No Japão, onde a leitura da mão continua sendo um dos mais populares meios de adivinhação, algumas pessoas descobriram uma maneira de mudar o seu destino. É uma ideia simples: mudar a palma da mão, mudando a leitura e mudando o futuro. Tudo que você precisa é de um cirurgião plástico competente com um bisturi elétrico que tem um conhecimento básico de quiromancia.
Fonte: Aqui
15 julho 2013
História da Contabilidade - Guarda-livros, Escriturário, Amanuense e Conferente
Na segunda metade do século XIX o número de profissionais que trabalhavam na contabilidade de uma empresa brasileira cresceu substancialmente (1). Quando o número de funcionários cresce é natural que comece a surgir graduações entre aqueles com maior poder e os subalternos. Isto também ocorreu com a contabilidade.
Sabemos que o profissional era conhecido como “guarda-livros”, que era o corresponde ao bookkeeper (2) da língua inglesa. Mas afirmar que o guarda-livros era o profissional contábil do passado é uma simplificação, já que um departamento de contabilidade de uma grande empresa possuía vários tipos de profissionais (3).
Um deles era o escriturário. Algumas empresas nos dias de hoje ainda possuem este cargo na sua estrutura e geralmente corresponde a função de nível subalterno, relacionada com a burocracia. No passado, o escriturário era aquele que fazia a “escrita” da empresa e esta é a origem da palavra. Os mais antigos associam o termo “fazer escrita de uma empresa” como sendo igual a “fazer a contabilidade de uma empresa”. Isto significa dizer que o escriturário correspondia a uma função onde se fazia os lançamentos contábeis.
Outro profissional era o amanuense (4), responsável pela copia de textos à mão. É bom lembrar que na época não existia nem computador nem máquina de datilografar. Então, para a função do amanuense era necessária ter boa caligrafia.
Finalmente tem-se o conferente, uma profissão que ainda existe nos dias de hoje. O número deste profissional era bem menor que o amanuense (5).
Considere a empresa citada anteriormente Central do Brasil, uma empresa férrea. Em 1902 a divisão de contabilidade tinha (6) como chefe o bacharel em engenharia João Baptista Maia de Lacerda. Junto à ele trabalhavam dois oficiais, um amanuense e um contínuo. Esta divisão estava subdividida em seções. A primeira seção tinha um contador (7), seu ajudante, oito primeiros escriturários, dez segundos escriturários, doze terceiros escriturários, um arquivista, 24 amanuenses, 25 praticantes, um impressor, um ajudante, um autografista e um contínuo. A segunda seção era comandada por um guarda-livros, com um ajudante, 2 primeiros escriturários, dois segundos escriturários, um terceiro escriturário, um amanuense e um contínuo. A contagem revela um total de cem empregados, mas existiam escriturários em outras divisões.
Uma repartição menor, a Repartição Geral dos Telegraphos, vinculada ao Ministerio da Instrucção Publica, Correios e Telegraphos (8) possuía na seção de contabilidade um chefe, um ajudante, um tesoureiro, um fiel (9) e dez escriturários (10). A contadoria do Correio Federal, na mesma época, possuía 32 funcionários, sendo oito amanuenses, nove praticantes e dez oficiais (11).
(1) Em postagem anterior mostramos isto.
(2) Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Guarda-livros
(3) No Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição 48, p. 396, mostra uma organização onde a seção de contabilidade era dividida em Chefe, Escriturário, Amanuenses e Conferente.
(4) http://pt.wikipedia.org/wiki/Amanuense
(5) Conforme a organização existente no Almanak, citada em (3), existia uma proporção de 1 para 4 entre o escriturário e o amanuense e a mesma relação entre o conferente e o amanuense.
(6) Conforme Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição de 1902, p. 1220 e seguintes.
(7) É sempre bom destacar que “contador” não corresponde ao que hoje conhecemos como profissional formado em contabilidade. Era um cargo público, geralmente voltado para área de arrecadação.
(8) Grafia da época.
(9) Trata-se de um cargo que ainda existe nos dias de hoje, como por exemplo na gestão de armazéns. Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_do_armaz%C3%A9m
(10) Também Almanak (...) , 1902, p. 669. Os três exemplos citados são de entidades vinculadas ao governo. Isto pode sugerir um número mais elevado de funcionários do que o necessário, em razão do tradicional apadrinhamento na área pública.
Sabemos que o profissional era conhecido como “guarda-livros”, que era o corresponde ao bookkeeper (2) da língua inglesa. Mas afirmar que o guarda-livros era o profissional contábil do passado é uma simplificação, já que um departamento de contabilidade de uma grande empresa possuía vários tipos de profissionais (3).
Um deles era o escriturário. Algumas empresas nos dias de hoje ainda possuem este cargo na sua estrutura e geralmente corresponde a função de nível subalterno, relacionada com a burocracia. No passado, o escriturário era aquele que fazia a “escrita” da empresa e esta é a origem da palavra. Os mais antigos associam o termo “fazer escrita de uma empresa” como sendo igual a “fazer a contabilidade de uma empresa”. Isto significa dizer que o escriturário correspondia a uma função onde se fazia os lançamentos contábeis.
Outro profissional era o amanuense (4), responsável pela copia de textos à mão. É bom lembrar que na época não existia nem computador nem máquina de datilografar. Então, para a função do amanuense era necessária ter boa caligrafia.
Finalmente tem-se o conferente, uma profissão que ainda existe nos dias de hoje. O número deste profissional era bem menor que o amanuense (5).
Considere a empresa citada anteriormente Central do Brasil, uma empresa férrea. Em 1902 a divisão de contabilidade tinha (6) como chefe o bacharel em engenharia João Baptista Maia de Lacerda. Junto à ele trabalhavam dois oficiais, um amanuense e um contínuo. Esta divisão estava subdividida em seções. A primeira seção tinha um contador (7), seu ajudante, oito primeiros escriturários, dez segundos escriturários, doze terceiros escriturários, um arquivista, 24 amanuenses, 25 praticantes, um impressor, um ajudante, um autografista e um contínuo. A segunda seção era comandada por um guarda-livros, com um ajudante, 2 primeiros escriturários, dois segundos escriturários, um terceiro escriturário, um amanuense e um contínuo. A contagem revela um total de cem empregados, mas existiam escriturários em outras divisões.
Uma repartição menor, a Repartição Geral dos Telegraphos, vinculada ao Ministerio da Instrucção Publica, Correios e Telegraphos (8) possuía na seção de contabilidade um chefe, um ajudante, um tesoureiro, um fiel (9) e dez escriturários (10). A contadoria do Correio Federal, na mesma época, possuía 32 funcionários, sendo oito amanuenses, nove praticantes e dez oficiais (11).
(1) Em postagem anterior mostramos isto.
(2) Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Guarda-livros
(3) No Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição 48, p. 396, mostra uma organização onde a seção de contabilidade era dividida em Chefe, Escriturário, Amanuenses e Conferente.
(4) http://pt.wikipedia.org/wiki/Amanuense
(5) Conforme a organização existente no Almanak, citada em (3), existia uma proporção de 1 para 4 entre o escriturário e o amanuense e a mesma relação entre o conferente e o amanuense.
(6) Conforme Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição de 1902, p. 1220 e seguintes.
(7) É sempre bom destacar que “contador” não corresponde ao que hoje conhecemos como profissional formado em contabilidade. Era um cargo público, geralmente voltado para área de arrecadação.
(8) Grafia da época.
(9) Trata-se de um cargo que ainda existe nos dias de hoje, como por exemplo na gestão de armazéns. Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_do_armaz%C3%A9m
(10) Também Almanak (...) , 1902, p. 669. Os três exemplos citados são de entidades vinculadas ao governo. Isto pode sugerir um número mais elevado de funcionários do que o necessário, em razão do tradicional apadrinhamento na área pública.
História da Contabilidade – Relatório do Banco da Republica do Brazil
Em 29 de abril de 1900, o jornal O Paiz publica o relatório do Banco da Republica do Brazil, referente ao ano de 1899 (1). O relatório inicia-se com o Parecer do Conselho Fiscal. Este conselho recomenda, no seu segundo parágrafo, a aprovação das contas do “anno bancario findo”. Este relato do conselho fiscal inclui uma breve análise do desempenho da instituição financeira, relacionando com a situação econômica do país.
A seguir tem-se o Relatório do Presidente da instituição financeira, dirigido aos acionistas. Após breves comentários sobre a situação da instituição, o texto explica, de forma detalhada, a distribuição do resultado. É também comentado sobre o “movimento da caixa”, das letras, do auxilio às indústrias, dos empréstimos efetuados, entre outros itens. É um relatório bastante longo, que corresponderia as notas explicativas e ao próprio relatório da administração atual.
Logo após tem-se o balanço em 30 de junho de 1899 e 31 de dezembro de 1899, seguido da Demonstração de Lucros e Perdas do ano bancário findo em 31 de dezembro. Esta demonstração segue o padrão da época, muito próximo a um razonete.
Finalmente, a exposição do Ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho (2), sobre um acordo ocorrido em 1899 entre a instituição financeira e o Tesouro.
(1) O Paiz, 29 de abril de 1900, p. 4-5. Naquela época era o jornal de maior circulação. Os textos entre aspas estão com grafia da época.
(2) Murtinho foi um dos melhores ministros que o Brasil já teve. Organizou as finanças públicas, que tinha sido objeto da gestão Rui Barbosa. Veja em http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Murtinho
A seguir tem-se o Relatório do Presidente da instituição financeira, dirigido aos acionistas. Após breves comentários sobre a situação da instituição, o texto explica, de forma detalhada, a distribuição do resultado. É também comentado sobre o “movimento da caixa”, das letras, do auxilio às indústrias, dos empréstimos efetuados, entre outros itens. É um relatório bastante longo, que corresponderia as notas explicativas e ao próprio relatório da administração atual.
Logo após tem-se o balanço em 30 de junho de 1899 e 31 de dezembro de 1899, seguido da Demonstração de Lucros e Perdas do ano bancário findo em 31 de dezembro. Esta demonstração segue o padrão da época, muito próximo a um razonete.
Finalmente, a exposição do Ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho (2), sobre um acordo ocorrido em 1899 entre a instituição financeira e o Tesouro.
(1) O Paiz, 29 de abril de 1900, p. 4-5. Naquela época era o jornal de maior circulação. Os textos entre aspas estão com grafia da época.
(2) Murtinho foi um dos melhores ministros que o Brasil já teve. Organizou as finanças públicas, que tinha sido objeto da gestão Rui Barbosa. Veja em http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Murtinho
Hannah Brencher: Cartas de amor para estranhos
A mãe de Hannah Brencher sempre escreveu cartas para ela. E então quando ela se encontrou numa depressão profunda depois da universidade, ela fez o que pareceu natural -- escreveu cartas de amor e as deixou para que fossem encontradas por estranhos. Este ato se tornou uma iniciativa global, "O Mundo Precisa De Mais Cartas De Amor", que leva cartas escritas à mão para aqueles que estão precisando de um impulso.
Como aconteceu o desastre Eike
Eike Batista está abalado e alterna momentos de euforia e depressão. Sai pouco de sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro, evitando aparecer em restaurantes e correr na lagoa Rodrigo de Freitas.
Ele não deixou, porém, de dar expediente no grupo EBX, e tem participado das negociações para vender seu império numa das maiores liquidações de ativos do país.
O estado de espírito de Eike é um reflexo da profunda crise de confiança que derrubou as ações de suas empresas e o atolou em dívidas. As empresas X devem R$ 23 bilhões. Na holding, precisa pagar outros R$ 5 bilhões.
A razão para a derrocada é simples: com base em alguns bons projetos, Eike prometeu resultados exorbitantes, mas não entregou. A OGX seria a "mini-Petrobras", a MMX, a "mini-Vale", o porto do Açu, a "Roterdã dos trópicos", a OSX, a "Embraer dos mares".
Ele previu que a MMX atingiria 33,7 milhões de toneladas em 2013. Produziu no ano passado apenas 7 milhões.
A OGX prometeu produzir entre 40 mil e 50 mil barris por dia neste ano. Em maio, estava com 10 mil.
Para entender o que ocorreu com o grupo, é preciso entender quem é Eike Batista.
A Folha conversou com 13 pessoas próximas a ele: executivos, ex-executivos e interlocutores no governo. A maior parte falou sob condição de não ter o nome citado.
Eike e o grupo EBX não deram entrevista. Alguns o classificam como megalomaníaco --o que ele admite na autobiografia "O X da questão": "Um pouco de megalomania e ousadia é recomendável".
VENDEDOR DE SEGUROS
Mineiro de Governador Valadares, Eike mudou-se criança para a Europa, acompanhando o pai, Eliezer Batista. Iniciou a faculdade de engenharia na Alemanha, mas não terminou. Vendia seguros para se manter.
Voltou ao Brasil no início dos anos 80 para buscar ouro na Amazônia. Na época, Eliezer o outorgou num pedaço de papel um "diploma de idiota" por se embrenhar naquelas fronteiras.
A mãe, Jutta Fuhrken, dizia aos filhos que deveriam ser melhores que o pai, tarefa difícil se tratando de Eliezer, que presidiu a Vale e construiu a mina de Carajás.
Eike prosperou, virou dono de mineradora de ouro e chegou ao primeiro bilhão de dólares. Mas só passou a ser conhecido ao se casar com a ex-modelo Luma de Oliveira.
O casamento ganhou os jornais e a TV. Eike chegou a participar de um leilão de um biquíni no Domingão do Faustão usado pela esposa.
Em 2005, depois de se divorciar, ele criou a MMX. Era o início da trajetória de empreendedor serial. Eike levou seis companhias à Bolsa. Criou outras sete. No total, levantou R$ 27 bilhões. O empresário aproveitou o apetite chinês por commodities e investiu em projetos estruturantes para o país.
Ele tirou dinheiro do bolso para colocar nas suas empresas. Foi assim na MMX, quando subscreveu R$ 200 milhões em debêntures para debelar uma crise.
Acreditava nos seus projetos e convencia os outros. Em 2008, vendeu por US$ 5,5 bilhões duas minas para Anglo American. O negócio ilustra o talento de Eike para vender.
Ele chegou até a levar a então presidente da Anglo, Cynthia Carroll, para passear em sua lancha em Angra dos Reis. Encantada com o projeto, ela assinou o cheque.
A Anglo tenta até hoje tirar minério --e dinheiro-- do investimento. Em 2012, foi obrigada a fazer uma baixa contábil de mais de US$ 4 bilhões por causa da mina comprada de Eike. Carrol renunciou.
Mas a maior aposta foi a OGX, que levou 21 blocos em leilão. As áreas eram nas "franjas" do pré-sal, o que gerou críticas na Petrobras. "O leilão deveria ter sido cancelado. Eike é cria do compadrio do governo", diz Ildo Sauer, ex-diretor da estatal.
Também vieram da Petrobras para a OGX vários executivos, como Rodolfo Landim e Paulo Mendonça.
Com a OGX, Eike traçou uma meta: ser o homem mais rico do mundo. Em 2009, passou a ser o mais rico do Brasil. Em 2012, o sétimo do mundo, com US$ 30 bilhões, segundo a revista Forbes.
A OGX, sob comando do geólogo Paulo Mendonça, exagerou no otimismo.
Na maior parte das petroleiras, engenheiros de reservatório, responsáveis por calcular as reservas, estão subordinados à produção e "jogam água fria" no entusiasmo dos geólogos. Na OGX, respondiam a Mendonça.
O primeiro poço do campo de Tubarão Azul chegou a produzir 18 mil barris ao dia. Mas a equipe falhou em prever que o declínio da produção seria rápido. Com base em estimativas irrealistas, a OGX encomendou plataformas e se endividou.
"É como preparar uma festa para 2 mil pessoas e só comparecerem 100", diz um ex-executivo.
As ações da petroleira desabaram depois do anúncio de que vai interromper a produção em vários campos. Na sexta, fecharam a R$ 0,43. Segundo especialistas, a área é rica em petróleo, mas o óleo é pesado e a rocha tem pouca porosidade. Ou seja, a produção é difícil e cara.
CALÇAS CURTAS
O estilo de gestão de Eike também pode ter comprometido o negócio. Ele costumava levar seus funcionários ao limite, pedindo audácia nos projetos. Quando recebia más notícias, dizia: "Vocês têm calças curtas".
Nos últimos quatro anos, o grupo EBX perdeu 25 executivos. Os salários eram acima do mercado, mas, na avaliação deles, a divisão da riqueza criada foi desigual.
Em 2009, por exemplo, Eike reduziu o bônus de seus principais executivos. Em seguida, os convocou a aplicar dinheiro na MMX. A maior parte se negou.
O empresário também é resistente a entregar participações nas empresas. O caso mais ruidoso foi o de Rodolfo Landim. Eike teria prometido 1% da holding ao executivo. Na época, a fatia valia US$ 270 milhões. Landim o processou e perdeu.
Há dois meses, Eike pediu ajuda ao governo.
Sempre cultivou boas relações em Brasília e chegou a pagar R$ 500 mil num terno de Lula num leilão beneficente. Dilma foi à inauguração da plataforma da OGX.
O BNDES aprovou R$ 10 bilhões em empréstimos a seus projetos. A decisão foi socorrê-lo, porque sua falência seria ruim para o país.
A Petrobras foi acionada e ministros foram mobilizados. Mas o governo foi atropelado por protestos, e o risco político tornou-se grande demais. As negociações com a Petrobras, contudo, seguem.
Sem apoio do governo, Eike vem sendo obrigado a vender ativos. No início de junho, foi ao encontro de Graça Foster, presidente da Petrobras, junto com André Esteves, do banco BTG. Dias depois, viajou ao exterior para encontrar Ivan Glasenber, CEO da Glencore, para quem tenta passar parte da MMX.
A avaliação de executivos e banqueiros é que parte dos projetos de Eike é importante para o país e vai sobreviver, mas na mão de outros. Ele pode sair dessa com um bom dinheiro, mas perdeu o toque de Midas.
Fonte: Folha de S Paulo, 14 de julho de 2013
Comenta-se que Eike conseguiu grande parte da sua forte graças ao apoio do pai, quando participava do governo, e ao apoio político, nos últimos anos.
Ele não deixou, porém, de dar expediente no grupo EBX, e tem participado das negociações para vender seu império numa das maiores liquidações de ativos do país.
O estado de espírito de Eike é um reflexo da profunda crise de confiança que derrubou as ações de suas empresas e o atolou em dívidas. As empresas X devem R$ 23 bilhões. Na holding, precisa pagar outros R$ 5 bilhões.
A razão para a derrocada é simples: com base em alguns bons projetos, Eike prometeu resultados exorbitantes, mas não entregou. A OGX seria a "mini-Petrobras", a MMX, a "mini-Vale", o porto do Açu, a "Roterdã dos trópicos", a OSX, a "Embraer dos mares".
Ele previu que a MMX atingiria 33,7 milhões de toneladas em 2013. Produziu no ano passado apenas 7 milhões.
A OGX prometeu produzir entre 40 mil e 50 mil barris por dia neste ano. Em maio, estava com 10 mil.
Para entender o que ocorreu com o grupo, é preciso entender quem é Eike Batista.
A Folha conversou com 13 pessoas próximas a ele: executivos, ex-executivos e interlocutores no governo. A maior parte falou sob condição de não ter o nome citado.
Eike e o grupo EBX não deram entrevista. Alguns o classificam como megalomaníaco --o que ele admite na autobiografia "O X da questão": "Um pouco de megalomania e ousadia é recomendável".
VENDEDOR DE SEGUROS
Mineiro de Governador Valadares, Eike mudou-se criança para a Europa, acompanhando o pai, Eliezer Batista. Iniciou a faculdade de engenharia na Alemanha, mas não terminou. Vendia seguros para se manter.
Voltou ao Brasil no início dos anos 80 para buscar ouro na Amazônia. Na época, Eliezer o outorgou num pedaço de papel um "diploma de idiota" por se embrenhar naquelas fronteiras.
A mãe, Jutta Fuhrken, dizia aos filhos que deveriam ser melhores que o pai, tarefa difícil se tratando de Eliezer, que presidiu a Vale e construiu a mina de Carajás.
Eike prosperou, virou dono de mineradora de ouro e chegou ao primeiro bilhão de dólares. Mas só passou a ser conhecido ao se casar com a ex-modelo Luma de Oliveira.
O casamento ganhou os jornais e a TV. Eike chegou a participar de um leilão de um biquíni no Domingão do Faustão usado pela esposa.
Em 2005, depois de se divorciar, ele criou a MMX. Era o início da trajetória de empreendedor serial. Eike levou seis companhias à Bolsa. Criou outras sete. No total, levantou R$ 27 bilhões. O empresário aproveitou o apetite chinês por commodities e investiu em projetos estruturantes para o país.
Ele tirou dinheiro do bolso para colocar nas suas empresas. Foi assim na MMX, quando subscreveu R$ 200 milhões em debêntures para debelar uma crise.
Acreditava nos seus projetos e convencia os outros. Em 2008, vendeu por US$ 5,5 bilhões duas minas para Anglo American. O negócio ilustra o talento de Eike para vender.
Ele chegou até a levar a então presidente da Anglo, Cynthia Carroll, para passear em sua lancha em Angra dos Reis. Encantada com o projeto, ela assinou o cheque.
A Anglo tenta até hoje tirar minério --e dinheiro-- do investimento. Em 2012, foi obrigada a fazer uma baixa contábil de mais de US$ 4 bilhões por causa da mina comprada de Eike. Carrol renunciou.
Mas a maior aposta foi a OGX, que levou 21 blocos em leilão. As áreas eram nas "franjas" do pré-sal, o que gerou críticas na Petrobras. "O leilão deveria ter sido cancelado. Eike é cria do compadrio do governo", diz Ildo Sauer, ex-diretor da estatal.
Também vieram da Petrobras para a OGX vários executivos, como Rodolfo Landim e Paulo Mendonça.
Com a OGX, Eike traçou uma meta: ser o homem mais rico do mundo. Em 2009, passou a ser o mais rico do Brasil. Em 2012, o sétimo do mundo, com US$ 30 bilhões, segundo a revista Forbes.
A OGX, sob comando do geólogo Paulo Mendonça, exagerou no otimismo.
Na maior parte das petroleiras, engenheiros de reservatório, responsáveis por calcular as reservas, estão subordinados à produção e "jogam água fria" no entusiasmo dos geólogos. Na OGX, respondiam a Mendonça.
O primeiro poço do campo de Tubarão Azul chegou a produzir 18 mil barris ao dia. Mas a equipe falhou em prever que o declínio da produção seria rápido. Com base em estimativas irrealistas, a OGX encomendou plataformas e se endividou.
"É como preparar uma festa para 2 mil pessoas e só comparecerem 100", diz um ex-executivo.
As ações da petroleira desabaram depois do anúncio de que vai interromper a produção em vários campos. Na sexta, fecharam a R$ 0,43. Segundo especialistas, a área é rica em petróleo, mas o óleo é pesado e a rocha tem pouca porosidade. Ou seja, a produção é difícil e cara.
CALÇAS CURTAS
O estilo de gestão de Eike também pode ter comprometido o negócio. Ele costumava levar seus funcionários ao limite, pedindo audácia nos projetos. Quando recebia más notícias, dizia: "Vocês têm calças curtas".
Nos últimos quatro anos, o grupo EBX perdeu 25 executivos. Os salários eram acima do mercado, mas, na avaliação deles, a divisão da riqueza criada foi desigual.
Em 2009, por exemplo, Eike reduziu o bônus de seus principais executivos. Em seguida, os convocou a aplicar dinheiro na MMX. A maior parte se negou.
O empresário também é resistente a entregar participações nas empresas. O caso mais ruidoso foi o de Rodolfo Landim. Eike teria prometido 1% da holding ao executivo. Na época, a fatia valia US$ 270 milhões. Landim o processou e perdeu.
Há dois meses, Eike pediu ajuda ao governo.
Sempre cultivou boas relações em Brasília e chegou a pagar R$ 500 mil num terno de Lula num leilão beneficente. Dilma foi à inauguração da plataforma da OGX.
O BNDES aprovou R$ 10 bilhões em empréstimos a seus projetos. A decisão foi socorrê-lo, porque sua falência seria ruim para o país.
A Petrobras foi acionada e ministros foram mobilizados. Mas o governo foi atropelado por protestos, e o risco político tornou-se grande demais. As negociações com a Petrobras, contudo, seguem.
Sem apoio do governo, Eike vem sendo obrigado a vender ativos. No início de junho, foi ao encontro de Graça Foster, presidente da Petrobras, junto com André Esteves, do banco BTG. Dias depois, viajou ao exterior para encontrar Ivan Glasenber, CEO da Glencore, para quem tenta passar parte da MMX.
A avaliação de executivos e banqueiros é que parte dos projetos de Eike é importante para o país e vai sobreviver, mas na mão de outros. Ele pode sair dessa com um bom dinheiro, mas perdeu o toque de Midas.
Fonte: Folha de S Paulo, 14 de julho de 2013
Comenta-se que Eike conseguiu grande parte da sua forte graças ao apoio do pai, quando participava do governo, e ao apoio político, nos últimos anos.
14 julho 2013
Rir é o melhor remédio
O treinador Sir Alex Ferguson é muito vitoriosa. Durante décadas comandou o Manchester United e recentemente anunciou a aposentadoria. O vídeo a seguir presta uma homenagem ao treinador sob a forma de um joguinho de Mario. Muito criativo.
Entrevista
Nesta semana entrevistamos a bibliotecária Lúcia Helena de Figueiredo, responsável pela biblioteca do Conselho Federal de Contabilidade - CFC. Para quem não conhece, a biblioteca (foto) talvez seja aquela com o acervo mais especializado na área contábil. Situada no quinto andar do prédio do CFC em Brasília (SAS Quadra 05, Lote 03, Bloco J), esta biblioteca possui desde revistas históricas até livros mais modernos e atuais. Eis a entrevista:
Contabilidade Financeira: Quantos exemplares possui a biblioteca do CFC?
Lúcia Figueiredo: O acervo bibliográfico da Biblioteca do CFC conta com 10.304 exemplares.
Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?
Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.
Contabilidade Financeira: E a revista?
Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).
Contabilidade Financeira: Hoje muitas bibliotecas estão fazendo a digitalização do seu acervo. Como isto está ocorrendo na Biblioteca do CFC?
Lúcia Figueiredo: O processo de digitalização de obras ainda é muito complicado devido às questões de direitos autorais. As bibliotecas estão disponibilizando on-line livros cujos os direitos autorais são de domínio público, publicações editados pelas suas mantenedoras e as publicações acadêmicas mediante autorização dos autores. Na linguagem técnica da área, podemos dizer que a Biblioteca do CFC é uma biblioteca híbrida, disponibiliza acesso a informação, em suporte impresso e digital. Atualmente, por meio da nossa base de dados, disponível no site do CFC (http://www.cfc.org.br/sisweb/biblioteca/ ) , os usuários poderão acessar mais de 2000 referências bibliográficas on-line ( livros, artigos, trabalhos técnicos e científicos, dissertações e teses).
Contabilidade Financeira: Existe alguma diferença significativa entre uma biblioteca comum e uma biblioteca especializada, como é este caso?
Lúcia Figueiredo: Entende-se como biblioteca especializada aquela que atenda a uma instituição, seja ela empresa pública ou particular, restrita a um campo de atuação. Ela servirá de suporte e apoio às decisões e planejamentos técnico cientifico da instituição, para isso terá documentos específicos da área na qual atua, documentos como “livros, periódicos, teses, dissertações, CDs, DVDs, etc. Por se tratar de um acervo que não demanda grande volume de livros, a avaliação e atualização de sua coleção poderá ser constante. As bibliotecas especializadas têm características peculiares, principalmente em relação a um acervo mais seletivo e atual, se comparado aos modelos de bibliotecas tradicionais, como bibliotecas públicas e escolares, e mesmo às bibliotecas universitárias, com seus acervos mais diversificados em termos de áreas de conhecimento.
Contabilidade Financeira: A RBC é o periódico de contabilidade mais antigo de contabilidade no Brasil ainda publicado. Quais são os cuidados na preservação deste acervo tão importante para os contabilistas?
Lúcia Figueiredo: Procuramos, dentro do possível, seguir as recomendações para conservação e preservação das coleções. Além disso, estamos em processo de digitalização dos exemplares da revista, visando a preservação, acessibilidade e disseminação da informação.
Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?
Lúcia Figueiredo: Não.
Contabilidade Financeira: Parte das referências brasileiras estão relacionadas com obras publicadas em Portugal. Existe algum intercâmbio da biblioteca do CFC com bibliotecas daquele país?
Lúcia Figueiredo: Não.
Contabilidade Financeira: Quantos exemplares possui a biblioteca do CFC?
Lúcia Figueiredo: O acervo bibliográfico da Biblioteca do CFC conta com 10.304 exemplares.
Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?
Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.
Contabilidade Financeira: E a revista?
Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).
Contabilidade Financeira: Hoje muitas bibliotecas estão fazendo a digitalização do seu acervo. Como isto está ocorrendo na Biblioteca do CFC?
Lúcia Figueiredo: O processo de digitalização de obras ainda é muito complicado devido às questões de direitos autorais. As bibliotecas estão disponibilizando on-line livros cujos os direitos autorais são de domínio público, publicações editados pelas suas mantenedoras e as publicações acadêmicas mediante autorização dos autores. Na linguagem técnica da área, podemos dizer que a Biblioteca do CFC é uma biblioteca híbrida, disponibiliza acesso a informação, em suporte impresso e digital. Atualmente, por meio da nossa base de dados, disponível no site do CFC (http://www.cfc.org.br/sisweb/biblioteca/ ) , os usuários poderão acessar mais de 2000 referências bibliográficas on-line ( livros, artigos, trabalhos técnicos e científicos, dissertações e teses).
Contabilidade Financeira: Existe alguma diferença significativa entre uma biblioteca comum e uma biblioteca especializada, como é este caso?
Lúcia Figueiredo: Entende-se como biblioteca especializada aquela que atenda a uma instituição, seja ela empresa pública ou particular, restrita a um campo de atuação. Ela servirá de suporte e apoio às decisões e planejamentos técnico cientifico da instituição, para isso terá documentos específicos da área na qual atua, documentos como “livros, periódicos, teses, dissertações, CDs, DVDs, etc. Por se tratar de um acervo que não demanda grande volume de livros, a avaliação e atualização de sua coleção poderá ser constante. As bibliotecas especializadas têm características peculiares, principalmente em relação a um acervo mais seletivo e atual, se comparado aos modelos de bibliotecas tradicionais, como bibliotecas públicas e escolares, e mesmo às bibliotecas universitárias, com seus acervos mais diversificados em termos de áreas de conhecimento.
Contabilidade Financeira: A RBC é o periódico de contabilidade mais antigo de contabilidade no Brasil ainda publicado. Quais são os cuidados na preservação deste acervo tão importante para os contabilistas?
Lúcia Figueiredo: Procuramos, dentro do possível, seguir as recomendações para conservação e preservação das coleções. Além disso, estamos em processo de digitalização dos exemplares da revista, visando a preservação, acessibilidade e disseminação da informação.
Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?
Lúcia Figueiredo: Não.
Contabilidade Financeira: Parte das referências brasileiras estão relacionadas com obras publicadas em Portugal. Existe algum intercâmbio da biblioteca do CFC com bibliotecas daquele país?
Lúcia Figueiredo: Não.
Petrobras 2
Além da mudança contábil anunciada esta semana, que aliviará perdas no balanço decorrentes da alta do dólar, a Petrobrás estuda duas saídas para resolver problemas de caixa, desta vez com operações off-balance (fora do balanço).
A estratégia não seria imediata, depende de entraves contábeis e de vencer resistências dentro da área de exploração e produção da companhia. Mas conta, segundo fontes, com a simpatia da presidente da empresa, Graça Foster, e da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard.
Uma das propostas é ampliar a Sete Brasil ou criar uma empresa espelho dela - uma companhia nos mesmos moldes para deter ativos novos com o objetivo de alugá-los à Petrobrás. A proposta foi apelidada jocosamente de "Oito Brasil".
Outra medida seria criar uma empresa para a qual a Petrobrás venderia algumas plataformas que já existem, de sua propriedade, embolsaria o dinheiro e passaria a alugar as mesmas embarcações. As duas propostas seriam off-balance, ou seja, tirariam pesos do balanço da Petrobrás, aliviando os limites de endividamento e dando mais fôlego para investimentos.
Graça Foster já externou a interlocutores seu apoio a soluções off-balance nos moldes da Sete, embora não para este ano. A área de exploração & produção prefere ter ativos próprios.
A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, é defensora de saídas off-balance. "A experiência passada mostra que a Petrobrás consegue soluções criativas, com operações off-balance, para driblar dificuldades", disse, em entrevista ao Broadcast em marco.
Uma fonte graduada envolvida nas negociações estima que a venda de seis FPSOs (plataformas flutuantes) renderia de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões à Petrobrás. Um dos impedimentos para esta solução está nas novas regras contábeis internacionais (IFRS), adotadas no Brasil há três anos.
As normas impedem que uma empresa venda uma plataforma e alugue o mesmo equipamento por período indeterminado, o que seria apenas uma maquiagem financeira. Deveria haver um limite para o aluguel, de forma que a plataforma pudesse ser oferecida a outra empresa. Mas a fonte diz que uma empresa nos moldes da Sete Brasil solucionaria esse impasse
SABRINA VALLE / RIO - O Estado de S.Paulo
A estratégia não seria imediata, depende de entraves contábeis e de vencer resistências dentro da área de exploração e produção da companhia. Mas conta, segundo fontes, com a simpatia da presidente da empresa, Graça Foster, e da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard.
Uma das propostas é ampliar a Sete Brasil ou criar uma empresa espelho dela - uma companhia nos mesmos moldes para deter ativos novos com o objetivo de alugá-los à Petrobrás. A proposta foi apelidada jocosamente de "Oito Brasil".
Outra medida seria criar uma empresa para a qual a Petrobrás venderia algumas plataformas que já existem, de sua propriedade, embolsaria o dinheiro e passaria a alugar as mesmas embarcações. As duas propostas seriam off-balance, ou seja, tirariam pesos do balanço da Petrobrás, aliviando os limites de endividamento e dando mais fôlego para investimentos.
Graça Foster já externou a interlocutores seu apoio a soluções off-balance nos moldes da Sete, embora não para este ano. A área de exploração & produção prefere ter ativos próprios.
A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, é defensora de saídas off-balance. "A experiência passada mostra que a Petrobrás consegue soluções criativas, com operações off-balance, para driblar dificuldades", disse, em entrevista ao Broadcast em marco.
Uma fonte graduada envolvida nas negociações estima que a venda de seis FPSOs (plataformas flutuantes) renderia de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões à Petrobrás. Um dos impedimentos para esta solução está nas novas regras contábeis internacionais (IFRS), adotadas no Brasil há três anos.
As normas impedem que uma empresa venda uma plataforma e alugue o mesmo equipamento por período indeterminado, o que seria apenas uma maquiagem financeira. Deveria haver um limite para o aluguel, de forma que a plataforma pudesse ser oferecida a outra empresa. Mas a fonte diz que uma empresa nos moldes da Sete Brasil solucionaria esse impasse
SABRINA VALLE / RIO - O Estado de S.Paulo
Lupatech
A Lupatech deu ontem mais uma demonstração do tamanho da crise que vive: a empresa informou ao mercado que não pagou uma dívida de US$ 6,7 milhões relativa a juros devidos sobre bônus emitidos na Bolsa de Luxemburgo. A falha em saldar uma obrigação relativamente pequena é, segundo analistas, um sinal da grave situação de caixa da companhia.
Ao fim do primeiro trimestre, a empresa, que presta serviços para a indústria de petróleo, só contabilizava R$ 21 milhões em caixa, ainda menos do que as magras reservas do quarto trimestre de 2012, de R$ 31,8 milhões. É muito pouco diante das obrigações que a empresa tem pela frente - mais de R$ 700 milhões da dívida total de R$ 1,3 bilhão vencem no curto prazo - e da ausência de perspectiva de melhores resultados operacionais.
A situação se reflete diretamente nas ações da companhia: os papéis, que valiam R$ 10 há dois anos, hoje são negociados a R$ 0,50. No auge da euforia da Lupatech, que coincidiu com o anúncio das reservas do pré-sal, em 2008, os papéis passaram da marca de R$ 40.
Segundo os analistas Bruno Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores, não há como a Lupatech seguir no mercado sem receber novos aportes de capital dos sócios. "O backlog (carteira de projetos futuros) não é suficiente para garantir uma melhoria do ponto de vista operacional", dizem os analistas.
Neste cenário, a perspectiva é que o bloco de controle - formado por BNDESPar, Petros (o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás) e a GP Investimentos - deverá ser acionado novamente. À medida que as dificuldades da Lupatech se amontoaram, os sócios com maior capacidade de investimento foram sendo acionados. A participação do braço de investimentos do BNDES na empresa saltou de 11,4% para 31% entre o fim de 2011 e o primeiro trimestre de 2013.
O problema, de acordo com Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), é que o cenário atual é desfavorável para novos investimentos do banco de fomento no negócio. "A situação econômica mudou, com o País vivendo dificuldades para controlar a inflação e para fechar a conta do superávit primário", diz o especialista no setor de petróleo. "Com o atual clima político, vai ser mais difícil o BNDES explicar um aporte numa empresa que não está dando certo. É um problema semelhante ao que vive o empresário Eike Batista."
Não faz muito tempo que o BNDES e a Petros capitanearam uma tentativa de resgate para evitar a quebra da Lupatech. Em abril do ano passado, foi feito um aumento de capital de R$ 700 milhões, no qual BNDESPar e Petros tiveram preferência de compra das novas ações.
Segundo fontes, há duas razões para o drama vivido pela Lupatech. O primeiro é de gestão. Com o caixa inflado pela abertura de capital, em 2006, a Lupatech foi às compras: gastou cerca de R$ 400 milhões em 17 aquisições. No entanto, quando começou a enfrentar dificuldades, ficou claro que algumas das compras não tinha sido acertada. A partir de 2011, a empresa se desfez de negócios como Microinox e Metalúrgica Ipê.
A outra face do problema é a lentidão da Petrobrás em fazer os investimentos para tirar os projetos do pré-sal do papel. Hoje, cerca de dois terços do faturamento da Lupatech estão ligados à estatal. O problema, segundo os analistas da Coinvalores, é que a fornecedora não pode mais esperar, já que suas obrigações são de curto prazo.
O ritmo lento do desenvolvimento do pré-sal, segundo Pires, do CBIE, pode ser explicado por duas exigências do governo à Petrobrás: ao mesmo tempo que tinha de ser a operadora do pré-sal, a empresa foi obrigada a segurar o aumento da gasolina, o que prejudicou sua capacidade de investimento.
FERNANDO SCHELLER - O Estado de S.Paulo
Ao fim do primeiro trimestre, a empresa, que presta serviços para a indústria de petróleo, só contabilizava R$ 21 milhões em caixa, ainda menos do que as magras reservas do quarto trimestre de 2012, de R$ 31,8 milhões. É muito pouco diante das obrigações que a empresa tem pela frente - mais de R$ 700 milhões da dívida total de R$ 1,3 bilhão vencem no curto prazo - e da ausência de perspectiva de melhores resultados operacionais.
A situação se reflete diretamente nas ações da companhia: os papéis, que valiam R$ 10 há dois anos, hoje são negociados a R$ 0,50. No auge da euforia da Lupatech, que coincidiu com o anúncio das reservas do pré-sal, em 2008, os papéis passaram da marca de R$ 40.
Segundo os analistas Bruno Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores, não há como a Lupatech seguir no mercado sem receber novos aportes de capital dos sócios. "O backlog (carteira de projetos futuros) não é suficiente para garantir uma melhoria do ponto de vista operacional", dizem os analistas.
Neste cenário, a perspectiva é que o bloco de controle - formado por BNDESPar, Petros (o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás) e a GP Investimentos - deverá ser acionado novamente. À medida que as dificuldades da Lupatech se amontoaram, os sócios com maior capacidade de investimento foram sendo acionados. A participação do braço de investimentos do BNDES na empresa saltou de 11,4% para 31% entre o fim de 2011 e o primeiro trimestre de 2013.
O problema, de acordo com Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), é que o cenário atual é desfavorável para novos investimentos do banco de fomento no negócio. "A situação econômica mudou, com o País vivendo dificuldades para controlar a inflação e para fechar a conta do superávit primário", diz o especialista no setor de petróleo. "Com o atual clima político, vai ser mais difícil o BNDES explicar um aporte numa empresa que não está dando certo. É um problema semelhante ao que vive o empresário Eike Batista."
Não faz muito tempo que o BNDES e a Petros capitanearam uma tentativa de resgate para evitar a quebra da Lupatech. Em abril do ano passado, foi feito um aumento de capital de R$ 700 milhões, no qual BNDESPar e Petros tiveram preferência de compra das novas ações.
Segundo fontes, há duas razões para o drama vivido pela Lupatech. O primeiro é de gestão. Com o caixa inflado pela abertura de capital, em 2006, a Lupatech foi às compras: gastou cerca de R$ 400 milhões em 17 aquisições. No entanto, quando começou a enfrentar dificuldades, ficou claro que algumas das compras não tinha sido acertada. A partir de 2011, a empresa se desfez de negócios como Microinox e Metalúrgica Ipê.
A outra face do problema é a lentidão da Petrobrás em fazer os investimentos para tirar os projetos do pré-sal do papel. Hoje, cerca de dois terços do faturamento da Lupatech estão ligados à estatal. O problema, segundo os analistas da Coinvalores, é que a fornecedora não pode mais esperar, já que suas obrigações são de curto prazo.
O ritmo lento do desenvolvimento do pré-sal, segundo Pires, do CBIE, pode ser explicado por duas exigências do governo à Petrobrás: ao mesmo tempo que tinha de ser a operadora do pré-sal, a empresa foi obrigada a segurar o aumento da gasolina, o que prejudicou sua capacidade de investimento.
FERNANDO SCHELLER - O Estado de S.Paulo
Petrobras
Uma mudança promovida pela Petrobrás na forma de contabilizar sua dívida exposta à variação cambial deve permitir à estatal melhorar o resultado do segundo trimestre em cerca de R$ 7 bilhões, reduzir sua exposição ao câmbio em cerca de R$ 70 bilhões e aumentar seu lucro. No fim, isso deve significar uma elevação do pagamento de dividendos aos acionistas, sendo o principal deles a União.
Para analistas, o novo cálculo inclui a empresa na "contabilidade criativa" do governo no esforço de atingir a meta fiscal.
Gustavo Gattass, do BTG Pactual, disse que a medida o fez elevar a estimativa do resultado da companhia no segundo trimestre. Mas disse acreditar que, no médio prazo, o efeito pode ser negativo. "Vejo esta movimentação como negativa, com uma ainda mais negativa conclusão por trás dela. Triste, porque o momento não é adequado", disse, defendendo mais transparência na empresa.
As novas regras permitirão à Petrobrás registrar de forma diluída, ao longo dos próximos sete anos, parte do prejuízo causado pela variação cambial na dívida. A parcela exposta ao câmbio, cerca de US$ 50 bilhões no fim de março, subiu em reais na mesma proporção em que se valorizou a moeda estrangeira.
No último trimestre, a alta de 10% do dólar representou, portanto, um prejuízo contábil de R$ 10 bilhões (US$ 5 bilhões). Procurada, a Petrobrás informou que não falaria sobre o assunto.
A manobra contábil é legal e não é inédita. Grandes empresas, como Usiminas e BRF, também adotam o modelo. Mas a decisão da Petrobrás ganha maior repercussão por ocorrer em um momento de forte valorização do dólar. No segundo trimestre de 2012, quando o dólar se valorizou 10,93%, a Petrobrás registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, o primeiro resultado trimestral negativo desde a maxidesvalorização do real, em 1999.
Com a perspectiva de um balanço melhor, as ações ordinárias (ON) da companhia, que pagam dividendos ao governo, subiram ontem 7,25%, a maior alta do Ibovespa. Mas, para analistas, o movimento seria especulativo, não teria trazido novos acionistas para a empresa, e pode inverter posição no médio prazo. A adoção da contabilidade de hedge reduz a volatilidade das ações no curto prazo, mas é insuficiente para alterar a visão do investidor de longo prazo sobre a companhia.
"O que a gente espera hoje para ficar mais positivo com a Petrobrás não é uma mudança de contabilidade, mas de resultado", diz Will Landers, gestor na América Latina de fundos da BlackRock, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo. Para ele, a mudança depende do que a presidente da estatal, Graça Foster, conseguirá entregar em termos operacionais. A BlackRock mantém, nos fundos geridos pelo executivo, a classificação da Petrobrás como "underweight" - abaixo da performance do índice de mercados emergentes da América Latina.
Landers prefere não classificar a alteração contábil da Petrobrás de "criativa", por considerar que ela está em linha com os padrões de contabilidade internacional. "Mas, sem dúvida, (a mudança) vai ajudar na meta do governo de arrecadar mais divisas por meio de dividendos altos", disse. Procurado, o Ministério da Fazenda informou que não faria comentários sobre a mudança, pois se trata de uma decisão empresarial.
A equipe de analistas do BES Securities também acredita que a utilização de uma prática contábil que permite a redução de impactos por variações cambiais vai melhorar "artificialmente" os resultados da Petrobrás no segundo trimestre. Com ela, a despesa financeira excepcional ocasionada pela valorização do dólar, que seria de R$ 10 bilhões no período, deve cair para R$ 3 bilhões, estima a instituição.
"Vemos esta mudança contábil como negativa, uma vez que vai melhorar artificialmente os resultados do segundo trimestre, embora ela seja uma alteração permitida", destacou o banco O cálculo dos analistas é baseado na variação de aproximadamente 10% do dólar ao longo do segundo trimestre. Como a Petrobrás possui uma exposição líquida ao dólar estimada em R$ 100 bilhões, o impacto da variação cambial seria de R$ 10 bilhões.
SABRINA VALLE, MARIANA DURÃO / RIO, ANDRÉ MAGNABOSCO / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo
Para analistas, o novo cálculo inclui a empresa na "contabilidade criativa" do governo no esforço de atingir a meta fiscal.
Gustavo Gattass, do BTG Pactual, disse que a medida o fez elevar a estimativa do resultado da companhia no segundo trimestre. Mas disse acreditar que, no médio prazo, o efeito pode ser negativo. "Vejo esta movimentação como negativa, com uma ainda mais negativa conclusão por trás dela. Triste, porque o momento não é adequado", disse, defendendo mais transparência na empresa.
As novas regras permitirão à Petrobrás registrar de forma diluída, ao longo dos próximos sete anos, parte do prejuízo causado pela variação cambial na dívida. A parcela exposta ao câmbio, cerca de US$ 50 bilhões no fim de março, subiu em reais na mesma proporção em que se valorizou a moeda estrangeira.
No último trimestre, a alta de 10% do dólar representou, portanto, um prejuízo contábil de R$ 10 bilhões (US$ 5 bilhões). Procurada, a Petrobrás informou que não falaria sobre o assunto.
A manobra contábil é legal e não é inédita. Grandes empresas, como Usiminas e BRF, também adotam o modelo. Mas a decisão da Petrobrás ganha maior repercussão por ocorrer em um momento de forte valorização do dólar. No segundo trimestre de 2012, quando o dólar se valorizou 10,93%, a Petrobrás registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, o primeiro resultado trimestral negativo desde a maxidesvalorização do real, em 1999.
Com a perspectiva de um balanço melhor, as ações ordinárias (ON) da companhia, que pagam dividendos ao governo, subiram ontem 7,25%, a maior alta do Ibovespa. Mas, para analistas, o movimento seria especulativo, não teria trazido novos acionistas para a empresa, e pode inverter posição no médio prazo. A adoção da contabilidade de hedge reduz a volatilidade das ações no curto prazo, mas é insuficiente para alterar a visão do investidor de longo prazo sobre a companhia.
"O que a gente espera hoje para ficar mais positivo com a Petrobrás não é uma mudança de contabilidade, mas de resultado", diz Will Landers, gestor na América Latina de fundos da BlackRock, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo. Para ele, a mudança depende do que a presidente da estatal, Graça Foster, conseguirá entregar em termos operacionais. A BlackRock mantém, nos fundos geridos pelo executivo, a classificação da Petrobrás como "underweight" - abaixo da performance do índice de mercados emergentes da América Latina.
Landers prefere não classificar a alteração contábil da Petrobrás de "criativa", por considerar que ela está em linha com os padrões de contabilidade internacional. "Mas, sem dúvida, (a mudança) vai ajudar na meta do governo de arrecadar mais divisas por meio de dividendos altos", disse. Procurado, o Ministério da Fazenda informou que não faria comentários sobre a mudança, pois se trata de uma decisão empresarial.
A equipe de analistas do BES Securities também acredita que a utilização de uma prática contábil que permite a redução de impactos por variações cambiais vai melhorar "artificialmente" os resultados da Petrobrás no segundo trimestre. Com ela, a despesa financeira excepcional ocasionada pela valorização do dólar, que seria de R$ 10 bilhões no período, deve cair para R$ 3 bilhões, estima a instituição.
"Vemos esta mudança contábil como negativa, uma vez que vai melhorar artificialmente os resultados do segundo trimestre, embora ela seja uma alteração permitida", destacou o banco O cálculo dos analistas é baseado na variação de aproximadamente 10% do dólar ao longo do segundo trimestre. Como a Petrobrás possui uma exposição líquida ao dólar estimada em R$ 100 bilhões, o impacto da variação cambial seria de R$ 10 bilhões.
SABRINA VALLE, MARIANA DURÃO / RIO, ANDRÉ MAGNABOSCO / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo
13 julho 2013
Fato da Semana
Fato: Derrota do Rodízio de Auditoria nos Estados Unidos
Qual a relevância disto? – Os defensores do rodízio das empresas de auditoria acreditam que isto poderá melhorar a qualidade do serviço prestado. Mas aqueles que são contra o rodízio também possuem bons argumentos, incluindo o aumento no custo do trabalho. Alguns países já implantaram o rodízio, incluindo países desenvolvidos. Na maior economia do mundo, onde a contabilidade é mais avançada, o regulador das empresas de auditoria tentou criar normas para obrigar as empresas a fazerem o rodízio.
Num primeiro momento a proposta foi derrotada no congresso, dentro de uma das suas comissões, por 52 votos a zero. Agora o Congresso aprovou, por 321 a 62, o Audit Integrity and Job Protection Act. Isto praticamente enterra as chances de se ter o rodízio naquele país nos próximos anos.
O ato teve aprovação do AICPA, uma entidade historicamente dominada pelas grandes empresas de auditoria, que são contrárias ao rodízio. Mas alguns comentaristas lamentaram a aprovação, por entender que o rodízio poderia ser uma experiência que melhoraria a qualidade dos pareceres.
Positivo ou Negativo? – Depende. Se você é favorável ao rodízio, a aprovação realmente é negativa. Impede que empresas da maior economia sejam obrigadas a mudar seus auditores. Se você acredita que o rodízio é ruim, o fato da semana é positivo.
Desdobramentos – Pelo menos nos Estados Unidos, o assunto rodízio não voltará a ser debatido pelos reguladores nos próximos anos. Como os Estados Unidos possuem uma grande influencia em outras economias, isto também pode significar que esta experiência talvez não seja implantada em muitos países.
Outro fato relevante: a escolha de um fato relevante é sempre difícil. Além deste, é interessante notar que a semana apresentou, em dois países distintos, um problema com o ativo “mais” líquido existente: a moeda. Nestes países, a moeda corrente pode não possuir o valor de face.
Qual a relevância disto? – Os defensores do rodízio das empresas de auditoria acreditam que isto poderá melhorar a qualidade do serviço prestado. Mas aqueles que são contra o rodízio também possuem bons argumentos, incluindo o aumento no custo do trabalho. Alguns países já implantaram o rodízio, incluindo países desenvolvidos. Na maior economia do mundo, onde a contabilidade é mais avançada, o regulador das empresas de auditoria tentou criar normas para obrigar as empresas a fazerem o rodízio.
Num primeiro momento a proposta foi derrotada no congresso, dentro de uma das suas comissões, por 52 votos a zero. Agora o Congresso aprovou, por 321 a 62, o Audit Integrity and Job Protection Act. Isto praticamente enterra as chances de se ter o rodízio naquele país nos próximos anos.
O ato teve aprovação do AICPA, uma entidade historicamente dominada pelas grandes empresas de auditoria, que são contrárias ao rodízio. Mas alguns comentaristas lamentaram a aprovação, por entender que o rodízio poderia ser uma experiência que melhoraria a qualidade dos pareceres.
Positivo ou Negativo? – Depende. Se você é favorável ao rodízio, a aprovação realmente é negativa. Impede que empresas da maior economia sejam obrigadas a mudar seus auditores. Se você acredita que o rodízio é ruim, o fato da semana é positivo.
Desdobramentos – Pelo menos nos Estados Unidos, o assunto rodízio não voltará a ser debatido pelos reguladores nos próximos anos. Como os Estados Unidos possuem uma grande influencia em outras economias, isto também pode significar que esta experiência talvez não seja implantada em muitos países.
Outro fato relevante: a escolha de um fato relevante é sempre difícil. Além deste, é interessante notar que a semana apresentou, em dois países distintos, um problema com o ativo “mais” líquido existente: a moeda. Nestes países, a moeda corrente pode não possuir o valor de face.
Teste da Semana
Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.
1 – Este país está vendendo sua moeda para colecionadores por um valor menor que o valor de face. Isto é um exemplo interessante de que o dinheiro pode, em certas circunstâncias, ser avaliado por um preço menor que o valor nominal. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela
2 – Já este outro país está incentivando sua população a denunciar quem não aceita a moeda de maior valor, que possui a figura de um líder carismático para uma parcela da sua população. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela
3 – Finalmente ficamos sabendo que os sócios estrangeiros do Banco Renner são brasileiros com domicilio no exterior. Tratam-se
Bispo Edir Macedo e Esposa
Cantor Roberto Carlos
Luciano Huck e Angélica
4 – Esta empresa anunciou, entre 2009 a 2012, 55 comunicados sobre descoberta de petróleo e informações derivadas. Hoje sabe-se que alguns dos comunicados eram manipulados:
BHP
OGX
Petrobras
5 – E esta outra está sendo investigada por suposta prática de esquema de pirâmide no Brasil:
Anway
Herbalife
Telexfree
6 – O Comitê da Basileia está estudando mudar as normas recentemente aprovadas denominadas de Basileia 3. Trata-se de normas sobre
O capital das instituições financeiras
O hedge que deve ser feito em derivativos
O valor do sinistro das seguradoras
7 – A Thomson Reuters suspendeu a divulgação antecipada para alguns clientes vips do índice de confiança do consumidor. A divulgação antecipada significava que estes clientes recebiam a informação com antecedência de quanto tempo em relação aos clientes normais?
1 hora
1 minuto
2 segundos
8 – Neste país, o partido do governo está sendo investigado por uso de caixa dois. Inclusive com pagamentos ao principal estadista do país. O tesoureiro responsável pela distribuição do dinheiro acumulou uma boa fortuna
Argentina
Brasil
Espanha
9 – A inflação deste país está perto dos 40% anuais. Para o Goldman Sachs isto é hiperinflação.
Equador
Venezuela
Zimbabue
10 – Um grande jornal anunciou-se que a Petrobrás estará usando a contabilidade de _____ para proteger-se do movimento do câmbio.
Derivativos
Equivalência patrimonial
Hedge
Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze
Respostas: (1) Irã; (2) Argentina; (3) Bispo Edir Macedo e Esposa; (4) OGX; (5) Telexfree; (6) O capital das instituições financeiras; (7) 2 segundos; (8) Espanha; (9) Venezuela; (10) Hedge
1 – Este país está vendendo sua moeda para colecionadores por um valor menor que o valor de face. Isto é um exemplo interessante de que o dinheiro pode, em certas circunstâncias, ser avaliado por um preço menor que o valor nominal. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela
2 – Já este outro país está incentivando sua população a denunciar quem não aceita a moeda de maior valor, que possui a figura de um líder carismático para uma parcela da sua população. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela
3 – Finalmente ficamos sabendo que os sócios estrangeiros do Banco Renner são brasileiros com domicilio no exterior. Tratam-se
Bispo Edir Macedo e Esposa
Cantor Roberto Carlos
Luciano Huck e Angélica
4 – Esta empresa anunciou, entre 2009 a 2012, 55 comunicados sobre descoberta de petróleo e informações derivadas. Hoje sabe-se que alguns dos comunicados eram manipulados:
BHP
OGX
Petrobras
5 – E esta outra está sendo investigada por suposta prática de esquema de pirâmide no Brasil:
Anway
Herbalife
Telexfree
6 – O Comitê da Basileia está estudando mudar as normas recentemente aprovadas denominadas de Basileia 3. Trata-se de normas sobre
O capital das instituições financeiras
O hedge que deve ser feito em derivativos
O valor do sinistro das seguradoras
7 – A Thomson Reuters suspendeu a divulgação antecipada para alguns clientes vips do índice de confiança do consumidor. A divulgação antecipada significava que estes clientes recebiam a informação com antecedência de quanto tempo em relação aos clientes normais?
1 hora
1 minuto
2 segundos
8 – Neste país, o partido do governo está sendo investigado por uso de caixa dois. Inclusive com pagamentos ao principal estadista do país. O tesoureiro responsável pela distribuição do dinheiro acumulou uma boa fortuna
Argentina
Brasil
Espanha
9 – A inflação deste país está perto dos 40% anuais. Para o Goldman Sachs isto é hiperinflação.
Equador
Venezuela
Zimbabue
10 – Um grande jornal anunciou-se que a Petrobrás estará usando a contabilidade de _____ para proteger-se do movimento do câmbio.
Derivativos
Equivalência patrimonial
Hedge
Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze
Respostas: (1) Irã; (2) Argentina; (3) Bispo Edir Macedo e Esposa; (4) OGX; (5) Telexfree; (6) O capital das instituições financeiras; (7) 2 segundos; (8) Espanha; (9) Venezuela; (10) Hedge
O que Bernanke e os protestos têm em comum?
| O que Bernanke e os protestos têm em comum?" |
| Texto de Ilan Goldfajn para O Estado de S. Paulo e O Globo. Publicado em: 02/07/2013 |
Tudo está mudando ao mesmo tempo. Choque internacional, protestos no País. Até a Seleção Brasileira mudou e voltou a jogar como campeã.
Parece obra do acaso. Mas não acredito em coincidências, o choque externo sinaliza proximidade do fim de um ciclo global e, através de caminhos diversos, desperta a insatisfação local já existente. Por isso acontecem ao mesmo tempo. A economia global certamente está mudando de rumo. E pressionando a economia brasileira. Após anos de juros zero, fluxos de capitais abundantes para países emergentes e pressão para apreciação do real, a maré está mudando. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deixou claro que já está preparando a diminuição dos estímulos dos últimos anos e, no futuro, a subida de juros. Agora os fluxos de capitais estão voltando aos EUA e o real deprecia, pressionando a inflação e requerendo políticas mais austeras. O Banco Central do Brasil (BC) tem intervindo no mercado de câmbio tentando suavizar o impacto do choque, mas o movimento é forte.
Ao mesmo tempo, os protestos indicam necessidade de mudanças: melhores serviços públicos, mais crescimento, menos inflação e, de uma forma geral, aumento do bem-estar. Essa situação reduz o espaço de manobra da política econômica, no curto prazo. Mas a dificuldade abre espaço para a oportunidade que, se bem aproveitada, pode melhorar a economia no longo prazo.
São vários protestos no mundo, cada um diferente do outro. O que têm em comum é que ocorrem no fim de um longo ciclo global, que começou com uma década de crescimento forte (sem discriminar por país ou tipo de política econômica, não havia política errada) e passou por uma crise financeira global, que quase levou à depressao no mundo e à quebra do euro, só evitadas graças a políticas extremas de estímulo por parte dos governos. O fim do ciclo está próximo, pelo menos nos EUA, onde o desemprego cai e aproxima-se do patamar de 6,5%, ponto focal para reversão das políticas de estímulo. O excesso de estímulo fica para trás. A nova realidade assusta o mundo.
A princípio não haveria por que temer a nova realidade nos EUA. Se, por um lado, juros mais altos nos EUA e reversão dos fluxos de capitais têm consequências negativas, como a liquidação de ativos nos países desenvolvidos, queda nas bolsas e nos outros ativos, sem falar na depreciação cambial, por outro lado, o país que primeiro entrou em crise, com o problema dos empréstimos "subprime", está começando a sair dela. E a volta do crescimento nos EUA pode significar, com alguma defasagem de tempo, o começo do fim da recessão na Europa e a volta para um "novo normal". Até mesmo a desaceleração recente das economias emergentes pode ser revertida com a ajuda da volta do crescimento nos países avançados. Entendo a desaceleração atual nos emergentes como efeito da desaceleração global – retardado alguns anos pelas políticas domésticas de estímulo que conseguiram adiar o efeito do choque global. Agora seria o começo do caminho na direção contrária.
A subida dos juros no mundo é a outra face da volta do crescimento global. Uma não vai ocorrer sem a outra. O impacto em cada uma das economias no mundo emergente vai depender da combinação do impacto financeiro negativo com o impacto da volta do crescimento global.
Na América Latina acredito que existam defesas bem construídas para choques financeiros. A grande maioria dos países (inclusive o Brasil) construiu grandes (e custosos) estoques de reservas internacionais que servem de defesa, pois podem ser usados para suavizar qualquer ajuste necessário na economia, sem grandes traumas. Muitos governos tornaram-se credores em moeda forte, os passivos externos são menos rígidos e a maturidade da dívida pública é mais longa. As defesas foram construídas como lições das crises das décadas anteriores, essencialmente financeiras. Acredito que após o choque inicial e o ajuste aos tremores que se seguem haverá reversão dos eventuais exageros e a volta da calmaria.
A vulnerabilidade maior na América Latina hoje é a um choque real. Uma desaceleração mais forte da China, que venha a impactar negativamente as commodities e os termos de troca e, portanto, a renda na região teria um impacto maior. Qual a probabilidade desse cenário? Num contexto em que a economia global se recupera lentamente, uma desaceleração mais forte da China seria consequência do estouro da bolha de crédito e de investimento, estímulos usados para revitalizar a economia depois da quebra do Lehman Brothers. Uma desaceleração específica da China teria um impacto maior nas economias da América Latina (e no Brasil) do que o impacto do choque de juros de Bernanke.
O impacto do novo ciclo mundial no Brasil depende, portanto, das idiossincrasias na China, mas também de suas próprias. O que temos de específico no Brasil em relação ao resto do mundo? Em que divergimos mais? Entramos nesta nova fase com inflação mais alta que nossos vizinhos, muitos com inflação abaixo das suas metas. Isso coloca limites na depreciação do câmbio que pode ser absorvida pela economia (pelo menos sem que a alta da inflação exija mais medidas de austeridade, difíceis no contexto atual). Também adotamos política fiscal mais estimulativa do que os outros, em parte porque o Brasil começou a desacelerar antes das outras economias do mundo. Precisamos fazer ajuste fiscal e ao mesmo tempo atender às novas demandas de velhos problemas. Está claro que a dificuldade de hoje é também a oportunidade de rebalancear a economia. Precisamos voltar a investir em infraestrutura, mas também em serviços públicos consistentes com a alta carga tributária. Reformas que privilegiem a educação são muito bem-vindas, há que se olhar o longo prazo. Só assim reagiremos à altura ao choque externo combinado aos protestos.
Ilan Goldfajn é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.
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12 julho 2013
Contabilidade na Petrobras
Leiam o texto a seguir:
Para evitar o forte impacto do câmbio em seus balanços, a Petrobras informou que passou a adotar desde maio deste ano uma nova regra contábil, conhecida contabilidade de hedge --instrumento usado para proteção contra variações de moedas em empresas que tem receitas ou dívidas em outras moedas que não o real.
Segundo a Petrobras, essa prática é regulamentada no Brasil e "permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos (balanços trimestres)".
O mecanismo só pode ser usado, porém, desde que as companhias "gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos", de acordo com a estatal.
Em outras palavras, a empresa terá de obter receitas em moeda estrangeira que compensem, por exemplo, o impacto negativo do câmbio em suas dívidas.
No caso da Petrobras, a nova regra contempla, inicialmente, cerca de 70% do total das dívidas expostas à variação cambial (ou seja, denominada em dólar ou outras moedas) por um período de sete anos. Desse modo, a estatal tem esse prazo para "compensar" eventuais perdas decorrentes do câmbio.
A compensação se dará por meio das exportações da estatal, protegendo cerca de 20% das vendas externas da companhia pelo mesmo período.
"Com a aplicação da contabilidade de hedge, os ganhos ou perdas oriundos das dívidas em dólares norte-americanos, provocados por variações cambiais, somente afetarão o resultado da companhia na medida em que as exportações forem realizadas.
Até que essas exportações sejam realizadas, as referidas variações serão acumuladas em conta do patrimônio líquido", diz a estatal em comunicado.
Para o banco britânico Barclays, espera-se com a introdução do mecanismo "reduzir o impacto causado pela variação cambial" no balanço da estatal.
No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, a oscilação do câmbio gerou menor pressão sobre o endividamento da Petrobras e resultou num impacto positivo de R$ 925 milhões na comparação com o primeiro trimestre de 2012.
Às 15h27 (horário de Brasília), as ações mais negociadas da Petrobras (preferenciais, sem direito a voto) subiam 2,89%, para R$ 15,65, enquanto os papéis ordinários (com direito a voto) da petroleira avançavam 6,44%, para R$ 14,69. (Folha de S Paulo, grifo nosso, Petrobras muda contabilidade para reduzir impacto do câmbio, 11 julho 2013)
Observem a forma "torta" com que o texto trata a contabilidade por hedge: o texto dar a entender que o hedge é uma regra contábil, quando na verdade os lançamentos contábeis refletem este fato. Pensei em fazer uma série de observações, mas confesso que não tive paciência.
Para evitar o forte impacto do câmbio em seus balanços, a Petrobras informou que passou a adotar desde maio deste ano uma nova regra contábil, conhecida contabilidade de hedge --instrumento usado para proteção contra variações de moedas em empresas que tem receitas ou dívidas em outras moedas que não o real.
Segundo a Petrobras, essa prática é regulamentada no Brasil e "permite que empresas reduzam impactos provocados por variações cambiais em seus resultados periódicos (balanços trimestres)".
O mecanismo só pode ser usado, porém, desde que as companhias "gerem fluxos de caixa futuros em moeda de outro país que se equivalham e tenham sentidos opostos", de acordo com a estatal.
Em outras palavras, a empresa terá de obter receitas em moeda estrangeira que compensem, por exemplo, o impacto negativo do câmbio em suas dívidas.
No caso da Petrobras, a nova regra contempla, inicialmente, cerca de 70% do total das dívidas expostas à variação cambial (ou seja, denominada em dólar ou outras moedas) por um período de sete anos. Desse modo, a estatal tem esse prazo para "compensar" eventuais perdas decorrentes do câmbio.
A compensação se dará por meio das exportações da estatal, protegendo cerca de 20% das vendas externas da companhia pelo mesmo período.
"Com a aplicação da contabilidade de hedge, os ganhos ou perdas oriundos das dívidas em dólares norte-americanos, provocados por variações cambiais, somente afetarão o resultado da companhia na medida em que as exportações forem realizadas.
Até que essas exportações sejam realizadas, as referidas variações serão acumuladas em conta do patrimônio líquido", diz a estatal em comunicado.
Para o banco britânico Barclays, espera-se com a introdução do mecanismo "reduzir o impacto causado pela variação cambial" no balanço da estatal.
No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, a oscilação do câmbio gerou menor pressão sobre o endividamento da Petrobras e resultou num impacto positivo de R$ 925 milhões na comparação com o primeiro trimestre de 2012.
Às 15h27 (horário de Brasília), as ações mais negociadas da Petrobras (preferenciais, sem direito a voto) subiam 2,89%, para R$ 15,65, enquanto os papéis ordinários (com direito a voto) da petroleira avançavam 6,44%, para R$ 14,69. (Folha de S Paulo, grifo nosso, Petrobras muda contabilidade para reduzir impacto do câmbio, 11 julho 2013)
Observem a forma "torta" com que o texto trata a contabilidade por hedge: o texto dar a entender que o hedge é uma regra contábil, quando na verdade os lançamentos contábeis refletem este fato. Pensei em fazer uma série de observações, mas confesso que não tive paciência.
Estudo destaca ocupações de nível técnico com maiores ganhos salariais

Com base em dados extraídos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED/MTE), uma pesquisa divulgada pelo Ipea apontou as carreiras de nível técnico que mais geraram vagas de trabalho e tiveram maiores ganhos salariais entre 2009 e 2012. Na geração de vagas, destaque para a área de saúde.
Entre as ocupações que predominam com maiores ganhos salariais estão as de operadores de câmara fotográfica, de cinema e de televisão (com aumento real de 51,1% nos salários), dos técnicos de inspeção, fiscalização e coordenação administrativa (aumento de 41,6%) e dos técnicos em laboratório (29,3%).
Os dados fazem parte da edição especial do boletim Radar - Tecnologia, Produção e Comércio Exterior.
CVM e Evidenciação
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) discute internamente a possibilidade de divulgar ao mercado os ofícios de alerta que encaminha às companhias abertas ou a pessoas físicas que atuam no mercado de capitais. Nesses documentos, a autarquia, após identificar alguma irregularidade desses agentes, chama a atenção para o fato, fixa um prazo para que a irregularidade seja corrigida e alerta para que ela não se repita.
Fernando Soares Vieira, superintendente da área de relações com empresas (SEP) da CVM, conta que em 2008 o colegiado da época discutiu o tema e decidiu que esses documentos não deveriam se tornar públicos, conforme a deliberação 542.
"Mas hoje nosso entendimento é que seria muito bom divulgá-los, até mesmo para dar uma satisfação ao mercado. Três ou quatro casos recentes nos fizeram chegar a essa conclusão", diz Soares, ressaltando que a decisão não cabe à superintendência, mas sim ao colegiado, que deverá examinar novamente o tema.
Os ofícios de alertas são apenas um dos instrumentos de fiscalização e supervisão de riscos da CVM, rotineiramente utilizados, mas que quase nunca se tornam públicos, a menos que, por exemplo, alguma companhia tome a iniciativa de divulgá-los.
O mercado já acostumou-se à resposta-padrão da CVM a questionamentos sobre possíveis más condutas. "A autarquia não comenta casos específicos, mas está sempre analisando todos os casos no mercado". Apesar da pouca informação, essa resposta está longe de indicar que a atividade de fiscalização na CVM não seja intensa e criteriosa, embora, a própria autarquia reconheça que suas atividades são pouco divulgadas ao público.
"Sabemos que [essa falta de divulgação] traz o risco de ficar no mercado uma imagem de que a CVM não está atuando", afirma Claudia Hasler, assessora da SEP. "Mas nós não podemos correr o risco de perder um caso. Se ficar a sensação de que fizemos um pré julgamento, pode ser alegado que houve um cerceamento de defesa. E com isso podemos perder um caso em que uma punição poderia ser feita até mesmo com um efeito instrutivo para o mercado", afirma. É por essa razão, explica Claudia, que a CVM sempre opta por ser discreta. "O regulador não pode parecer injusto, ter a imagem de que não apura tudo o que deve apurar ou de que não ouve as pessoas e as companhias. Nenhuma das duas coisas seriam boas", afirma. (...)
CVM estuda tornar público alerta enviado a companhia - Ana Paula Ragazzi | Do Rio - Valor Econômico - 11/07/2013
Fernando Soares Vieira, superintendente da área de relações com empresas (SEP) da CVM, conta que em 2008 o colegiado da época discutiu o tema e decidiu que esses documentos não deveriam se tornar públicos, conforme a deliberação 542.
"Mas hoje nosso entendimento é que seria muito bom divulgá-los, até mesmo para dar uma satisfação ao mercado. Três ou quatro casos recentes nos fizeram chegar a essa conclusão", diz Soares, ressaltando que a decisão não cabe à superintendência, mas sim ao colegiado, que deverá examinar novamente o tema.
Os ofícios de alertas são apenas um dos instrumentos de fiscalização e supervisão de riscos da CVM, rotineiramente utilizados, mas que quase nunca se tornam públicos, a menos que, por exemplo, alguma companhia tome a iniciativa de divulgá-los.
O mercado já acostumou-se à resposta-padrão da CVM a questionamentos sobre possíveis más condutas. "A autarquia não comenta casos específicos, mas está sempre analisando todos os casos no mercado". Apesar da pouca informação, essa resposta está longe de indicar que a atividade de fiscalização na CVM não seja intensa e criteriosa, embora, a própria autarquia reconheça que suas atividades são pouco divulgadas ao público.
"Sabemos que [essa falta de divulgação] traz o risco de ficar no mercado uma imagem de que a CVM não está atuando", afirma Claudia Hasler, assessora da SEP. "Mas nós não podemos correr o risco de perder um caso. Se ficar a sensação de que fizemos um pré julgamento, pode ser alegado que houve um cerceamento de defesa. E com isso podemos perder um caso em que uma punição poderia ser feita até mesmo com um efeito instrutivo para o mercado", afirma. É por essa razão, explica Claudia, que a CVM sempre opta por ser discreta. "O regulador não pode parecer injusto, ter a imagem de que não apura tudo o que deve apurar ou de que não ouve as pessoas e as companhias. Nenhuma das duas coisas seriam boas", afirma. (...)
CVM estuda tornar público alerta enviado a companhia - Ana Paula Ragazzi | Do Rio - Valor Econômico - 11/07/2013
Crédito Tributário para bancos
As instituições financeiras autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil, com exceção das cooperativas de crédito e administradoras de consórcio, poderão apurar crédito tributário presumido a partir de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos, a cada ano. Crédito presumido é um valor que a instituição financeira pode registrar no seu livro fiscal e usar para quitar tributos devidos no futuro, como se fosse uma espécie de devolução.
Esses créditos presumidos são fruto de tributos que foram cobrados anteriormente sobre essas provisões. Eles são importantes porque podem ser usados na composição do patrimônio de referência (PR) dos bancos.
A possibilidade de apuração de tais créditos pelas instituições financeiras foi instituída pela Lei nº 12.838, publicada ontem no Diário Oficial da União. Essa lei relaciona-se com a Medida Provisória nº 608, de 2013, conhecida como "MP da Basileia". Existe estimativa de que os créditos oriundos da provisão para crédito de liquidação duvidosa somem cerca de R$ 63 bilhões.
De acordo com a nova lei, esse crédito presumido poderá ser apurado quando as instituições financeiras apresentarem, ao mesmo tempo, créditos decorrentes de diferenças temporárias oriundos de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos e prejuízo fiscal. Ambos valores devem ter sido apurados no ano anterior. Assim, não vale usar o prejuízo fiscal acumulado até o ano anterior para o cálculo desses créditos.
O valor do crédito presumido corresponde a 25% de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e 15% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Os tributos incidem sobre as diferenças entre as despesas com essas provisões, segundo a lei contábil, e as despesas autorizadas como dedução para a determinação do lucro real. A nova lei traz a fórmula para o cálculo exato do valor do crédito presumido.
Nos casos de falência ou liquidação extrajudicial das instituições financeiras, o total do saldo de créditos decorrentes de diferenças temporárias oriundos de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos, apurado na escrituração societária, corresponderá ao crédito presumido a partir da data da decretação da falência ou da liquidação extrajudicial. Isso valerá para instituições com falência ou liquidação decretadas a partir de janeiro de 2014.
Na prática, segundo Carlos Pelá, diretor setorial da comissão de tributação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), antes as instituições corriam o risco de ter que recolher mais imposto. "Com a nova lei, os créditos tributários decorrentes dessas provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos passam a ser computados no PR como dedutíveis [do lucro]", afirma. Quanto maiores os valores dedutíveis, menor a base de cálculo de IRPJ e CSLL a pagar.
Os bancos poderão pedir o ressarcimento dos créditos presumidos ao Fisco. Mas a Fazenda poderá checar a exatidão do valor apurado. Em relação a todas essas mudanças, a nova lei produz efeitos a partir de 1º de janeiro de 2014.
Bancos poderão solicitar crédito tributário referente a provisões - Laura Ignacio | De São Paulo - Valor Econômico - 11/07/2013
Esses créditos presumidos são fruto de tributos que foram cobrados anteriormente sobre essas provisões. Eles são importantes porque podem ser usados na composição do patrimônio de referência (PR) dos bancos.
A possibilidade de apuração de tais créditos pelas instituições financeiras foi instituída pela Lei nº 12.838, publicada ontem no Diário Oficial da União. Essa lei relaciona-se com a Medida Provisória nº 608, de 2013, conhecida como "MP da Basileia". Existe estimativa de que os créditos oriundos da provisão para crédito de liquidação duvidosa somem cerca de R$ 63 bilhões.
De acordo com a nova lei, esse crédito presumido poderá ser apurado quando as instituições financeiras apresentarem, ao mesmo tempo, créditos decorrentes de diferenças temporárias oriundos de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos e prejuízo fiscal. Ambos valores devem ter sido apurados no ano anterior. Assim, não vale usar o prejuízo fiscal acumulado até o ano anterior para o cálculo desses créditos.
O valor do crédito presumido corresponde a 25% de Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e 15% de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Os tributos incidem sobre as diferenças entre as despesas com essas provisões, segundo a lei contábil, e as despesas autorizadas como dedução para a determinação do lucro real. A nova lei traz a fórmula para o cálculo exato do valor do crédito presumido.
Nos casos de falência ou liquidação extrajudicial das instituições financeiras, o total do saldo de créditos decorrentes de diferenças temporárias oriundos de provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos, apurado na escrituração societária, corresponderá ao crédito presumido a partir da data da decretação da falência ou da liquidação extrajudicial. Isso valerá para instituições com falência ou liquidação decretadas a partir de janeiro de 2014.
Na prática, segundo Carlos Pelá, diretor setorial da comissão de tributação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), antes as instituições corriam o risco de ter que recolher mais imposto. "Com a nova lei, os créditos tributários decorrentes dessas provisões para cobrir possíveis perdas com devedores duvidosos passam a ser computados no PR como dedutíveis [do lucro]", afirma. Quanto maiores os valores dedutíveis, menor a base de cálculo de IRPJ e CSLL a pagar.
Os bancos poderão pedir o ressarcimento dos créditos presumidos ao Fisco. Mas a Fazenda poderá checar a exatidão do valor apurado. Em relação a todas essas mudanças, a nova lei produz efeitos a partir de 1º de janeiro de 2014.
Bancos poderão solicitar crédito tributário referente a provisões - Laura Ignacio | De São Paulo - Valor Econômico - 11/07/2013
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