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10 maio 2025

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Soranzo e irmãos

O sobrenome Soranzo é conhecido na história das cidades italianas. Nos dias atuais, há o Palazzo Soranzo em Veneza, uma construção admirada e histórica da cidade, construído a partir dos anos 1300. O mais famoso dos Soranzo foi Giovanni, nascido em Burano (1240) e falecido em Veneza (1328), que foi estadista. 


Para contabilidade, o Soranzo diz respeito a um empreendimento comercial, localizado em Veneza, quase cem anos após a morte de Giovanni. 

Donaldo Soranzo e Irmãos - Os registros mercantis venezianos mais antigos que sobreviveram estão contidos em dois livros-caixa de Donaldo Soranzo e Irmãos. O primeiro deles (1410–1417) é fragmentado, mas utilizava um sistema parcial de partidas dobradas. Um sistema de partidas dobradas mais completo foi usado no segundo livro-caixa (1406–1434), que foi compilado para ser utilizado como prova em um processo judicial envolvendo a divisão do patrimônio da família Soranzo.

Ambos os livros enfrentaram, de forma bastante malsucedida, o problema de coordenar as contas do escritório central com as dos empreendimentos no exterior. Os quatro irmãos Soranzo importavam algodão, sendo que um deles, na Síria, atuava como agente comissionado tanto para a sociedade quanto para outros mercadores venezianos. Para completar seu livro-caixa, os Soranzos precisavam combinar os registros venezianos com os mantidos na Síria. Mas o sócio no exterior não enviava relatórios regulares, e os parceiros em Veneza falharam em consolidar prontamente todos os registros. Havia livros demais de lançamentos originais. As contas da família Soranzo eram mantidas em muitos diários mal integrados; não havia uma base unificada para os lançamentos no livro-caixa.

No início do século XV, os diários eram geralmente apenas registros cronológicos de eventos específicos, como despesas, cobranças de aluguel e relatórios de agentes. Ainda não existia a noção de que o propósito do diário era servir como base para o livro-caixa.

Do verbete de Michael Chatfield para The History of Accounting


09 maio 2025

Sabedoria das multidões e a escolha do papa

Apostar em eleições papais pode ser mais antigo do que a própria Capela Sistina. O conclave desta semana traz uma novidade: é a primeira vez que os principais mercados de previsão online voltam sua atenção para o antigo processo de seleção do Vaticano.

E as apostas estão fluindo. O cardeal italiano Pietro Parolin desponta como o favorito absoluto para suceder o Papa Francisco, segundo os mercados de previsão Polymarket e Kalshi. Mesmo um relatório da semana passada indicando que o cardeal de 70 anos teria problemas de saúde — informação negada pelo Vaticano — pouco abalou sua liderança.

Agora sabemos que as apostas nos três candidatos do gráfico - em algum momento com mais de 70% das intenções - estiveram erradas. Há alguns motivos: 

Mas, embora os mercados de previsão tenham reivindicado sucesso ao prever corretamente a vitória do presidente Trump em novembro, escolher o próximo sucessor do trono de São Pedro provavelmente será um desafio bem mais difícil, dizem aos jornalistas Bernhard Warner e Michael de la Merced especialistas tanto dentro quanto fora do Vaticano — os chamados vaticanisti.

A sabedoria das multidões provavelmente tem um limite. Sites de apostas de alta tecnologia “nunca conseguirão ultrapassar a complexidade e a imprevisibilidade das decisões tomadas lá dentro”, afirmou Franca Giansoldati, especialista em Vaticano e colunista do Il Messaggero, um dos maiores jornais diários da Itália.

Rajiv Sethi, economista do Barnard College que estuda mercados de previsão, observou que, no caso da eleição presidencial, os apostadores podiam analisar uma ampla variedade de fontes de informação, como pesquisas públicas e debates televisionados. Já o conclave papal — famoso por ser conduzido a portas fechadas e composto por cerca de 133 cardeais eleitores sob juramento de sigilo — oferece muito menos pistas para os apostadores.

A escolha do novo papa aconteceu após três tentativas, o que indica uma convergência rápida. (O texto acima é do NY Times)

Considere que um pico nos contratos da Polymarket apostando que um novo papa seria escolhido em 2025 ocorreu após o anúncio da morte de Francisco, segundo Sethi. Se houve uso de informação privilegiada, alguém pode ter ganhado muito dinheiro. “Podemos descartar vazamentos de informação por parte dos cardeais”, disse Sethi.


Com ou sem fins lucrativos? Dilema da Open AI


A OpenAI, afinal, não se tornará uma empresa com fins lucrativos. Sob pressão de ex-funcionários e do homem mais rico do mundo, as operações comerciais da empresa serão reorganizadas como uma public benefit corporation (corporação de benefício público), uma estrutura legal que permite que executivos busquem lucros — mas não às custas de sua missão (neste caso, garantir que a OpenAI beneficie a humanidade).

A mudança ocorre após Elon Musk ter processado a OpenAI no ano passado para impedir sua conversão em empresa com fins lucrativos. Sam Altman descartou o processo como uma tentativa de "atrasar um concorrente", mas a pressão aumentou quando um grupo de ex-funcionários solicitou a intervenção dos procuradores-gerais da Califórnia e de Delaware. Quando a SoftBank fez um aporte de 30 bilhões de dólares na empresa este ano, vinculou um terço desse valor à transição bem-sucedida da OpenAI para uma estrutura com fins lucrativos.

Portanto, a mudança da OpenAI é mais um desvio lateral do que uma desistência completa: “'Viva a humanidade', você pode pensar”, escreve Parmy Olson, da Bloomberg, “mas estaria enganado”. A nova estrutura elimina os limites de lucro que os investidores atuais poderiam receber, mantendo vivo e forte o incentivo ao lucro. E a vida como uma B Corp, como são conhecidas, nem sempre é tranquila. Veja o caso da Ben & Jerry’s, que adotou esse modelo em 2012 e, desde então, enfrenta dilemas constantes entre missão e lucro.

Fonte: Semafor Newsletter

08 maio 2025

Falha no Exame de Suficiência

Um Conselho que representa mais de 500 mil profissionais no Brasil decidiu terceirizar a aplicação de seu exame mais relevante. A impressão que se tem é de que nenhum desses profissionais seria capaz de conduzir tal avaliação. Durante anos, a prova foi realizada por uma instituição reconhecida, mas, recentemente, o Conselho optou por transferir a responsabilidade de elaboração das questões, aplicação, correção e divulgação dos resultados para uma entidade sem tradição na área contábil. Era uma escolha arriscada — e o resultado foi desastroso.

Diversos relatos indicam que a prova do Exame de Suficiência foi absurdamente fácil. Ainda assim, houve um número expressivo de reprovações. Onde está o problema?

Para agravar a situação, a instituição responsável atribuiu a uma "falha operacional do sistema" a publicação, no Diário Oficial da União, de uma lista incorreta de aprovados. A justificativa sugere um erro técnico, mas, na prática, alguém deu o comando para que todos os inscritos fossem considerados aprovados — inclusive aqueles que sequer realizaram a prova. Não parece um simples erro de sistema.

Curiosamente, a nota de esclarecimento partiu da própria instituição que cometeu o equívoco. Mas não deveria o Conselho se manifestar oficialmente? Afinal, foi ele o responsável por escolher a entidade que conduziu o exame de forma tão negligente. A nota termina afirmando que a instituição lamenta o ocorrido e reafirma seu compromisso com a transparência, a seriedade e a correção do processo. São palavras vazias.

Como profissional registrado neste Conselho, espero uma posição oficial da entidade que me representa — não um comunicado genérico da executora do exame. Delegar tarefas não implica em abdicar da responsabilidade. E, neste caso, a responsabilidade é, sim, do Conselho.

Avaliação de prestação de contas de projetos financiados pelo CNPq, Finep e Embrapii

Pesquisadores são convidados a contribuir para aprimorar processos de fomento à pesquisa. Enquete do TCU e CGU busca identificar desafios e oportunidades na prestação de contas de projetos de PD&I: prazo vai até 10 de maio.

Via: @sbpcnet

Este questionário tem como objetivo coletar a percepção de pesquisadores acerca do processo de prestação de contas de recursos para financiar atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) , subsidiando auditoria em curso no Tribunal de Contas da União.

A auditoria tem como finalidade analisar o processo de prestação de contas dos instrumentos definidos pelo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, identificando os desafios, dificuldades e oportunidades presentes em sua implementação.

A realização desta enquete só foi possível graças à colaboração da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), cuja diretoria se empenhou diretamente em sua distribuição.

O questionário contém nove perguntas e pode ser respondido em cerca de 10 minutos. 

Ao responder, considere somente as experiências com prestações de contas nos últimos 3 anos para agências de fomento que efetivamente apoiaram seus projetos de PD&I.

Acesse o questionário: aqui.


Agradecemos de antemão sua colaboração!


Tribunal de Contas da União

Norma Climática do ISSB Já Precisa de Revisão


Algo parece estar errado, ainda que por meio de sinais sutis. Assim que o ISSB foi criado, aproveitou textos que estavam sendo discutidos por outras entidades — posteriormente incorporadas ao regulador — para publicar rapidamente suas normas. Há um ditado antigo que diz que a pressa é inimiga da perfeição, mas um grupo de profissionais preparados não deveria permitir problemas em normas, desde que exista, ao menos, um ambiente minimamente adequado para discussões sérias e aprofundadas.

Agora, o ISSB está propondo alterações na IFRS S2 – Divulgação Relacionada ao Clima. Segundo informado, o “objetivo é facilitar a aplicação das exigências relacionadas à divulgação de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)”. A motivação para a mudança seriam “desafios específicos enfrentados na aplicação da norma”. Além disso, busca-se “facilitar e manter a utilidade das informações fornecidas aos investidores para a tomada de decisões”.

Ou seja, a norma precisa de ajustes. É como um carro recém-lançado que já precisa de recall para troca de peças com defeito — peças que, em tese, haviam passado pelo controle de qualidade. O que se pode dizer, então, sobre esse controle? A pergunta é retórica. Mas eis as palavras da entidade:

“Propor essas emendas a uma norma relativamente nova não é uma decisão tomada de forma leviana. Consideramos cuidadosamente a necessidade de tais emendas e procuramos equilibrar as necessidades dos investidores, considerando a relação custo-benefício para os preparadores”, disse a vice-presidente do ISSB, Sue Lloyd.

O fato de se tratar da segunda norma emitida pelo ISSB — e em um contexto em que a pauta ambiental vem enfrentando retrocessos — é uma péssima notícia para a credibilidade do órgão.

Notícia via aqui

Tamanho do setor contábil na Austrália e reflexões sobre o Brasil


 A KPMG da Austrália sobre emprego no país, usando os anos de 2014 e 2024. A tabela acima foi retirada do estudo. A contabilidade não é uma profissão de rápido crescimento (somente 5,3% no período), mas continua sendo uma das mais comuns. Mas o número de profissionais, 442 mil, é impressionante, considerando uma população de 27 milhões de habitantes ou 1,6% da população, e um PIB de 1,7 bilhão - 1 profissional para cada 3,8 milhões de dólares de riqueza gerada. 

A título de comparação, considerando esses parâmetros, o Brasil deveria ter 3,4 milhões de profissionais. Os dados do CFC indicam que temos registrados 18% do total, mas há muitas pessoas que trabalham sem o registro - assim como muitos profissionais que pagam anuidade, mas não exercem a profissão. De qualquer forma, supondo um total de 1 milhão de profissionais, isso corresponde a 0,5% da população. E esse valor de 1 milhão de profissionais seria coerente com o tamanho da economia. (Os dados do PIB e população eu retirei da Wikipedia)