Translate

24 junho 2010

GP Investimentos

Qual é o erro no estilo de gestão da GP Investimentos?
Maria Luíza Filgueiras - Brasil Econômico - 23/06/10

Referência em private equity na América Latina, gestora tropeça em apostas de investimento como Imbra e San Antonio

A empresa de private equity GP Investimentos anunciou no domingo (20) à noite o desenrolar de um negócio mal-sucedido, passando adiante a rede odontológica Imbra, por US$ 1.

Na prática, pode-se dizer que "pagou" à vista R$ 20 milhões para se desfazer da operação, já que fez empréstimo neste valor à nova controladora, a Arbeit, cujo pagamento está condicionado aos resultados do plano de reestruturação e comprometeu um novo cheque no mesmo montante, se necessário.

A gestora já vinha sinalizando nos balanços financeiros a dificuldade em fazer a Imbra decolar, pela informalidade e pulverização em pequenas clínicas do segmento.
O que chama atenção, entretanto, é a sequência de desarranjos em que a GP se meteu, contando nesta lista recente San Antonio e Magnesita, já que a gestora sempre foi tida como referência em private equity na América Latina, e com estratégias copiadas por fundos menores.

É creditado ao modelo "arrasa-quarteirão" da gestora, com forte interferência no dia a dia das companhias investidas, resultados como o obtido na Gafisa, em que a GP multiplicou por seis o investimento feito, e na Hypermarcas, onde obteve Taxa Interna de Retorno (TIR) de 56%, em dólares.

De repente, o que está dando errado no formato GP de gerir?

Segundo gestores concorrentes e analistas financeiros, ser uma empresa listada em bolsa fez com que a GP antecipasse a conclusão de alguns negócios, na pressa de mostrar resultados.

Essas avaliações rápidas têm resultado em ausência de due dilligence (auditoria fiscal e contábil), que teria sido o caso da Imbra. Além disso, apontam que a gestora opera suas empresas de forma alavancada (relação entre dívida e Ebitda) e, em viradas de mercado, esbarra na limitação de cláusulas de endividamento (covenants) feita com bancos.

Outras companhias de private equity, como Advent e Gávea, operam modelo diferente. O Gávea compra participações minoritárias e costuma evitar alavancagem.

O Advent foge de operações que ainda estão saindo do papel e negócios com uso intensivo de capital, como indústria e setor de óleo e gás.

Nas operações recentes da GP, a crise financeira pode ser culpada por boa parte das surpresas negativas. "Mas a GP também está aprendendo a ser mais cautelosa", considera um gestor concorrente.

O que a perfuradora de poços de petróleo San Antonio vive hoje, no centro da preocupação dos acionistas da GP e cotistas de seu fundo GPCPV, é semelhante ao que ocorreu com a Magnesita.

Com uma operação cara, as duas empresas foram impactadas pela retração do mercado internacional a partir de 2007, que gerou desequilíbrio financeiro, contração de dívida, dificuldade de rolagem e consequente quebra de covenants.

Na Magnesita, boa parte da dívida vinha da aquisição da alemã LWB e, na San Antonio, da forte queda de demanda. Segundo fonte de um dos bancos credores, a companhia tem tido dificuldades para pagar o juro, sem falar no principal da dívida.

A estimativa feita por analistas do Barclays é que o endividamento líquido da empresa esteja perto de US$ 700 milhões, cinco vezes o Ebitda projetado para este ano.

A empresa está no meio do processo de renegociação de dívida, com foco nos vencimentos de curto prazo.

Na prática essas foram as duas únicas aquisições (do histórico de 49) feitas com alavancagem. Procurada peloBrasil Econômico, a GP Investimentos não quis se manifestar.

Novo fôlego

Depois da trajetória turbulenta, a Magnesita é tida hoje como uma das referências de choque de gestão da GP.

A gestora implementou o modelo de Cost Per Perfomance (CPP) na operação, para aumentar a produtividade do cliente e conseguiu renegociar a dívida, mesmo depois de romper os limites financeiros iniciais.

Em março, emitiu títulos no exterior no montante de US$ 400 milhões, com vencimento em 2020 e juro de 7,875% ao ano, dos quais US$ 300 milhões para pagar JP Morgan, Bradesco e BB.

Também renegociou o restante da dívida com Bradesco e Itaú BBA, com redução do spread de 4% para 2,75% a.a.

Com o Bradesco, reduziu o número de parcelas, de quatro para três, jogando a primeira para 2013.

Otimismo

Uma dose de otimismo não faz mal a ninguém. Ou faz?

O fim da Torre de Babel
23/06/10 07:13 | Eduardo Pocetti - CEO da BDO no Brasil - Brasil Econômico

A contabilidade é uma ciência social aplicada. Por essa razão, recebe influências de natureza cultural, política, histórica e econômica, e ao longo do tempo foi assumindo contornos próprios nos diferentes países.

Essa multiplicidade de métodos e demonstrações deu origem a uma espécie de Torre de Babel. Simplesmente, a contabilidade da empresa do país A, por mais bem feita e precisa que fosse, não se fazia compreender no país B.

A expansão dos mercados e a globalização da economia impôs a necessidade de buscar critérios uniformes e homogêneos.

Somente assim os gestores, investidores e analistas do mundo todo podem apoiar suas decisões em dados transparentes, confiáveis e passíveis de comparação.

Para suprir essa necessidade, entrou em ação o International Accounting Standards Board (IASB), espécie de junta de normas internacionais de contabilidade, sediada em Londres.

Para agilizar o processo de convergência e equalização das práticas contábeis mundiais, o IASB emitiu um conjunto de normas contábeis, que receberam a denominação de International Financial Reporting Standards (IFRS).

O IFRS estabelece e adapta a utilização das normas internacionais já existentes, as International Accounting Standards (IAS), para os demais países do mundo.

EM 2007, a Lei No 11.638 entrou em vigor no Brasil, e alterou e revogou dispositivos da Lei das Sociedades por Ações (número 6.404, de 15 de dezembro de 1976), ocasionando mudanças relativas às práticas contábeis brasileiras, com vistas à sua adequação às normas internacionais.

Trata-se de uma Lei extensa, repleta de detalhes, e que merece ser examinada cuidadosamente. Seria impossível esmiuçá-la em um só artigo.

A Lei 11.638 determina, por exemplo, que as empresas de médio e grande porte são obrigadas a adotar os padrões internacionais de contabilidade, para a correta elaboração e divulgação de suas demonstrações financeiras.

Também define o que é uma empresa de grande porte: esta deve ser uma sociedade, ou um conjunto de sociedades sob controle comum, que no exercício anterior obteve um ativo total superior a R$ 240 milhões ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões.

As sociedades assim classificadas, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades anônimas de capital aberto, devem seguir as disposições da Lei no que se diz respeito à escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente.

Outra novidade importante foi o artigo 1º da nova Lei, que estabeleceu a exigência, ao fim de cada exercício social, da elaboração, pela diretoria da empresa, de uma Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), que permite demonstrar, de forma mais apurada, os embolsos e desembolsos ocorridos na empresa.

Há muito mais para se falar sobre a Lei 11.638. O que falta, infelizmente, é espaço.
No entanto, basta dizer que suas normas, em vigor há pouco mais de dois anos, constituem elemento-chave para a inserção do Brasil num mundo cada vez mais globalizado e moderno.

Adequar-se a elas equivale a se alinhar com o futuro. E aderir às normas internacionais de contabilidade é o mesmo que aprender a falar uma língua universalmente aceita. Isto só pode ser bom para os negócios!

Bancoop

Ricardo Luiz do Carmo, ex-funcionário da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), entre 1997 a 2002, prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia de São Paulo.

Ele afirmou que ao questionar medidas da direção da Bancoop foi perdendo espaço até ficar responsável por apenas cinco obras. Naquela época, cada empreendimento tinha uma conta exclusiva para pagamento de fornecedores. "Quando questionei fecharam as contas e misturaram tudo numa única conta, a conta Pool."

Conta do Bancoop virou uma incógnita, diz engenheiro – Isto é Dinheiro – 23 de junho de 2010

Pela Lei 10931/2004 cada obra deveria ter uma contabilidade separada, não podendo existir transferência de recurso de uma obra para outra (vide exercício 18, Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva, p. 155).

23 junho 2010

Rir é o melhor remédio



Fonte: aqui

Links

Proposta deve retirar a SEC do orçamento federal dos EUA. A agência será auto-sustentável

Teste de stress na Europa não foi completo (faltou incluir sovereign debt risks)

Tabloíde: o secredo de 9 bilhões, a amante e a nova vida de Madoff

Novo produto chinês: executivo falsificado

Vídeo: como seria a notícia do jogo Portugal 7 x 0 Coréia do Norte, na Coréia do Norte

IFRS

Respondendo à questão colocada no artigo, o IFRS provavelmente vai ser implementado de acordo com o esperado, porém o resultado não deve ser o imaginado pelos seus formuladores. Afinal, como fazer os até agora 110 países comprometidos com sua utilização aplicarem a mesma abordagem em ambientes tão distintos quanto Alemanha e Haiti ou Quênia e Holanda? Como evitar que questões sensíveis em determinados mercados (remuneração no Brasil, programas de opções de ações nos EUA, etc.) sejam tratadas pelos reguladores de acordo com os princípios elaborados para o IFRS?

Acreditamos que, mesmo após a implementação do IFRS, ainda existirão diferenças relevantes entre os critérios contábeis adotados pelas empresas. Ao compararmos o desempenho contábil de duas ou mais companhias, ainda teremos que atentar a eventuais distorções contábeis para fazer uma análise correta.


Maus presságios para o IFRS - Por Augusto Korpus - Carta Capital (via blogabilidade)

Auditoria 2

Os auditores precisam expandir sua função para além do foco limitado sobre demonstrações financeiras, de acordo com o chefe da firma de consultoria e auditoria KPMG. John Griffith-Jones, copresidente da KPMG Europa, disse na semana passada que a atual fixação de "obstáculos defensivos" da "linha de Maginot" regulatória, que falhou durante a crise, ameaça produzir um sistema que não serve para a nova realidade dos mercados.

A linha de Maginot foi uma complexa série de fortificações construída pela França ao longo de sua fronteira com Alemanha e Itália, após o fim da Primeira Guerra Mundial. Ela levou dez anos para ser construída e já estava ultrapassada quando ficou pronta.

Ele pediu aos auditores que trabalhem mais próximos das partes relevantes do sistema, o que inclui reguladores de bancos e agências de classificação de risco.

"A profissão argumentou que não estava no âmago da crise, provavelmente com razão, mas estávamos lá com todos os outros", afirmou. "Eu sinto que estamos, em cada fortificação, tornando mais espessos nossos muros, aumentando nosso poder de fogo e de forma geral acreditando que não foi nossa culpa que as coisas deram errado."

A conclamação vem em meio ao crescente debate sobre o papel que a profissão desempenhou na crise financeira e se seria necessário expandir as responsabilidades dos auditores, que têm acesso sem igual ao funcionamento interior das empresas, mas ficam de modo geral restritos a um parecer burocrático nos relatórios anuais.

O Instituto dos Auditores da Inglaterra e País de Gales propôs no início da semana passada um aprofundamento do debate entre os auditores e seus respectivos bancos em mais um esforço para satisfazer as demandas dos investidores por maior transparência. Outras sugestões incluíram levar as conclusões desses profissionais para a frente dos balanços.

As sugestões do Instituto vieram antes de um relatório conjunto do Financial Services Authority (FSA) e do Financial Reporting Council a ser divulgado nesta semana que vai detalhar falhas durante a crise e oferecer recomendações para mudanças.

Acredita-se que a FSA exigirá mais dos auditores de bancos na supervisão das instituições financeiras, numa repetição de uma sistema que funcionou sob a liderança do Banco da Inglaterra, mas que foi abandonado depois da criação do órgão regulador do setor.


Fonte: Setor precisa expandir o foco, diz sócio da KPMG - Jennifer Hughes e Rachel Sanderson, Financial Times, de Londres - 22/06/2010 - Valor Econômico, via Fenacon

Auditoria 1

Ao mesmo tempo em que as empresas brasileiras terão que adotar as normas internacionais de contabilidade, os auditores que atuam no Brasil também serão obrigados a seguir as regras globais da profissão, a partir dos balanços referentes ao exercício completo de 2010. Uma das principais mudanças será o fim da divisão de opinião, quando o auditor de uma holding diz que se baseou no parecer de outro auditor para atestar os números das subsidiárias, que às vezes usam outro prestador de serviço.

Pela norma nova, o auditor da empresa "mãe" será responsável também pelo balanço das controladas, seja fazendo a auditoria diretamente, ou checando o trabalho feito por outra firma.

Isso pode dificultar uma prática que foi comum quando houve o rodízio de firmas entre as companhias abertas, em que se trocava apenas a auditoria da holding aberta, e se mantinha a prestadora de serviço antiga nas subsidiárias.

Ao dividir a opinião com outro profissional, o auditor se livrava também da responsabilidade sobre aquelas informações [1]. "Hoje não há mais essa possibilidade. O auditor tem que assumir a responsabilidade para si", afirma Gilberto Munhoz, sócio da área de auditoria da KPMG no Brasil.

Nesse processo, o auditor da controladora terá que checar os trabalhos feitos pela outra firma, para se certificar de que aqueles números são confiáveis. "O auditor precisa saber o que o outro está fazendo, se há necessidade de extensão dos trabalhos e se os procedimentos usados por ele são os mesmos que ele adotaria", acrescenta o sócio da KPMG.

Em certa medida isso já era feito, mas quando havia algum tipo de problema ou irregularidade, o auditor podia usar esse argumento em sua defesa, o que não será mais permitido.

Uma opção para evitar o retrabalho é concentrar a auditoria de todo o grupo em apenas uma empresa, o que alguns acreditam que pode favorecer as maiores do setor. "Existe essa possibilidade, de se concentrar ainda mais o mercado nas quatro grandes, mas ainda é difícil de avaliar o que vai ocorrer", diz Ernesto Gelbcke, sócio da Directa, referindo-se ao grupo formado por PricewaterhouseCoopers, Deloitte, Ernst & Young e KPMG.

Já para Raul Corrêa da Silva, sócio e presidente da Crowe Horwath RCS, a mudança das normas de auditoria não deve representar perda de serviço para as empresas médias do setor. "Acho que isso não vai representar perdas ou ganhos efetivos", diz ele, que ressalta que já era comum a revisão dos trabalhos de outros auditores.

Algo que deve facilitar essa supervisão é outra exigência das normas internacionais de auditoria, que pede um nível de documentação maior sobre os trabalhos realizados. "O Brasil está começando a regulamentar mais o trabalho do auditor, pedindo para ele documentar de forma mais organizada", afirma Daniel Maranhão, sócio de auditoria da Terco Grant Thornton, que diz que esse nível de formalização não será uma novidade para sua firma [2] e para as outras de maior porte, por conta de regras internas que já exigiam essa documentação.

Segundo Gelbcke, as firmas menores costumavam compensar a falta de formalização de todos os processos com um nível maior de supervisão dos trabalhos por auditores mais experientes. "Nós entendemos que é mais relevante ter a participação de sócios e gerentes fazendo o serviço do que um volume maior de trabalho executado por pessoas menos qualificadas", afirma [2]. Mesmo fazendo essa ponderação, o sócio da Directa diz que já preparou sua empresa para as novas normas, até por conta da parceria com a PKF International [2].

Em evento recente do setor, Wanderley Olivetti, sócio da Deloitte, comentou que a documentação do trabalho pode ser fundamental em um momento de fiscalização do órgão regulador, para que o auditor justifique por que determinada decisão foi tomada, tendo em conta o cenário e as informações conhecidas naquele momento do passado.

Para Maranhão, a adoção das novas normas de auditoria não deve representar em si um aumento de horas trabalhadas [3] e consequentemente de custos para os clientes. O que pode resultar em mais horas de serviço, segundo ele, é que essa transição será feita em conjunto com a adoção das normas normas de contabilidade, que seguem o padrão IFRS. "Como será a primeira adoção, teremos mais trabalho de auditoria por conta da mudança de prática contábil", diz.

Ainda em relação às novas normas de auditoria, a mudança mais visível para os investidores será no parecer do auditor, a começar pela troca do próprio nome, que passará a ser "relatório de auditoria". Na opinião da presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon), Ana María Elorrieta, um benefício do novo modelo, que será dividido em subtítulos, é que ele deve deixar mais claro qual é a responsabilidade da administração da empresa que elabora o balanço e qual o papel do auditor. "Esse é um passo muito importante", diz ela, que é sócia da PricewaterhouseCoopers.

A maior preocupação dos auditores é tentar afastar a imagem de que sua assinatura no pé dos balanços é uma garantia de sucesso ou de qualidade da companhia. "A auditoria não é um certificado de seguro", diz Cláudio Longo, sócio aposentado da Ernst & Young, que participa do grupo de trabalho que tratou da implementação das novas normas.

Ele explica também que o serviço de auditoria das demonstrações financeiras anuais será considerado uma "asseguração razoável" sobre os números do balanço. "O termo razoável pode ter uma conotação pejorativa no Brasil, mas é para ficar claro que não é absoluta", afirma Longo. Já a revisão feita nos balanços trimestrais será chamada de "asseguração limitada", para que fique claro que o alcance do trabalho é menor.

Outra mudança de nomenclatura é a troca do "parecer sem (ou com) ressalva" por "opinião sem (ou com) modificação".


Auditoria em Revisão - Profissional terá que assumir responsabilidade sobre números de subsidiárias checados por outras firmas. Parecer terá novo modelo e muda de nome - Fernando Torres - Valor Econômico - 22/06/2010

[1] Velha máxima da administração: delega-se a competência, mas não a responsabilidade
[2] Cada um dos entrevistados fazendo propaganda própria
[3] Isto contradiz a reportagem.

22 junho 2010

Educação e Convergência

O mundo financeiro pode ser verdadeiramente globalizado, mas o mesmo não pode ser dito para a contabilidade, as normas variam muito em cada local.

Sim, o setor tem movimentado, embora por vezes a contragosto, para os padrões internacionais. Mas este foi um processo longo e árduo, agravada neste mês por um anúncio do International Accounting Standards Board (IASB) e o Financial Accounting Standards Board (FASB), dos EUA, confirmando que não irão cumprir o prazo de junho de 2011, estabelecido pelo Grupo das 20 nações industrializadas, para a harmonização contábil global.

A notícia foi recebida com consternação por parte da UE, que adotou as normas internacionais de contabilidade financeira (IFRS) em 2005.

A formação do contador também é afetada por esses atrasos, (...) que limitam os estudantes em áreas restritas onde trabalhar, para algo mais padronizado e aceito internacionalmente. (...)

A abordagem virtual de aprendizagem é bastante adequado para a globalização das práticas contábeis e a adoção do IFRS. De fato, os treinadores podem, finalmente, entregar o material que é consistente e aplicável em qualquer lugar - e os alunos podem ter a certeza de habilidades e conhecimentos que irão levar com elas irão atendê-los bem, onde quer que eles acabam trabalhando. (...)


Shift to international standards happening, but slowly - Emmanuelle Smith - Financial Times - 20 jun 2010 -

Rir é o melhor remédio




Dois cartoons da New Yorker. O primeiro sobre a profissão contábil (ok, não é muito favorável); o segundo sobre a questão do petróleo no mar

Teste #300

Teste#300

Ufa! Chegamos ao teste 300. Em homenagem a Copa do Mundo veja esta frase:

"Diria mesmo que é um jogo de tudo ou nada. Os jogadores sabem e tem consciência disso. Há o sentido de responsabilidade de saber que este jogo com a XXX é decisivo para a contabilidade no nosso grupo."

Ela foi proferida por um treinador de futebol de uma das seleções que participa da Copa. Este treinador é

Diego Maradona, da Argentina
Carlos Queiroz, de Portugal
Dunga, do Brasil

Resposta do Anterior: Brasil, Itália e Espanha. Fonte: aqui

Transparência das contas públicas

Dos juros ao algodão-doce, tudo na internet
O Globo - 22 jun 2010
GIL CASTELO BRANCO

Desde a Grécia Antiga, os administradores são obrigados a prestar contas. À época, a comunidade reunia-se na Ágora, a assembleia do povo, para examinar a contabilidade dos arcontes, embaixadores, generais e de todos aqueles que geriam verba proveniente dos impostos arrecadados. No século XXI, a cidadania vem pela via digital. A Ágora atual é a web.

Sob o ponto de vista da moralização administrativa, a Lei Complementar 131 — que obriga a União, estados e municípios a publicarem suas contas na internet — é tão importante quanto a iniciativa popular do Ficha Limpa. Enquanto esta evita que os corruptos sejam eleitos, aquela amplia o controle social. As duas novas regras contribuem, portanto, para afastar maus políticos e gestores da vida pública.

Quanto à transparência, nada mais natural do que a população saber com detalhes como são aplicados os seus recursos. No caso do governo federal, por exemplo, qualquer pessoa com acesso à internet poderia constatar que foram pagos R$48,3 bilhões de juros entre janeiro e abril de 2010, quase dez vezes mais do que receberam os beneficiários do Bolsa Família no mesmo período. Descendo às minúcias, saberia que a Fundação Oswaldo Cruz, para estimular o comparecimento de crianças à vacinação contra a paralisia infantil, comprou aproximadamente R$16 mil em picolé, pipoca, maçã do amor e algodão-doce.

Outro internauta curioso verificaria que a agência de publicidade do Duda Mendonça, aquele que confessou ter recebido pagamentos de campanha eleitoral no exterior, mantém contratos e prestígio na Esplanada dos Ministérios, tendo recebido R$11,5 milhões neste ano. Mais alguns cliques e tomaria conhecimento que o custo do aluguel, garagem e condomínio da embaixada brasileira em Tóquio é de R$110 mil por mês. Na mesma página é possível checar a lista de empresas inidôneas ou o valor do quilo do filé de peito de frango adquirido pelo Comando da 2ª Região Militar, em São Paulo.

Os portais dos estados e municípios também fornecem dados detalhados. No site www.fazenda.rj.gov.br [http://www.fazenda.rj.gov.br] pode-se obter informações diárias sobre a receita e a despesa. Não é difícil saber que o governo do Rio de Janeiro já pagou, neste ano, R$61,7 milhões em publicidade e propaganda, valor superior aos R$42 milhões aplicados em serviços de conservação de rodovias. Com passagens e diárias no Brasil e no exterior, já foram quase R$16 milhões até junho. Os nomes das empresas que prestam serviços ao estado, bem como os valores pagos a cada uma delas, também estão disponíveis no portal da Secretaria de Fazenda.

Mas, como era de se esperar, alguns prefeitos das 273 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, que já deveriam estar divulgando suas contas na internet, estão resistindo à novidade. Em geral, os políticos gostam de transparência somente nos governos dos adversários. Apesar da contrariedade dos gestores opacos, após quase um mês de vigência efetiva da lei, a impressão é que a moda vai pegar. Como a lei é para todos, até o Supremo Tribunal Federal está esmiuçando seus números de forma on-line, o que constitui bom exemplo.

As informações lançadas nos portais, em até 24 horas após o registro da despesa, tornam o Brasil um dos países mais transparentes do mundo, em termos orçamentários. Vale ressaltar que a transparência é o principal remédio contra a corrupção e a má qualidade do gasto púbico.

Em Pernambuco, após a implantação da lei, foi descoberto pela imprensa que, desde 2007, a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico (Fundarpe) pagou R$62,7 milhões a 16 empresas para a realização de eventos. Tudo sem licitação. Para completar, jornalistas visitaram 15 das 16 sedes das entidades contratadas e verificaram que a maioria funcionava em endereços residenciais ou em imóveis incompatíveis com a movimentação financeira nos últimos quatro anos.

A Fundarpe explicou que a verba destinou-se ao pagamento de cachês de artistas e que a denúncia é meramente eleitoral. O fato, certo ou errado, evidencia que a exposição das despesas na internet ainda vai dar muito o que falar. Que assim seja.

No fim, seja na Grécia Antiga ou no Brasil de hoje, o fundamental é que os homens públicos informem como estão gastando o dinheiro dos cidadãos. Na Ágora ou na internet, dos juros amargos ao algodão-doce.