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02 março 2019

KPMG e PCAOB

  • A KPMG contratou funcionários do regulador de empresas de auditoria nos Estados Unidos
  • Com isto, a empresa teve acesso a lista de fiscalização
  • Em 2017, Diana Kunz delatou o esquema. Três funcionários envolvidos já se declararam culpados.
  • O julgamento de dois deles está ocorrendo agora nos EUA

No passado, a empresa KPMG contratou funcionários da PCAOB, entidade responsável por supervisionar as empresas de auditoria nos Estados Unidos. O julgamento de David Middendorf está ocorrendo neste momento. No final de fevereiro o julgamento começou e deve continuar na quarta de cinzas.

Em fevereiro de 2017, Jeffrey Wada, funcionário do PCAOB que queria um emprego na KPMG, leu para Cynthia Holder, diretora executiva da KPMG e sua ex-colega no PCAOB, a lista de empresas que seriam inspecionadas pelo regulador. Holder repassou a informação para seu chefe, Brian Sweet, sócio da KPMG, que compartilhou com seu chefe, Thomas Whittle, partner e responsável pela inspeção, que, finalmente, repassou para Middendorf.

O esquema começou a desmoronar quando a lista passou a ser compartilhada com mais pessoas. Uma destas pessoas, Diana Kunz, partner em Chicago, que foi quem delatou a atividade ilícita na empresa de auditoria.

Holder, Sweet e Whittle já se declararam culpados.Britt, outro acusado, deve ser julgado em outubro. Agora estão sendo julgados Middendorf e Wada.

Fonte: Aqui

Novo Banco tem prejuízo de mais de 1,4 bi

  • Novo Banco, de Portugal, foi criado após a falência do Banco Espírito Santo
  • Em 2018 teve um prejuízo de 1,4 bi, derivado do banco "mau"

O Novo Banco foi criado em 2014 depois da crise do falido Banco Espírito Santo. O banco foi capitalizado com recursos públicos de Portugal. Em 2017, o fundo Lone Star passou a ter 75% do capital social.

Agora, o Novo Banco apresentou seus resultados de 2018: 1,412 bilhão de euros ou 1,412 mil milhões, como se diz em Portugal. E já anunciou que irá solicitar recurso do Fundo de Resolução. Quando da criação do Novo Banco, foi criado um banco “bom” ou “Novo Banco Recorrente” e o “Novo Banco Legacy”. No resultado apresentado agora, o NB Recorrente teve um lucro de 2,2 milhões, melhorando seu desempenho. Já o Legacy teve prejuízo de 1,515 bilhão.

No ano de 2018, o Novo Banco vendeu ativos e passivos da sucursal da Venezuela e de outras localidades. 

O seu gestor disse que continuará focado na redução das dívidas incobráveis, ou “credito malparado” em Portugal.

Gastando dinheiro com sabedora


  • Se você quiser gastar dinheiro com sabedoria, considere pagar alguém para fazer sua lavanderia ou compras de supermercado .
  • Eliminar as coisas estressantes da sua lista de tarefas libera tempo para atividades mais significativas, como passar tempo com a família ou amigos, o que pode levar a mais felicidade.
  • Isso está de acordo com um professor da Harvard Business School, que diz que muitos de nós ignoram essa maneira simples de ser mais feliz porque gastar o dinheiro nos faz sentir culpados.

Todos nós queremos mais tempo para gastar fazendo coisas que gostamos.

Mas, de acordo com a professora da Harvard Business School, Ashley Whillans, não estamos fazendo a única coisa que pode nos dar mais tempo: Gastar dinheiro para eliminar nossas tarefas diárias ou semanais mais estressantes.

(...) Whillans diz que trocar dinheiro por mais tempo livre pode nos deixar mais felizes. Especificamente, "usando dinheiro para comprar não ter experiências negativas", como lavar e dobrar roupa ou limpar a casa.

Para Whillans, uma opção é por um apartamento mais caro, perto do trabalho, onde tudo está a uma curta distância e não se tem um transporte tedioso, diz ela. A pesquisa de Whillans mostra que "comprar tempo" dessa maneira leva a uma maior felicidade e menor estresse. Mas muitas vezes, há algo que está nos impedindo.

"Eu achei nos meus estudos que as pessoas se sentem realmente culpadas por terceirizar(...), disse Whillans.

Pagar alguém para entregar refeições, lavar e dobrar nossa roupa ou cortar a grama nos faz sentir como um fardo, ela diz. Nós também sentimos que mostramos aos outros que não somos capazes de fazer nossas próprias tarefas.

A melhor maneira de neutralizar esses sentimentos de culpa, disse Whillans, é focar no valor que você está ganhando. (...)

Fonte: Aqui

Este conceito pode ser encontrado no livro Dinheiro Feliz. Por sinal, vale a pena ler.

Rir é o melhor remédio


01 março 2019

Justiça e Emoji

O Emoji é uma nova forma de comunicação. Um problema é que o emoji pode conduzir a diferentes interpretações. Um texto publicado na The Verge mostra um lado diferente desta questão: cada vez mais o judiciário deve lidar com os emoji e ele não está preparado.

O texto relata casos interessantes:
= Um tribunal está tentando provar que um homem é culpado de cafetinagem; uma das provas eram mensagens enviadas a uma mulher com “saltos altos” e “dinheiro” juntamente com a frase sobre o trabalho em equipe
= um casal de Israel enviou uma mensagem para um dono de um apartamento, com garrafa de champanhe, cometa e outros símbolos, juntamente com a confirmação que queriam alugar o imóvel. Depois, o casal parou de responder e alugaram um apartamento diferente. O dono entrou na justiça, cobrando um indenização, já que ocorreu uma sinalização de alugar o imóvel.

Para complicar, o emoji pode ter variações culturais e pode sofrer variações de formato conforme o sistema operacional do telefone.

Mesmo assim, os símbolos estão aparecendo cada vez mais nos tribunais (gráfico).

Até agora, os emojis e emoticons raramente foram importantes o suficiente para influenciar a direção de um caso, mas à medida que se tornam mais comuns, a ambiguidade em como os emoji são exibidos e o que interpretamos emoji pode se tornar uma questão maior para os tribunais

Era da Grandes Universidades


Assim como ocorreu no varejo, no ensino de graduação há a presença cada vez maior das grandes universidades. O ensino a distância impulsiona uma transformação atual. Eis uma análise do que está ocorrendo nos Estados Unidos:

Much as Amazon and Walmart now stand as the templates for the retail business, mega-universities in many ways reflect a shift in what Americans seek in a college degree: something practical, convenient, and inexpensive. Traditional institutions can certainly learn from these disruptors. And the more they do, for better or worse, the more these mega-universities may change the shape and purpose of higher education.

Como diz um gestor de uma destas universidades, "é uma resposta racional do mercado".

Universidade da Califórnia e Elsevier

  • A Universidade da Califórnia anunciou um boicote à Elsevier
  • A Elsevier cobra quando um cientista submete um artigo e quando ele acessa a base de dados
  • Trata-se da maior universidade a adotar uma medida deste tipo
A Universidade da Califórnia, um dos maiores clientes da Elsevier, anunciou um boicote à editora. Trata-se da melhor universidade do mundo que adotou uma medida parecida.

A Elsevier foi fundada em 1880 sendo a maior editora científica, técnica e médica do mundo, publicando 430 mil artigos anualmente em 2.500 periódicos. Nos seus arquivos constam 13 milhões de documentos e 30 mil e-books. Mesmo atuando na área de divulgação científica, a Elsevier possui uma margem de lucro elevada, de 37% em 2017.

O domínio do mercado da empresa tem permitido que a editora cobrasse dos pesquisadores, quando decidem publicar em dos seus periódicos, e das universidades, quando alguém acessa o seu arquivo de textos.

Durante oito meses a Universidade da Califórnia tentou estabeleceu uma negociação nos contratos de assinatura; a universidade deseja um preço único para a assinatura e para a submissão de artigos. A Elsevier defendia a cobrança dupla: na submissão e no acesso aos periódicos.

O movimento ocorre em meio a uma revolta global sobre o modelo de publicação de acesso fechado, que a New Scientist chamou de "mais lucrativo do que petróleo" e "indefensável". Os maiores financiadores científicos da Europa anunciaram que só apoiarão pesquisas que tenham a liberdade de ler no momento da publicação.

Emprego na área Contábil em Janeiro

Os dados de janeiro do emprego formal no Brasil demoraram a sair. Provavelmente em razão da extinção do Ministério do Trabalho. Ontem os números foram divulgados e mostraram, para a economia como um todo, um saldo ligeiramente positivo, a criação de 34 mil novos postos de trabalho.

Para o setor contábil os números também foram positivos. Segundo os dados do mercado formal de emprego, foram contratados 11.961 novos empregados, um número bastante expressivo, no patamar anterior a recessão econômica de 2015/2016; e foram demitidos 9.574, o que indica a criação de 2.387 novos postos de trabalho. Em termos acumulados, entre fevereiro de 2018 a janeiro de 2019, praticamente não se criou novos postos de trabalhos; neste período foram admitidos 113.923 e demitidos 113.926.

Desde 2014, o número de demitidos foi de 585 mil, indicando um redução de vagas no setor contábil de 40,6 mil postos. O gráfico mostra um comparativo entre o setor contábil e a economia como um todo. É possível notar que há um descolamento entre a economia (linha vermelha) e o setor contábil (azul) a partir da metade do gráfico, indicando que enquanto parecia existir uma leve recuperação no número de postos na economia, a crise continuava na área contábil.

O mês de janeiro foi particularmente bom para as mulheres (1548 novos postos), quem tem curso superior (mais 1489 postos) e escriturários (2050 novos postos). É importante salientar que janeiro tradicionalmente é um mês de contratações. Desde 2014, somente no ano de 2016 o indicador de emprego foi negativo.

Rir é o melhor remédio


28 fevereiro 2019

CAPM e WACC: confusões, erros e inconsistências

Resumo:

Regulators of many countries try to find the “true” WACC of Electricity, Gas, Water… activities. All their documents have in common a main confusion: they do not differentiate among expected, required, historical, and regulator allowed returns, which are 4 very different concepts. Most of the documents have several conceptual errors (they apply wrongly the CAPM and the WACC), several inconsistencies estimating parameters and multiply the WACC by the depreciated book value of assets.

Another two common peculiarities of many regulators are a) their penchant for calculating averages and averages of averages, and b) their argument of doing strange calculations “because many other regulators do so.”

We show how a European Regulator arrives to a “WACC before taxes of the electricity regulated activities” of 5,58%. We also show that using the same data and the same method, but criteria of other regulators for the calculation of the parameters you may justify any “WACC before taxes” in the interval 2,4% - 7,4%.

After reading the mentioned documents of the regulators a question arises: Are they fiction or science fiction?

We show some confusions, errors, inconsistencies and useless arguments of the documents of Regulators and propose solutions. Regulator reports (such as the one in Section 1) are very helpful to discover conceptual mistakes, valuation errors… and to think about the meaning of several concepts widely used in Corporate Finance and Financial Markets.

Fernandez, Pablo, WACC and CAPM according to Utilities Regulators: Confusions, Errors and Inconsistencies (February 1, 2019).
 
Imagem relacionada 

Volatilidade no Crescimento

  • A volatilidade do crescimento econômico dos países do mundo foi medida pelo desvio-padrão entre 2001 a 2017
  • Os países afetados pela guerra ou instabilidade política ou dependentes dos preços do petróleo foram aqueles que mais sofreram no período
  • Entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil foi o mais volátil

Usando dados do Banco Mundial, Dan Kopf calculou a volatilidade do crescimento da economia dos países do mundo entre 2001 a 2017. Quanto maior o desvio-padrão do crescimento anual do PIB real, mais volátil é o país.

Os países com menor volatilidade são:

Indonésia = 0,7%
Vietnam
Austrália
Laos
Tanzânia

A Austrália, por exemplo, não tem nenhuma recessão desde 1991.

Os países mais voláteis

Líbia = 33,8%
Guiné Equatorial
Iraque
Macau
Azerbaijão

Conforme nota o autor, alguns países são dependentes de petróleo, experimentam uma guerra civil ou outro tipo de conflito. Entre os países voláteis em termos de crescimento, a surpresa é a Irlanda.

A instabilidade do crescimento econômico brasileiro é decorrente de uma combinação de instabilidade política, preços dos commodities e a crise de 2015 e 2016. Entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil é que possui o crescimento mais volátil.

Lista de livros sobre falcatruas


  • Se você gosta de leitura sobre escândalos, abaixo uma seleção
  • Aparece indicado quando alguma obra tem a versão em português ou espanhol

Uma seleção de livros sobre escândalos contábeis. Alguns deles com versão em português e/ou espanhol:

"Bad Blood: Secrets and Lies in a Silicon Valley Startup" by John Carreyou - Bad Blood: Fraude Bilionária no Vale do Silício, em português

"The Wizard of Lies" by Diana B. Henriques - Em português O mago das mentiras: Bernard Madoff e a história da maior fraude financeira de todos os tempos

"Smartest Guys in the Room: The Amazing Rise and Scandalous Fall of Enron" by Bethany McLean and Peter Elkind

"The Spider Network" by David Enrich

"Red Card: How the U.S. Blew the Whistle on the World's Biggest Sports Scandal" by Ken Besinger - Tarjeta Roja em espanhol

"Billion Dollar Whale: The Man Who Fooled Wall Street, Hollywood, and the World" by Tom Wright and Bradley Hope - El fraude del siglo em espanhol

"The Big Short: Inside the Doomsday Machine" by Michael Lewis - O jogo da mentira em português

"American Kingpin: The Epic Hunt for the Criminal Mastermind Behind the Silk Road" by Nick Bilton

"Black Edge" by Sheelah Kolhatkar

"Barbarians at the Gate: The Fall of RJR Nabisco" by Bryan Burrough and John Helyar

"The Big Lie: Spying, Scandal, and Ethical Collapse at Hewlett Packard" by Anthony Bianco

"Too Big to Fail" by Andrew Ross Sorkin

"Healthsouth: The Wagon to Disaster" by Aaron Beam and Chris Warner

"Faster, Higher, Farther: The Volkswagen Scandal" by Jack Ewing - El escándalo de Volkswagen: Cómo, cuándo y por qué Volkswagen manipuló las emisiones de sus vehículos, em espanhol

"Taking Down the Lion: The Triumphant Rise and Tragic Fall of Tyco's Dennis Kozlowski" by Catherine S. Neal

"Extraordinary Circumstances: The Journey of a Corporate Whistleblower" by Cynthia Cooper

Melhores universidades 2

Há dias postamos uma relação das melhores universidades dos Estados Unidos baseado no Study.com (via GoingConcern). A lista era bastante questionável e o próprio GoingConcern resolveu usar outro site para fazer um lista das melhores. Esta nova relação é a seguinte:

Universidade Bentley
Universidade de Illinois em Urbana-Champaign
Universidade de Notre Dame
Universidade de Bryant
CUNY Bernard M. Baruch College
Boston College
Loyola University-Maryland
Universidade de Binghamton
Universidade de Fairfield
Universidade de Villanova



Custos perdidos

Para um jogador de pôquer, seria o mesmo que tentar recuperar as perdas de rodadas anteriores. O que os economistas chamam de falácia dos custos irrecuperáveis (sunk cost, em inglês). E é um comportamento generalizado. 

Todos nós fazemos isso. Quem nunca foi ao cinema e ficou até o fim de um filme que percebeu que era ruim nos primeiros 10 minutos? Essa é a mesma lógica de quem diz "já gastei muito dinheiro com meu carro. Não posso simplesmente me desfazer dele agora. Melhor substituir a caixa de câmbio que está com problema".

Há também aqueles que permanecem em relacionamentos fracassados por anos a fio porque não querem que o tempo que passaram juntos tenha sido "em vão". 

O que conecta esses exemplos é o fenômeno de continuar lançando mão de recursos (tempo ou dinheiro) depois que algo negativo acontece, esperando que a situação melhore, quando não há bons motivos para acreditar nisso. 

Em outras palavras, as pessoas são relutantes em aceitar perdas. É muito mais provável que a gente continue a desperdiçar tempo ou dinheiro em um projeto que não está dando certo, na esperança de que prospere, do que reconhecer a derrota e desistir. O que impulsiona isso é o otimismo - de que, contra todas as probabilidades, a situação vai melhorar - e a aversão ao fracasso. 

Até os animais podem ser influenciados pelos custos irrecuperáveis. Um estudo recente da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, revelou que ratos e camundongos se comportam da mesma forma que os seres humanos. 

 Em ambos os casos, o estudo mostrou que quanto mais tempo eles investem à espera de uma recompensa (para os roedores, ração aromatizada, para os humanos, vídeos engraçados), menor a probabilidade de desistirem da busca antes do fim da espera.

Segundo alguns pesquisadores, esse padrão pode sugerir uma razão evolutiva para essa tendência economicamente irracional. 


'Trunfo nas mãos' 

No trabalho, as consequências de se agarrar desesperadamente a custos irrecuperáveis podem ser catastróficas. Para empresas pequenas, pode significar, por exemplo, adiar a demissão de um funcionário que você passou meses treinando, embora estivesse claro desde o início que ele nunca atenderia às expectativas. 

 Mas esse mesmo espírito leva companhias a fazerem investimentos de grande porte totalmente ilógicos. Pensar apenas em termos de possíveis ganhos futuros significa deixar de levar em conta os recursos irrecuperáveis já gastos. É fácil de entender por quê. 

Após investir US$10 milhões em um projeto, que não decolou, a decisão de aportar mais US$5 milhões é mais justificada se você considerar o retorno apenas sobre os US$5 milhões - em vez dos US$15 milhões (valor total). Mas a verdade é que você também não quer parecer idiota abandonando o projeto. 

No livro Rápido e Devagar - Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel, sugere que o pensamento do "custo irrecuperável" explica com frequência por que as empresas recorrem a uma nova gestão ou contratam consultores na fase de declínio de um projeto. 

Segundo ele, não é necessariamente porque eles são mais competentes do que os gerentes originais - mas porque os recém-chegados não carregam nenhuma bagagem política (e a relutância associada a aceitar derrotas e seguir em frente). 

Como um apostador que tenta "recuperar suas perdas" em uma mesa de pôquer, as pessoas presas na armadilha do custo irrecuperável vão fingir que têm um trunfo nas mãos. 

O britânico Nick Leeson, que levou à quebra do Barings Bank em 1995, seguiu um raciocínio semelhante ao tentar recuperar sua posição após uma série de operações financeiras desastrosas. 

Gasto público 

Tomar decisões tolas continuamente, impulsionadas por análises de custos irrecuperáveis, pode acabar levando empresas a perder capital ou participação de mercado e, consequentemente, a fechar as portas. 

Por outro lado, há menos mecanismos de controle em torno das tomadas de decisão políticas. Certamente não ajuda o fato de que, no mundo todo, o ato de voltar atrás em resoluções seja visto como sinal de fraqueza - incentivando ainda mais os políticos a insistirem em projetos onerosos. 

Muitos exemplos confirmam essa tendência em nível global. Obras públicas de infraestrutura são conhecidas por ultrapassar orçamentos, como é o caso do projeto "High Speed Rail 2", proposto pelo Reino Unido. 

O Japão também tem o hábito de gastar demais com infraestrutura. Isso é parte do motivo pelo qual o país apresenta a maior dívida pública do mundo. Muitos projetos oferecem muito pouco incentivo fiscal, sem contar as inúmeras "pontes para lugar nenhum" - literalmente e metaforicamente falando. 

Nos EUA, a política de "guerra às drogas" aumentou exponencialmente a população carcerária. Mas, apesar da riqueza de evidências de que a política não conseguiu controlar o consumo de drogas (e causou uma série de efeitos colaterais terríveis), os legisladores têm dificuldade de se desvencilhar dela. 

A armadilha dos custos irrecuperáveis leva a escolhas erradas da ordem de bilhões e trilhões, mas também impacta as finanças pessoais - há quem desperdice dinheiro usando as economias desnecessariamente, por exemplo, em obras para consertar um imóvel que não vai valorizar. 

Lutando contra a falácia 

A falácia do custo irrecuperável tem, portanto, um enorme significado do ponto de vista micro e macroeconômico - para decisões pessoais e políticas em todo o mundo. 

No entanto, uma maior conscientização desse processo de pensamento ilógico pode nos ajudar a não cair nessas armadilhas - e a pressionar para que líderes empresariais e políticos prestem contas de suas ações. 

Mas como podemos evitar essa cilada? 

"Todos nós somos suscetíveis a essa tendência", diz Jim Everett, psicólogo social e pesquisador da Universidade de Leiden, na Holanda. "Mas, muitas vezes, conseguimos atenuá-la parcialmente dando um passo atrás e pensando nas alternativas." 

Ao ponderar se deve dar continuidade a uma ação em andamento, sempre se pergunte: "O que eu ganho ou perco se mantiver essa decisão, e o que eu ganho ou perco se mudar de ideia?" 

Em caso de dúvida, Everett recomenda refletir sobre todo o processo decisório que levou você até onde está, e a considerar o contrafactual - em outras palavras, o que é mera especulação hipotética e o que é realmente fato, para cair na real. 

"Se eu pudesse fazer a mesma escolha novamente, tomaria a mesma decisão? Se não - por que não?" 

Ou seja, é um conceito simples, com ramificações globais. E, finalmente, voltamos à primeira lição do jogo de pôquer. Todo jogador que se preze sabe a hora de parar.

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Cesta

27 fevereiro 2019

Empresa de Auditoria deve ter registro na CVM


  • A Lei 7940/89 instituiu a taxa de fiscalização para empresas com registro na CVM
  • Havia um questionamento se empresas que fazem auditoria em companhias de capital fechado deveriam ter registro na CVM
  • Uma decisão do STJ confirmou a taxa e o registro

Uma notícia importante para os auditores. Uma decisão do STJ confirmou que as empresas de auditoria são obrigadas a efetuar o registro e efetuar o pagamento de taxa de fiscalização para CVM. Mesmo que a auditoria tenha sido feita em empresas de capital fechado. Eis a notícia completa:

Em análise de recurso especial, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou que empresas de auditoria independente são obrigadas a registro e pagamento de taxa de fiscalização perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ainda que os serviços apenas sejam prestados a companhias fechadas.

O voto do relator, Ministro Gurgel de Faria, ressaltou que o registro na CVM é condição para a auditagem de companhias abertas. Porém, se a empresa de auditoria independente não realiza serviços para companhias naquela condição, o faz por opção e isso não a desobriga ao pagamento da taxa de fiscalização instituída pela Lei 7.940/89.

Ao analisar o caso, o relator relembrou que o Supremo Tribunal Federal já decidiu ser constitucional a Taxa de Fiscalização dos Mercados de Títulos e Valores Mobiliários, instituída pela Lei nº 7.940/89.

Por unanimidade, os Ministros da Primeira Turma do STJ decidiram pelo provimento ao recurso especial.

Lei 7.940/89

Nos termos do art. 3º, caput, da Lei 7.940/89, são contribuintes da Taxa as pessoas naturais e jurídicas que integram o sistema de distribuição de valores mobiliários, as companhias abertas, os fundos e sociedades de investimentos, os administradores de carteira e depósitos de valores mobiliários, os auditores independentes, os consultores e analistas de valores mobiliários e as sociedades beneficiárias de recursos oriundos de incentivos fiscais obrigadas a registro na Comissão de Valores Mobiliários - CVM.

Provisão para Caixa


  • Surgiu uma notícia que a Caixa estaria preparando uma provisão de 7 bilhões para o balanço do quarto trimeste
  • Amortizações no início de uma gestão é algo comum 
  • É sempre bom lembrar que a prudência voltou a fazer parte da estrutura conceitual. 

Segundo notícia da Forbes, a Caixa Econômica Federal estaria preparando uma provisão de 7 bilhões para “perdas esperadas com calotes no financiamento imobiliário e com a desvalorização de imóveis que foram retomados pelo banco”. Até o terceiro trimestre, o lucro da entidade seria 11,5 bilhões. A decisão seria a partir de uma ordem do novo presidente da Caixa.

A medida resulta da ordem de Guimarães [novo presidente da Caixa] para adoção de uma abordagem contábil mais conservadora em relação a possíveis prejuízos do maior financiador imobiliário do país, que tinha uma carteira no setor de R$ 440 bilhões em setembro. (...)

A decisão sobre a provisão extra está criando insatisfação dentro do banco. Entre altos diretores da Caixa envolvidos na confecção das demonstrações contábeis, a ordem de Guimarães está sendo interpretada como uma desautorização às práticas adotadas até a virada do ano, que tinham aval de auditores independentes, do Banco Central e do Tribunal de Contas da União (TCU).

“Mas é pior do que isso, ele [Guimarães] está mudando a prática contábil sobre uma gestão que não é dele”, disse a fonte. “Se fosse fraude, ele deveria comunicar isso para as autoridades competentes, mas não é o caso”, disse.

Mas a movimentação de Guimarães, que tomou posse no começo de janeiro, também tem incomodado funcionários da Caixa que tomaram conhecimento do assunto, uma vez que a provisão extra significará redução do montante que será distribuído aos empregados na forma de participação dos lucros.

A prática de um novo gestor tornar a contabilidade mais conservadora é algo corriqueiro no mundo dos negócios. Isto permite que no futuro o gestor tenha "mais folga" para lidar com os eventuais problemas. Além disto, é uma maneira de marcar o início da gestão - cinicamente "culpando" a gestão passada pelos problemas.

Assim, o argumento que o novo presidente estaria mudando a prática contábil sobre uma gestão passada não procede.

É sempre bom lembrar que o exercício da prudência é agora novamente um item da estrutura conceitual. Ser mais prudente não pode ser condenado como uma "desautorização das práticas adotadas". (Ops, esqueci que o CPC ainda não traduziu a estrutura do Iasb)

Teoria na Era do Big Data


  • Na era do Big Data, há um questionamento se a teoria ainda é importante
  • A grande presença de dados pode alterar a escolha sobre como fazer uma pesquisa
  • O perigo é a possibilidade de correlação espúria

Uma vez que a pesquisa científica está usando cada vez mais dados, em grandes quantidades, há um questionamento se a teoria ainda é importante. Jackson, em The Role of Theory in an Age of Design and Big Data, discussa a questão sob a ótica dos economistas. Mas sua visão pode ser expandida para a contabilidade. Ele relembra que recentemente Duflo afirma que economistas seriam como plumbers encanadores, onde o trabalho envolve questões para melhorar a vida das pessoas. E acrescenta que as pesquisas teóricas estão em claro declínio: eram 57% dos artigos publicados em 1983 e representava 19% em 2011. Mas na visão dele, a teoria ainda é necessária na era do design e do big data.

Uma típica pesquisa na era do Big Data coleta uma grande quantidade de dados e procura extrair dali algum tipo de relação estatística. Explora as informações, sem um conhecimento prévio do que pode encontrar. Com o resultado encontrado, o pesquisador tenta buscar teorias que poderia sustentar os achados. Um trabalho deste tipo começaria com a metodologia e análise dos dados para depois fazer a revisão da literatura ou revisão da teoria (são coisas distintas). Alguns pesquisadores acham que esta maneira de fazer pesquisa está errada. É uma opinião baseada no fato de que, em alguns casos, os achados não possuem vínculo com uma base teórica. Isto ocorre quando temos a situação de correlação espúria (aqui, aqui, aqui e aqui), onde o tamanho do vestido apresenta correlação com o comportamento do mercado acionário.

Entretanto, é inegável que algumas descobertas da ciência são feitas desta forma. O que parece estranho quando temos o resultado, pode ser um achado importante. O famoso paper de Fama e French usou uma pesquisa deste tipo para chegar ao modelo de três fatores, segundo afirma Justin Fox. Criticando Fama, é bem verdade.

Para o pesquisador, é importante saber que sua escolha por este tipo de pesquisa também leva a algumas escolhas de técnicas. Uma pesquisa que trabalha os dados, “sem uma teoria”, deveria usar o método Stepwise na regressa múltipla; já uma pesquisa com base teórica precedendo a análise dos dados poderia optar pelo método Enter (vide Andy Field no seu livro de estatística).

Imagem, a partir de uma imagem retirada daqui

Viagens acadêmicas


  • Gerhards propõe a redução no número de viagens acadêmicas para ajudar na redução da emissão de CO2
  • Na proposta, redução dos membros de conselhos e comissões, uso de tecnologia, pagamentos compensatórios e evidenciação do número de viagens
  • Na prática, no Brasil, esta redução já esta ocorrendo

O professor de sociologia Jurgen Gerhards defende a posição de que os acadêmicos deveriam reduzir o número de viagens realizadas. Uma vez que as viagens aéreas contribuem com a emissão de CO2 e estudantes e docentes estão entre aqueles que viajam com frequência, Gerhards propõe algumas medidas para reduzir este número de viagens:

(a) redução dos membros dos conselhos consultivos e comissões acadêmicas
(b) usar tecnologia de videoconferência em palestras e reuniões
(c) fazer pagamentos compensatórios dos danos ambientais
(d) evidenciar o número de voos realizados nos últimos anos para que a comparação entre as universidades criasse pressão para reduzir as viagens.

Dois comentários sobre a proposta. Em primeiro lugar, creio que o número de viagens já reduziu, pelo menos no Brasil, em razão do uso de tecnologias e restrição orçamentária. No passado, toda comissão examinadora de mestrado e doutorado tinha pelo menos uma passagem aérea. Nos dias atuais, os participantes preferem ficar na sua cidade. Em um programa médio de pós-graduação isto significa pelo menos 10 passagens por ano. O segundo aspecto é reduzir os incentivos para participação em congressos e eventos acadêmicos. Entretanto, estes eventos são importantes como ponto de encontro e discussão entre os cientistas.

Rir é o melhor remédio