Um Conselho que representa mais de 500 mil profissionais no Brasil decidiu terceirizar a aplicação de seu exame mais relevante. A impressão que se tem é de que nenhum desses profissionais seria capaz de conduzir tal avaliação. Durante anos, a prova foi realizada por uma instituição reconhecida, mas, recentemente, o Conselho optou por transferir a responsabilidade de elaboração das questões, aplicação, correção e divulgação dos resultados para uma entidade sem tradição na área contábil. Era uma escolha arriscada — e o resultado foi desastroso.
Diversos relatos indicam que a prova do Exame de Suficiência foi absurdamente fácil. Ainda assim, houve um número expressivo de reprovações. Onde está o problema?
Para agravar a situação, a instituição responsável atribuiu a uma "falha operacional do sistema" a publicação, no Diário Oficial da União, de uma lista incorreta de aprovados. A justificativa sugere um erro técnico, mas, na prática, alguém deu o comando para que todos os inscritos fossem considerados aprovados — inclusive aqueles que sequer realizaram a prova. Não parece um simples erro de sistema.
Curiosamente, a nota de esclarecimento partiu da própria instituição que cometeu o equívoco. Mas não deveria o Conselho se manifestar oficialmente? Afinal, foi ele o responsável por escolher a entidade que conduziu o exame de forma tão negligente. A nota termina afirmando que a instituição lamenta o ocorrido e reafirma seu compromisso com a transparência, a seriedade e a correção do processo. São palavras vazias.
Como profissional registrado neste Conselho, espero uma posição oficial da entidade que me representa — não um comunicado genérico da executora do exame. Delegar tarefas não implica em abdicar da responsabilidade. E, neste caso, a responsabilidade é, sim, do Conselho.