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23 janeiro 2014

Brasil, importando etanol


Pasmem: o Brasil está importando etanol dos Estados Unidos! O país que inventou o Proálcool, pátria dos veículos flex, o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, anda de marcha à ré no combustível renovável. Primeiro incentivou, depois maltratou sua destilaria, dando prioridade à poluente gasolina. Um vexame internacional.

Navios carregados de álcool anidro norte-americano começaram a descarregar 100 milhões de litros no Porto de Itaqui (Maranhão). É somente o começo, destinado ao abastecimento do Nordeste. No total, as importações serão bem mais volumosas. Para facilitar, o governo Dilma desonerou de impostos (PIS e Cofins) as compras de etanol no exterior, dando um tapa na cara dos produtores nacionais. Surreal.

Há décadas, na agenda planetária os combustíveis renováveis começaram a se impor nos transportes, preliminarmente, por causa do encarecimento do petróleo. Recentemente, com a ameaça do aquecimento global, nações investiram na busca de energias alternativas, ambientalmente vantajosas diante das de origem fóssil. O sonho dos países desenvolvidos, liderados pela Europa, é esverdear sua matriz energética utilizando fontes solares, eólicas ou oriundas da biomassa. Todos avançaram nas energias chamadas limpas. Aqui andamos para trás.

Tudo caminhava bem. Eleito o PT, no seu primeiro mandato o presidente Lula recebeu George W. Bush usando o boné dos usineiros. Interessado em abastecer o crescente mercado dos Estados Unidos, o setor sucroalcooleiro nacional estava animado. O etanol brasileiro, mais competitivo, ganharia o mundo. Nesse contexto vitorioso, as montadoras lançaram, em 2003, os carros flex, dando mais segurança aos consumidores. Em cinco anos a quilometragem rodada por veículos movidos a etanol ultrapassou os a gasolina, trazendo grande vantagem ecológica. Segundo Décio Gazzoni (Embrapa), especialista em agroenergia, as emissões líquidas de CO2 equivalente causadas pela queima de um litro de etanol somam apenas 400 gramas, ante 2.220 gramas da gasolina. Além da redução do desmatamento na Amazônia, o País também contribuía para a agenda do clima reduzindo as emissões de CO2 na atmosfera em razão do efeito substituição da gasolina pelo etanol. Show de bola.

A partir de 2009, surpreendentemente, entramos na contramão da História. Uma trágica concepção da política pública levou o governo Lula a dar prioridade à a gasolina da Petrobrás, em detrimento do álcool combustível. Ninguém sabe explicar ao certo os motivos dessa reversão. Houve, isso é patente, uma contenção artificial dos preços da gasolina, impedindo, por tabela, o etanol de remunerar seus custos de produção. Pode ter segurado a inflação. Mas quebrou a Petrobrás e faliu o setor sucroenergético nacional. Ao invés de dominar o mercado exportador, o Brasil tornou-se importador de etanol. De milho.

[...]Mas saiu errado. Após um período de forte expansão, com grandes investimentos, chegou a pasmaceira, seguida da quebradeira. Em vez do sucesso, seguiu-se o desânimo. Os carros flex passaram a encher o tanque com gasolina. No interior do País, entre 385 unidades, 100 encontram-se endividadas, praticamente paralisadas ou fecharam as portas. Dezenas de projetos nem saíram do papel. Frustração total.

Lula, em nome do populismo, destruiu uma das maiores invenções brasileira. As importações de etanol de milho do Brasil configuram o maior fracasso mundial de uma política pública na área da energia renovável. Dilma Rousseff, pregressa ministra de Energia, adota discursos contemporizadores. Está, na verdade, num beco sem saída.

Xico Graziano* - O Estado de S.Paulo

Contribuição Social para a Saúde

PT e a nova CPMF Marcos Cintra* 
16/01/2014 15:58

 Mesmo sendo um tributo operacionalmente justo e eficiente, a criação da CSS aumenta a carga tributária e permite a continuidade do esfolamento do contribuinte brasileiro. Pesando os argumentos a favor e contra, os parlamentares petistas deveriam abortar a proposta de implantação do novo tributo... Cerca de vinte deputados do PT querem recriar a CPMF para financiar a área da saúde. O novo tributo, agora chamado de CSS (Contribuição Social para a Saúde), teria uma alíquota de 0,15% sobre o débito das movimentações financeiras, o que garantiria uma receita de cerca de R$ 30 bilhões por ano.

 O governo tentou trazer a CPMF de volta em 2011 e não conseguiu. Agora a iniciativa parte de um grupo de parlamentares petistas, cuja estratégia é sedimentar a ideia em 2014 para que o debate ganhe força no Congresso a partir de 2015. Cumpre dizer que a cobrança da CPMF por cerca de onze anos no Brasil teve um lado positivo ao testar a eficácia de um imposto sobre movimentação financeira, que era então totalmente desconhecido. A experiência entre 1997 e 2007 comprovou que esse tipo de imposto é uma forma eficiente de arrecadação, com enorme potencial de geração de receita e de baixo custo.

 É um tributo justo, pois elimina a sonegação, fenômeno concentrador de renda nas camadas mais ricas da população. Cabe lembrar que a CPMF foi repudiada como um tributo a mais a elevar a carga tributária brasileira. Porém, ela seria aceita pela sociedade se fosse instituída como substituta de outros tributos. Levantamento realizado em 2007 pela empresa Cepac-Pesquisa & Comunicação revela que 64% das pessoas a aceitariam se ela substituísse a contribuição ao INSS incidente sobre a folha de pagamento das empresas. Mesmo sendo um tributo operacionalmente justo e eficiente, a criação da CSS aumenta a carga tributária e permite a continuidade do esfolamento do contribuinte brasileiro. 

Pesando os argumentos a favor e contra, os parlamentares petistas deveriam abortar a proposta de implantação do novo tributo. Em primeiro lugar, a CSS deve ser rejeitada porque ela não substitui nenhum dos atuais impostos, que são escorchantes, injustos, distorcivos e ineficientes. Será apenas mais um tributo que irá contribuir para aumentar o arrocho tributário sobre o setor produtivo e a classe média. Além disso, vale lembrar que quando a CPMF foi extinta o governo compensou essa perda aumentando a alíquota do IOF, cuja arrecadação saltou de R$ 5 bilhões em 2007 para R$ 20 bilhões no ano seguinte. 

Outro ponto é que o governo precisa fazer uma ampla e radical reforma tributária, e qualquer remendo, por mais necessário que seja, apenas dará mais fôlego para a manutenção da atual estrutura disfuncional. É preciso coragem para desmontar o atual modelo. Dar-lhe continuidade, através de um tributo que será meramente um arremedo para arrecadar mais, serve para manter o sofrimento do contribuinte. Por fim, manter o atual sistema apoiado em mais um tributo agravará distorções sociais que uma reforma tributária deveria corrigir. Uma das forças concentradoras de renda no Brasil encontra-se na estrutura de impostos, regressiva e vulnerável à evasão. Os ricos encontram brechas para sonegar impostos e a classe média é penalizada de forma compensatória pagando mais tributos sobre os salários e sobre o consumo. 

O bom senso indica que a CSS deve ser rejeitada. Louvável seria se esses deputados se articulassem por uma reforma tributária que recriasse a CPMF para substituir tributos como, por exemplo, o INSS patronal, a Cofins e o ICMS. Seria um ato em sintonia com as necessidades do país. 

* Marcos Cintra - É doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas. - 

Listas: As 10 profissões que mais engordam

Um estudo da CareerBuilder, realizado com cerca de 5.700 trabalhadores, analisou a propensão ao aumento de peso de diversas áreas profissionais. Confira as dez mais:

- Agente de Viagens;

- Advogado e juiz;

- Assistente social;

- Professor;

- Artista, Designer e Arquiteto;

- Auxiliar administrativo;

- Médico;

- Policial e Bombeiro;

-Marketing e Relações Públicas;

- Tecnologia da Informação

Principais causas:

- Comer para aliviar o estresse - 36%
- Refeiçoes fora de casa - 23%
- Ter que pular refeições em decorrência da falta de tempo - 19%
- Comemorações no local de trabalho - 18%

Fonte: Aqui e aqui.

... Isso porque a profissão de blogueiro ainda não é regulamentada ...

Rir é o melhor remédio

Justin Bieber

Coelhos, vinhedos e pássaros

Entre os produtores de vinho, o Chile é um dos países mais adiantados no cultivo sustentável do vinhedo (o outro é a distante Nova Zelândia). A solução para os pássaros, na Viña Montes, é um exemplo de como um olhar atento para o cultivo pode reduzir, em muito, o uso de agrotóxicos. Até dois, três anos atrás, os pássaros eram um problema nos vinhedos no vale de Apalta. Aurélio Montes Jr., enólogo e representante da segunda geração da vinícola, conta que os pássaros surgiram de uma hora para a outra e que adoravam comer as uvas que amadureciam. “ Fizemos redes, armadilhas, tudo, e não resolvia”, lembrou ele em visita ao Brasil no final do ano passado. A solução chegou por um pesquisador da Universidade do Chile, que disse que o problema dos pássaros era a falta de coelhos.
vinhedo-chile.JPG

A associação pode parecer estranha. O que tem a ver coelhos com pássaros? Mas a explicação é simples: com o crescimento da região, os coelhos não conseguiam passear entre as vinhas e muitos morriam, ao tentar cruzar as estradas locais. Sem estes animais, desapareceram as águias e, assim, apareceram os pássaros, que não precisavam fugir de seu predador natural. A solução foi fazer caminhos para os coelhos e reestabelecer o equilíbrio local. “Criamos microssistemas de uma maneira mais preocupada com o meio ambiente. Agora, temos muitos coelhos, mas que não atacam as vinhas”, diz o enólogo.


Fonte: Aqui

Luz Solar Virtual


A poluição em Pequim (ou Beijin) é tão forte que grandes telas digitais estão lembrando o nascer do sol para seus habitantes. Na fotografia abaixo, turista tira fotos na Praça Tiananmen no dia 16 de janeiro de 2014:


Custos Ambientais como Despesas das Empresas


O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Robert Rubin, defendeu, numa conferência sobre mudança do clima, que as empresas deveriam incluir os custos ambientais que elas impõe ao resto da sociedade como despesas. Segundo Rubin, se as regras contábeis exigissem esta mudança, as pessoas iriam reagir. Para Rubin:

Não é uma questão de preço do carbono, é uma questão de contabilidade: "Eu tenho um negócio. Eu emito. Eu não pago o preço para as emissões. Eu produzo um produto. Eu vendo. Eu não me importo com as emissões, porque não é o meu custo. É o custo da sociedade.


A proposta de Rubin pode parecer interessante para os sonhadores, mas possui sérios problemas. Primeiro, a dificuldade de mensurar estes efeitos. Apesar de toda evolução da área contábil, a mensuração desta externalidade ainda é subjetiva e sujeita a erros.

Segundo lugar, como reconhece a Bloomberg News, isto exigiria uma mudança nas normas, já que os custos ambientais a rigor não são despesas. É bem verdade que isto pode ser resolvido com a alteração da estrutura conceitual.

Terceiro, e ainda conforme a Bloomberg, isto é incoerente com o pensamento de Rubin. Quando estava no Citigroup Rubin apontou a necessidade de retirar algumas despesas da demonstração do resultado da sua entidade. Agora deseja acrescentar.

Quarto, é difícil imaginar que as empresas aceitarão incluir estes custos na DRE.

22 janeiro 2014

Rir é o melhor remédio


Resenha: Análise Multivariada de Dados

Em geral quando queremos usar métodos quantitativos em nossas pesquisas sempre ficamos com dúvida sobre qual método usar. A quantidade de técnicas é grande, temos dificuldade de entender as limitações, precisamos saber colocar os dados num programa estatístico e analisar as principais saídas.

Entre os diversos livros que ensinam as técnicas de tratamento estatístico com mais de uma variável, ou seja, a análise multivariada, este livro se destaca. Primeiro, é o livro mais citado entre as outras sobre este assunto. Segundo lugar, os capítulos iniciais são extremamente didáticos e possibilitam um grande panorama sobre as técnicas existentes. Terceiro, a obra concentra-se na descrição da técnica e sua aplicação, sem se deter sobre as considerações teóricas ou de expressão desnecessária. Para que o leitor saiba o que isto significa, é aquele tipo de livro que você consegue ler deitado num sofá. Em quarto lugar, é possível acompanhar os exemplos com um software, em especial o SPSS, apesar de neste quesito não ser tão didático quanto o livro de Field.

Ao final de sua leitura é possível ter uma boa ideia das principais técnicas existentes. Além disto, a obra pode ser lida por capítulos, conforme as necessidades do leitor. Minha sugestão para quem deseja solucionar um problema estatístico com uma técnica multivariada é ler as primeiras páginas do texto e depois ir direto para técnica indicada. Apesar de todos os exemplos apresentados serem da área de marketing, é facilmente possível transportar para uma situação contábil ou financeira.

Um grande problema da obra é o fato de estar atrelado particularmente ao SPSS, um pacote estatístico da IBM. Se você deseja usar o Gretl, um software estatístico de livre acesso, terá um pouco de dificuldade com este livro. Além disto, se você deseja aprender a abordagem de dados em painel, esqueça. Mas nesta área é impossível agradar a todos.

Vale a Pena? Apesar do grande número de páginas, que assusta, e do preço da obra (acima de R$150 a versão traduzida), a mesma é recomendável para quem pretende fazer pesquisas. Vale a pena.

HAIR, Joseph et al. Análise Multivariada de Dados. Bookman, 2009.

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Ciclo orçamentário: 4 ou 8 fases?



Tradicionalmente, o ciclo orçamentário é considerado como o período em que se processam as atividades típicas do orçamento público. É um processo contínuo, dinâmico e flexível, por meio do qual se elabora/planeja, aprova, executa, controla/avalia a programação de dispêndios do setor público nos aspectos físico e financeiro. Dessa forma, o ciclo orçamentário possui quatro fases. 

Entretanto, existe também o que pode ser denominado como ciclo orçamentário ampliado. Tal termo designa o ciclo, em conjunto, do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária. Dessa forma, o ciclo orçamentário possui oito fases.

Segundo Sanches, extraído de “SANCHES, Osvaldo Maldonado: O ciclo orçamentário: uma reavaliação à luz da Constituição de 1988: Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro: FGV, v. 27, n.4, pp. 54-76, out./dez. 1993”, o ciclo orçamentário ampliado desdobra-se em oito fases, quais sejam:

- Formulação do planejamento plurianual, pelo Executivo;
- Apreciação e adequação do plano, pelo Legislativo;
- Proposição de metas e prioridades para a administração e da política de alocação de recursos pelo Executivo;
- Apreciação e adequação da LDO, pelo Legislativo;
- Elaboração da proposta de orçamento, pelo Executivo;
- Apreciação, adequação e autorização legislativa;
- Execução dos orçamentos aprovados;
- Avaliação da execução e julgamento das contas.

Ainda segundo o autor, tais fases são insuscetíveis de aglutinação, dado que cada uma possui ritmo próprio, finalidade distinta e periodicidade definida. O plano plurianual, por exemplo, não pode ser aglutinado à fase de elaboração do orçamento, porquanto constitui instrumento superordenador daquela, como evidenciado pelo cenário institucional articulado pela Constituição de 1988.


Por Sérgio Mendes, aqui.
Imagem, aqui aqui.

Em tempo: No topo direito da imagem está representada a votaçao no Plenário Nacional. Todavia, segundo o professor Sérgio Mendes, a votação ocorre na Comissão mista permanente de senadores e deputados - e não no Plenário. A fase de discussão  do ciclo orçamentário corresponde ao debate entre os parlamentares sobre a proposta, constituída por: proposição de emendas, voto do relator, redação final e proposição em plenário. 

Mulheres no Afeganistão

Antes do Talibã, as mulheres afegãs tinham muito mais liberdade:

According to a State Department report from the Bureau of Democracy, Human Rights and Labor from 2001: Prior to the rise of the Taliban, women in Afghanistan were protected under law and increasingly afforded rights in Afghan society. Women received the right to vote in the 1920s; and as early as the 1960s, the Afghan constitution provided for equality for women. There was a mood of tolerance and openness as the country began moving toward democracy. Women were making important contributions to national development. In 1977, women comprised over 15% of Afghanistan’s highest legislative body. It is estimated that by the early 1990s, 70% of schoolteachers, 50% of government workers and university students, and 40% of doctors in Kabul were women. Afghan women had been active in humanitarian relief organizations until the Taliban imposed severe restrictions on their ability to work. These professional women provide a pool of talent and expertise that will be needed in the reconstruction of post-Taliban Afghanistan. Even under Hamid Karzai’s government, with the recently approved Code of Conduct for women, all of the women shown in these photographs, taken in the ‘50s, ‘60s, and early ‘70s, could still can be faulted with improper behavior, according to clerics and government officials.


Uma loja de discos em Kabul



Uma aula de biologia na Universidade de Kabul



Afghan university students, 1967. Photo credit: Dr. Bill Podlich, Retronaut




Afghan university students, 1967. Photo credit: Dr. Bill Podlich, Retronaut

Public transporation in Kabul


University students, early 1970s



Women working in one of the labs at the Vaccine Research Center



Mothers and children playing at a city park—without male chaperones

Davos, aula gobal

No momento em que você lê este artigo, estarei chegando a Davos, na Suíça, onde participo de workshop com o Prêmio Nobel da Paz Muhammad Yunus, dentro do Fórum Econômico Mundial.
Mas, mais do que falar, vou ouvir e ouvir muito. Para quem tem a mente aberta e os ouvidos mais abertos ainda, Davos é o lugar.

Durante uma semana, numa pequenina estação de esqui da Suíça, o poder discute o mundo. E não é só o poder político ou o poder financeiro, mas o poder moral, o poder das ideias, o poder acadêmico, o poder da ciência, o poder da espiritualidade.

Existe algo importante no mundo que nós ainda não conseguimos implementar no Brasil -fazer com que a nossa academia, as nossas universidades, sejam ouvidas com a atenção que elas merecem e sejam parte atuante de nossa vida econômica e de nosso "establishment".

É tão fascinante ver jovens e velhos, artistas e bilionários, índios, lamas e "nerds", gente que fala línguas tão diferentes, se falando e se compreendendo. A presidente Dilma Rousseff e muitos de seus ministros estarão lá, o que é muito bom. Afinal, chefes de Estado de todo o mundo estarão presentes, inclusive praticamente todos os presidentes da América Latina. É muito oportuno que o Brasil também esteja lá para vender o seu peixe.

A quantidade de empresários brasileiros presentes também aumentou neste ano. É importante para nós que o mundo ouça, por exemplo, um Roberto Setubal falar. Isso valoriza o nosso país. A imprensa também prepara uma cobertura profunda do evento. E tudo isso vai inserindo o Brasil, com nossas forças e nossas mazelas, no grande palco internacional.

Nossos grandes concorrentes, como Índia, Rússia e México, por exemplo, estarão também presentes massivamente com todos os seus problemas, como corrupção, drogas, burocracia, problemas muito parecidos com os nossos. Mas estarão lá comunicando o que eles têm de força e o que eles têm de bom, discutindo e opinando sobre as grandes questões globais.


Davos ficou rotulado por alguns como encontro de direita e da elite desalmada do mundo, local do "rolezinho" do dinheiro. Isso é preconceito ou falta de informação. Davos é tudo. Davos é o lugar onde você pode ver Bill Gates, o fundador da Microsoft, subir ao palco e doar US$ 5 bilhões ou se surpreender ouvindo de maneira sublime um grupo de cientistas e financistas discutirem a felicidade.
Ao lado do TED Global (que neste ano será no Rio) e do South by Southwest, Davos é um dos principais "think tanks" do mundo, um lugar que me inspira, que me faz pensar, que me dá raiva, que me enche de esperança e me enche de medo. Mas nunca saio de lá o mesmo ou vazio.

Afinal, é alvissareiro ver como um ator do calibre de Matt Damon entende tanto sobre o problema de água. Ou ver mentes poderosas como Paul Polman, da Unilever, Eric Schmidt, do Google, Carlos Brito, da AB Inbev, Jamie Dimon, do JPMorgan, Indra Nooyi, da Pepsi, e Gary Cohn, do Goldman Sachs, discutindo não apenas a economia e os negócios mas a sustentabilidade e o futuro deste planeta superaquecido de mais de 7 bilhões de pessoas.

Além disso, Davos lhe dá a oportunidade única de se atualizar sobre o que está acontecendo na sua região e na sua indústria. No meu caso, ouvir os presidentes da América Latina, os principais executivos da nossa região e as grandes cabeças do meu setor, o setor de mídia e comunicação, como Sheryl Sandberg, do Facebook, Maurice Levy e John Wren, da Publicis Omnicon, e Sir Martin Sorrell, da WPP.

Enfim, é uma aula.

Muita gente, quando cresce, acha que já sabe tudo e que não precisa aprender mais nada. Num mundo mutante como este em que vivemos, não é assim. O nome do jogo deste século é aprender. Agora, a tradição é passada de filho para pai.
É por isso que, quando me perguntam se eu vou falar em Davos, eu respondo: não, eu vou ouvir. 
nizan guanaes
Nizan Guanaes publicitário baiano, é dono do maior grupo publicitário do país, o ABC. Escreve às terças-feiras, a cada duas semanas.

Listas: 8 músicas que já foram usadas como tortura

Se você costuma dizer que algumas canções soam como tortura para os seus ouvidos, vai se surpreender ao descobrir que (do alto do seu mau humor) pode ter acertado. Por mais incrível que pareça, o uso de músicas como forma de intimidação em interrogatórios é prática recorrente e aplicada para minar a resistência e obrigar a cooperação de prisioneiros. Achou ~moleza~? Pense de novo, colega.

Para a Anistia Internacional, existe uma linha tênue entre o que constitui desconforto e o que constitui tortura – e, como a prática costuma ser acompanhada por um prolongado período de privação do sono e outros métodos de intimidação, para a instituição, ela pode muito bem ser considerada um método de tortura. E a ideia parece ser mesmo essa. “Se você tocar estas músicas [para os prisioneiros] por 24 horas, o cérebro e as funções do corpo começam a falhar, a linha de pensamento fica mais lenta e a força de vontade é quebrada. É nesse momento que entramos para falar com eles”, afirmou à BBC o Sargento Mark Hadsell dos EUA, responsável por operações psicológicas, ao confirmar o uso de músicas da banda Metallica e do programa infantil Vila Sésamo (!) para interrogar prisioneiros no Iraque em 2003.

Conheça 8 músicas que já foram usadas como métodos de tortura:


1. Enter Sandman (Metallica)

Para quem curte a clássica canção do Metallica, ouvir a música deve trazer lembranças bem distantes da ideia de uma sala de tortura. Mas, provavelmente, nem os fãs mais fervorosos achariam muito agradável ouvir a faixa por mais de 24 horas seguidas sem conseguir dormir ou colocar fim ao looping infinito. Taí um pesadelo digno do temido Sandman – figura da cultura popular europeia que, em versões mais sinistras do conto, joga areia e coleta os olhos de criancinhas que não vão para a cama na hora certa.

2. Bodies (Drowning Pool)

A canção, que faz parte da trilha sonora do filme Triplo X (2002), foi apontada como uma das “mais tocadas” da playlist das salas de interrogatório. Nem Vin Diesel aguentaria.

3. Vila Sésamo (música tema)

Não é só rock pesado que rola nas cabines de interrogatório. A música tema do programa infantil com maior duração da história, Vila Sésamo, exibido desde 1969, é um dos sons escolhidos para “quebrar” prisioneiros. De acordo com documentos liberados com base na lei de liberdade de imprensa dos EUA, as alegres canções estão na lista de músicas usadas nos interrogatórios conduzidos por americanos na prisão da Baía de Guantánamo. E esta não é a única do gênero a ser usada no ambiente hostil, como você vê no item seguinte.

4. Amo vocês (música de Barney e seus amigos)


(para relembrar a versão em português da música-chiclete, clique aqui)

Se você sempre alimentou uma antipatia não-declarada (ou, talvez, nem tão secreta assim) pelo excessivamente simpático dinossauro roxo Barney, pode aproveitar esta chance para argumentar que seu ódio não é gratuito. Além de ser usada para torturar prisioneiros, a recorrente canção do seriado Barney e seus amigos, “Amo vocês”, é também trilha sonora de treinamentos militares. “No treinamento, eles me forçaram a ouvir a canção por 45 minutos. Nunca mais quero passar por isso novamente”, declarou à BBC um soldado norte-americano. Nas prisões, a coisa fica ainda pior:segundo a CNN, em Guantánamo, a música pode já ter sido usada em looping por 24 horas seguidas.

5. Killing In The Name (Rage Against the Machine)

Os integrantes da banda Rage Against the Machine, críticos do governo de George W. Bush, não gostaram nada de descobrir que uma de suas canções estava sendo usada como método de tortura na Baía de Guantánamo. Em 2008, ano que marcou o aniversário de 60 anos da adoção pela ONU da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o grupo se juntou a outros artistas cujas obras constavam na “playlist” no movimento Zero dB (“zero decibéis”), que tinha o objetivo de ajudar a por fim à prática de tortura musical.

6. The Real Slim Shady (Eminem)

Binyam Mohamed, um prisioneiro de Guantánamo e ex-morador de Londres, relatou à Reprieve, organização de direitos humanos que fornece representação legal para os presos na Baía, ter sofrido meses de tortura encabeça por agentes da CIA, enquanto era mantido em uma prisão secreta. “Havia música alta, incluindo Slim Shady e Dr. Dre, durante 20 dias. Ouvi isso sem parar, por dias e mais dias (…). Muitos enlouqueceram. Eu podia ouvir as pessoas batendo suas cabeças contra as paredes e as portas”, afirmou.

7. My Sweet Lord (George Harrison)

Até um ex-beatle entrou sem querer na roda. Segundo o Telegraph, durante a ditadura chilena de Augusto Pinochet, canções de George Harrison, a trilha sonora do filme de Stanley Kubrick,Laranja Mecânica (1971), e faixas de Julio Iglesias eram usadas como forma de tortura. “Tocadas intensamente em altos volumes por dias a fio, músicas populares foram usadas para infligir danos psicológicos e físicos”, afirmou a pesquisadora da Universidade de Manchester, Katia Chornik, ao veículo.

8. Born in the U.S.A. (Bruce Springsteen)

“Então eles colocaram um fuzil na minha mão / Enviaram-me para uma terra estrangeira / Para ir e matar o homem amarelo”

Patriotismo às avessas? Documentos divulgados pelo WikiLeaks relatam que a música de Bruce Springsteen, Born in the U.S.A., também foi usada em altíssimo volume em Guantánamo como forma de intimidação e coação. Apesar do título aparentemente ufanista, a canção está longe de exaltar o american way of life e lida com os efeitos negativos da guerra do Vietnã sobre os próprios estadunidenses.

Fonte: Aqui

Dinheiro e Futebol

Szymanski e Kuper mostram em Soccernomics que o desempenho de um clube está associado a quantidade de dinheiro em salários. Mas a dispersão salarial pode reduzir a chance de vencer uma partida.

Entretanto, a figura (adaptada daqui) mostra um alento para aqueles que gostariam que prevalece no futebol o mais eficiente, não o mais rico. Três grandes clubes ingleses e a evolução histórica dos gastos menos arrecadação ao longo dos anos. Na temporada de 2008/9 o Manchester City gastou 115,1 milhões de libras esterlinas a mais do que arrecadou com a venda de jogadores. Já o Arsenal gastou 12,6 milhões a mais do que arrecadou. Ao longo de seis temporadas, o gasto do Arsenal superou sua arrecadação em 11,1 milhões. Isto é muito pouco quando comparado com os 328,7 milhões do Chelsea e dos 509,6 milhões do City.


É bem verdade que nas cinco temporadas, Chelsea e City foram campeãs (uma vez cada). Mas o Arsenal, em todas elas, ou ficou em terceiro ou em quarto lugar (City teve um décimo e um quinto; Chelsea um sexto). No atual campeonato a classificação é Arsenal, City e Chelsea, nesta ordem.

21 janeiro 2014

Rir é o melhor remédio

Carro invisível

Futuro dos Empregos

Qual é a probabilidade de você perder o emprego para um computador nos próximos 20 anos? O estudo foi feito para o mercado de trabalho dos EUA. O artigo da Universidade de Oxford está aqui e a reportagem da The Economist está aqui.

Os contadores e auditores vão desaparecer em 20 anos? O que vocês acham?



Ativos Estatais

[...] Politicians push privatisation at different times for different reasons. In Britain in the 1980s,

Margaret Thatcher used it to curb the power of the unions. Eastern European countries employed it later to dismantle command economies. Today, with public indebtedness at its highest peacetime level in advanced economies, the main rationale is to raise cash.

Taxpayers might think that the best family silver has already been sold, but plenty is still in the cupboard (see article). State-owned enterprises in OECD countries are worth around $2 trillion. Then there are minority stakes in companies, plus $2 trillion or so in utilities and other assets held by local governments. But the real treasures are “non-financial” assets—buildings, land, subsoil resources—which the IMF believes are worth three-quarters of GDP on average in rich economies: $35 trillion across the OECD.

Some of these assets could not or should not be sold. What price the Louvre, the Parthenon or Yellowstone National Park? Murky government accounting makes it impossible to know what portion of the total such treasures make up. But it is clear that the overall list includes thousands of marketable holdings with little or no heritage value.

[..] Governments seem strangely reluctant to exploit these revenue-raising opportunities. That is partly because privatisation always faces opposition. Particular sensitivities surround land, as Ronald Reagan discovered when his plan to sell swathes of America’s West were shot down by a coalition of greens and ranchers who enjoyed grazing rights, and as the British government found in 2010 when environmentalists scuppered its attempt to sell Forestry Commission land.

[...]There are ways of encouraging sales. Data collection on public property is shockingly poor. It is patchy even in Scandinavia, where governments pride themselves on their openness. Governments need to get a better idea of what they hold. Effective land registries, giving certainty to title, are essential: Greece’s registry remains a mess. Too many governments use a flaky form of “cash basis” accounting that obscures the costs of holding property. Too few produce proper balance-sheets. Better bean counting would make it easier to ascertain what might be better off in private hands.

Governments also need to sweat whatever remains in state hands. There is no single model for managing public assets, but any successful strategy would include setting private-sector-style financial benchmarks, replacing cronies with experienced managers and shielding them from political interference. Not only is this good in itself, but it can also lead naturally to privatisation. That was the case in Sweden a decade ago, when creating a professionally managed holding company for state assets revealed many to be non-core, leading to a selling splurge by a left-leaning government.

[...]Governments also need to learn from mistakes made in past waves of privatisation. Without robust regulation, sell-offs enrich insiders and lead to backlashes. That happened in Britain (over rail and utilities) and emerging markets (telecoms, banking and more). The Royal Mail sale was a reminder of the political risks: price an asset too high and the deal might flop; price it too low and the taxpayer feels cheated. Nevertheless, for governments that are serious about bringing their spending in line with revenues, privatisation is a useful tool. It allows governments to cut their debts and improve their credit ratings, thus reducing their outgoings, and it improves the economy’s efficiency by boosting competition and by applying private-sector capital and skills to newly privatised assets.




Fonte: aqui

Mitos sobre a economia japonesa

Can you help debunk us the main myths of the Japanese economy? 
Myth #1: “Japan is an export-dependent country.” 
Actually, exports are a smaller part of Japan’s economy (16%) than that of most rich nations’ (though bigger than the U.S.). Also, Japan hasn’t had a big trade surplus for a while. 
Myth #2: “Japanese households save a lot.” 
This used to be true, but isn’t true anymore. The household savings rate nearly hit 0% in 2008 and is only around 2% now (America’s is around 5%). 
Myth #3: “Japan is a top-down economy guided by industrial policy.” 
This used to be true, but isn’t anymore. The influence of METI (formerly MITI) has been curbed substantially. The Ministry of Finance still has a lot of power over banks, but this is true in other rich countries too and is generally what happens after a big banking crisis. 
Myth #4: “Japan is a manufacturing-based economy.” 
Manufacturing makes up slightly more than one-fifth of Japan’s economy, which is more than most rich countries (only Germany and Korea beat it), but is a lot less than most developing nations. India, for example, is now more manufacturing-intensive than Japan. 
Myth #5: “Japan has lifetime employment.” 
Sure, for the top half of the workforce. For everyone on the bottom, it’s a constant struggle with little hope of big raises or promotions. And among those with so-called “lifetime employment,” maybe half are in danger of losing their jobs to layoffs. 
Myth #6: “Japanese companies aren’t innovative.” 
This is just wrong in so many ways, I could write a book about it (and maybe I will). 
Myth #7: “The Japanese buy government bonds out of patriotism.” 
Unlikely. They probably buy Japanese government bonds out of fear, pessimism, and a lack of knowledge of good alternative investment opportunities.

Fonte: aqui

Nossa língua portuguesa - Parte II

"De todos os sinais de pontuação, a vírgula é o mais difícil e controverso", escreve Maria Tereza de Queiroz Piacentini em "Só Vírgula" (EdUFSCar, 2009). 


O uso da vírgula é um dos casos que mais apresenta problemas para quem escreve. A tabela abaixo resolve os principais deles. 
Os principais casos de uso da vírgula
Vírgula proibidaExemplo
Entre sujeito e predicado ou entre predicado e sujeitoO ministro das Relações Exteriores da França está em Brasília/ Está em Brasília o ministro das Relações Exteriores da França.
Entre verbo e seu(s) complemento(s)O presidente disse aos governadores que não aceita a proposta; O ministro informou aos jornalistas que não participará da entrevista; O ministro apresentou todos os projetos de privatização aos investidores presentes.
Vírgula obrigatóriaExemplo
Depois de orações adverbiais antepostasSe não chover, haverá jogo; Quando a economia entrou em colapso,o ministro renunciou; Ao deixar o governo, o prefeito voltará a dar aulas na universidade.
Antes do que que introduz oração explicativaNosso time, que ganhou o torneio neste ano, foi vice dessa competição em 55 e 56.
Quando há elipse do verboOs cariocas preferem praia; os paulistas, shopping.
Para separar conjunções contíguasIrá a São Paulo, mas, se não receber o cachê antes, não cantará; Disse que, quando for a Brasília, tentará uma audiência com o presidente.
Antes de mas (com sentido de porém), porém, contudo, entretanto, todavia, portanto, por isso etcJogou bem, mas perdeu; Estudou, porém foi reprovado; O acordo não será renovado, portanto os empregos serão mantidos.
Antes de e que introduza oração de sujeito diferente do da anterior, se, sem a vírgula, houver a possibilidade de entender o sujeito da segunda oração como complemento do verbo da primeiraFifa pune Maradona, e Pelé recebe prêmio.
Para separar adjuntos adverbiais de natureza diferente (desde que antepostos ao sujeito da oração)Ontem à noite, no Pacaembu, sem sete titulares, sob chuva forte, o Corinthians derrotou o Juventude.
Vírgula optativaExemplo
Com expressões adverbiais breves, antepostas ou intercaladasO São Paulo enfrenta neste sábado mais um desafio (ou O São Paulo enfrenta, neste sábado, mais um desafio); O governador participará em Brasília de uma reunião com o ministro da Fazenda (ou O governador participará, em Brasilia, de uma reunião com o ministro da Fazenda).
Depois de no entanto, entretanto, por isso, porém, contudo, portanto, todavia, quando essas palavras ou expressões iniciarem o períodoNo entanto o presidente deixou claro que não aceitará a proposta da oposição (ou No entanto,o presidente deixou claro que...).
Atenção: essa opção não existe quando essas palavras ou expressões não iniciarem o períodoO presidente aceita participar da reunião, no entanto avisa que não aceitará a proposta da oposição.
Antes de orações adverbiais de alguma extensão que venham depois da principalO prefeito deixará o partido se a Câmara aprovar a CPI sobre títulos públicos (ou O prefeito deixará o partido, se a Câmara aprovar a CPI dos títulos públicos); O jogador não disputará a próxima partida porque foi suspenso pelo Tribunal de Justiça da CBF (ou O jogador não disputará a próxima partida, porque foi suspenso pelo Tribunal de Justiça da CBF).

Fonte: Manual de Redação da Folha de S. Paulo

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A abertura em Cuba


Na palavra dos gerontocratas de Cuba, acredita quem quer. A expectativa dos incautos de que a "abertura econômica" promovida por Raúl Castro pudesse sinalizar uma mudança mais ampla na ilha - digamos, ao estilo chinês - não resiste aos fatos. O último golpe de propaganda do regime foi o anúncio do fim das restrições à venda de carros. Como Cuba, além das praias, dos charutos e da ditadura, é conhecida por seus imensos carros americanos dos anos 50 - os últimos que puderam entrar no país antes da revolução de 1959 -, a medida soou como um avanço e tanto. Na prática, tudo não passou de mais um escárnio da ditadura cubana.

Quem foi a alguma das lojas de carros autorizadas pelo Estado, na esperança de, enfim, conseguir trocar seu decrépito Buick por um automóvel mais moderno, deparou-se com preços sem paralelo em nenhum lugar do mundo. Um Peugeot 508, modelo 2013, custava nada menos que US$ 262 mil - seu equivalente em lojas capitalistas não passa de US$ 30 mil. A média salarial em Cuba é de US$ 20. Logo, a venda de carros pode até estar autorizada, mas não haverá ninguém em Cuba rico ou louco o bastante para comprá-los. "O que eles pensam que estão vendendo? Aviões?", disse à revista The Economist um dos frustrados clientes. "Eles não querem vender nenhum carro. É tudo um show", reclamou outro.

A The Economist especula que, na verdade, a autorização para a venda de carros é apenas uma forma de acabar com o mercado paralelo de licenças para compra de automóveis novos. Essas licenças eram concedidas pelo governo como prêmio a esportistas, artistas e destacados militantes do Partido Comunista Cubano (PCC). Em vez de comprar o carro, porém, o laureado passava adiante a preciosa autorização, faturando cerca de US$ 12 mil, segundo a última cotação. Como agora, em tese, todos podem comprar um carro, a licença não vale mais nada.

Seja como for, está claro que a economia de Cuba não passa por nenhum processo de liberalização, nem mesmo simbólica. E o discurso de Raúl Castro no 55.º aniversário da revolução, em 1.º de janeiro passado, deixou claro que a intenção é, ao contrário, reforçar os controles estatais.

Ele não fez menção senão marginal aos ajustes do modelo econômico anunciados no 6.º Congresso do PCC, em 2011, e rechaçou "tentativas de introduzir sutilmente plataformas de pensamento neoliberal e de restauração do capitalismo neocolonial" em Cuba. Em lugar disso, cobrou a adesão incondicional aos compromissos ideológicos assumidos no 6.º Congresso, a respeito dos quais, disse ele, "não se avançou o necessário". Deve-se esperar, portanto, uma radicalização ainda mais acentuada do comunismo na ilha, a despeito do fato, notório, de que foi essa radicalização que condenou Cuba à paralisia econômica depois que a fonte soviética secou.

Mas o instinto de sobrevivência dos Castros manda que Cuba alivie um pouco a carga do depauperado Estado - e essa é a razão pela qual Raúl permitiu que os cubanos abrissem pequenos negócios e pudessem vender seus imóveis, pois dessa maneira deixarão de ser funcionários públicos, que são mais de 90% da força de trabalho no país.

Também é o que explica a aposta na chamada Zona Especial de Desenvolvimento, na qual, tal como em seu similar chinês, são permitidas experiências de perfil capitalista. Nas palavras do Granma, "nessa zona serão colocadas em prática políticas especiais, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento econômico sustentável, estimulando o investimento estrangeiro e nacional, a inovação tecnológica e a concentração industrial". Essa zona engloba o Porto de Mariel - cuja construção, feita pela Odebrecht, contou com mais de US$ 600 milhões de crédito do BNDES. Como se nota, trata-se de uma boa oportunidade de negócios, tanto para investidores externos - o Brasil, em particular - quanto para a nomenklatura comunista cubana.

Já os cubanos comuns, sem condições de investir em nada que não seja a sua sobrevivência cotidiana, terão de continuar a se contentar com seus carros velhos e com os favores do Estado.

Fonte: aqui