financeiras devem ter fechado 2013 com nada menos que US$ 1,5 trilhão em reservas, mais que o Produto Interno Bruto (PIB) de países como a Espanha ou a Austrália, e um nível recorde para o mercado norte-americano. As gigantes de tecnologia, como Apple, Google e Microsoft, são as que mais têm recursos em caixa.

Cerca de US$ 500 bilhões do total das reservas estão com empresas de TI. Mas outras companhias também possuem volume expressivo. A General Eletric (GE) divulgou ontem (17) que fechou dezembro com US$ 89 bilhões consolidados em caixa. A expectativa dos analistas é que os resultados do quarto trimestre de outras empresas não financeiras mostrem que o caixa continuou aumentando na reta final do ano passado.

O alto volume de recursos em caixa das corporações norte-americanas mostra uma postura conservadora dos empresários em meio ao aumento da incerteza nos EUA, avalia a agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Em 2013, as dúvidas sobre a mudança da política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) contribuíram para estimular o aumento dessas reservas. Outro fator foi o impasse no Congresso sobre as questões fiscais do país, que paralisou o governo por 16 dias em outubro.

Os economistas citam ainda o crescimento fraco do consumo interno nos últimos anos como outro fator a desestimular os investimentos.
Foi a partir da crise de 2008 que o caixa das empresas dos EUA começou a aumentar e desde então o volume quase dobrou. Em 2007, antes do início da crise, o caixa das empresa era de US$ 815 bilhões, de acordo com a Moodys. “As empresas têm se mostrado muito relutantes em gastar recursos, numa postura conservadora”, avalia o estrategista de renda variável do RBC Capital Markets, Jonathan Golub.

A estimativa da Moody’s e da S&P é que grande parte deste caixa está investido no exterior. A razão é que as taxas de juros nos EUA estão próximas de zero, o que estimula as empresas a buscar retornos maiores fora do país.

Com as projeções de maior recuperação da economia em 2014, a expectativa é que as empresas comecem a gastar mais e reduzam um pouco os recursos em caixa. O economista da gestora AllianceBernstein, Joseph Carson, vê mais investimentos corporativos este ano e, por isso, o ritmo de constituição de caixa pode diminuir, destaca em um relatório a investidores. Ele projeta, por exemplo, expansão de 9,6% dos investimentos no setor de construção e de 8,1% no segmento de maquinaria.

A expectativa da AllianceBernstein é que depois de crescer cerca de 1,8% este ano, o PIB norte-americano avance entre 3% e 4% em 2014. “O investimento empresarial está começando a ganhar força, sobretudo no setor manufatureiro”, diz Carson.


Fonte: aqui

Justiça condena ex-executivo do Noroeste

Este é um dos casos mais estranhos da história empresarial brasileira.

A Justiça Federal condenou a 6 anos de prisão – com direito a apelar em liberdade – o ex-diretor do Banco Noroeste, Nelson Tetsuo Sakaguchi, acusado pelo desvio de US$ 242,2 milhões da instituição, há 15 anos. O escândalo financeiro foi descoberto quando da operação de venda do Noroeste para o Banco Santander, por US$ 480 milhões, no final de 1997 e início de 1998.

Sakaguchi foi condenado por gestão fraudulenta de instituição financeira, previsto no artigo 4.º da Lei 7492/86 (Lei do Colarinho Branco), que define os crimes contra o sistema financeiro. Outros 4 denunciados foram absolvidos. Ele era responsável por toda a diretoria internacional do banco, incluindo a Agência Grand Cayman.

Ele assumiu a realização de transferências internacionais de valores alegando que parte dos saques – US$ 190 milhões – destinou-se ao financiamento da construção de um aeroporto internacional na Nigéria, “negócio que geraria lucro expressivo à instituição financeira”.

Sakaguchi afirmou que a operação “fora autorizada verbalmente pela diretoria executiva do banco”.

Disse, ainda, que a offshore Stanton Development Corporation pertencia ao Noroeste, “exercendo ele apenas a função de procurador”.


Na sentença, de 38 páginas, o juiz Marcelo Costenaro Cavalli, da 6.ª Vara Criminal Federal em São Paulo, destaca que Sakaguchi “agiu com culpabilidade reprovável, valendo-se de sua posição de superioridade hierárquica na instituição para que terceiros o auxiliassem a perpetrar os atos materialmenbte necessários às suas práticas delituosas”.

“As consequências do delito foram especialmente danosas, pos geraram prejuízo de quase US$ 250 milhões à instituição”, assinala o juiz.

As fraudes se prolongaram por 3 anos. No período entre maio de 1995 e janeiro de 1998, foram realizadas 93 operações de transferência internacional de valores, no valor total de aproximadamente US$ 192 milhões.

Sakagushi já havia sido condenado pela Justiça da Suíça, por lavagem de dinheiro. Ele passou 30 meses preso na Suíça.

“Hoje, vive em parcas condições econômicas”, destaca o juiz. “Essa circunstância faz crer que, caso conluio houvesse, ele haveria de se sentir abandonado pelos demais e, por isso mesmo, explicaria, de forma convincente, em que consistiu o conluio e como os ex-controladores dele se beneficiaram. Mas, não: desde a ocorrência das fraudes até hoje, Nelson continua a apresentar versões contraditórias e impressionantes a respeito dos fatos, sem jamsi sustenta-las com elementos probatórios minimamente convincentes.”


Uma das versões de Sakagushi é que parte dos ativos foi entregue a uma mãe de santo, que já morreu. ”Também perante a Justiça suíça se constatou uma sucessão de versões estapafurdias da parte de Nélson”, anota o juiz federal.

“Pode ser que tenha se associado a criminosos nigerianos, forjando a estória de financiamento de um aeroporto internacional. Pode ser, por incrível que pareça, que Nélson, um executivo experimentado do mercado financeiro, tenha caído num dos incontáveis golpes nigerianos que demandam dinheiro adiantado em troca de substanciais ganhos futuros. Seja como for, esse dado é irrelevante. Relevante, para a ação penal, é apenas o fato de que Nélson desviou, de forma fraudulenta, milhões de dólares da instituição financeira e os repassou a criminosos nigerianos. Se Nelson acreditava no investimento e foi vítima de um golpe ou se estava associado aos criminosos, não importa para a aferição de sua responsabilidade penal. As provas dos autos indicam que Nélson desviou, de forma fraudlenta, aproximadamente US$ 242 milhões do Banco Noroeste, agiu de forma sorrateira, clandestrina e fraudulenta, o que, por si só, é suficiente para demonstrar sua atuação dolosa.”


Justiça Federal condena a 6 anos de prisão ex-executivo do Banco Noroeste por desvio de US$ 242,5 milhões - Fausto Macedo

19 janeiro 2014

Rir é o melhor remédio

Quando colegas me perguntam como foi o meu fim de semana...

Entrevista: Francisco Fernandes de Sousa

Multitasking: enquanto nos atendia, Chiquinho continuava a atender demandas.
Francisco Fernandes de Sousa, contador, começou a trabalhar na Eletrobras Eletronorte há cerca de 30 anos. Além de ser gerente na diretoria financeira, Chiquinho, como é conhecido por toda a empresa, tem certificação como consultor SAP/R3 e é um dos principais responsáveis pela configuração dos sistemas financeiros e de custos (módulos FI e CO no SAP).

Blog_CF: Como era a contabilidade na Eletrobras Eletronorte há 20 anos e como é hoje?
Francisco: Antigamente fazíamos tudo "a mão". Há 20 ou 30 anos as contas eram mais simples, mas a falta de uma planilha Excel tornava tudo mais difícil. Risos. Levávamos muito tempo para preparar o balanço. Houve um tempo em que tínhamos alguns computadores para suprir a demanda de todos nós. Havia fila! Hoje acho engraçado relembrar.

Era muito difícil receber a prestação de contas de um engenheiro que estava participando da construção de Tucuruí, por exemplo. Hoje em dia isso é feio com o auxílio do SAP R3, a plataforma que utilizamos na Eletronorte. Com ele cada um tem a devida autorização para fazer o que está dentro dos seus limites. Essas autorizações são sempre revistas pois adotamos a Sarbanes-Oxley, que exige isso.

Por exemplo, quem está em Tucuruí e tem que preencher uma planilha com as horas gastas em cada centro de custos, tem acesso ao TimeSheet. Se ele precisa fazer a solicitação de materiais ao almoxarifado, não vai poder. Isso caberá, talvez, à secretária, ou a quem foi autorizado a seguir com aquela tarefa. Na contabilidade, quem participa do encerramento mensal das contas tem acesso a transações específicas para aquilo. Em um sistema de compras, a pessoa que faz a solicitação, é diferente da que confere e autoriza. Tudo isso dá mais segurança ao usuário, ao sistema e facilita, inclusive, o trabalho da auditoria.

Atualmente a principal dificuldade se encontra nas alterações advindas do IFRS. Temos o impairment, o ativo financeiro, o impacto nas concessões. Isso não existia para nós e a adoção pelo Brasil trouxe uma repercussão tremenda.

Claro que a contabilidade cresceu porque era necessário e acho positiva essa "globalização". Mas quando se trata do dia-a-dia, fica um pouco menos romântico.

Colocar a teoria na prática sem ter um exemplo a seguir é ao mesmo tempo emocionante e arriscado. Investimos muito em treinamento para estar em dia com todas as mudanças e conseguirmos passar tudo tanto para a configuração do sistema, quanto para as demonstrações contábeis, de forma fidedigna. Mas até que o balanço seja oficialmente publicado, há muito debate, reclassificação, revisão. É um trabalho para quem realmente gosta de colocar a mão na massa.

Blog_CF: Para conseguir fazer o que você faz, mexer com contabilidade e com a configuração do sistema, o que é ideal conhecer? O que um aluno deve estudar para ter uma oportunidade similar?
Francisco: Além de ser um bom contador, é necessário que ele faça alguns cursos. A empresa SAP oferece certificações para que a pessoa se torne oficialmente um consultor SAP. O SAP R3 é dividido em vários módulos. A sua certificação dependerá do seu interesse. MM é o módulo de materiais, HR o de recursos humanos. No meu caso, cursei FI (referente ao módulo financeiro) e CO (referente ao módulo de custos). Ideal seria alguém que soubesse uma linguagem de programação denominada ABAP.



Blog_CF: Qual é a maior dificuldade encontrada atualmente na sua área?
Francisco: A falta de profissionais qualificados e a burocracia para suprir os cargos. Desde o vencimento do concurso muitas pessoas saíram, incluindo aquelas em programa de demissão voluntária. Enxugamos os gastos com pessoal, porém houve sobrecarga dos funcionários que permaneceram. Ademais, na minha área, necessito de contadores maleáveis e dispostos. Acreditem, não é fácil encontrar pessoas assim.

A necessidade desse perfil advém do fato de que a contabilidade está em constante atualização. Como comentei, antes do IFRS era muito mais fácil ser um contador. Atualmente precisamos estar sempre em cursos, reuniões, palestras e eventos que envolvem tempo e dedicação. Não só isso, temos que saber como aplicar os conceitos na prática.

A Eletronorte é uma empresa de capital fechado, mas somos parte da Eletrobras, que depende das informações que passamos, da forma como nos comunicamos. Assim, além de um funcionário que esteja sempre disposto a aprender, espero que ele também saiba aplicar a teoria à prática, saiba tomar decisões, entenda de sistemas (pois nos comunicamos em grande parte via SAP R3), saiba trabalhar em equipe.

Blog_CF: Como ocorreu o treinamento dos funcionários para que o sistema fosse adotado de forma eficiente?
Francisco: Nós estamos constantemente desenvolvendo treinamentos para ensinar SAP R3. Cada área com a sua parte, claro. Por exemplo, a gerência de ativos capacita funcionários não apenas da sede, como também das regionais, a lidar com o inventário.

A regra, todavia, é que os colegas ensinem uns aos outros o que sabem. Incentivamos a criação de manuais e passo a passo das tarefas para, caso alguém tenha que se ausentar, ou fique enfermo, tudo possa seguir em frete com tranquilidade.

Mas, sempre que possível, retomamos os treinamentos para haver uma reciclagem constante. Ademais, damos assistência por e-mail e telefone. Algo similar a um help desk.

Blog_CF: Quais dicas você daria para um jovem ainda cursando a faculdade?
Francisco: Inicialmente ressalto que o programa para estagiários na Eletrobras, como um todo, é excelente. Sugiro que fiquem atentos à página da Eletrobras Eletronorte pois logo sairá o edital para novas contratações. Antecipando a pergunta, já simplifico a resposta. O que procuramos em estagiários é a vontade de aprender e o conhecimento contábil e de informática. Não é necessário saber SAP/R3 pois te ensinaremos aqui. A minha filosofia faz com que contratemos estagiários para o crescimento do aluno e não como "mão de obra barata".

Mas de forma mais abrangente, eu aconselho que você, jovem, aprenda a aprender. Estude além do que é exigido para passar em provas, saiba conversar sobre o assunto, interpretar arriscar uma aplicação. Alimente desde o início a sua curiosidade.

Se você já faz estágio, tente sempre procurar alguém que precise de ajuda. Não fique lendo resumos de novela ou esperando o tempo passar. Nesses momento em que você oferece ajuda para outros colegas, você pode aprender algumas coisas que te trarão um diferencial por toda a vida.

Estude inglês (e saiba português!) e informática. Um contador deve saber mexer com ferramentas básicas como Word, Excel e Power Point com excelência. Além disso, aproveite as férias (ou a greve, o sábado de manhã, ou qualquer momento que tenha livre) para fazer cursos de Access ou algum software que te mantenha versado em sistema, melhore o seu currículo e te diferencie ainda mais de seus pares. Mesmo em trabalhos concursados, o seu currículo define a sua caminhada.

Calendário NCTC

Calendário de gatinho e de cartões postais já estão batidos. 

Para auxiliar a luta contra o terrorismo, existe o calendário da NCTC (The National Counterterrorism Center) que fornece informações sobre pessoas e grupos terroristas conhecidos, além de dados técnicos sobre assuntos como ameaças químicas e biológicas. 

O calendário apresenta, ainda, datas que os terroristas podem acreditar serem importantes no planejamento de ataques com o objetivo de comemorar certos eventos. 

Há uma edição imprimível disponível em pdf aqui.

Repasses do SUS e o superávit do governo

Já apresentamos diversas postagens mostrando que o governo forçou a meta fiscal de 2013 através de vários artifícios. Mais uma para a listagem:

O governo federal reduziu os repasses financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) a Estados e municípios na virada do ano, revelam dados levantados pelo Estado. O expediente, que "poupou" R$ 2,66 bilhões do Tesouro Nacional em dezembro de 2013 na comparação com mesmo mês de 2012, ajudou o governo Dilma Rousseff a cumprir a meta de economia para pagar juros da dívida pública, o chamado superávit primário.

Temos dois aspectos relevantes. Em 2014 teremos eleição. Tradicionalmente este evento tende a aumentar as despesas orçamentárias, mas não necessariamente a receita. Além disto, alguns dos fatores de ajudaram na obtenção do superávit, como os leilões, talvez não se repita este ano. E teremos a Copa, que deverá trazer despesas para o governo. Isto tudo faz com que a perspectiva para este ano seja pior.

O segundo aspecto é que os instrumentos usados em 2013 para obter o superávit, como o atraso de repasses, ficam mais difíceis de serem obtidos. Estaremos diante de uma "corrida maluca"; quem será o Dick Vigarista?

18 janeiro 2014

Rir é o melhor remédio


Fato da Semana

Fato da Semana: Afinal a Caixa confiscou ou não? No final da semana passada surgiu a notícia que a Caixa Econômica Federal havia confiscado dinheiro de poupadores. A nossa postagem já esclarecia a posição do Banco Central sobre o assunto. Mas ao longo da semana o assunto ainda rendeu notícias com a informação do total da receita operacional da entidade.

Qual a relevância disto? A discussão foi relevante para mostra o uso da contabilidade nas entidades públicas. Foi possível perceber o valor da receita da entidade com o encerramento das contas. Ocorreu também uma discussão marginal sobre o fato de ser ou não operacional este tipo de receita.

Positivo ou negativo? Em geral estas discussões mostram como os jornalistas brasileiros ainda possuem conhecimentos rudimentares de contabilidade. Mas estas notícias também são relevantes para indicar que a sociedade está atenta situações como estas.

Desdobramentos – A tendência é o “escândalo” esfriar com o passar do tempo.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia no nosso blog.

1 – Esta entidade resolveu baixar uma norma sobre a conta corrente dos partidos políticos, para as eleições de 2014:

Banco Central
Controladoria Geral da União
Supremo Tribunal Federal
Tribunal Superior Eleitoral

2 – Uma pesquisa do Gallup revelou que os países mais emocionais são do seguinte continente:

África
Américas
Ásia
Europa

3 – Um grande lote de ações Six foram vendidas esta semana por este polêmico empresário:

Abílio Diniz
Edson Arantes do Nascimento
Eike Batista
Luciano Huck

4 – Hong Kong, Cingapura, Austrália e Suíça lideraram um ranking muito importante divulgado esta semana:

Liberdade econômica
Notas dos alunos em educação
Número de patentes por habitantes
Participação das mulheres na direção das empresas

5 – No ranking da questão anterior a posição do Brasil é

Acima do 100º. Lugar
Entre 51º. e 99º. Lugar
Entre os 10 primeiros
Entre os 50 primeiros, mas não entre os 10 primeiros

6 – Em outro ranking, o Brasil aparece como o país com maior número de

ATMs
Importação de supérfluos
Jogadores de futebol
Turistas no exterior

7 – Uma estatística mostrou que está mudando o perfil dos usuários do Facebook com

Aumento nos usuários mais jovens
Aumento nos usuários nos países desenvolvidos
Aumentos nas usuárias
Aumentos nos usuários mais velhos

8 – Os custos de saúde tendem a aumentar mais do que os índices gerais de preços. Esta lei da economia, ignorada esta semana por um jornal de grande circulação, foi proposta por:

Baumol
Coase
Keynes
Tirole

Resultados: (1) TSE; (2) Américas; (3) Eike Batista; (4) Liberdade econômica; (5) Acima do 100º. ; (6) ATMs; (7) Aumentos nos usuários mais velhos; (8) Baumol. Cartoon aqui

Nova Geração de Economistas Brasileiros

Educação na pré-escola, crime, saúde e informalidade são alguns dos temas que estão no radar dessa nova geração de economistas listada pela Folha.
A seguir um pouco sobre o que estudam, o que pensam sobre trabalhar no governo e sobre os atuais problemas do país
-
Estudos sobre a informalidade no mercado de trabalho acompanham o economistaGabriel Ulyssea desde o mestrado, na PUC-Rio. No ano passado, sua tese de doutorado (também sobre o tema) foi premiada pela Anpec (associação que reúne alunos de pós-graduação em economia). Concluiu os estudos na Universidade de Chicago, orientado pelo Prêmio Nobel James Heckman.

GABRIEL ULYSSEA
Aos 34 anos, Ulyssea tem uma vivência de governo que o diferencia dos economistas de sua idade. Participou da formulação do Fundeb (fundo que provê recursos para o pagamento de professores do ensino básico), quando o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, ainda era secretário de Tarso Genro, então ministro da Educação. "Foi interessante ver a política sendo feita", diz. "É a maneira mais direta de impactar a realidade. Isso me motiva muito."

Entrou para o Ipea (instituto governamental de pesquisa econômica) e foi trabalhar com Ricardo Paes de Barros, referência nos estudos sobre desigualdade. Em 2006, escreveu capítulos e ajudou Paes de Barros a organizar o livro "Desigualdade de Renda no Brasil: uma Análise da Queda Recente", reunião dos principais estudiosos do tema no país. Isso tudo antes dos 27 anos, quando partiu para a Universi-dade de Chicago. Estudou como a informalidade afeta a rotina das empresas.
Constatou que a redução dos impostos na folha de pagamentos pode aumentar a formalização das empresas, mas pouco afeta a vida dos trabalhadores. "Com o ganho de margem, elas podem contratar mais funcionários informais e há pouco impacto sobre os salários."

Monica Baumgarten de Bolle tem se destacado no debate público no país. Herdou o interesse pela economia do pai, Alfredo Luiz Baumgarten, ex-presidente da Finep, morto em 1990.
MONICA DE BOLLE
Depois do doutorado, foi trabalhar no FMI, no qual desenvolveu na prática seu interesse teórico por crises financeiras.
Estava no Fundo quando a Argentina entrou em default, em 2001. Antevendo os efeitos no Uruguai, pediu que ficasse responsável pelo país, que despertava pouco interesse na época.
Quando estourou a crise uruguaia, de Bolle foi uma das principais responsáveis pela bem-sucedida reestruturação da dívida do país, que serviria mais tarde de modelo para o caso da Grécia. "Quando começou a crise, pensei: 'Que maneiro, lá vou eu'."
Seu chefe era Tim Geithner, posteriormente secretário do governo Obama. De volta ao Brasil, passou pelo mercado financeiro e foi trabalhar com Dionísio Carneiro na Galanto. Depois da morte de Carneiro, assumiu a consultoria e dá aulas na PUC-Rio.


A reportagem continua aqui

Novo livro de Tim Harford

Tim Harford, que escreve a coluna "Undercover Economist" para o Financial Times, lançou um novo livro: The Undercover Economist Strikes Back: How to Run or Ruin an Economy

The Undercover Economist Strikes Back coverPerhaps the strangest currency in the world can be found on the island of Yap, in Micronesia in the West Pacific. This coin, the rai, is a stone wheel with a hole in the middle. Some rai are fairly portable—a handspan or less across, and the weight of a couple of bags of sugar. But the most valued stones are far bigger—one British sailor wrote in the late nineteenth century of a stone wheel that was four and a half tons in weight and more than nine feet in diameter. In other words, it was almost completely immovable.

Yap’s stone money used to be a serious business. The stones were quarried and carved on the island of Palau, 250 miles away. One Victorian naturalist witnessed four hundred men from Yap, a tenth of the adult male population, at work in the quarries of Palau. Getting the stones from Palau to Yap on a little bamboo boat was a difficult and sometimes lethal affair—some of the stones weighed as much as two cars. (And rai were especially valuable if someone had died on the expedition to fetch them.) The biggest stones might have been used for major transactions such as buying land or wives; more modest-size stones—a couple of feet across—were exchangeable for a pig. Even then, it would have been a lot easier to move the pig than to move the stone.

All this meant that for purely practical reasons, the Yap islanders had to develop an important monetary innovation: they divorced ownership of the stone from physical control of the object. If you wanted to buy my pig, that transaction would be publicly witnessed: I’d give you the pig and in exchange, you’d transfer ownership of one of your stones—the one leaning against the tree, second on the left behind your hut. Now everybody would know that that particular stone was Tim’s stone. You and I wouldn’t have to go to the trouble of actually moving the thing.

One day, a crew from the quarries was bringing a new large stone from Palau when they ran into a storm not far from the coast of Yap. The stone sank, and the men swam to shore to tell the tale of their lucky escape and their loss. But of course, if the stone propped up outside your hut doesn’t need to move around to change ownership, why should the stone at the bottom of the sea be any different? This giant stone on the seabed had an owner—the chief who had sponsored the expedition to get it. And now his ownership could be transferred to another rich islander, and then to another, just as with any other stone. It was perfectly good money, even though it was out of sight and out of reach.

Yap’s monetary system sounds pretty close to insane. But is it? For many years the monetary systems of the developed world were based on gold. The gold itself—heavy stuff, although the ingots were not usually as heavy as a giant stone doughnut—would be left in bank vaults, after having been mined at great cost and risk from far-off lands. Naturally, in an anonymous urban society such as London or Venice, nobody could use the Yap island honor system of “everyone knows that’s Tim’s gold lying there.” But the idea was much the same. The gold, like the stone rai, rarely moved. It stayed in the bank vaults. People would instead carry around pieces of paper recording the fact that they owned the gold.

At first this was a purely private arrangement: a merchant with some gold would rent space in a secure vault from a goldsmith. The goldsmith would give him a note acknowledging that the gold belonged to the merchant. If the merchant wanted to buy something from a second merchant, he’d take the note to the goldsmith, collect his gold, use the gold in the trade, and then the second merchant would take the gold back to the goldsmith and collect his credit note. After a while, it became obvious that it was easier to pass around the credit notes than to go back and forth to the goldsmith all the time.

Banknotes such as the U.S. dollar and the pound sterling were descendants of this system. (Paper money has a much longer history, however. Kublai Khan, Chinese emperor in the thirteenth century, introduced a system of purely paper money that astounded the visiting Italian merchant Marco Polo.) Modern British and old American notes promise to pay “the bearer on demand,” a promise that once referred to redeeming the banknote in gold, just as with the private goldsmiths’ banknotes. But modern currency is no longer linked to gold at all—it once was but most countries broke that link, the “gold standard,” in the early 1930s.

So on Yap, they have this crazy system where the precious stone can be perfectly good money even when it is at the bottom of the sea. In the modern world, we have a far crazier system: the precious metal can be perfectly good money even though it isn’t there at all. We just circulate the bits of paper, with their nods and winks toward the old days when they were claims on gold in a vault. Now they are claims on nothing in particular, and somehow also claims on anything at all.

Fonte: Aqui

Desonestidade e a preferência por serviço público

O artigo abaixo encontrou evidências que indivíduos mais desonestos tem uma propensão maior a preferirem carreiras no setor público:

In this paper, we demonstrate that university students who cheat on a simple task in a laboratory setting are more likely to state a preference for entering public service. Importantly, we also show that cheating on this task is predictive of corrupt behavior by real government workers, implying that this measure captures a meaningful propensity towards corruption. Students who demonstrate lower levels of prosocial preferences in the laboratory games are also more likely to prefer to enter the government, while outcomes on explicit, two-player games to measure cheating and attitudinal measures of corruption do not systematically predict job preferences. We find that a screening process that chooses the highest ability applicants would not alter the average propensity for corruption among the applicant pool. Our findings imply that differential selection into government may contribute, in part, to corruption. They also emphasize that screening characteristics other than ability may be useful in reducing corruption, but caution that more explicit measures may offer little predictive power.


O Efeito do Futebol sobre a Motivação

É comum escutar que o “futebol altera a vida das pessoas”. Ficamos eufóricos antes de uma partida do nosso time e alegres (ou triste) se a equipe ganhou (ou perdeu). Pode ser irracional, mas é uma atitude de milhares de pessoas.

O efeito do futebol sobre a motivação das pessoas foi investigada por dois pesquisadores alemães. Usando informações de uma pesquisa com pessoas desempregadas, foi investigado se a presença de um grande torneio afeta as pessoas. Regularmente os desempregados são questionados sobre a sua motivação para procurar empregos, se o trabalho seria de tempo integral, a satisfação com a sua vida, entre outros aspectos. A pesquisa envolveu coletar estas informações e comparar se as respostas se alteravam.
Os dados foram analisados no período compreendido entre 1984 a 2010, para os anos de Copa do Mundo e Eurocopa, dois dos maiores torneios de futebol entre seleções do mundo. O resultado encontrado comprova o que já sabíamos: o futebol altera a vida das pessoas. Os eventos esportivos fazem com que as pessoas fiquem mais preocupadas com sua saúde e com a situação econômica em geral. Os desempregados tornam-se mais propensos a trabalhar em tempo integral.

A pesquisa também mostrou que os efeitos são maiores entre os homens, em especial de meia idade e mais idosos, além de alemães ocidentais.

Leia Mais: Is Soccer Good for You? The Motivational Impact of Big Sporting Events on the Unemployed; Philipp Doerrenberg e Sebastian Siegloch, January 2014,

Frase

Cerca de 90% do total de dados do mundo foram criados nos dois últimos anos.


Dominic Barton via Estadão

Orgia Romana

A Tyco é uma empresa suíça de segurança com uma receita de 17 bilhões de dólares. No inicio da década passada a empresa foi notícia em razão de um escândalo associado a seu executivo Dennis Kozlowski .

Kozlowski ficou conhecido por um estilo de vida extravagante. Isto incluiu um apartamento de 30 milhões de dólares em Nova Iorque e uma festa de aniversário de 2 milhões para sua segunda esposa. Esta festa, por sinal, foi realizada na Sardenha, com escultura de gelo reproduzindo o David de Michelangelo, urinando vodka, e ficou conhecida como A Tyco Roman Orgy (foto). Esta festa atraiu a atenção da justiça de Manhattan, que passou a investigar Kozlowski. O executivo foi levado a júri, que viu a cena da festa, mas não condenou Kozlowski.

O julgamento foi anulado. No segundo julgamento, os promotores mudaram a estratégia: em lugar de falar do seu estilo de vida, tratou das questões contábeis. Kozlowski foi condenado por furto, pagou uma multa e foi para prisão. Ontem Kozlowski saiu da prisão.

17 janeiro 2014

Rir é o melhor remédio

Como os bancos realmente funcionam...

Bilionária Máquina Diplomática

Li esta reportagem e pensei: onde estão os órgãos de controle? 



IEpag36a39_Consulado-2.jpg

Na semana do Natal e do Réveillon, os brasileiros que foram ao consulado de Florença, na Itália, em busca de uma solução para algum embaraço burocrático, foram informados de que as atividades da casa estavam suspensas pelo recesso de fim de ano. No dia 4 de janeiro, a psicóloga amazonense Jaqueline Lopes Marques morreu em um acidente de carro em Los Angeles, nos Estados Unidos, e sua família declarou que não recebeu nenhum suporte da representação consular brasileira. Graças à morosidade das autoridades, o corpo de Jaqueline demorou quase uma semana para ser liberado para o Brasil. Na semana passada, o jornal "Folha de S. Paulo" revelou que o embaixador Guilherme de Aguiar Patriota (irmão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota), número dois da missão do País na ONU, mora no Upper West Side, uma das regiões mais nobres de Nova York, em um imóvel alugado por US$ 23 mil mensais, o equivalente a cerca de R$ 54 mil. Detalhe importante: a conta é paga pelos cofres públicos. Em comum, todas as histórias apresentadas aqui revelam a ineficiência da bilionária máquina diplomática do Brasil.

LUXO
A embaixada brasileira na Piazza Navona tem obras de arte e teto banhado a ouro

CONSULADO-01-IE-2303.jpg

Com um orçamento que ultrapassa os R$ 2,2 bilhões, o Ministério das Relações Exteriores gasta R$ 800 milhões apenas com servidores ativos, grande parte ganhando acima do teto constitucional, e outros R$ 400 milhões para manter a estrutura de embaixadas e consulados em 182 postos espalhados pelo mundo. Em Roma, na Itália, o Brasil mantém quatro representações diplomáticas. São duas embaixadas (uma delas no magnífico Palazzo Pamphili, na Piazza Navona, ornado com obras de arte e teto banhado a ouro, além de outra no Vaticano), um consulado-geral e um escritório junto à FAO, braço da ONU para alimentação e agricultura. Para que tudo isso? Procurado por ISTOÉ, o Itamaraty nada informou sobre o alto preço pago pelos brasileiros para sustentar seus tentáculos diplomáticos. Os gastos são bancados pelo contribuinte brasileiro, é claro, mas tratados com sigilo, o que é de estranhar em um País onde a transparência se tornou lei.

O órgão tem prometido ano após ano abrir sua caixa-preta de despesas e mostrar como os representantes brasileiros do alto escalão da diplomacia gastam o dinheiro público, mas os sistemas de controle de gastos do governo federal só alcançam um terço das despesas e não incluem detalhes das compras feitas por embaixadas, que são controladas pelo escritório financeiro de Nova York.  Só em festas, jantares e recepções, serão mais de R$ 12 milhões para custear eventos no Exterior em 2014. A maioria deles ocorrerá nas residências oficiais dos embaixadores, com o argumento de que ajudam a azeitar as relações dos homens que representam o Brasil em solo estrangeiro com autoridades de outros países. Trata-se, porém, de estratégia questionável cujos resultados práticos nem mesmo diplomatas experientes conseguem listar. A divulgação de que o embaixador Guilherme de Aguiar Patriota mora em um imóvel cujo aluguel custa R$ 54 mil mensais escancarou as mordomias da cúpula diplomática que vive no Exterior. Legalmente, o auxílio-moradia varia de US$ 3,2 mil a US$ 6,6 mil por mês, mas esses valores podem ser driblados por servidores de alto escalão cuja moradia é classificada na categoria de "residência oficial." Na prática, isso permite o pagamento de aluguel de qualquer quantia. Dois diplomatas ouvidos por ISTOÉ afirmaram que a manobra é aceita pelo ministério apenas em alguns casos, mas sempre a partir de critérios que costumam ser justificados por apadrinhamentos.


Do lado de fora dos muros das embaixadas e dos consulados, brasileiros que buscam ajuda efetiva da diplomacia sofrem com a passividade do País diante de problemas que mereciam reações mais firmes e solidárias. A má qualidade dos serviços explica-se por uma prática cada vez mais frequente: a indicação de servidores sem experiência prévia e treinamento para funções de chefia, e até empregados terceirizados para exercer funções de vice-cônsul do Brasil."Isso foi um absurdo e relata os problemas administrativos que os consulados vivem", diz Soraya Castilho, presidente da Associação Nacional dos Oficiais de Chancelaria do Serviço Exterior Brasileiro.

A maioria dos cidadãos que já enfrentou um problema grave no Exterior descreve uma situação comum. No início, a reação é de passividade total – marasmo que só costuma ser rompido quando vem uma ameaça externa, em particular alguma reportagem em jornal ou tevê. Foi assim no caso dos torcedores corintianos presos na Bolívia sob a arbitrária acusação de assassinato. Graças à inoperância da diplomacia brasileira, foram necessários cinco meses para que todos saíssem da prisão. Os casos não são isolados.

[...]

IEpag36a39_Consulado-1.jpg

Listas: 25 livros odiados

O excelente site Book Riot fez um levantamento com os leitores sobre os livros mais odiados. Muitos deles desfilaram pela lista de mais vendidos por meses, fenômenos de vendagem. Outros são clássicos e até vencedores de Nobel. É a relação de amor ou ódio claramente exemplificada...

Veja o resultado:


  1. Twilight by Stephenie Meyer - Crepúsculo
  2. Catcher in the Rye by J.D. Salinger - O Apanhador no Campo de Centeio
  3. Fifty Shades of Grey by E.L. James - Cinquenta Tons de Cinza 
  4. The Great Gatsby by F. Scott Fitzgerald  - O Grande Gatsby
  5. Moby-Dick by Herman Melville - Moby Dick
  6. Wuthering Heights by Emily Bronte - O Morro dos Ventos Uivantes
  7. Lord of the Flies by William Golding - O Senhor das Moscas
  8. The Da Vinci Code by Dan Brown - O Código da Vinci
  9. Heart of Darkness by Joseph Conrad - Coração das Trevas
  10. Atlas Shrugged by Ayn Rand - A Revolta de Atlas
  11. Gone Girl by Gillian Flynn - Garota Exemplar
  12. Eat, Pray, Love by Elizabeth Gilbert - Comer, Rezar e Amar
  13. Great Expectations by Charles Dickens - Grandes Esperanças
  14. The Old Man and the Sea by Ernest Hemingway - O Velho e o Mar
  15. Pride and Prejudice by Jane Austen - Orgulho e Preconceito
  16. The Scarlet Letter by Nathaniel Hawthorne - A Letra Escarlate
  17. Life of Pi by Yann Martel - As Aventuras de Pi
  18. The Grapes of Wrath by John Steinbeck - As Vinhas da Ira
  19. The Corrections by Jonathan Franzen - As Correções
  20. On the Road by Jack Kerouac - Pé na Estrada
  21. The Alchemist by Paulo Coelho - O Alquimista
  22. Jane Eyre by Charlotte Bronte - Jane Eyre
  23. The Lovely Bones by Alice Sebold - Uma Vida Interrompida
  24. The Pearl by John Steinbeck - A Pérola
  25. Ulysses by James Joyce - Ulisses

Achei a lista um pouco injusta porque tudo depende do que você está procurando. Leitura crítica? Prazerosa? Intelectualmente desafiante?

Eu também detestei Gone Girl. A autora, inclusive, está escrevendo um outro fim para a adaptação cinematográfica. Mas a Gillian Flynn escreve tão bem que eu li todos os livros que dela. Não gostei de nenhum (super tenebrosos), mas ao mesmo tempo fiquei admirada. Os livros foram intercalados com áudio books, que também foram narrados com excelência.

E você, o que achou da lista? E qual a sua lista de livros odiados? Aposto que alguém pensou em obras do Machado de Assis!

Plano de Saúde, Inflação e Baumol

Na década de 60 o economista Baumol apresentou um artigo que ajuda a entender alguns aspectos da vida moderna. Segundo Baumol, a revolução tecnológica poderia ajudar a reduzir os custos de um grande número de produtos, como os automóveis. Assim, a introdução de automação na linha de montagem irá refletir no custo unitário do automóvel. No longo prazo, o preço dos automóveis tenderia a ter um aumento menor que a inflação da economia, refletindo estes ganhos de produtividade.

Entretanto, esta mesma mudança não permitira a redução dos custos de setores como saúde e educação. Um exemplo lembrado é da orquestra sinfônica. Na década de sessenta era necessária uma orquestra com cordas, madeiras, metais, percussão e teclados para tocar uma sinfonia de Bethoven. No ano de 2014, para executar a mesma sinfonia, as exigências em termos de orquestra continua a mesma. Ou seja, a quantidade de músicos manteve-se constante, não tendo sido afetada pela presença de computadores, robôs e outras máquinas, que ajudam a reduzir a produtividade de outros setores, mas não da orquestra. Assim, no longo prazo, o custo para manter uma orquestra tenderia a aumentar mais que um índice geral de preços.

O leitor pode verificar isto na prática quando compara o preço de mandar para o conserto um objeto do lar. Antigamente, era bastante interessante encaminhar para um técnico especializado um liquidificador estragado; nos dias atuais, em muitas situações, é muito mais vantajoso jogar o produto antigo fora e comprar um novo. Isto é um reflexo da observação feita por Baumol há cinquenta anos: o custo de comprar um produto novo aumentou muito menos que o custo do reparo do liquidificador ao longo do tempo.
Infelizmente os contadores, os jornalistas, os advogados ou os economistas não leram Baumol. Apesar de o trabalho original ter sido escrito há mais de quarenta anos, a mensagem continua válida. Recentemente, Baumol e outros autores lançaram um livro denominado The Cost Disease, onde no subtítulo perguntam Why Computers Get Cheaper and Heath Care Doesn´t onde mostram, com dados mais atuais, que os setores de serviços estagnados possuem um aumento nos seus custos acima da inflação: os computadores estão mais baratos, mas a saúde não.

A Folha de S Paulo resolveu analisar a evolução dos preços dos planos de saúde e concluiu que seus preços estão sendo reajustados acima da inflação (Planos de saúde são reajustados acima da inflação desde 2004, Mariana Sallowicz e Pedro Soares, 16/01/2014). O texto é uma pérola para quem já leu Baumol. Veja alguns trechos a seguir:

Desde 2004, os planos de saúde são reajustados sempre acima da inflação, segundo o IBGE. No Plano Real, o aumento supera em mais de 200 pontos percentuais a alta do IPCA, índice oficial do país.

Seria estranho se isto não ocorresse. Considerando que os planos devem recuperar seus custos para sua viabilidade, os reajustes devem ser acima da inflação. E isto deverá continuar no futuro. Além disto, o ano de 2004 foi escolhido talvez por ser o início da gestão do PT no governo federal, mas este fato é apartidário.

Um dos motivos para essa distorção e reajustes tão salgados nos últimos anos, dizem especialistas, é a metodologia de cálculo adotada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Paciência, é preciso muita paciência. A ANS não tem culpa e o valor deve ser reflexo das leis da economia. Mas a reportagem decidiu, dentro da falácia do jornalista, escutar um “especialista”:

"Esses planos não sofrem nenhuma interferência da ANS e não raramente têm reajustes com percentuais superiores a 30%. Trata-se, portanto, de uma grande incoerência", diz Julius Conforti, advogado especializado no tema.

Talvez o pobre do advogado não conheça a obra de Baumol. Se conhecesse não falava em incoerência. Em tempo, a falácia do jornalista é comum em textos publicados em jornais, onde o jornalista escuta um ou duas pessoas e começa a fazer inferência. Existe também aqui a tentativa de usar o argumento de autoridade, um macete que usamos em textos científicos, citando “autoridades” no assunto para embasar nossos argumentos. Mas convenhamos, talvez alguém que já tenha lido Baumol seria uma autoridade maior que o “especialista” no tema, que acha uma incoerência.

Um dos argumentos da agência é que as empresas que contratam as operadoras para atender seus funcionários têm maior poder de barganha. Assim, podem obter descontos e conter aumentos em seus contratos.

Parece também que a ANS não conhece Baumol. Ou pelo menos o porta-voz.

Os dados mostram que o custo dos planos sobe, em geral, num ritmo superior ao dos serviços médicos, dentários, hospitalares, laboratoriais e dos artigos farmacêuticos –outros itens que integram o grupo saúde do IPCA, cuja variação é 233 pontos percentuais menor do que a dos planos no Real.

Parecia que o texto iria falar de custos, mas o destaque é o comparativo entre o custo dos planos e dos serviços médicos.

A ANS diz que só monitora as negociações e tenta coibir eventuais abusos, mas os contratos são negociados entre os clientes (empresas) e as operadoras –sejam elas seguradoras ou empresas de plano de saúde. A agência evitar comparar com índices gerais de preços.
"O índice de reajuste divulgado pela ANS não é um índice de preços. Ele é composto pela variação da frequência de utilização de serviços, da incorporação de novas tecnologias e pela variação dos custos de saúde, caracterizando-se como um índice de valor", informa a agência.

A resposta da agência não mereceu o devido destaque do texto, que está mais preocupado com outros aspectos.

Três outros fatores, dizem especialistas, também podem impulsionar o custo do planos de saúde: a escassez de médicos e outros profissionais de saúde; o aumento da renda da população e a deficiência do serviço público de saúde –que fez crescer a demanda por consultas e planos privados.

A principal explicação dada por Baumol é que os serviços estagnados, como é o caso da saúde, não conseguem usufruir do progresso tecnológico. Uma consulta média continua necessitando de um médico e o tempo não diminui com o passar dos anos.

Pelos dados do IBGE, os serviços médicos e dentários subiram 10,65% até novembro de 2013, pouco menos do que o dobro dos 5,91% do IPCA, num sinal de maior demanda por consultas ou falta de profissionais.

"Nos últimos 10 anos, os planos sobem sistematicamente mais do que a inflação e não há uma explicação clara para isso. É uma diferença muito grande. O argumento das empresas é que novos procedimentos encarecem os serviços", diz Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Parece que Eulina também não leu Baumol. Paciência. Paciência.

Facebook está envelhecendo

A tabela mostra que os usuários do Facebook estão envelhecendo, pelo menos nos Estados Unidos. Entre 2011 e 2014 o número de usuários com idade entre 13 a 17 anos caiu 25%, os usuários com idade acima de 55 anos aumentou em 80%.

Pelo que tenho notado, isto parece também estar ocorrendo no Brasil.