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30 dezembro 2022

Consenso científico

A pandemia e algumas discussões políticas, em conjunto com o crescimento de mídias sociais, fez com que a questão do consenso científico adquirisse relevância. O site Skeptical Science trouxe um texto explicativo bem interessante sobre este assunto. As considerações a seguir estão baseadas neste artigo.

Inicialmente é bom destacar que consenso científico (vamos chamar, a partir de agora, de CC) não é sinônimo de verdade absoluta e nem prova de uma teoria científica. Consenso significa que existe uma convergência de evidências, todas aparentemente apontando na mesma direção. O CC não é parte do método científico, mas sim resultado da aplicação dele. Assim, o consenso científico só pode surgir nas discussões onde o método científico é usado. Não existe consenso científico nas coisas da fé. 

Por não ser uma verdade absoluta, o consenso não é infalível, mas significa o que melhor sabemos com as condições atuais sobre um determinado tópico. O desenvolvimento científico, a criação de novos instrumentos ou mais discussões pode mudar este consenso científico. 

Ao contrário de uma eleição ou um grupo social, o CC está baseado no ... conhecimento científico. Conforme lembra o texto, ciência não é democracia. Pelo contrário, é uma ditadura, a ditadura da evidência. Se o conhecimento é estruturado conforme o método científico, este irá prevalecer sobre a opinião dos cientistas. 

Neste sentido, o termo "consiliência da evidência" pode ser importante. Isto significa dizer que muitas evidências, surgidas de forma independente, podem apontar para a mesma conclusão. Isto não significa concordância em todos os aspectos, mas que os resultados gerais são consistentes para diferentes áreas científicas. 

Como o site explora bastante a questão ambiental, o exemplo citado é nesta linha. Diversas áreas, como meteorologia, geologia, geofísica, química atmosférica, entre outras, estudaram a questão do clima e chegaram a resultados consistentes sobre o recente aquecimento global em razão das atividades humanas nos últimos séculos. Isto é um exemplo de consiliência. 

A ciência depende de que as evidências se unam e contem a mesma história. Quando consideramos a temperatura média da Terra, com medições no solo, nos oceanos e em balões no ar, todos os métodos apontam um aumento na temperatura. Além da mera mensuração da temperatura, a observação das geleiras, do nível do mar, o comportamento dos animais, entre outras observações, fazem com que o quebra-cabeça do clima se encaixe e tenhamos uma evidência consistente, que gera o CC.

É na evidência que podemos dizer que a ciência está cumprindo seu papel. Mesmo com todas as evidências, ainda há pessoas que contestam a questão do aquecimento global. A divergência faz parte do CC, pois não existe a necessidade de que 100% dos cientistas estejam convencidos de algo para que faça parte do CC. 


Mas faz parte do CC a diversidade. Em uma questão como o aquecimento global o número de grupos de apoiam esta ideia é muito grande, conforme pode ser notado na figura acima. São países com culturas distintas que chegaram a mesma conclusão. Dos mais de 200 países, 80 deles, os mais relevantes, consideram que o ser humano tem um papel no aquecimento global. Aqui temos não somente CC como diversidade geográfica, social e econômica. 

Isto é diferente de um pequeno grupo de pesquisadores, com formação similar, que chegaram a um acordo. Não, aqui não temos CC, mas uma tendência de pequenos grupos promoverem a harmonia entre seus membros. 

Assim, o CC é baseado na consiliência da evidência, na calibração social e na diversidade social. Tendo os três elementos, provavelmente iremos encontrar o CC. Não será no seu grupo de amigos ou na opinião de uma pessoa. É na ciência.