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25 janeiro 2020

Mercado de Trabalho ruim

O governo comemorou o saldo positivo em 2019 para geração de empregos. Mas dezembro foi um mês ruim, mas o resultado é influenciado pela sazonalidade.

No setor contábil as notícias são ruins e o ano não foi bom. Mesmo com o crescimento da economia, com o aumento dos jovens que estão chegando no mercado de trabalho e a grande formação de contadores pelos cursos de graduação no país, o ano marcou uma destruição de vagas. Mais ainda, o ano de 2019 foi pior que o de 2018, embora bem melhor que 2017.

A tabela faz uma comparação entre os dados de 2018 e 2019.
Os demitidos possuem cada vez mais salários maiores e o tempo de emprego médio foi de 38,52 meses. As baixas atingiram os escriturários (-1.212), os com curso superior (-920) e as mulheres (-1.343). O gráfico a seguir mostra um comparativo, desde 2014, entre os resultados da economia e do setor contábil:

Mudança no IAS 1

Em meados de dezembro, o Iasb publicou uma minuta de uma novo padrão contábil, o "General Presentation and Disclosures" que deverá substituir o IAS 1, que é um padrão anterior ao Iasb, de 1997. O prazo para comentários é 30 de junho de 2020.

A proposta que está em audiência pública começou em abril de 2016. E abrange: definir subtotais na DRE; melhoria na agregação e desagregação de informação; introdução de Management Performance Measures (MPMs) e sua evidenciação; e melhoria na DFC.

O primeiro item poderá ajudar as informações a serem mais comparáveis. Exigirá que as entidades apresentem o lucro operacional, que está definido, a priori, como sendo o lucro das operações normais da entidade, antes de impostos e retornos de investimentos, financiamentos e resultados de associados e joint-ventures. Para o Iasb, em lugar do Ebitda, deve-se usar o lucro operacional antes de depreciação e amortização, que fornece informação “similar” a muitas medidas de Ebitda usadas atualmente.

Sobre a DFC, o Iasb pretende que o ponto de partir da DFC seja o lucro operacional (e não o lucro líquido) e restringir as possíveis classificações de juros e dividendos.

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Partidas dobradas em Portugal

O artigo Gonçalves (*) traça um panorama histórico muito interessante, não somente da história da contabilidade, como também da história da própria contabilidade. Vale a pena uma leitura para àqueles que se interessam pelo assunto.

Apesar de citar evidências pontuais de uso das partidas dobradas logo após a publicação do livro de Pacioli, como a presença em Portugal de conhecedores do método e o uso esporádico em uma entidade, o artigo reconhece que a institucionalização do método somente ocorreu de maneira muito tardia, em relação aos outros países da Europa, entre 1755 a 1777. O grande herói foi o controverso Marquês de Pombal.

A institucionalização ocorreu por meio de leis e normas, publicação de livros, deliberações de organizações para-estatais e decisões de empresas privadas. Entretanto, parece que este último foi menor. Eis um trecho:

Tal como Gomes (2007), o presente estudo também mostra ´que o papel desempenhado pelo Governo português foi decisivo no processo de institucionalização das partidas dobradas em Portugal´(Gomes, 2007, p. 229)

(*) Gonçalves M. (2019). Contabilidade por partidas dobradas: história, importância e pedagogia (com especial referência à sua institucionalização em Portugal, 1755–1777). De Computis - Revista Española de Historia de la Contabilidad, 16 (2), 69 - 142. doi: http://dx.doi.org/10.26784/issn.1886-1881.v16i2.355  

Rir é o melhor remédio

Quatro anos usando o Windows 10. Atividade do mouse.

24 janeiro 2020

Receitas, Despesas, Perdas e Ganhos

Na página do Fasb novas definições de receitas, despesas, perdas e ganhos. Antes de tratar deste ponto é importante lembrar que a partir da assinatura do acordo de Norwalk, em 2002, a entidade que cria as normas contábeis dos Estados Unidos, o principal mercado acionário do mundo, e o Iasb, que seria responsável pela convergência, dedicaram um grande esforço no sentido de ter alguns projetos conjuntos.

Para o Iasb, o trabalho conjunto poderia ser interessante já que o Fasb possuía (e ainda possui) uma grande experiência na normatização contábil. Para o Fasb, seria uma ampliação de sua influência, reconhecendo sua expertise. A execução prática do acordo conduziu a algumas normas conjuntas. No final as duas entidades conseguiram finalizar alguns documentos específicos, como leasing, e uma estrutura conceitual conjunta.

Entretanto, a partir de meados da década de 2010 as divergências aumentaram. Depois de finalizarem os projetos iniciados em conjunto, as duas entidades preferiram seguir de maneira isolada. O Iasb busca resolver seus problemas de financiamento e aumentar a zona de influência das normas internacionais, tentando obter um apoio mais incisivo de grandes países que ainda não adotaram integralmente as normas, como é o caso do Japão, ao mesmo tempo que tenta não perder o apoio da Comunidade Europeia, que inclui a Inglaterra e os problemas decorrentes do Brexit.

Já o Fasb, liberto das amarras do acordo, avança rapidamente em algumas áreas. Instituiu algumas entidades para tratar de assuntos específicos, como empresas de capital fechado e terceiro setor. Reordenou toda estrutura de norma no Accounting Standard Codification (ASC), um sistema genial que facilita muito o acesso do usuário ao conjunto de norma. Como não tem tanto problema de financiamento e a questão política não toma muito tempo, o Fasb consegue criar normas de forma muito mais rápida. Enquanto o Iasb aprovou sua estrutura conceitual em 2018, o Fasb já está mudando a sua estrutura conceitual, trabalho conjunto, de longos anos, com o Iasb.

Agora, na página do Fasb, informa que o Board está discutindo a definição de muitos elementos para incluir no capítulo específico da ASC.

Mais ainda, o Fasb já decidiu quanto as definições de receitas, despesas, ganhos e perdas. E há mudanças em relação a estrutura conceitual conjunta. Isto significa um afastamento da convergência obtida na Estrutura de 2018 do Iasb.

Em primeiro lugar é perceptível que o Fasb adotou a terminologia de "revenues, expenses, gains, and losses". Esta terminologia antiga foi, de certa forma, abandonada pela estrutura conceitual conjunta, que considerava somente os dois primeiros elementos, ou receitas e despesas. Um segundo aspecto interessante é o uso do termo "revenue" e não "income" como está na estrutura conceitual do Iasb. Já comentamos isto no blog e chegamos a mostrar que a revisão da estrutura aprovada usa em quase todos os casos o termo income, exceto em um parágrafo, onde a revisão parece não ter atentado para a troca de termos.


Mas o Fasb mudou também a definição de receita. Veja como ele definiu receita:

Revenues are inflows or other enhancements of assets of an entity or settlements of its liabilities (or a combination of both) from delivering or producing goods, rendering services, or carrying out other activities.

Eis agora a definição de income (ou receita) por parte do Iasb:

Income is increases in economic benefits during the accounting period in form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating ot contributions from equity participants. 

Não é preciso entender inglês para saber que há uma mudança na definição. Para o Iasb, a receita está relacionada com um período contábil (que não aparece explicitamente no Fasb) e sua explicação associada ao método das partidas dobradas. (Esta é uma discussão que está presente no livro Teoria da Contabilidade, 4a. edição, prelo). O Fasb já trata a receita pelo que é, sem deixar de associar com as partidas dobradas, mas tratando que destacar que a receita está vinculada à entrega e produção de produtos, serviços e outras atividades.

O mesmo ocorre com as despesas. Veja o que diz o Fasb: 

Income is increases in economic benefits during the accounting period in the form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating to contributions from equity participants.

Income is increases in economic benefits during the accounting period in the form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating to contributions from equity participants.

Income is increases in economic benefits during the accounting period in the form of inflows or enhancements of assets or decreases of liabilities that result in increases in equity, other than those relating to contributions from equity participants.
Expenses are outflows or other using up of assets of an entity or incurrences of its liabilities (or a combination of both) from delivering or producing goods, rendering services, or carrying out other activities.

Já  o Iasb considera

Expense are decreases in economic benefits during the accounting period in the form of outflows or depletions of assets or incurrences of liabilities that result in decreases in equity, other than those relating to distributions to equity participants. 

Já os temos "gains and losses", exclusivos do Fasb, são assim definidos:

Gains are increases in equity (net assets) from transactions and other events and circumstances affecting the entity except those that result from revenues or investments by owners.

Losses are decreases in equity (net assets) from transactions and other events and circumstances affecting the entity except those that result from expenses or distributions to owners.

Voltaremos ao assunto. 

Quando surgiu o termo "partidas dobradas"

O termo "partidas dobradas" parece sinônimo de contabilidade. Mas o método apareceu talvez nos idos de 1300 (?) na Itália (?). Pacioli não foi o primeiro autor de contabilidade, mas pensamos nele quando falamos em partidas dobradas. No entanto, como lembra xxx, o termo foi documentado na obra de Pierre Savonne, que viveu entre 1540 a 1592. Francês, de origem italiana, publicou em 1567 a obra de contabilidade chamada Instruction et Manière de Tenir Livres de Raison ou de Comptes por Parties Doubles ou Instrução e Maneira de Manter Livros de Razão ou de Contas por Partidas Dobradas). Ele também escreveu L’Arithmetique de Pierre de Savonne d’Avignon que seria uma obra para comerciantes e empresários.

Não se sabe muito sobre Savonne, exceto que publicou o primeiro livro francês de contabilidade; este livro foi muito popular, assim como o de matemática. 



Pacioli chama de “il modo di Vinegia” ou "ao modo de Veneza".


Veja Gonçalves M. (2019). Contabilidade por partidas dobradas: história, importância e pedagogia (com especial referência à sua institucionalização em Portugal, 1755–1777). De Computis - Revista Española de Historia de la Contabilidad, 16 (2), 69 - 142. doi: http://dx.doi.org/10.26784/issn.1886-1881.v16i2.355  

Classificação dos passivos

O Iasb modificou um trecho do IAS1 - Apresentação de Demonstrações Financeiras - referente a classificação dos passivos. A alteração começou a ser discutida em 2012 e somente agora foi finalizada. O objetivo do Iasb é tirar algumas dúvidas sobre como classificar um passivo (curto ou longo prazo) e as exigências para converter uma dívida em patrimônio.

O próprio Iasb considera que as mudanças não devem afetar as demonstrações das empresas. Mesmo assim, a emenda deve entrar em vigor em janeiro de 2022.

Rir é o melhor remédio

Sexta de Tarde

23 janeiro 2020

Trump ajudando a recrutar para a Ernst & Young?

“Quando conversei com ele [Trump], falamos sobre, francamente, talento e como podemos reter mais talento nos EUA, em particular o talento que vai para as melhores escolas e assim por diante. Ele foi muito a favor de reter esse talento nos EUA para que a EY pudesse contratá-los. Então isso foi muito bom. ”

- Carmine Di Sibio, o presidente e CEO da EY Global, que contou ao Yahoo Finance sobre sua breve conversa com o presidente Trump durante a reunião do Conselho Internacional de Negócios no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em 22 de janeiro.

Fonte: Aqui

Algumas mudanças curiosas promovidas pelo CPC 00 R2

A figura a seguir mostra a mudança na estrutura do documento CPC 00 (da quarta edição de Teoria da Contabilidade, Niyama e Silva, que deve sair em maio) :
O capítulo 2 da R1 não existia e foi redigido. O capítulo 4 foi desdobrado (elementos, reconhecimento e desreconhecimento, mensuração, conceito de capital e manutenção de capital e apresentação e evidenciação). Houve uma mudança na ordem dos itens.

Outras curiosidades:

foi mantido o termo usuário primário, referindo aos investidores, credores por empréstimos e outros credores


a estrutura ainda não foi aprovada pelo Bacen, Susep, Aneel ou ANS. Somente CVM e CFC aprovaram a nova EC


Trata da TERCEIRA estrutura conceitual do CPC em menos de 15 anos de existência

Volta da prudência ou conservadorismo. O mais curioso é o malabarismo para dizer que existe o conservadorismo, mas não existe.

Mudança na classificação da mensuração. Anteriormente existiam quatro medidas (custo histórico, custo corrente, valor realizável e valor presente). Agora duas medidas: custo histórico e valor atual (dividido em valor justo, valor em uso de ativos e valor de cumprimento de passivos e custo corrente)


Definição do ativo mudou, tornando a definição mais "jurídica". Mudou também as definições de receitas e despesas. Acho que piorou no primeiro caso (ativo) e melhorou no segundo.

A estrutura discute Unidade de Conta

O termo Verificabilidade deixa de existir. Agora é Capacidade de Verificação (ahm?)

Sobre a prudência, apresento a seguir o trecho:
A neutralidade é apoiada pelo exercício da prudência. Prudência é o exercício de cautela ao fazer julgamentos sob condições de incerteza. O exercício de prudência significa que ativos e receitas não estão superavaliados e passivos e despesas não estão subavaliados.6 Da mesma forma, o exercício de prudência não permite a subavaliação de ativos ou receitas ou a superavaliação de passivos ou despesas. Essas divulgações distorcidas podem levar à superavaliação ou subavaliação de receitas ou despesas em períodos futuros.

O exercício de prudência não implica necessidade de assimetria, por exemplo, a necessidade sistemática de evidência mais convincente para dar suporte ao reconhecimento de ativos ou receitas do que ao reconhecimento de passivos ou despesas. Essa assimetria não é característica qualitativa de informações financeiras úteis. Não obstante, determinados pronunciamentos podem conter requisitos assimétricos se isso for consequência de decisões que se destinam a selecionar as informações mais relevantes que representam fidedignamente o que pretendem representar

Frase

“Os contadores tenderam a passar despercebidos”,


Nate Sibley, pesquisador que estuda políticas anticorrupção no Instituto Hudson, com sede em Washington. Esta frase refere-se ao papel dos contadores nas atividades de Isabel dos Santos. Um texto resumindo o que ocorreu foi divulgado pela Piauí, onde a frase foi extraída. Três aspectos interessantes: (1) há algumas semanas, um programa de humor falou algo parecido e foi objeto de protesto; (2) Isabel dos Santos trabalhou na Coopers e Lybrand, mais tarde PwC; (3) o texto destaca o erro de não levar em consideração a contabilidade.