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07 março 2016

Petrobras

A ação da Petrobras saiu de 7,62 para 9,87, entre terça da semana passada e o pregão de hoje. Na quinta começou a 8,10 e terminou o dia a mais de 10 por ação. O que ocorreu? Provavelmente as notícias políticas.

Por que a Teoria Econômica está errada?

Segundo Ole Peters (pesquisador do London Mathematical Laboratory no Reino Unido e professor do Santa Fe Institute dos EUA) e Murray Gell-Mann, Nobel em Física de 1969 e professor emérito do  Santa Fe Institute dos EUA , os fundamentos da teoria econômica estão errados. O principal pressuposto da teoria econômica é que o ser humano age de maneira a maximizar valores esperados da sua riqueza. Porém, modelar as pessoas como criaturas que estão apenas interessados ​​em acumulação de riqueza deixa de fora muita das coisas que faz a vida valer a pena. Então, por que esse é um dos pilares da ciência econômica?

A modelagem matemática da aleatoriedade começou com problemas sobre jogos de azar e  rapidamente foi transferida para o estudo de problemas econômicos  no século 17. Os pesquisadores da área de Física só começaram a considerar seriamente a modelagem da aleatoriedade pouco antes de meados do século 19 com a criação da estatística mecânica. No entanto, quando os físicos entraram na discussão com problemas mais claramente definidos, a compreensão da comunidade científica deu um grande avanço, pois a matemática desenvolvida no século 17 e 18 era apropriado apenas para a classe muito especial de sistemas ergódicos. O que são sistemas ergódicos?

O termo ergódico é usado para descrever um sistema dinâmico que , em termos gerais , tem o mesmo comportamento em média ao longo do tempo. A teoria econômica utiliza valores esperados, pois  eles refletem o comportamento de longo prazo do sistema. Mas, segundo Peters, isso está errado, pois a economia é um processo estocástico não-ergódico. Por exemplo, na área de Finanças, um simples random walk é um sistema não ergódico. Assim, o uso do conceito de valor esperado é inadequado., pois num sistema não ergódico, médias de longo prazo não convergem ao valor esperado.

Imagine os seguintes problemas: devo apostar dinheiro nesse ou naquele jogo de azar ? Quanto devo pagar por um contrato de seguro ? Qual é o preço justo por uma anuidade vitalícia ? Todos esses problemas envolvem aleatoridade. Para modelar essas questões, a  matemática desenvolvida no século 17 por Nicholas Bernoulli considera mundos paralelos que representam todos os possíveis eventos. Então, para avaliar o valor de algum evento aleatório, tira-se uma média de todos esses mundos paralelo. Atualmente, o formalismo da teoria da decisão (ciência econômica) pra resolução de problemas de jogo de azar é  transformar o dinheiro através de uma função de uitlidade e definir o valor do jogo por meio do valor esperado das mudanças do jogo.

A teoria da utilidade assume o seguinte modelo comportamental :  os indivíduos otimizam mudanças nos valores esperados de sua riqueza. Peters e Gell-Mann  argumentam que este modelo é , a priori, um ponto de partida ruim porque  não reflete o que acontece ao longo do tempo. As funções de utilidade visam capturar caracteríticas psicológicas dos indivíduos, mas têm poder limitado de previsão. Indivíduos maximadores de valor esperado são considerados racionais em economia , mas valores esperados só têm importância em sistemas com propriedades ergódicas.  Em vez de adotar novas técnicas do século 19 e 20 (no caso, a estatística mecânica), a ciência econômica está presa a métodos do século 17.

Parallel worlds branching into the future
Os físicos deram uma nova abordagem na modelagem da aleatoriedade. Em vez de olhar para vários mundos paralelos, para avaliar algum evento incerto, pergunte a si mesmo como ele irá afetá-lo em apenas um mundo (ou seja, aquele em que você vive) ao longo do tempo. A primeira abordagem, do século 17, é  utilizada pela teoria econômica tradicional. Enquanto a segunda, criada pelos físicos (denominada paradigma do tempo por Peters), ainda não foi apreciada por completo pelos economistas.

Segundo Peters, nos últimos 350 anos a teoria econômica considerou a aleatoriedade de uma única maneira: levando em conta mundos paralelos. Valores esperados  são médias ao longo de universos paralelos imaginários. Universos paralelos  são um truque matemático - produtos da imaginação - que podem simplificar os cálculos , mas não são reais, pois não pode se comunicar com universos paralelos . Portanto, os resultados de qualquer teoria não pode depender do que acontece em um universo paralelo . A teoria econômica viola este princípio.

No entanto, quando essa perspectiva é alterada para a abordagem de um único mundo,  muitos dos principais problemas em aberto na teoria econômica tem uma solução elegante. Por exemplo, a teoria do equilíbrio geral competitivo não consegue explicar a razão da existência de um grande mercado de seguradoras, mas a nova abordagem proposta por Peters e Gell-Mann apresenta uma excelente solução para essa questão. Outra aplicação é a solução do Paradoxo de São Petersburg , um jogo que consiste no lançamento de uma moeda até aparecer uma cara, em que o número total de caras , n, determina o prêmio a ser pago de um jogador para outro, que equivale a  $ 2^n$ .  O valor esperado do prêmio diverge (cresce exponencialmente), ou seja,  não existe. Enquanto, num único mundo sua riqueza cai exponencialmente. Segundo Peters esse jogo, sugerido por Bernoulli , pode ser visto como a primeira "rebelião" contra o domínio do valor esperado - a média dos mundos paralelos - que foi criada na segunda metade do século 17 .

Assim, Peters e Gell-Mann propoem um modelo dinâmico da riqueza que elimina, em muitos casos, a necessidade  da teoria da utilidade : como um indivíduo otimiza (maximiza) sua riqueza ao longo do tempo, levando em conta mudanças médias temporais. Em outras palavras, eles assumem um movimento browniano (i.e. um processo estocástico multiplicativo ao longo do tempo). Assumem isso, pois há  diferenças nas mudanças nos valores esperados de uma variável num processo estocástico e a média temporal da mudança dessa variável. Ou seja, valor esperado é apenas equivalente a tirar uma média ao longo do tempo, se o processo for ergódico. No entanto, processos de crescimento estocásticos não são ergódicos. Assim, o valor esperado não reflete o que acontece ao longo do tempo. Por exemplo, na imagem abaixo, os autores simulam um movimento browniano. A linha vermelha com inclinação para cima é o valor esperado como uma função do tempo, enquanto a linha vermelha inclinada para baixo é a inclinação da média do tempo. As linhas em azul indicam os quantis em função do tempo. É evidente que o valor esperado não reflete o que acontece ao longo do tempo.


O trabalhos de Ole Peters e seus colaboradores têm grandes implicações para a teoria econômica , ciência atuarial e contabilidade, pois a teoria da utilidade e valor esperado são conceitos básicos em todas essas disciplinas. É importante ressaltar que o autor tem grande dificuldade em publicar seu trabalho em periódicos de Economia. A abordagem de Ole Peters e seus colaboradores resolve importantes problemas da teoria de decisão, teoria dos jogos e apreçamento de ativos, utilizando a estatística mecânica. Além disso, mostra as falhas da teoria econômica moderna.







Fontes utilizadas: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui ,aqui, aqui e aqui

Links

BDO, EY, KPMG e PwC entre as 60 melhores empresas para a mulher trabalhar

Roubo de containers de sorvete Haagen Daz

Carro autônomo do Google bate pela primeira vez

A cota da TV para os clubes de futebol nos campeonatos estaduais

Hamburgo proíbe café em cápsulas em prédios públicos

15 músicas para cantar em grupo no karaokê  (com indicação do grau de dificuldade e se pode cantar bêbado)

Fama ao longo do tempo

No começo da renascença as pessoas mais famosas eram políticos (26%), escritores (14%), pintores, compositores, entre outros.

Nos últimos cinquenta anos, 32% dos famosos eram jogadores de futebol. Atores, cantores, músicos, tenistas, corredores e outros atletas são mais famosos. Sinal dos tempos.

Plágio

Já sabíamos de plágio na música, na propaganda ou na ciência. Mas a notícia agora é o plágio nas palavras cruzadas.
 Na figura do lado esquerdo uma cruzadas publicada em 2001 no New York Times. Do outro lado, cruzadas publicada no USA Today em 2010. E parece que este não é o único caso relatado.

Listas: Países com mais bilionários

1. China (568, em 2016 e 478, em 2015)
2. Estados Unidos (535 e 537)
3. Índia (111 e 97)
4. Alemanha (82 e 72)
4. Grã-Bretanha (82 e 80)
6. Rússia (80 e 93)
7. Suíça (66 e 60)
8. França (51 e 46)
9. Brasil (49 e 56)
10. Japão (42 e 45)

Fonte: Aqui

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

06 março 2016

História da Contabilidade: Balanço do Banco de Pernambuco de 1855

O Banco de Pernambuco divulgou suas demonstrações contábeis em 23 de fevereiro de 1856, cerca de cinquenta depois do encerramento do exercício. A figura a seguir (1) apresenta o balanço patrimonial:

Observe que a coluna da esquerda é denominada de “débitos” e da direita “créditos”, correspondendo ao Ativo e “Passivo e Patrimônio Líquido”, nesta ordem. A última conta do ativo é o caixa, obedecendo a ordem inglesa do balanço, da menor liquidez para a maior. Do lado direito começa com capital e reservas e termina com ganhos e perdas. Como esta conta, de ganhos e perdas, está do lado dos créditos, isto indica que o Banco teve lucro no período. Eis a demonstração do resultado, ou melhor, a Demonstração da Conta de Ganhos e Perdas:


O lucro foi muito pequeno (2) em relação ao capital investido. Ao descrever suas operações, o banco informa que irá pagar um adicional para o guarda-livros e ao cobrador. O primeiro por “deficiência do ordenado” e o segundo pelas “quebras dos recebimentos”.

Ao lado das demonstrações apresentadas, a divulgação também consta do texto da comissão de exame de contas e no dia 23 de janeiro de 1856 assinou seu parecer favorável. Para finalizar, o banco divulgou a relação dos acionistas; diversos em Pernambuco, Rio, Maranhão, mas com investidores também em Hamburgo (3) e Inglaterra.

(1) Diário do Maranhao, 23 fev de 1856, ed 129 ano I p 3. É interessante notar que apesar de estar em Pernambuco, as demonstrações foram publicadas num jornal do Maranhão.
(2) Observe que o saldo está no lado dos débitos e o valor é transferido para o balanço, numa linha do lado dos créditos.
(3) Um dos membros da comissão de exame de contas tem o nome de J. H. H. Holm, um nome tipicamente alemão. Também é bom lembrar que neste período a Alemanha ainda não era unificada.

Links

Espanha precisa de grandes empresas (o Brasil também) (em espanhol)

Como usar bitcoin (vídeo em português)

Cibersegurança é parte fundamental da auditoria

Frases favoritas de Hollywood (inclui We´ll always have Paris) 

1600 pandas em papel machê em Bangkok (foto)

Melhores empresas para se trabalhar

Na lista da Fortune das melhores empresas para se trabalhar a presença da KPMG, EY (49a.), PwC (53a.) e Deloitte (90a.). O endereço é interessante por trazer diversas informações sobre estas empresas, incluíndo salário, percentagem de mulheres e as vantagens.

Percepção sobre a profissão

Um estudo publicado na Revista de Contabilidade da UFBA, denominado A percepção da profissão contábil sob a ótica de três públicos, tem uma conclusão interessante

Partindo dos insights de Nascimento et al. (2012), o presente estudo buscou conhecer a percepção de graduandos em Contabilidade, Contadores e da sociedade, acerca dos atributos da profissão de Contabilidade. Para tal, através de um questionário com 24 (vinte e quatro) atributos desenvolvido por Hardin, O’bryan e Quirin (2000), foi conduzido um estudo de campo na região do Vale do São Francisco. Como ferramenta à análise dos dados foi utilizada a análise de variância de um fator (One-Way ANOVA) e, posteriormente, testes Post Hoc a um nível de significância de 0,05, dado o interesse de identificar em quais atributos os três públicos pesquisados ostentam visões distintas. Foram notados indícios que possibilitam concluir que as maiores distorções de percepção encontram-se nos atributos ‘Satisfação no trabalho’, ‘Estabilidade no emprego’ e ‘Nível ético’, sendo que os graduandos apresentaram as menores médias nos três atributos. Assim, conclui-se que a percepção deste público não é satisfatória para uma profissão tão promissora, sendo de bom alvitre os órgãos como CRC e CFC, como também as universidades, divulgarem melhor a importância da profissão Contábil.

A percepção ruim dos alunos é também decorrente da imagem transmitida pelos docentes. A reflexão deve ser também dos professores, para tentar entender se não seria o caso de ter um entusiasmo maior na sala de aula.

Rir é o melhor remédio


Listas: As melhores empresas aéreas

As melhores empresas aéreas:

Qatar Airways – Catar
KLM-Royal Dutch Airlines – Holanda
Air Baltic Corporation – Letônia
Air France – França
Lufthansa German Airlines – Alemanha
Air Canada – Canadá
Emirates – Emirados Árabes Unidos
Croatia Airlines – Croacia: 7.9
British Airways – Grã-Bretanha
Finnair – Finlândia

Fonte: Aqui







05 março 2016

Fato da semana

Fato: Corrupção

Data: 3 de março de 2016

Fonte: Isto É, Estado de S Paulo, The Accounting Review

Precedentes

Março - O periódico científico The Accounting Review divulga um estudo sobre corrupção. O resumo do estudo é: o crime não compensa.
03/mar/16 - O Estado de S Paulo divulga um estudo da PwC sobre a redução nas fraudes nas empresas brasileiras.
03/mar/16 - A revista Isto É divulga trechos da delação premiada do senador Delcídio. O senador revela podres do poder, incluindo o esquema que desviou bilhões da empresa Petrobras.
04/mar/16 - A Polícia Federal traz o ex-presidente da república para um depoimento. Partidários e opositores se enfrentam (inclusive fisicamente). A bolsa de valores sobe e o dólar cai.

Notícia boa para contabilidade?
A redução das fraudes e a pesquisa que indica que a corrupção não vale a pena são boas notícias. A investigação da relação entre empresas e governo com desvio de dinheiro público é importante para o contribuinte. Independente do partido do leitor.

Desdobramentos

Não somos inocentes em acreditar que a corrupção e fraude irão acabar. Mas podemos ter nos próximos anos pesquisas acadêmicas sobre este tema. Inclusive na área contábil.

Queda na fraude

As fraudes nas empresas brasileiras despencaram nos últimos 24 meses. A fatia de companhias que se declararam vítimas de crimes econômicos caiu para menos da metade: era de 27% em 2014 e recuou para 12% em 2016, aponta a 8ª edição da pesquisa bianual sobre crimes econômicos da consultoria PwC.

(...) Segundo a pesquisa, a parcela de empresas afetadas por crimes econômicos no Brasil é uma das mais baixas entre os 115 países pesquisados e representa apenas um terço da média global obtida em 2016 (36%). Também está muito abaixo da média dos Brics, grupo de países formado por África do Sul, Brasil, China, Índia e Rússia (39%). A ocorrência de fraudes nas empresas brasileiras seguiu a tendência global de queda, porém de forma abrupta. A média das empresas que se declararam vítimas de crimes econômicos no mundo caiu, de 2014 para 2016, apenas um ponto porcentual. Na América Latina, a redução foi de sete pontos porcentuais e, no País, de 15.

(...) O estudo aponta três motivos para o recuo. O primeiro é o maior investimento das companhias em controles de prevenção de fraudes, especialmente depois da entrada em vigor da Lei Anticorrupção, em janeiro de 2014. (...) A segunda razão seria a insuficiência de controles para detectá-los. “É possível que a detecção tenha piorado, pois o crime se sofisticou”, diz Whitehead.(...) Por último, a onda de escândalos econômicos que afeta o País pode ter inibido temporariamente a ação dos fraudadores. (...)

“No Brasil, há um grande problema de valor”, afirma o sócio da PwC, Leonardo Lopes. Ele explica que as cifras são maiores aqui comparadas à média global, pois estão relacionadas com o perfil do fraudador. No Brasil, 87% dos fraudadores ocupam cargos de alta e média gerência, ante 51% da média global. (...)

Fonte: Estado de S Paulo

Ser corruptor vale a pena?

Um dos lados de um esquema de corrupção é saber se o corruptor realmente obtém benefício com o ato. Tudo leva a crer que a resposta seria positiva: afinal, o corruptor paga para obter uma vantagem sobre seus concorrentes. Se numa disputa por uma obra pública ou para ser o fornecedor preferencial de uma empresa, o corruptor efetua pagamentos para quem toma a decisão, os benefícios que consegue obter posteriormente devem compensar seu ato. Talvez seja por isto que muitos corruptores arriscam sua reputação e uma punição futura: o benefício compensa o custo.

Uma pesquisa publicada no último número da Accounting Review (vide aqui também) parece sugerir que a corrupção não traz tantos benefícios assim. O artigo ”An Analysis of Firms' Self-Reported Anticorruption Efforts”, de Paul M. Healy e George Serafeim utilizou dados da Transparência Internacional e comparou o desempenho das empresas que se esforçam para combater a corrupção e aquelas que não o fazem. Os autores descobriram que as empresas mais propensas a atos ilícitos de corrupção geralmente conseguem obter maiores vendas nos mercados altamente corruptos. Aparentemente isto seria um claro benefício da corrupção, como já era de esperar. Entretanto, quando Healy e Serafeim analisaram o desempenho global encontraram nenhuma diferença na rentabilidade.

Aparentemente o ganho advindo com a corrupção com os preços maiores e o ganho de escala não cobre os custos da corrupção.

É importante salientar, obviamente, que isto não significa que o “o crime não compensa”. Como toda pesquisa científica é necessário ter cuidado para não extrapolar as conclusões. Somente com mais evidências podemos realmente concluir que uma empresa corruptora não tem muito a ganhar com esta atitude.