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13 setembro 2025

Economia hiperinflacionária 2

Sobre a dificuldade de aplicação do IAS 29, segundo a Deloitte:


Os níveis mais elevados de inflação geral têm contribuído para o aumento do número de jurisdições sujeitas à hiperinflação (conforme definido na IAS 29 Financial Reporting in Hyperinflationary Economies). As entidades estão, portanto, enfrentando cada vez mais os seguintes desafios:

  • determinar se uma economia é hiperinflacionária, conforme definido na IAS 29, pode ser, por vezes, difícil. A definição inclui várias características da hiperinflação, como o fato de a taxa de inflação acumulada em três anos se aproximar ou ultrapassar 100%. Também pode ser desafiador decidir qual índice geral de preços deve ser aplicado aos valores nas demonstrações financeiras;

  • dificuldades em determinar a moeda funcional de uma entidade em circunstâncias nas quais tanto a moeda local quanto uma moeda internacional são de uso comum. Isso pode ser particularmente relevante quando a moeda local é hiperinflacionária. A IAS 29 aplica-se apenas às entidades cuja moeda funcional é a moeda de uma economia hiperinflacionária (e não a qualquer entidade que opere nessa economia). Deve-se observar ainda que a IAS 21 The Effects of Changes in Foreign Exchange Rates declara especificamente que “[u]ma entidade não pode evitar a reexpressão de acordo com a IAS 29 ao adotar, por exemplo, como sua moeda funcional, uma moeda diferente da determinada em conformidade com este Pronunciamento (como a moeda funcional de sua controladora)”;

  • quando há restrições às trocas entre a moeda local e moedas negociadas globalmente, pode ser difícil identificar uma taxa de câmbio adequada para a conversão de itens monetários em demonstrações financeiras individuais e para a conversão das demonstrações financeiras de uma operação no exterior para a moeda de apresentação de sua controladora. Embora essa questão não seja exclusiva de economias hiperinflacionárias, a escassez de moeda “forte” e, consequentemente, a necessidade de restrições cambiais são, frequentemente, características de economias cuja moeda local está perdendo valor.

Economias hiperinflacionárias


As economias hiperinflacionárias exigem a aplicação da norma IAS 29 'Financial Reporting in Hyperinflationary Economies'. Lembrando que a norma foi emitida pelo antigo Iasc, mas ainda está em vigor. Na norma há alguns indicativos de quando um país seria classificado como tal, a maioria subjetivos, como o uso de moeda estrangeira nas transações domésticas. E também existe uma regra objetiva, que seria uma inflação de 100% em três anos. 

Como não há uma definição expressa da classificação, na prática isso tem sido feito pelo International Practices Task Force (IPTF) do Centre for Audit Quality (CAQ), que monitora o status de economia hiperinflacionária. 

O mais recente documento do IPTF é de maio de 2025.  A lista também traz as explicações para a classificação. É bem verdade que o relatório do International Practices Task Force (IPTF) usa os critérios do ASC 830 (US GAAP). Para classificar uma economia como altamente inflacionária, considera-se uma taxa acumulada superior a 100% em três anos. De acordo com os dados do FMI, vários países se enquadram nessa categoria, incluindo Argentina, Egito, Etiópia, Gana, Haiti, Irã, Líbano, Malaui, Mianmar, Nigéria, Serra Leoa, Sudão, Suriname, Turquia, Venezuela e Zimbábue. Casos graves destacam-se no Líbano, com taxas acumuladas acima de 600%, na Venezuela, com mais de 1.400%, e no Zimbábue, que ultrapassou 8.000% em 2025. Outros países, como Burundi e Sudão do Sul, também passaram recentemente a ser classificados como altamente inflacionários. Além disso, Angola e Iêmen foram incluídos em categoria de monitoramento, com taxas entre 70% e 100% ou forte aceleração recente. 

Imagem aqui 

Educação

Fonte: aqui
 

12 setembro 2025

Palestrantes de um encontro sobre sustentabilidade: um comentário


 Eis o trecho da notícia:

A Fundação IFRS divulgou a lista de palestrantes do Simpósio Anual de Sustentabilidade IFRS, a ser realizado no dia 30 de outubro de 2025. O evento, sediado no Convene Sancroft, St. Paul's, em Londres, está com inscrições abertas para participantes virtuais e presenciais.

Entre os convidados estão a diretora de relatórios de sustentabilidade do grupo Nestlé, bem como a diretora de Relatórios de Sustentabilidade da Shell.
 

Interessante e provocativo ter duas das empresas que mais contribuem para o problema ambiental no mundo. Se a participação for no sentido de anunciar uma mudança de rumos, parece válido. Mas, se for apenas uma estratégia de marketing para suavizar o impacto das empresas, há o risco de o evento perder credibilidade.

Foto: aqui 

Efeito da desconfiança nos números

Recentemente, o presidente dos Estados Unidos demitiu Erika McEntarfer do Bureau of Labor Statistics (BLS), acusando-a de manipular os dados. Os números não eram agradáveis e isso irritou o presidente. Não foi o primeiro, nem será o último caso em que isso ocorre. E, até onde se sabe, as acusações são infundadas.


Mas a decisão de Trump traz, pelo menos, quatro consequências ruins. Em primeiro lugar, desloca o debate do assunto mais relevante — o desemprego — para outro tema, que seria a manipulação dos dados. Funciona como uma distração. Em segundo lugar, abre a oportunidade de difamar os números toda vez que eles não forem favoráveis. O fato de considerar que há parcialidade no processo, por razões políticas, poderá trazer desconfiança em resultados futuros. Em terceiro lugar, os apoiadores da visão política do presidente irão desconfiar dos dados a partir de agora e usarão esse argumento em toda discussão. Em quarto lugar, os dados são usados em decisões, inclusive de investimento. Como os números futuros estarão sob desconfiança, os tomadores de decisão podem levar isso em consideração. Geralmente, os dados de emprego afetam o mercado acionário; mas isso poderá perder força, já que os números futuros serão produzidos sob desconfiança.

O que ocorreu com as estatísticas de emprego também pode acontecer na contabilidade. Imagine que os resultados divulgados pelas empresas sejam questionados pelo principal executivo da companhia por não serem confiáveis. Seria fruto de políticas contábeis — realmente são, mas com motivações escusas e manipulações. Haveria um descrédito nos números. Na verdade, isso já ocorre com a contabilidade há anos. Os executivos, quando apresentam os resultados, não falam no lucro líquido, mas em um tal de Ebitda. Eles estão dizendo que o número contábil foi manipulado. Só ainda não demitiram o contador, o auditor e os profissionais associados ao número contábil. Mas, nas informações, o executivo e o responsável pelas relações com investidores destacam o Ebitda, e não o lucro líquido, numa atitude semelhante à do presidente dos Estados Unidos.

Imagem aqui 

Rir é o melhor remédio


 

11 setembro 2025

Estados Unidos pode exigir IFRS, mas só com conciliação com US GAAP


O presidente da SEC (Securities and Exchange Commission) dos EUA, Paul Atkins, advertiu que pode revogar a regra que permite a empresas multinacionais apresentarem seus demonstrativos financeiros segundo as IFRS sem a necessidade de reconciliação com o US GAAP.

Ele enfatizou que uma condição para manter essa dispensa é que a IFRS Foundation (entidade que supervisiona o IASB) tenha financiamento estável. Se não houver garantias de continuidade e qualidade no trabalho do IASB, ele alertou que pode ser preciso reavaliar a decisão tomada em 2007 de eliminar essa exigência de reconciliação.

Atkins também expressou preocupação sobre a expansão da missão da IFRS Foundation, principalmente com envolvimento em padrões de sustentabilidade via o ISSB (International Sustainability Standards Board). Ele defendeu que os padrões contábeis financeiros sejam mantidos focados em relatórios financeiros confiáveis, sem servir de “porta de entrada” para agendas políticas ou sociais.

Claramente um maior distanciamento com entre os Estados Unidos, leia-se Fasb, e os demais países do mundo, leia-se IFRS.