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15 dezembro 2015

Era uma vez...

A colunista preferida do Valor Econômico, Lucy Kellaway, sobre a mania de contar histórias nas empresas:

Recentemente, o chefe da área de recursos humanos da KPMG descreveu orgulhosamente em um blog a "iniciativa de propósitos nobres" de sua firma - que resultou em 42 mil funcionários enviando suas histórias pessoais sobre como eles estão mudando o mundo. Você pode dizer que isso é encorajador.

No entanto, foi a KPMG que fez as auditorias do HBOS, Countrywide Financial e Quindell, o que nos leva a pensar que eles acabaram se distraindo do propósito menos nobre de fazer o seu trabalho com competência.

Rodízio

A CVM julgou recentemente um caso relacionado ao rodízio de auditores:

durante oito exercícios consecutivos, entre 2005 e 2012, a Anend Auditores Independentes S.A. realizou serviços de auditoria nas demonstrações da Dinâmica, em descumprimento ao art. 31 da Instrução CVM 308;

no exercício social de 2013, embora os serviços de auditoria foram realizados pela Azevedo e Lopes Auditores Independentes, essa empresa tem o mesmo endereço e sócio-representante do que a Anend, o Sr. A.A.L.;

nos pareceres e relatórios de auditoria dos exercícios sociais da Companhia de 2007 a 2012 (emitidos pela Anend), bem como no relatório de auditoria do exercício de 2013 (emitido pela Azevedo e Lopes), A.A.L. assina em conjunto com o respectivo responsável técnico, corroborando sua efetiva participação nos trabalhos executados por ambas as empresas.

Ao ser questionada pela GNA, a Anend alegou que entendia que o programa de rotatividade nas auditorias teria início a partir do exercício de 2006. Além disso, sustentou, com base na Deliberação 549, que somente não deveria mais prestar o serviço a partir do exercício findo em 31.12.2012. A Azevedo e Lopes, por sua vez, afirmou que entendia que o rodízio de auditores independentes havia acontecido, visto que os responsáveis técnicos das empresas eram pessoas diferentes.

Com base na análise dos fatos e nos argumentos apresentados, a SNC entendeu que o art. 31 da Instrução CVM 308 foi descumprido por ambas as empresas. Com isso, propôs que as empresas fossem responsabilizadas por realizarem trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis da Companhia sem observar a regra do rodízio nos exercícios sociais encerrados em:

Anend Auditores Independentes S.S.: 31/12/2012; e

Azevedo e Lopes Auditores Independentes: 31/12/2013. 


[As empresas apresentaram uma proposta de pena] 

Ao apreciar as propostas, a Procuradoria Federal Especializada junto à CVM (PFE-CVM) destacou, inicialmente, que o respeito à regra do rodízio obrigatório dos auditores independentes já é dever decorrente da legislação aplicável – razão pela qual não teria qualquer efeito jurídico. Isto posto, a PFE concluiu que o Termo de Compromisso poderia ser celebrado, condicionado à verificação, pela área técnica responsável, da cessação das práticas ilícitas, e à negociação de seus termos, pelo Comitê, conforme entendesse conveniente.

NEGOCIAÇÃO DA PROPOSTA E MANIFESTAÇÃO DO COMITÊ DE TERMO DE COMPROMISSO

Na negociação, o Comitê sugeriu o aumento da obrigação pecuniária para R$ 150.000,00 diante da gravidade e da natureza do caso, além de indicar que o compromisso de respeitar o rodízio dos auditores independentes deveria ser excluído do escopo do termo, conforme apontado pela PFE.

As acusadas, argumentando não ter condições de assumir a obrigação pecuniária proposta, fizeram nova proposta de pagamento individual no valor de R$10.000,00.

Sendo assim, o Comitê sugeriu ao Colegiado a rejeição das propostas, considerando que, no seu entendimento, elas não seriam adequadas para surtir efeito paradigmático junto aos participantes do mercado de valores mobiliários tampouco para desestimular prática de condutas assemelhadas.

Diante de todo o exposto, o Colegiado deliberou pela rejeição das propostas do Termo de Compromisso.

Links

Contando o uso da "força" em Star Wars (gráfico)

Propaganda de Natal Scrabble 

Novo trabalho de Banksy: Jobs, num campo de refugiados sírios

A ressurreição de Augusto Ruschi

Os benefícios da diversidade

Brasil: Índice de Desenvolvimento Humano

Foi publicado na BBC:

A ONU divulgou globalmente nesta segunda-feira seu relatório de Desenvolvimento Humano. O documento é um calhamaço de 270 páginas de informação, mas “a grande estrela” da divulgação costuma ser o ranking dos países classificados a partir do seu Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH, sigla que se tornou conhecida como um parâmetro de bem-estar da população.

O relatório deste ano traz informações sobre o Brasil que parecem, numa primeira leitura, contraditórias: o país melhorou sua nota no IDH em 2014, mas perdeu uma posição no ranking – da 74ª para a 75ª – ao ser ultrapassado pelo Sri Lanka, um país insular ao sul da Índia.

Afinal, qual dado é mais relevante? Nos dois aspectos - nota e ranking - as mudanças foram muito pequenas para tornar óbvia a resposta.

O IDH é medido a partir de quatro indicadores: esperança de vida ao nascer; expectativa de anos de estudo; média de anos de estudo (da população até o momento); e renda nacional bruta per capita (toda a renda do país dividida pelo número total da população).

Como os três primeiros indicadores continuaram melhorando, o IDH brasileiro passou de 0,752 em 2013 para 0,755 no ano passado. O avanço não foi maior por conta da queda na renda.

Vale destacar que quanto mais perto de 1, melhor. No topo do ranking de 188 países, está a Noruega (0,944), e na lanterna, o Níger (0,348).

[...]

As pequenas diferenças de ranking e nota, no entanto, indicam um nível de desenvolvimento humano muito semelhante entre os países, segundo a coordenadora da ONU.

“Se vocês olharem o relatório, há um bloco de países que estão todos nessa zona do 0,75 – 0,751; 0,752; 0,753… Então, pode ser que uns passem os outros, que (num ano) o Brasil suba no ranking, (no outro) o Brasil desça no ranking, mas significado profundo não há. Na verdade, é um bloco de países, está todo mundo muito perto”, explica.

A título de comparação, o IDH de alguns países da América Latina e das nações do Bric são: México (0,756), Uruguai (0,793), Rússia (0,798) e China (0,727), Índia (0,609). O Sri Lanka, que ultrapassou o Brasil, passou de 0,752 para 0,757 em 2014.

Desigualdade é entrave

O Brasil está na categoria de “alto desenvolvimento humano” e tenta chegar à mais elevada no ranking, o grupo com “muito alto desenvolvimento humano”.

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Bolzon destacou que, ao olharmos a tendência de longo prazo, o Brasil acumula um desempenho positivo. O país teve o maior crescimento de IDH da América do Sul entre 1990 e 2014. No período, a taxa média anual de expansão do índice brasileiro foi de 0,91%.

Em 2014, a queda na renda reduziu o ritmo de crescimento do IDH. Após anos consecutivos de alta, a renda média do brasileiro teve uma queda de 0,74% na comparação com 2013, passando de US$ 15.288 para US$ 15.175.

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Bolzon avalia que a crise ainda não teve impacto significativo no IDH do país, mas diz que é possível que isso aconteça caso a recessão econômica se agrave e perdure por mais anos.

Ela explica que o IDH é um índice estrutural, ou seja, capta mais mudanças de longo prazo. Isso ocorre principalmente por causa dos indicadores de expectativa de vida e educação. Já o indicador de renda é o que apresenta mais variação de um ano para outro, respondendo mais rápido a mudanças de curto prazo na economia.

“Quem sabe até onde vai essa crise? Ninguém sabe ainda. Pode afetar (o IDH), mas não se for uma crise de um ano ou dois (apenas). Nenhum país dorme numa posição e acorda na outra. É um processo mais lento”, explica Bolzon.

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Bolsa Família

A coordenadora da ONU destacou a importância dos programas de transferência de renda para proteger os mais pobres do impacto da crise. O Brasil é um dos países mais citados no relatório, tendo recebido dez referências, sendo três sobre o Bolsa Família, todas positivas.

O documento assinala que programas como o Bolsa Família oferecem renda para famílias pobres e permitem melhorar também as condições de saúde e educação desse grupo. Diz ainda que, embora houvesse a preocupação de que o programa poderia reduzir o número de pessoas dispostas a trabalhar, isso não aconteceu no Brasil. Segundo a ONU, o Bolsa Família pode ser replicado em outros países pobres.

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Cálculo da renda


A ONU não divulgou suas estimativas para renda dos países em todos os anos desde o início do cálculo do IDH, por isso não é possível saber desde quando não havia uma queda como a registrada em 2014.

Em todo caso, é possível dizer que o resultado acumulado nas últimas décadas é de crescimento.

A renda que a ONU estima em “paridade de poder de compra” para o ano passado, de US$ 15.175, é 5% maior que a de 2010 (US$ 14.420), 36% superior que a de 2000 (US$ 11.161) e 45% acima do primeiro dado disponível, de 1980 (US$ 10.457).

Para comparar a renda média de todo os países, a ONU utiliza o dólar internacional em paridade de poder de compra. Esse dólar é estimado fazendo uma comparação entre preços de produtos e serviços em diferentes países e nos Estados Unidos. É uma outra moeda, diferente da cotação comercial do dólar.

“O objetivo é ter uma moeda que reflita melhor o bem-estar da sociedade, pois um dólar americano, em geral, compra mais coisas em países pobres do que nos países desenvolvidos, onde os serviços costumam ser mais caros”, explica o economista José Márcio Camargo, professor da PUC Rio.

14 dezembro 2015

Rir é o melhor remédio

Mais um "Rir" com o meu clima de fim de ano. Não é para rir, mas para sorrir com a grandiosidade testemunhada. Ofereço o vídeo de hoje para a querida Flavia Carvalho.


História da Contabilidade: Ensino em meados do século XIX

Tendo sido colonizado por Portugal, um país que descobriu tardiamente o método das partidas dobradas, considerando uma grande dependência das commodities, como o ouro, e que somente uma pequena parcela da população tinha acesso ao ensino regular, seria de se esperar um grande atraso no ensino de contabilidade no Brasil em meados do século XIX. Entretanto, para a surpresa de quem começa a estudar a história da contabilidade, o aprendizado da contabilidade neste período esteve mais difundido do que o esperado.

Em 1853 Luis Dalle anunciava sua escola, Collegio Dalle, onde era ensinado doutrina cristã, caligrafia, línguas (portuguesa, latina, francesa e inglesa), aritmética, história, geografia, filosofia, retórica, geometria, música e contabilidade comercial (1). A escola funcionava na cidade de São João del Rei. A escola funcionava como internato. Em 1856 o Collegio Dalle transferiu de São João del Rei para São Gonçalo da Campanha (2).

Um ano depois o juiz de Paz Antonio José Pacheco Penna examinava 76 alunos de instrução primária. Entre os assuntos a “leitura firma, e caracter de letra, contabilidade e doutrina christãa” (3). O exame aconteceu na vila de Santa Maria de Baependy.

(1) O Bom Senso, 2 de maio de 1853, ed 124, ano 2, p. 6.
(2) O Bom Senso, 14 de agosto de 1856, ed 439, ano 5, p. 4.
(3) O Bom Senso, 18 de maio de 1854, ed 228, ano 3, p 4. Este local, provavelmente atual Baependi, fica no sul de Minas.

Links

Uber, motorista e assimetria da informação

Quatro razões para os executivos manipularem o resultado

Metodologia dos Trezentos: como alterar o elevado índice de reprovação (aqui)

As imagens de 2015


Woodland (EUA) rejeitou energia solar por matar as plantas e por sugar a luz solar

Os dias na Terra ficarão mais longos

Como as fotos são produzidas

13 dezembro 2015

Rir é o melhor remédio

Tecnologia: Fora da prisão após 44 anos

Otis Johnson saiu da prisão após 44 anos. Ele tinha 25 anos quando entrou e 69 quando saiu. Fora da prisão ele logo percebeu como o mundo mudou – totalmente futurístico quando comparado ao que ele deixou no final dos anos 1960.

Em uma entrevista e vídeo para Al Jazeera, Johnson recentemente visitou a Times Square em Nova Iorque onde ficou confuso e surpreso com toda a tecnologia que o cercava: pessoas com fones, ouvindo música, que mais pareciam com agentes da CIA, pedestres falando sozinhos, outdoors em neon, iluminando a frente das lojas.

Você pode assistir o vídeo completo aqui ou ler a entrevista aqui.


As mulheres e o calendário Pirelli 2016

O calendário Pirelli é famoso pela divulgação da mulher sensual. O almanaque não é vendido, mas sim presenteado a pessoas importantes, artistas, políticos, musicistas e realeza. Todo ano são convocadas beldades como modelos, além de fotógrafos renomados. No livro de mesa “The Calendar: 50 Years and More”, publicado pela Taschen, a norma é encontrar Kate Moss, Christy Turlington, Naomi Campbell, Nadja Auermann, completamente nuas. Há também fotos sensuais de Gisele Bündchen, Karen Elson e Carmen Kass.

Em 2013 o tema foi o Rio. Sônia Braga, Adriana Lima e Marisa Monte foram algumas das fotografadas. Essa edição já estava um pouco mais recatada. Todavia, em 2016 haverá uma guinada no tema. A fotógrafa contratada foi Annie Leibovitz e as fotografadas serão, dentre outras, a autora Fran Lebowitz, a presidente emérita do Museu de Arte Moderna (MoMA), Agnes Gund, a presidente da Ariel Investimentos, Mellody Hobson.

Shirin Neshat
No fim de novembro a ideia de um novo tipo de calendário foi revelada, apresentando 12 meses com mulheres completamente vestidas e escolhidas por suas conquistas. Apesar de ser possível encontrar fotos em edições passadas sem nudez (em especial a publicação de 2013 feita no Brasil por Steve McCurry) esta é a primeira vez que não serão apresentadas mulheres em poses provocativas e que o foco não é a aparência, mas sim os currículos.

Além da senhora Gund (Março) que foi fotografada com sua neta em idade escolar, a senhora Hobson (Junho) e a senhora Lebowitz (Maio), o calendário também traz Yoko Ono (Outubro); a diretora de “Shelma”, Ava DuVernay (Julho); a artista iraniana Shirin Neshat (Setembro); a produtora de “Lincoln”, Kathleen Kennedy )Fevereiro); Patti Smith (Novembro); e a atriz Tavi Gevinson (Agosto).

As exceções às completamente vestidas são Serena Williams (Abril) que foi fotografada topless, de costas para a câmera e com os músculos brilhando; Amy Schumer (Dezembro) em um lingerie (a piada sendo que ela não entendeu a mensagem intencionada pela nova edição); e a modelo e filantropa Natalia Vodianova (Janeiro) em um robe de cetim com uma perna exposta e seu filho mais novo nos braços.

Certamente a manobra será vista como uma declaração política, mas era apenas a exploração de uma tendência social, uma tentativa inteligente de lucrar com o espírito da idade ou um compromisso mais permanente com as mudanças?

O fato de a resposta ainda estar em debate mostra a sensibilidade do assunto.

Leia mais aqui.

12 dezembro 2015

Rir é o melhor remédio







Fonte: Aqui

Fato da Semana: Vaticano

Fato da Semana: O Vaticano acertou com a PwC para fazer a auditoria das suas contas. O Vaticano está tentando colocar em ordem as contas, melhorando a transparências dos resultados da Igreja Católica. Anteriormente o Papa tinha contratado um auditor geral.

Qual a relevância disto? A Igreja Católica tem um lugar especial na contabilidade: Pacioli era um frade e existe até um padroeiro para os profissionais. Mas a mera ameaça de punição eterna parece que não foi suficiente para que os pecadores de plantão não roubassem da Santa Sé. Na década de oitenta a ligação financeira da Igreja com a Máfia ficou conhecida através do filme O Poderoso Chefão III. Outro aspecto importante é que a posição da Igreja mostra a relevância dos controles internos, mesmos nas organizações sem fins lucrativos.

Positivo ou Negativo? Positivo

Desdobramentos – Quem sabe um dia nós teremos uma discussão sobre a avaliação da Capela Sistina...