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02 junho 2014

KPMG e BVA

Os problemas do Banco BVA chegaram na sua auditoria. É o que aponta uma reportagem do Estado de S Paulo, de Josette Goulart:

O relatório da comissão de inquérito do Banco Central sobre o banco BVA acusa a KPMG Auditores de ter induzido depositantes, investidores e a autoridade monetária a erro. Isso porque a auditoria omitiu, segundo o BC, fatos relevantes de seus relatórios e ainda manteve por vários anos sua opinião de que as demonstrações financeiras traduziam a real situação financeira e econômica do banco, quando este já dava sinais de sérios problemas e indícios de irregularidades.

O banco teve sua liquidação decretada em meados do ano passado e deixou um passivo de R$ 6 bilhões. O relatório final do BC, revelado ontem pelo Estado, considerou que o prejuízo foi de R$ 1,6 bilhão, seguindo os cálculos feitos em fevereiro de 2013 pelo então interventor da instituição, Eduardo Félix Bianchini. O liquidante Valder Carvalho apontou em outubro do ano passado que R$ 4 bilhões do passivo não teriam como ser liquidados com os ativos encontrados. Mas estima que é possível recuperar até 40% desse valor por meio de cobrança judicial ou acordos.

Relação promíscua. O relatório aponta irregularidades, indícios de fraude, gestão fraudulenta e desvio de recursos no BVA. No capítulo que trata da responsabilidade da auditoria externa, a comissão de inquérito diz que pode ter contribuído para a conduta imprópria da KPMG "a relação promíscua constatada entre auditores e banco auditado", pelo fato de o BVA ter contratado um ex-auditor. O BVA contratou em abril de 2008 o ex-funcionário da KPMG, Edison Gandolfi, como superintendente de contabilidade. Ele chegou a diretor. O executivo havia deixado a KPMG meses antes. As regras para garantir uma auditoria independente, entretanto, preveem um período mínimo de dois anos para que um auditor possa ser contratado pela empresa auditada.

Mas o BC vai além: "Isso sem considerar a possibilidade da ocorrência de condutas criminosas a serem apuradas pelos órgãos competentes para a investigação criminal".

A KPMG não quis se manifestar, argumentando que não teve acesso ao relatório do BC. Segundo o documento, porém, um processo administrativo foi instaurado em outubro por causa da constatação de várias omissões da auditoria.

Segundo o BC, o BVA concedia empréstimos sem respeitar os princípios de seletividade, garantia e liquidez. Na inspeção realizada pelo órgão constatou-se a necessidade de provisionamentos para esses créditos de má qualidade, da ordem de R$ 890 milhões. Os auditores, segundo o BC, constataram essa deficiência de provisão mas se omitiram. Além disso, considerou que os auditores tinham indícios suficientes de existência de fraudes sobre pagamentos de serviços de empresas ligadas ao BVA sem que estes tivessem sido prestados e não comunicaram à autoridade monetária.

Comissões. Outro ponto levantado pelo BC foi a contabilização irregular de receitas de "comissão de estruturação". Os clientes pagavam um porcentual sobre o total do crédito que tomavam, em torno de 20%.

A cobrança era feita com base em uma suposta prestação de serviço para a venda de Cédulas de Crédito Bancário. Os auditores, segundo o BC, registraram a existência de comissões sem a emissão das cédulas, mas mesmo assim "emitiram opiniões inadequadas" sobre o procedimento, que é, segundo o BC, irregular.

A Comissão de Inquérito diz que as irregularidades da auditoria foram cometidas ao assegurar que as demonstrações de 30 de junho e 31 de dezembro de 2011 refletiam adequadamente a posição patrimonial e financeira do banco. Mas diz que desde 2007 o BVA vinha
tendo forte oscilação em seus resultados mensais, o que já deveria ter sido comentado pelos auditores.

29 maio 2014

A Contabilidade do BVA

Caro Leitor: a notícia a seguir, publicada no Estadão, parece irreal:

O Banco Central apurou indícios de crimes de fraudes contábeis, desvio de recursos, gestão temerária e elisão fiscal no banco BVA durante a gestão do presidente da instituição Ivo Lodo, entre os anos de 2007 e 2012. O Estado teve acesso ao relatório final de inquérito, entregue há um mês à Justiça, que aponta ainda conluio de gestores do fundo de pensão Petros em empréstimos irregulares.

As 8.322 páginas descrevem uma série de operações suspeitas, entre elas desvio de recursos do caixa da instituição. O BC não conseguiu apurar com precisão o que acontecia no caixa do BVA porque, entre outros problemas, não teve tempo hábil para questionar a transportadora de valores que prestava serviços ao banco. Mas relata que no dia da intervenção, 19 de outubro de 2012, o saldo do caixa era de R$ 4,8 bilhões, mas fisicamente só tinha R$ 1,8 bilhão.

Ou seja, o caixa não existia! Ele sumiu...

O desvio de recursos seria feito principalmente por meio de empresas terceirizadas que teriam recebido quase R$ 210 milhões por serviços. Para o BC, há indícios que os serviços não foram prestados. Cerca de 85% dos recursos eram pagos em espécie.

Pagamento em espécie é típico de quem deseja desviar recursos ou praticar outra ilegalidade.

O relatório diz que os responsáveis pelo banco teriam retirado da instituição entre os anos de 2009 e 2012 valores superiores a R$ 224 milhões "utilizando-se de diversos atos fraudulentos, componentes de uma fraude maior, objetivo último do esquema engendrado", diz o relatório. Os valores foram retirados de conta corrente das supostas prestadoras de serviços. "As transferências em dinheiro passavam por um complexo esquema de lançamentos, por meio de uma complexa estrutura contábil previamente inserida nos sistemas informatizados da instituição, violando regras básicas da contabilidade".

Fico imaginando o que seria "regras básicas da contabilidade". Será a ausência do método das partidas dobradas?

O BC entende que esta operação poderia ter dois efeitos: reduzir o lucro do banco e assim pagar menos impostos ou ainda formar "caixa dois" do banco e desviar recursos para a pessoa física dos controladores e de seus diretores. Em cinco anos, os executivos do banco receberam R$ 283 milhões em dividendos e bônus. Deste total, 79%, ou R$ 224 milhões, foram destinados para Ivo Lodo, segundo o BC. Lodo não quis comentar.

Caoa. O BC também vê indícios de crime na venda de bens pertencentes a Ivo Lodo, que já estavam indisponíveis, para o grupo Caoa, que era o maior investidor do banco com mais de R$ 1 bilhão na instituição. O grupo Caoa afirmou, entretanto, que não comprou nenhum bem. Eles foram oferecidos em garantia a um possível aporte de R$ 300 milhões que o grupo faria no banco já próximo à intervenção, mas o negócio nunca se concretizou. O grupo afirma que está tranquilo com qualquer investigação que seja feita em relação ao banco BVA.

Petros. O BC aponta ainda quatro gestores do fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás como autores de possíveis crimes de gestão fraudulenta em empréstimos de R$ 100 milhões para a empresa Providax, que foi criada para ser holding da Vidax, um call center em dificuldades financeiras. A Vidax chegou a pertencer a diretores do BVA.

Parece um esquema de outra instituição financeira que também teve problemas.

O Petros teria concedido diretamente crédito para a Providax, o que é vedado por lei. Mas o BC diz que o mais grave é o fato de ter apurado que não há evidências de que a dívida seria paga e os empréstimos foram concedidos sem análise da capacidade financeira da empresa. "As operações ocorreram em circunstâncias que caracterizam uma simulação", diz o relatório do BC. O Petros não quis comentar, com o argumento que não teve acesso ao documento do Banco Central.

Ufa. Será que alguém será preso?

14 dezembro 2012

Conflito de interesses

O escândalo do Banco BVA revelou um caso interessante de conflito de interesses:

Sob intervenção do Banco Central desde o dia 19 de outubro, o Banco BVA mantém negócios em sociedade com Erivelto Rodrigues, presidente e sócio da Austin Rating, uma das agências que fazia a classificação de risco da instituição. A agência classificava o BVA como uma instituição de baixo risco até dois meses antes da intervenção no banco. A Austin também é responsável pela avaliação da Vitória Asset Management, gestora de um dos sócios da instituição, três fundos de recebíveis e pelo menos 18 cédulas de crédito bancário (CCB) com lastro em financiamentos do banco.

A Austin avaliava o BVA e as CCBs com coobrigação do banco com nota 'BBB+', o que significa um risco baixo pelos critérios da agência. Essa classificação era suficiente para os ativos da instituição se enquadrarem na política de investimentos dos fundos de pensão, que costumam exigir um rating mínimo 'BBB' para aplicar seus recursos.

A nota dada pela Austin deveria ser válida até março de 2013, de acordo com relatório divulgado em junho no qual decidiu manter a classificação. Mas no fim de agosto, com o atraso do banco na divulgação do balanço semestral e a necessidade de um aporte de capital, a agência decidiu rebaixar o rating em dois degraus, para 'BBB-'. Um mês depois, voltou a reduzir a nota em dois níveis, que caiu para 'BB'. No dia da intervenção, a Austin voltou a rebaixar a classificação para 'CC', que representa um risco "muito alto".

A Austin não foi a única agência a dar boas notas ao BVA. A LF Rating também mudou de opinião sobre a instituição em um período de pouco menos de dois meses. Entre agosto e a data da intervenção, a nota do banco caiu de 'A-' para 'D'.

Sócio da Austin Rating tem negócio com BVA - 13 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Vinícius Pinheiro

14 abril 2013

BVA

A reunião de cotistas de um fundo de investimentos que possui títulos do banco BVA, realizada nesta sexta em São Paulo, acabou sem acordo. O impasse levou o grupo Caoa, do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, a desistir oficialmente de comprar a instituição. Com isso, cresceu a probabilidade de o BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) desde 19 de outubro, ser liquidado.

O fundo em questão tem como cotistas quase 50 fundos de pensão distribuídos pelo País. Nesta sexta, representantes de 22 dessas entidades reuniram-se para analisar a proposta de Caoa.

A oferta era a mesma apresentada a outros investidores do BVA: pagamento à vista de 35% do valor aplicado no banco e a possibilidade de reaver mais 35%, conforme a recuperação dos créditos na carteira da instituição. A proposta nem sequer foi votada. Irritados, alguns representantes deixaram o encontro ameaçando processar o BVA.

Os controladores do banco trabalham agora para que a assembleia seja reaberta entre segunda e terça-feira, o que, em tese, pode permitir que o BVA seja salvo.Se a maioria dos cotistas aceitar as condições, Caoa pode retornar para o negócio.

O fundo em questão tem papel-chave na tentativa de uma solução para o banco. Em sua carteira está um CDB emitido pelo BVA com uma remuneração bem superior à média do mercado - cerca de 30% ao ano, segundo fontes ligadas ao Caoa.

Originalmente, esse papel valia perto de R$ 50 milhões, mas, com a remuneração já embutida, o valor subiria para cerca de R$ 300 milhões. Oliveira Andrade não aceita comprar o BVA com esse passivo na carteira.

Um consultor de Andrade que participa das negociações informou que, na segunda-feira, haverá uma reunião entre representantes do grupo e do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Segundo esse consultor, se o FGC conceder um empréstimo no valor equivalente ao do CDB, o negócio pode se tornar viável novamente. O Estado apurou, no entanto, que o FGC reluta em aceitar novas condições.

O prazo de seis meses da intervenção pelo BC expira quinta-feira, dia 18. Tecnicamente, existe a possibilidade de que seja renovado por mais 180 dias, mas diferentes fontes consideram a hipótese remota.

Oliveira Andrade surgiu como principal (e, posteriormente, único) interessado no BVA porque possui cerca de R$ 600 milhões aplicados no banco. Para não perder o dinheiro, resolveu tentar comprá-lo. Para que a proposta vingasse, estabeleceu que seria preciso a adesão de ao menos 90% dos credores. Até esta sexta, 70% haviam aceitado as condições - R$ 650 milhões num total de R$ 900 milhões.

A negativa dos cotistas do fundo, aliada à resistência de parte dos credores, levou o Caoa a desistir. Mas a novela ainda não terminou. Como lembra uma fonte, em meio a tantas condicionantes (reunião com o FGC e eventual continuidade da assembleia), a situação pode virar de uma hora para a outra.

Fonte: Aqui

19 dezembro 2012

BVA

O BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) há quase dois meses, tem até agora um passivo a descoberto de aproximadamente R$ 1,5 bilhão [1]. O valor total pode ser maior ou menor, porque o processo de levantamento e análise dos números só deve terminar no fim desta semana. Segundo fontes que acompanham o caso, ainda há chance de o BVA não ser liquidado. A decisão final será do BC.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que há dois trabalhos de avaliação correndo paralelamente. Um deles é o do BC, que definiu como interventor do banco o funcionário de carreira Eduardo Félix Bianchini. O outro processo está sendo comandado pelo banco de investimentos BR Partners, contratado pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

A estimativa de um passivo próximo de R$ 1,5 bilhão é do BC. Bianchini foi procurado pela reportagem, mas não se pronunciou. O trabalho do FGC ainda não terminou. A expectativa é de que os números das equipes lideradas pelo BR Partners sejam conhecidos até o fim desta semana.

Esses números são fundamentais para saber se o BVA terá ou não salvação. Uma proposta firme pelo banco só poderá ser feita - e avaliada pelo BC, que tem a palavra final no assunto - com os dados detalhados em mãos.

Diferentemente de outros bancos que quebraram no País nos últimos anos (notadamente Panamericano e Cruzeiro do Sul), no BVA, até agora, não foram encontradas fraudes. O passivo a descoberto é fruto, principalmente, de garantias de créditos concedidos pelo banco.

Segundo pessoas que conhecem a instituição, o BVA tinha como característica emprestar para empresas de médio porte e deixar a maior parte do débito para ser liquidada no final do contrato. Como contrapartida, exigia garantias, como imóveis.

Entre os ativos do banco constam pouco mais de R$ 300 milhões em imóveis executados por inadimplência. O problema é que, em muitos casos, a documentação do imóvel está incompleta. Não há, por exemplo, certidão de registro em cartório.

O mesmo ocorre com imóveis que são garantia de empréstimos que ainda estão na carteira. A legislação obriga o BC a fazer provisões para todos esses empréstimos com garantias duvidosas. Por isso, a conta do passivo total está perto de R$ 1,5 bilhão [1].

Se as garantias se revelarem reais, o buraco final será menor. De outro lado, a apuração dos números pelos técnicos poderá revelar passivos que até agora não apareceram e, consequentemente, inviabilizar o banco. (...)


BVA tem buraco de R$1,5 bi até o momento - LEANDRO MODÉ E DAVID FRIEDLANDER - Agencia Estado. Grifo nosso

Novamente a contabilidade aparece. Apesar de não ter fraude, o BVA tinha problemas contábeis.

[1] Uma confusão aqui. Passivo a descoberto é diferente de conta do passivo total.

10 abril 2013

BVA

A próxima sexta-feira é uma data vital para definir o destino do banco BVA, sob intervenção do Banco Central (BC) desde 19 de outubro. Nesse dia, credores de um fundo de investimentos que possui títulos emitidos pelo BVA reúnem-se para decidir se aceitam a proposta do controlador do Grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, pelas suas aplicações.

O Estado apurou que, se não aceitarem, o empresário desistirá do negócio. Nessa hipótese, o BVA deverá ser liquidado pelo BC, uma vez que o prazo de 180 dias da intervenção termina na próxima quinta-feira, dia 18.

O fundo em questão é administrado pela gestora carioca Drachma. Tem na carteira um CDB emitido pelo BVA que paga uma remuneração excepcional para os padrões atuais do mercado financeiro brasileiro: 33% ao ano.

O valor original do papel é de R$ 50 milhões, comprazo de vencimento de 10 anos. O investidor que firmou o negócio com o BVA revendeu o CDB para o fundo da Drachma. Esse fundo, por sua vez, tem como cotistas quase meia centena de fundos de pensão e outras entidades de previdência de estatais.

O grupo Caoa não quer comprar o BVA com esse passivo no balanço. Por isso, propôs aos detentores do papel o mesmo desconto que tem sido oferecido aos outros credores do BVA: 35% do valor à vista e a possibilidade de receber outros 35% dependendo do índice de recuperação dos créditos do BVA no mercado.

Quem tem, por exemplo, R$ 1 milhão, recebe à vista R$ 350 mil e ganha a possibilidade de receber outros R$ 350 mil.

O problema é que muitos dos investidores que estão no fundo Drachma têm se mostrado irredutíveis. Na conta deles, o CDB em questão não vale mais os R$ 50 milhões originais, mas mais de R$ 300 milhões - valor que embute a remuneração de acordo com o prazo acertado. É um procedimento conhecido como marcação a mercado.

"O que esses investidores não conseguem entender é que, hoje, eles não têm nem R$ 50 milhões e muito menos R$ 300 milhões. Possuem apenas R$ 70 mil, que é o valor coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) caso o BVA seja mesmo liquidado", afirma uma fonte a par das negociações.

Na sexta-feira, representantes dessas fundações farão uma assembleia em São Paulo para decidir se aceitam ou não a proposta do grupo Caoa.

Se eles derem sinal verde para a oferta, o caminho estará aberto para que Oliveira Andrade faça uma proposta oficial pelo banco. Mas uma fonte lembra que, mesmo nessa hipótese, o negócio não estará garantido.

Faltará saber se a adesão total dos credores à proposta da Caoa alcançou o montante pretendido pelo empresário: 90%. Se as duas condições forem cumpridas, a proposta será feita. A decisão, então, caberá ao BC.


Destino do BVA pode ser definido esta semana - Leandro Modé - O Estado de S. Paulo - 09/04/2013

06 janeiro 2013

BVA

Ex-diretores do banco BVA podem ter tentado obter vantagem sobre a Legião da Boa Vontade (LBV) quando o banco entrou em regime de intervenção. Com o possível objetivo de garantir algum recurso depois de ficarem com os bens indisponíveis, empresas controladas por José Augusto Ferreira dos Santos — ex-presidente da instituição financeira —, e por José Roldão de Almeida Souza — ex-administrador —, fizeram cobranças irregulares à LBV. Além deles, a entidade também recebeu faturas do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FDIC) Itália, criado pelo BVA, e do Citibank Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.

A questão foi parar no Tribunal de Justiça de São Paulo e será analisada pelo interventor do banco, Eduardo Félix Bianchini. Em alguns dias ele deve enviar uma resposta à Justiça. No processo consta que a LBV firmou uma cédula de crédito bancário com o BVA de R$ 10 milhões, uma operação equivalente a fazer um empréstimo. Essa cédula seria transferida para o Fundo Itália, porém, pela descrição no processo aberto pela entidade, os gestores, custodiantes e administradores do Itália tentaram receber os valores. “Na hora que a gente foi pagar a dívida, apareceram vários credores. Eu não sei a quem devo pagar”, explicou o advogado da LBV Márcio Pollet. “Abrimos o processo para nos proteger”, disse.

Com o surgimento dos credores, a entidade decidiu abrir um processo citando todos os envolvidos para que a Justiça determine a quem deve ser paga a dívida. Enquanto não sai uma decisão, a LBV pediu permissão para fazer os pagamentos de maneira consignada, em uma conta da Justiça. Solicitou ainda que sejam suspensos os juros pelo atraso, já que não há credor certo e o dinheiro está guardado em uma conta judicial. Outras empresas e entidades fizeram pedido semelhante, de pagar os empréstimos em consignação, porém o processo da LBV está mais adiantado. No total, o BVA é citado em pouco mais de 240 processos no TJSP, nem todos referentes a intervenção e a operações de crédito. Com esses conflitos judiciais, a inadimplência da carteira de créditos a receber do fundo Itália chegou a 8%, pouco mais de R$ 34 milhões.

Segundo a assessoria de imprensa dos ex-administradores do BVA, não houve irregularidade. “A operação citada foi feita seguindo todos os parâmetros das leis e regras que regulam o setor. Foi registrada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do setor, e cumpre todas as normas estabelecidas pela autarquia”, informou em nota. O Banco Central, procurado pela reportagem, disse que não comentaria o caso. O BVA afirmou que depois da intervenção não possui mais assessoria de imprensa ou porta-voz.


Suspeita de golpe contra a LBV - 4 de Janeiro de 2013 - Correio Braziliense - VICTOR MARTINS

16 janeiro 2013

BVA

O trabalho de avaliação do banco BVA, que está sob intervenção do Banco Central (BC) desde 20 de outubro, terminou. A auditoria liderada pelo banco de investimentos BR Partners concluiu que o passivo a descoberto da instituição é de cerca de R$ 1,5 bilhão, conforme o "Estado" informou em dezembro. Com isso, o caminho está aberto para que eventuais interessados no BVA façam propostas de compra.

Segundo fontes que acompanhamo caso, ainda há possibilidade de o banco não ser liquidado. Se a hipótese se confirmar, será a primeira vez na história do sistema financeiro brasileiro que um banco privado sai de um regime de intervenção do BC. Nas outras ocasiões em que isso aconteceu, as instituições envolvidas eram públicas.

(...) O Estado apurou que, até agora, pelo menos três instituições teriam demonstrado interesse. O mais firme é Carlos Alberto de Oliveira Andrade, controlador do Grupo Caoa, que teria cerca de R$ 600 milhões retidos no BVA. A assessoria de Andrade confirma que o grupo está mesmo em negociações.

Ele já teria até feito uma proposta, mas antes de a avaliação do banco terminar. É provável que Andrade tenha de refazer a oferta, caso permaneça interessado após a apuração dos números pelo BR Partners. (...)


Auditoria termina e BVA pode receber propostas - 15 de Janeiro de 2013 - O Estado de São Paulo - Leandro Modé

14 outubro 2012

BVA

O banco BVA, que está sob pressão por não ter apresentado nenhum balanço auditado em 2012 e não ter efetivado a capitalização de R$ 300 milhões prometida para setembro, estuda tirar da presidência executiva Ivo Lodo, que também é sócio da instituição. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o acionista majoritário do BVA, José Augusto Ferreira dos Santos, avalia que a divulgação dos números oficiais do ano e a capitalização seriam insuficientes para acalmar o mercado financeiro. Por isso, defende que um novo executivo assuma a instituição. (...)

Em um ambiente marcado por desconfiança em relação aos bancos de pequeno e médio porte, o BVA entrou na mira dos investidores pelo atraso na divulgação dos balanços auditados. Assim como ocorreu com outras instituições financeiras, o BVA sofreu uma inspeção do Banco Central (BC) este ano. Após analisar os dados da instituição, a autoridade pediu cerca de R$ 150 milhões em provisões adicionais para créditos duvidosos, o que fez o BVA apurar prejuízo de aproximadamente R$ 100 milhões no primeiro semestre.

Como o prejuízo reduz automaticamente o patrimônio líquido, o BVA começou a trabalhar em uma capitalização. Lodo chegou a anunciar ao Estado que a instituição receberia R$ 300 milhões até o fim de setembro. Além disso, um plano de reorganização societária foi rejeitado pelo BC. O plano previa, entre outras coisas, a saída de Santos do bloco de controle.

Para piorar, duas agências de classificação de risco, a americana Moody's e a brasileira Austin Rating, reduziram a nota de crédito do BVA no fim de setembro. Pela Moody's, o BVA tem nota "E" - é um dos últimos degraus da escala da agência. Ontem, a Austin cortou a nota de três fundos de investimento em direitos creditórios (FDICs) do BVA por causa da piora da qualidade de crédito das carteiras. (...)

Fonte: Estado de S Paulo

21 outubro 2012

BVA

O Banco Central decretou intervenção no BVA. Segundo o Estado, foi a mais "cantada" pelo mercado: rumores já circulavam há meses, nos últimos dias clientes não conseguiam sacar depósitos e atrasos na divulgação das demonstrações contábeis.

Na fiscalização nos últimos meses o Banco Central exigiu provisões adicionais de 150 milhões de reais. O balanço semestral provavelmente teria uma prejuízo de cem milhões. Para cobrir o prejuízo e estar dentro dos parâmetros da Basileia o banco precisaria de um capital de 800 milhões de  reais, segundo a Folha, ou de 600, segundo o Estado.  A Veja chuta 1 bilhão. O controlador pediu dinheiro ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que exigiu contrapartida dos sócios.

Mesmo levantando o dinheiro, o dinheiro talvez não fosse suficiente por uma questão contábil

o dinheiro seria insuficiente para restaurar a credibilidade, abalada, também, pela ausência de balanços auditados em 2012 - o BVA se desentendeu com a auditoria, a KPMG. Depois de muita negociação, os números estavam prontos para publicação na semana que vem.

O BVA possui as seguintes características:

Especializado em crédito para companhias de médio porte, o BVA tem sede na cidade do Rio de Janeiro e detém 0,17% dos ativos do sistema financeiro e 0,24% dos depósitos. A instituição tem sete agências localizadas no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo.

Era um banco conhecido por cobrar juros elevados e por ter uma política agressiva de captação de dinheiro no mercado.

Foi a terceira intervenção em quatro meses, mas ao contrário das anteriores, nenhuma irregularidade contábil foi ainda encontrada.
Após a intervenção, a empresa de rating Austin rebaixou a nota do banco. Já a LF Rating dava grau de investimento para o banco, com nota BBB+, indicando certas fragilidades, mas com capacidade de superação dos problemas de curto prazo. A Moody´s dava nota E, enquanto a Fitch era mais otimista: B-, ou seja, grau especulativo. Em resumo, com exceção da Moody´s, as agências de rating erraram feio, mesmo sabendo que era uma notícia já esperada do mercado.

Os bens dos controladores estão indisponíveis.

11 março 2025

STJ condena KPMG e abre precedente para responsabilização de auditorias no Brasil


Saiu no Valor uma recente condenação da KPMG, uma das Big Four, a pagar cerca de R$ 10 milhões a um investidor do Banco BVA. Isso estabelece um precedente importante para o mercado financeiro e para a responsabilidade das auditorias independentes no Brasil. A decisão - inédita - do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a qual não cabe mais recurso, responsabiliza a KPMG por ter emitido pareceres sem ressalvas sobre as demonstrações financeiras, pouco antes do colapso da instituição.

O ministro do STJ, Villas Bôas Cueva. destacou a atuação "exemplar" do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) e reforçou a responsabilidade das auditorias por negligência e imperícia. O STJ manteve o entendimento do TJSP, que condenou a KPMG a indenizar uma holding familiar que investiu R$ 3,5 milhões em CDBs do Banco BVA, confiando nos pareceres da auditoria.

O caso KPMG sugere uma tendência de maior responsabilização das auditorias no Brasil. A decisão do STJ indica que investidores lesados por pareceres contábeis inadequados podem recorrer à Justiça para buscar reparação de seus prejuízos.

Leia postagens anteriores sobre o Banco BVA: aqui.

29 agosto 2012

Empregados

Eis uma situação interessante: uma entidade faz uma reunião com os empregados para comunicar o resultado
O banco BVA deve anunciar nos próximos dias prejuízo acumulado de R$ 90 milhões no semestre, segundo funcionários da instituição. Na segunda-feira, os sócios do banco fizeram uma reunião com cerca de 400 empregados na qual informaram o resultado que deve constar no balanço do banco.
Segundo os diretores do BVA, o prejuízo é decorrente do aumento de provisões, exigido pelo Banco Central. Fontes ouvidas pela reportagem afirmam que o valor reservado para esse fim no banco supera os R$ 150 milhões no período - ou seja, sem as medidas prudenciais do BC, o BVA teria dado lucro. Os diretores disseram ao iG que já fizeram todo o provisionamento exigido para o primeiro semestre.
Na reunião com os funcionários, a primeira da história do banco, os diretores também anunciaram aumento de capital de R$ 300 milhões, o que elevaria o patrimônio líquido da instituição para R$ 1 bilhão.
Qual a razão? Provavelmente a direção quer evitar que boatos prejudiquem a moral interna.

22 junho 2013

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – O Banco Rural foi condenado por estar envolvido numa manipulação durante a falência da seguinte empresa:
Banco BVA
Transbrasil
Vasp

2 – Com respeito a questão anterior, a fraude está relacionada com a alienação de que produto?
Aviões
Gado
Terrenos

3 – Uma pesquisa revelou que o uso intenso de smarphones traz como consequência:
Aumento na ignorância das pessoas
Aumento nos casos de impotência
Redução na vida média da população

4 – O Banco Central decretou liquidação extrajudicial do
Banco Cruzeiro do Sul
Banco Rural
BVA

5 – Foi (foram) condenado (s) pelo fisco de um país da Europa por evasão fiscal:
Giorgio Armani
Dolce e Gabbana
Donatello Galli

6 – Referente a questão anterior, em qual país ocorreu esta condenação
França
Itália
Reino Unido

7 – O Parliamentary Commission on Banking Standards apresentou um relatório no qual afirma que os conflitos de interesse entre os auditores e os gestores dos bancos impediram que os profissionais contábeis agissem no momento decisivo. Esta comissão está localizada
na Austrália
nos Estados Unidos
no Reino Unido

8 – Wagyu é muito apreciado num país oriental. Entretanto, um possível esquema Ponzi com este produto ocasionou um prejuízo de 4 bilhões de dólares. Wagyu é
um doce produzido a partir do feijão
um tipo de cereal muito apreciado no oriente
uma raça de gado bovino

9 – Em que país ocorreu o escândalo Ponzi com o Wagyu?
China
Coréia do Sul
Japão

10 – Esta entidade divulgou uma minuta sobre governança no setor público
FMI
IASB
IFAC

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze

Respostas: (1) Vasp; (2) Gado; (3) ignorância; (4) BVA; (5) Dolce e Gabbana; (6) Itália; (7) Reino Unido; (8) raça de gado bovino; (9) Japão; (10) IFAC

10 dezembro 2012

Agências

Agências de classificação de risco deram notas altas e consideraram "seguros" vários bancos brasileiros que quebraram recentemente.

O Banco BVA, por exemplo, ganhava da classificadora LF Rating nota BBB ("moderada segurança") quatro dias antes de sofrer intervenção do BC, em 19 de outubro.

Da Austin Rating, o BVA ganhava nota BBB+ ("risco baixo") menos de dois meses antes da intervenção.

O mesmo ocorreu com bancos como o Cruzeiro do Sul, que foi liquidado em setembro com um rombo de R$ 3,1 bilhões, e o Panamericano, que sofreu intervenção em 9 de novembro de 2010.

Tais notas afetam as empresas de duas formas. De um lado, investidores usam ratings para se guiar. Alguns fundos só aplicam em papéis tidos como seguros. De outro, financiadores avaliam o risco por meio delas: quanto menor a nota, mais caro fica tomar dinheiro emprestado.

Com a chancela das agências de rating, fundos de pensão como a Petros, segundo maior do Brasil, podiam investir em papéis mais arriscados, que levavam o carimbo de "seguros". A Petros tinha R$ 80 milhões em três fundos ligados ao BVA e aplicava em papéis do banco.

SHOPPING DE RATING

Uma prática permitida no mercado agravava a insegurança das notas: o chamado "shopping de ratings". As empresas que precisam de ratings bons pedem uma avaliação preliminar a uma agência. Se recebem uma nota baixa, tentam em outra, até conseguir uma nota satisfatória.

Como hoje não é obrigatório divulgar os ratings preliminares, o investidor nem desconfia que a empresa teve uma nota ruim.

Para impedir os efeitos prejudiciais dessa prática, a partir de 1º de janeiro passa a valer uma instrução da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que torna obrigatório divulgar os ratings preliminares nos sites das agências.

"Essa instrução da CVM deve mitigar esse shopping de ratings", diz Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch Ratings no Brasil.

"No Brasil, cada agência tem seus critérios de avaliação e há grandes discrepâncias", diz Sergio Garibian, diretor de ratings da Standard & Poor's na América Latina.

Em fevereiro de 2006, o banco Cruzeiro do Sul encerrou seu contrato com a Fitch, que lhe dava nota BB+(bra), "elevado risco de inadimplência". No mesmo ano, assinou contrato com a Moody's, que lhe deu Baa1 para depósitos de longo prazo e meses depois elevou a A3 (ambos grau de investimento, considerados seguros).

Por causa dessas contradições, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) apresentou um projeto de lei prevendo que as agências respondam por "prejuízos causados por conduta dolosa (com intenção) ou culposa nas classificações de risco".

"Não é normal que algumas agências classifiquem um banco como tendo baixo risco e ele quebre alguns dias depois", diz Fonte. "Ou a agência foi cooptada pelo banco ou não tem condições de classificar ninguém."

Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, o "shopping de rating" está restrito a operações estruturadas como FIDC (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios). "Não acho que isso ocorre com empresas e bancos", disse.

Para Paulo Rabelo de Castro, presidente da SR Rating, que não classificava nenhum desses bancos, "é importante uma regulamentação rígida, no momento em que o governo quer estimular o mercado de debêntures".

Maior fundo de pensão do país, a Previ só aceita ratings de três agências: S&P, Moody's e Fitch. Já a Funcef, da Caixa, compra títulos de dívida privada que sejam avaliados por pelo menos uma agência de rating, não importando qual.

A Funcef tinha papéis do PanAmericano e Cruzeiro do Sul. No caso do Cruzeiro, recebeu todo o investimento porque tinha garantia especial (DPGE).

Empresas selecionam classificação que mensura risco de crédito mais favorável


PATRÍCIA CAMPOS MELLO - TONI SCIARRETTA - Folha de S Paulo

05 junho 2014

Ainda sobre o BVA

Cinco meses antes da intervenção do Banco Central no banco BVA, o salário do então presidente da instituição, Ivo Lodo, aumentou de R$ 50 mil para R$ 1 milhão por mês. Isso aconteceu em maio de 2012. Em outubro, quando o BC entrou no BVA, encontrou um buraco de R$ 1,6 bilhão nas contas da instituição. Segundo relatório do BC, o aumento do salário fixo do executivo contrariou "frontalmente" a situação financeira da instituição, que era "bastante crítica".

Fonte: aqui

O executivo negou e afirmou que atendeu uma norma que obrigava as instituições financeiras a definir um teto salarial. E que durante o período que esteve na frente do banco, as retiradas foram em torno de 40 mil mensais.

19 dezembro 2012

Fim dos balanços exuberantes

Nenhum setor esteve tão na linha de fogo neste ano quanto o financeiro. No fim de abril, a presidente Dilma Rousseff disparou em cadeia nacional críticas às margens dos bancos privados e pediu redução dos juros cobrados aos clientes. Em setembro, foi a vez de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disparar sua munição, qualificando como “escorchantes” as taxas cobradas pelos cartões de crédito. A bronca do governo coincidiu com o aumento da inadimplência e a consequente ampliação de provisões. Como resultado, no terceiro trimestre de 2012, os três maiores bancos privados do País — Itaú Unibanco, Bradesco e Santander — lucraram, juntos, R$ 7,7 bilhões, queda de cerca de 10% em comparação ao mesmo período de 2011. O Banco do Brasil, por sua vez, registrou lucro líquido de R$ 2,7 bilhões nesse intervalo, queda de 5,6%.

A dificuldade em engordar a última linha do balanço comprova o fim do “almoço grátis” dos bancos. Com a taxa de juros real beirando 2%, essas instituições se despedem das margens elevadas de empréstimo e, consequentemente, dos tempos exuberantes em que o retorno sobre o patrimônio (ROE, na sigla em inglês) ultrapassava 20%. “Considerando-se a queda da taxa da Selic e o novo cenário de margens, o ROE dos bancos deve ficar entre 18% e 20%”, estima Luiz Carlos Angelotti, diretor de relações com investidores (RI) do Bradesco. A instituição registrou no terceiro trimestre um ROE de 18,4%, o mais baixo desde o quarto trimestre de 1999, quando chegou a 16,2%. Em igual período de 2011, havia acumulado 22%. O mesmo indicador caiu também no Itaú Unibanco: passou de 22,7% para 17,8% este ano — próximo ao patamar de 17,1% obtido no quarto trimestre de 1997.

Três fatores principais explicam a nova fase dos bancos: aumento da inadimplência, diminuição dos spreads bancários e redução do ritmo de concessão de crédito. No Itaú Unibanco, o índice de inadimplência atingiu 5,1% no terceiro trimestre, alta de 0,4 ponto percentual em relação a igual período de 2011. O aumento levou o banco a reservar cerca de R$ 6 bilhões em provisões para devedores no período, volume 20% maior do que um ano atrás. O ritmo de concessão de crédito, que há cinco anos estava na casa dos 20%, também arrefeceu. Em um ano, o estoque do Itaú, por exemplo, cresceu apenas 9,3%, para R$ 417,6 bilhões. Já a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada do tomador diminuiu 1,3 ponto percentual em 12 meses, para 7%.

“O crescimento do crédito continuará a ser maior do que o do PIB nos próximos anos, mas a velocidade de expansão será inferior aos 25% a 30% verificados no passado recente”, avalia Fernando Sampaio, sócio da LCA Consultores. “O crédito no Brasil era muito atrofiado, e isso deixou de existir. Mas continua caro e de prazo curto”, ressalta. Segundo dados do mercado, o saldo de crédito para pessoas físicas chegou a 16,1% do PIB no primeiro semestre (para se ter uma ideia, em dezembro de 2002, estava em 6,1%). O prazo médio das operações atingiu 597 dias (ante 284 dias em dezembro de 2002).

EM BUSCA DE SAÍDAS — Para resgatar suas margens de retorno admiráveis, os bancos terão de tecer novas estratégias. Precisarão, conforme os analistas, olhar com mais cuidado segmentos que, até então, tinham papel de coadjuvantes no seu negócio — os nichos de seguros, previdência e capitalização, por exemplo. No Bradesco, as atividades dessas áreas geraram, entre janeiro e setembro de 2012, R$ 2,6 bilhões em lucro líquido, o que representa 30,5% do lucro total da instituição. O resultado foi 12% superior ao obtido nos nove primeiros meses de 2011. “As oportunidades nesse setor são gigantescas”, observa Marco Antonio Rossi, diretor presidente da Bradesco Seguros e Previdência.

De acordo com ele, apenas 3% da base de clientes do banco possui seguro saúde; 20% tem previdência ou seguro de vida; e 5% conta com proteção para o automóvel. No mercado corporativo, o retrato não é diferente. Apenas 20% das empresas possui proteção para o seu patrimônio (imóvel e veículo, por exemplo) ou oferece benefício de saúde, dental ou previdência para os funcionários. Com o cenário de pleno emprego e aumento demográfico, a tendência é que mais companhias passem a oferecer esses benefícios.

Na área de concessão de empréstimos, o crédito habitacional é a maior aposta dos bancos. Depois de anos contido na casa dos 3%, o financiamento imobiliário atingiu 5% do PIB em 2011. No Chile, para se ter uma comparação, esse percentual é bem maior: chega a 18,5%. José Roberto Machado, diretor de negócios imobiliários do Santander, afirma que, para se destacar nesse segmento, é preciso oferecer condições diferenciadas. Em agosto, o banco espanhol estendeu o prazo de financiamento de imóveis para até 35 anos. Para quem tiver conta-salário na instituição, as taxas podem chegar até 8,8% ao ano, mais a Taxa Referencial (TR).
Agora é tempo de atentar para segmentos até então coadjuvantes, como os de seguros, previdência e capitalização


Outro nicho que pode ser mais explorado pelos bancos é o de crédito de longo prazo, voltado, principalmente, para as obras de infraestrutura. Estima-se que grande parte da carteira de crédito com vencimento superior a cinco anos esteja concentrada hoje em três instituições financeiras: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) (60%); Caixa Econômica Federal (15%); e Banco do Brasil (12%). O trio, contudo, não dará conta de financiar a grandiosa leva de projetos de infraestrutura que está por vir. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Tecnologia para Equipamentos e Manutenção (Sobratema), com dados reunidos até o terceiro trimestre de 2011, aponta que o País tem hoje 9.702 obras previstas, que demandarão R$ 1,35 trilhão em investimentos. “No médio prazo, os bancos devem começar, inclusive, a oferecer fundos voltados a projetos de infraestrutura para o varejo”, comenta o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy.

AINDA SEDUTORES — O fim das taxas de juros que eram um deleite para os bancos e uma espada no bolso da população é, sem dúvidas, uma má notícia para os primeiros. Mas, comparativamente a outros países, nossas instituições financeiras estão muito bem. No ano passado, o ROE dos bancos norte-americanos subiu pelo segundo ano seguido e chegou a 7,63%. Em 2009, um ano após a crise do subprime, esse percentual não passava de 3%. A comparação com as abastadas taxas na faixa de 17% dos nossos bancos evidencia que eles ainda ostentam condições privilegiadas no contexto bancário mundial. Mesmo assim, diante da pressão do governo e da queda nos spreads, o valor de mercado consolidado de Banco do Brasil, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander caiu 8,76% entre 1 de janeiro e 5 de novembro, passando de US$ 198,4 bilhões para US$ 181 bilhões, de acordo com dados da Economática. “Acreditamos que as instituições brasileiras têm capacidade para seguir entregando retornos superiores aos bancos internacionais”, salienta Karina Freitas, analista da corretora Concórdia, que recomenda a compra de papéis do setor.

A Citi Corretora segue o mesmo caminho. Elevou recentemente o preço-alvo em 12 meses para as ações de Itaú, Bradesco e Banco do Brasil, diante da expectativa de maior crescimento da economia em 2013 e diminuição da inadimplência, que atingiu seu pico no terceiro trimestre deste ano. O Itaú Unibanco, por exemplo, estima gastos entre R$ 5,5 bilhões a R$ 6 bilhões para cobrir despesas com maus pagadores nos próximos dois trimestres, valor inferior aos R$ 5,7 bilhões e R$ 6,2 bilhões previstos anteriormente.

A equipe de analistas do Itaú BBA também mostra otimismo com o setor bancário, principalmente, em relação aos papéis do Bradesco, cujo preço justo para o fim de 2013 alcança R$ 45,8, alta de 40% em relação à cotação de R$ 33 de 8 de novembro. “O Bradesco é nossa preferência no setor. É o mais defensivo dentre os grandes bancos brasileiros em virtude de seu forte balanço e do importante negócio de seguros e previdência”, diz Regina Longo Sanchez, analista do Itaú BBA. Para ela, mesmo em meio ao cenário desafiador, o banco pode vir a manter um ROE de 19% em 2013.

Carlos Nunes, analista do HSBC, considera que o setor tem sido negociado bem abaixo das avaliações históricas. A relação atual entre preço e valor patrimonial é de 1,6 vez, segundo ele, ante um índice histórico de 2,1 vezes. Isso traz um potencial de valorização para as ações do segmento, acredita o analista. A percepção de que a atividade bancária no Brasil é um excelente negócio parece não ter mudado.
Bancos médios sofrem para captar

Os bancos médios vivem dias de tormenta. Além das questões macroeconômicas que derrubam as margens do setor, essas instituições sofrem uma crise de reputação. A lista de bancos médios alvos de intervenção do Banco Central (BC) devido a problemas de má gestão e fraude não para de crescer. Inclui os bancos Cruzeiro do Sul, PanAmericano, Morada, Schahin e, mais recentemente, o BVA. “Esses anúncios dificultaram as captações e as encareceram em pelo menos 100 pontos-base. Além disso, fizeram com que os investidores externos saíssem dos papéis”, afirma um profissional de um banco nacional médio que preferiu não se identificar. Atualmente, a taxa paga pelas instituições financeiras de médio porte na captação por meio de Certificado de Depósito Bancário (CDB) pode chegar a 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).

Para piorar, diante do cenário econômico adverso, os grandes bancos reduziram as compras de carteiras de crédito das instituições menores, minando uma das principais fontes de captação dos bancos médios. No primeiro semestre, o lucro total obtido pelas instituições financeiras de médio porte foi de R$ 712 milhões, queda de 41% em relação ao ganho obtido no mesmo período de 2011.

Diante dessas dificuldades, o governo vem anunciando medidas para ampliar a liquidez de médio e longo prazo dessas instituições. Uma delas foi tornar permanente a linha de Depósitos a Prazo com Garantia Especial (DPGE), do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) . Criado no fim de 2008, a previsão era que esse instrumento parasse de ser utilizado em dezembro de 2015. Para emiti-lo, o banco deve entregar como garantia ao FGC operações de crédito. Com essa contrapartida, o fundo consegue cobrar uma taxa de seguro obrigatório menor dos bancos nessas operações, contribuindo para reduzir os custos de captação. (R.R.)


Fim dos tempos de glória - 18 de Dezembro de 2012 - Revista Capital Aberto - Roberto Rockmann

22 outubro 2012

BVA

Uma das irregularidades mais frequentes cometidas pelo Banco BVA era registrar em seus balanços que havia concedido empréstimos a empresas, mas, efetivamente, os recursos não eram liberados. Fiscais do Banco Central investigam, por exemplo, denúncias de uma construtora que opera no Distrito Federal. O BVA alega ter repassado à empreiteira R$ 49 milhões, financiamento garantido em empreendimentos e terrenos da empresa. Mas nenhum centavo chegou ao caixa da construtora que, apenas em setembro último, fez 69 denúncias ao BC. No entanto, somente 17 queixas aparecem nos registros públicos da autoridade monetária e nem todas são da companhia.

Fonte: Aqui

Isto de certa forma contradiz a postagem anterior, onde se comentava que nenhuma irregularidade contábil tinha sido encontrada.

20 junho 2013

BVA

O Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco BVA.

Informações do interventor revelam que a situação de insolvência da instituição se mantém inalterada e indicam a impossibilidade de normalização dos negócios da instituição por seus próprios meios.

26 outubro 2012

Fundos de Estatais

Onde têm um grande escândalo contábil no Brasil tem um fundo de pensão de uma estatal envolvido, para azar dos seus funcionários. No caso do BVA isto parece que não foi exceção:

A Petros investiu R$ 51 milhões em cédulas de crédito bancário (CCB) emitidas pela V55 Empreendimentos, uma das empresas criadas pelos principais sócios do BVA - José Augusto Ferreira dos Santos e Benedito Ivo Lodo - para injetar recursos no banco. O saldo a ser pago dessa CCB, que vence em junho de 2013, é estimado em pouco mais de R$ 20 milhões. Com a intervenção no BVA, os bens dos acionistas, incluindo a V55, ficaram indisponíveis. (Petros financiou sócios do BVA, 25 de Outubro de 2012, Vinícius Pinheiro)


Talvez uma das razões seja a ganância:

O investimento nos papéis da V55 rendia para a Petros o equivalente à variação do IPCA mais 13% ao ano, bem acima da meta atuarial de 6% da fundação. A posição na V55 representava 5,5% do total de CCBs detidos diretamente pelo fundo de pensão.


Ou a falta de conhecimento de finanças, mais especificamente, diversificação.

31 maio 2014

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se o leitor está atento ao que foi notícia sobre a contabilidade:

1. Uma medida do governo, da Receita Federal, permitiu que as empresas pudessem optar pelo

Grau de detalhamento do CMV
Modelo de tributação do lucro
Regime contábil

2. Também esta semana tivemos a notícia que o Banco Central descobriu uma diferença na contabilidade do BVA, mais especificamente na sua conta

Caixa
Empréstimos
Terrenos

3. Estudantes da UFRJ estão usando no aprendizado de contabilidade

Casos de fraudes bancárias
Declarações de imposto de renda
O mundo virtual de SimCity

4. Esta empresa alterou seu plano de recuperação, particularmente a obrigação de aporte do controlador

Banco Santos
OGX
Previ

5. A análise dos balanços das equipes de Fórmula 1 mostra

Um lucro bem acima do padrão normal
Um lucro próximo a zero
Um prejuízo para a maioria delas

6. Este grupo contratou um conhecido especialista em lavagem de dinheiro

Grupo Bertin
JBS
Marfrig

7. O STF irá analisar se este político recebeu informação privilegiada no caso do Banco Santos

Joaquim Roriz
José Sarney
Paulo Maluf

8. A receita da Fifa com a Copa do Mundo no Brasil será em torno de

1 bilhão de dólares
2 bilhões de dólares
4 bilhões de dólares

9. O Refis deverá contribuir com a receita do governo federal em

R$1,2 bilhão
R$12 bilhões
R$120 bilhões

10. Mais um banco é multado. Desta vez foi o Barclays, por

Falta de evidenciação contábil
Manipulação do preço do ouro
Pagamento indevido de remuneração

Respostas: (1) Modelo de tributação do lucro; (2) Caixa; (3) SimCity; (4) OGX; (5) prejuízo; (6) Bertin; (7) Sarney; (8) 4 bilhões; (9) R$12 bilhões; (10) Manipulação do preço do ouro

Se acertou 9 ou 10 = bom leitor e boa memória; 7 ou 8 = sem muita preocupação com o que acontece de importante no mundo contábil; 6 ou 5 = sorte ou azar?