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14 julho 2025

KPMG, PCAOB, BBVA

Parece digno de uma novela coreana. A Europa criou uma regra de rodízio das empresas de auditoria. Essa regra exige que a cada dez anos, na maioria dos países, exista um mudança na empresa que faz a auditoria: 

Desde 1990 o banco espanhol BBVA era auditado pela empresa Deloitte. Em 2017, o banco mudou a empresa de auditoria para a KPMG, seguindo as regras estabelecidas. Nesse ano, a empresa de auditoria estava enfrentando o escândalo do PCAOB

Para quem já esqueceu, o escândalo foi o seguinte: o PCAOB é entidade criada pela Sarbox com objetivo de fiscalizar a qualidade dos trabalhos das empresas de auditoria. Como a KPMG estava sofrendo com a fiscalização da entidade, adotou uma medida questionável de contratar funcionários do PCAOB para compor seus quadros de funcionários. O grande problema é que os funcionários levaram segredos do regulador para a fiscalizada; sendo mais claro, os ex-empregados do PCAOB trouxeram documentos que ajudavam a KPMG a melhorar seu desempenho na fiscalização.

Em um desdobramento interessante, descobriu-se que um dos ex-funcionários do PCAOB, Brian Sweet, usou seus contatos no PCAOB para favorecer a KPMG na disputa da auditoria do BBVA e isso parece ter dado uma vantagem na disputa do contrato de auditoria. 

Não se sabe qual o nome do funcionário da KPMG Espanha que esteve envolvido. E também se sabe que Brian Sweet, o ex-PCAOB e ex-KPMG, também usou dados sobre as auditorias do Santander. 

Rir é o melhor remédio

 

O cartoon é português, mas você pode substituir TAP - a empresa aérea de Portugal - por Correios, Telebras, ...

IA: Bicicleta para a Mente?


O resumo:

Steve Jobs descreveu os computadores como “bicicletas para a mente”, uma ferramenta que permite às pessoas amplificar significativamente suas capacidades. Este artigo apresenta um modelo formal de ferramentas e tecnologias cognitivas que ampliam as capacidades mentais. Consideramos agentes envolvidos na melhoria iterativa de tarefas, onde as ferramentas cognitivas são assumidas como substitutas das habilidades de implementação e podem ou não ser complementares ao julgamento, dependendo do tipo. A capacidade de reconhecer oportunidades para iniciar ou melhorar um processo — que chamamos de julgamento de oportunidade — mostra-se sempre complementar às ferramentas cognitivas. Já a capacidade de saber qual ação tomar em um determinado estado — que chamamos de julgamento de retorno — não é necessariamente complementar às ferramentas cognitivas. Com base nesses conceitos, podemos sintetizar a literatura empírica sobre o impacto dos computadores e da inteligência artificial (IA) na produtividade e na desigualdade. Especificamente, embora tanto os computadores quanto a IA pareçam aumentar a produtividade, os computadores também contribuíram para o aumento da desigualdade. Estudos empíricos sobre o impacto da IA na desigualdade mostram tanto aumentos quanto reduções, dependendo do contexto. Também aplicamos o modelo para entender como ferramentas cognitivas podem influenciar os incentivos para automatizar processos e para alocar autoridade de tomada de decisão dentro de equipes.

E na conclusão:

Esses insights ajudam a reconciliar descobertas empíricas aparentemente contraditórias: os computadores aumentaram tanto a produtividade quanto a desigualdade ao amplificar o valor de habilidades cognitivas não rotineiras, enquanto a inteligência artificial (IA) frequentemente reduz a desigualdade dentro das empresas que a adotam, ao ajudar desproporcionalmente os trabalhadores com habilidades de implementação mais fracas. Nosso modelo prevê que esse efeito equalizador pode se reverter à medida que as ferramentas de IA se tornam mais sofisticadas, passando a favorecer trabalhadores com capacidades superiores de julgamento e criando um padrão em forma de U na desigualdade salarial.

Tenho a impressão que isso já está ocorrendo

13 julho 2025

Impostos e Prêmios esportivos


Recentemente muitas pessoas no Brasil perceberam que os vencedores/participantes de competições esportivas pagam impostos. O campeonato de clubes, que encerrou agora nos Estados Unidos, teve clube ganhando uma boa quantia de prêmio, mas um parte substancial seria destinada ao fisco. 

Mas o futebol não é a única modalidade que é tributada. Veja a notícia:  

O italiano Jannik Sinner [foto] garantiu na sexta-feira (11) sua vaga na final de Wimbledon, que será disputada no domingo (13) contra o espanhol Carlos Alcaraz. Já a americana Amanda Anisimova e a polonesa Iga Swiatek se enfrentam neste sábado na decisão feminina. Todos os finalistas estão de olho no prêmio de 3 milhões de libras (R$ 22,5 milhões, na cotação atual) do Grand Slam, mas especialistas ouvidos pela Forbes afirmam que os ganhos dos vencedores serão reduzidos quase pela metade após o pagamento dos impostos exigidos.

O Reino Unido tributa os prêmios em dinheiro de Wimbledon e também os ganhos com patrocínios relacionados aos equipamentos usados no torneio. Segundo Andreas Bosse, consultor jurídico especializado em tributação internacional baseado em Mônaco, os atletas ainda enfrentam uma retenção inicial de 20%, além de um imposto que pode chegar a 45%, após a dedução das despesas relacionadas.
 

É sempre bom lembrar que o "absurdo" da alíquota acima é sobre uma premiação bem substancial.  

HSBC abandona o compromisso climático


Segundo o jornal The Guardian (via aqui), o HSBC 

tornou-se o primeiro banco do Reino Unido a deixar o grupo global da indústria bancária voltado para a definição de metas de emissões líquidas zero, o que levou ativistas a alertarem que se trata de um sinal “preocupante” sobre o compromisso do banco com o enfrentamento da crise climática.

O sistema financeiro tem sido um suporte para os defensores de políticas contábeis climáticas. A pressão dos bancos para empresas poluidores seria poderoso para atingir as metas globais. A saída de um grande banco pode ser um sinal de que o acordo está por um triz. 

Ouro do Brasil e maldição dos recursos em Portugal


Eis o resumo, sobre a maldição dos recursos minerais em Portugal:  

 Ainda em 1750, Portugal apresentava um alto produto per capita pelos padrões da Europa Ocidental. No entanto, apenas um século depois, era o país mais pobre da região. Neste artigo, mostramos que a descoberta de enormes quantidades de ouro no Brasil ao longo do século XVIII desempenhou um papel crucial no desenvolvimento de longo prazo de Portugal. O país sofreu os efeitos de uma maldição dos recursos, tanto econômica quanto política. Uma análise contrafactual baseada em métodos de controle sintético sugere que, em 1800, o PIB per capita de Portugal era 40% menor do que teria sido na ausência da dotação de ouro brasileiro.

O gráfico abaixo mostra a evolução da exportação do ouro


 

Uma lição de Federer


Nas 1.526 partidas de simples que joguei na minha carreira, venci quase 80% delas... Agora, tenho uma pergunta para vocês: que porcentagem dos PONTOS vocês acham que eu venci nessas partidas?

Apenas 54%.

Em outras palavras, mesmo os tenistas mais bem colocados vencem pouco mais da metade dos pontos que disputam.

Quando você perde, em média, um a cada dois pontos, aprende a não se prender a cada jogada.

Você se ensina a pensar: ‘OK, cometi uma dupla falta. É só um ponto.’

‘OK, fui à rede e fui passado de novo. É só um ponto.

Mesmo uma grande jogada — um smash de backhand por cima que acaba no Top 10 da ESPN — ainda assim, é só um ponto.

E aqui está o motivo pelo qual estou dizendo isso:

Quando você está jogando um ponto, ele é a coisa mais importante do mundo.

Mas, quando ele fica para trás, ficou para trás... Essa mentalidade é realmente crucial, porque te liberta para se comprometer totalmente com o próximo ponto… e com o seguinte… com intensidade, clareza e foco.

A verdade é que, seja qual for o jogo que você jogue na vida… às vezes você vai perder. Um ponto, uma partida, uma temporada, um emprego… é uma montanha-russa, cheia de altos e baixos.

E é natural, quando você está por baixo, duvidar de si mesmo. Sentir pena de si mesmo.

E, aliás, seus adversários também têm dúvidas. Nunca se esqueça disso.

Mas energia negativa é energia desperdiçada.

Você precisa se tornar um mestre em superar momentos difíceis. Para mim, isso é o que define um campeão.

Os melhores do mundo não são os melhores porque vencem todos os pontos...
É porque sabem que vão perder… de novo e de novo… e aprenderam a lidar com isso.

Federer (fonte original aqui)