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27 maio 2019

Autocracia e construção de prédios

O mais alto edifício do mundo está localizado em Dubai. Com 828 metros, o Burj Khalifa deixará de ser o mais alto do mundo em pouco tempo. Outro prédio, a torre Jeddah (foto), com mil metros de altura, está sendo construída na Arábia Saudita.

Um texto do jornal Washington Post discute se existe coincidência dos dois prédios estarem em regimes não democráticos. Parece que os líderes autoritários tendem a gastar mais em projetos não produtivos que os líderes democráticos. Isto inclui as pirâmides e outras obras.

Uma razão óbvia para isto é o custo elevado.

O financiamento de projetos de infraestrutura caros, sem benefícios óbvios para a população em geral, é mais difícil de ser feito por líderes em democracias.

Usando dados sobre a construção de arranha-céus de todo o mundo desde 1900, encontramos evidências sistemáticas de que autocracias constroem mais novos arranha-céus do que democracias.

A razão para que isto ocorra é que o líder tem interesse pessoal no projeto. O líder pode usufruir do edifício morando nele. Ou então, a construção das obras pode ser uma tentativa de projetar a imagem externa do líder e do governo. Ou pode existir uma crença pessoal, como foi o caso da Basília de Nossa Senhora da Paz, construída na Costa do Marfim, por Félix Houphouët-Boigny. É uma réplica da Basílica de São Pedro, com 30 metros a mais.

Em regimes democráticos, a liberdade de expressão é um obstáculo importante para esta decisão. Um pesquisador fez uma análise dos arranha-céus que foram construídos a partir de 1900 em mais de 150 países. Analisando quase cinco mil construções, o pesquisador encontrou que existe uma relação entre o tipo de regime (autocrático ou não) e a construção de um prédio. E isto não depende da renda, de recursos naturais ou população.

Baseado no texto do Washington Post

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