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22 agosto 2023

Roubo do Roubo

Eis a notícia

"O Museu Britânico foi vítima de furto", disse o ex-curador do Museu Britânico Nigel Boardman em um comunicado. "Estamos absolutamente determinados a usar nossa revisão para chegar ao fundo do que aconteceu."


Boardman referia-se à notícia de que o museu descobriu que "joias de ouro, gemas e vidros datando de até o século XV a.C. estavam desaparecidos de um depósito", informou o The Washington Post. O museu desde então demitiu um funcionário.

A ironia é evidente. Em 2014, o Queen's Counsel Geoffrey Robertson disse ao The Guardian: "Os curadores do Museu Britânico se tornaram os maiores receptadores de propriedade roubada/furtada do mundo, e a grande maioria de seu saque nem mesmo está em exibição pública."

Do The Washington Post: "Vamos direcionar nossos esforços para recuperar os bens roubados que anteriormente roubamos' pode não ser a atitude que os assessores de imprensa do museu nacional pensam que é", escreveu Dan Hicks, professor de arqueologia contemporânea de Oxford, na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter."

Eis um assunto interessante (que poderia ser vinculado a questão do terrorismo, que falamos ontem). Um objeto roubado (ou furtado) pode ser um ativo? Fiz esta pergunta para minha turma no semestre passado e a resposta, daqueles que não estavam no celular, era que não. Se considerarmos a questão da propriedade como central para definição, a resposta dos alunos seria válida. Mas o Museu Britânico não reconhece a escultura Moai da fotografia acima como parte do seu acervo? Provavelmente sim. O problema é que a obra foi tomada ilegalmente da cultura Rapa Nui, o que significa roubo ou furto. 

Existindo a capacidade de gerar riqueza com um objeto incorporado ao patrimônio de maneira estranha, o mesmo não deveria fazer parte da contabilidade, segundo uma resposta mais ética. Mas e se a gestão da empresa ou seu contador não sabem da origem duvidosa do item? Isto compromete a resposta.

É bem mais complicado do que parece. Acho que tenho uma resposta mais realista: um objeto roubado ou furtado pode ser um ativo. Na minha aula eu citei explicitamente o Museu Britânico e seu acervo. Boa parte dele roubado/furtado.

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